sexta-feira, 18 de abril de 2008

Nassif, o dossiê VEJA e a guerra de Blogs Parte II

Sobre o caso Diogo Mainardi

O jornalista Diogo Mainardi é a atual “Geni” da mídia brasileira. Todo mundo xinga, todo mundo bate mas ninguém vive sem o sujeito. No caso do Nassif, ele alega que Mainardi o atacou em sua coluna na revista porque ele teria feito artigos contra interesses de Dantas que é a eminência parda de Mainardi.

O problema é que o artigo de Mainardi foi uma resposta a um artigo de Nassif que citava o ocorrido na coluna da semana anterior quando Mainardi revelou sua fonte no congresso nacional e colocou o sujeito numa sinuca de bico. Nassif fez uma crítica ao desrespeito ao “off” e questionou a ética de assim se agir. Mainardi então questionou a ética de Nassif acusando-o de escrever sob medida para empresas que o patrocinavam. Desde então, ocorre uma guerra entre eles e claro, Mainardi faz parte da quadrilha de VEJA a mando de Daniel Dantas.

Mas o que isso tem a ver com a questão? Nada com exceção de que Nassif acusa a repórter Janaina de ser um peão de Dantas justamente porque ela não revelou sua fonte na reportagem da tal juíza que alegadamente dava como suas, decisões escritas por outros. Então temos Mainardi atacado por ter revelado a fonte e Janaina atacada por não ter revelado. Os dois não são sérios, não são éticos ou estão cooptados por motivos diametralmente opostos. Dá pra entender? Qual foi a justificativa de Nassif para explicar essa incoerência de postura sem uma devida e necessária correção? Nenhuma.

Se a primeira está equivocada (quanto a Mainardi), se perde o principal motivo de ligá-lo a Dantas e atacá-lo. Se a segunda está equivocada (quanto a Janaina), se perde o único motivo usado para ligá-la a Dantas e atacá-la. Como é impossível pelo motivo exposto, as duas situações estarem corretas (no que tange a argumentação), é possível entender e reconhecer que as duas situações estão erradas (no que tange a argumentação), e nesse caso não se poderia atribuir culpa ou má intenção em Mainardi muito menos em Janaina. Quem teve culpa ou má intenção poderia ser Nassif.

Sobre o caso Reinaldo Azevedo

Existe um capítulo especial sobre Reinaldo Azevedo. Na época escrevi um comentário no blog do Nassif entendendo que ele errava a mão ao escrever aquele artigo específico. Por quê? Primeiro, ele classifica RA como a cara da VEJA, quando na verdade RA é um blogueiro lido por milhares de pessoas e não porque esteja no site da VEJA. Segundo, ele vira e mexe, publica comentários que os outros blogueiros também ancorados no site e mesmo reportagens da revista irão na direção oposta. Foi assim com posts sobre o candidato americano as eleições, Barak Obama, sobre o aborto, o papel da igreja católica, sobre a educação, etc.

Então que cara de VEJA é essa que escreve coisas independentes da posição de outros blogueiros que também são colunistas da revista, até mais do que RA, com colunas semanais já que RA tem uma mensal?

Há bom tempo, muito antes do dossiê começar, aliás bem antes da primeira refrega de RA e Nassif, Nassif e comentaristas mais fiéis chamavam o blog de RA como blog de esgoto. Entretanto vociferam quando RA responde com termos “carinhosos” como ratazana de sauna, mão peluda e outros. É violento? Sim! Precisava esse tipo de coisa? Não! Mas não nos esqueçamos que o epíteto “esgoto” também não era necessário como é igualmente violento, porque implica em dizer que o blogueiro escreve, logo pensa, merda.

Nassif fez uma série de posts com vilões de desenho animado que usam chapéu em clara alusão a Reinaldo Azevedo que faz uso deles para cobrir marcas de operações de retirada de um tumor no crânio.

Digamos que em represália, Reinaldo publica posts que acabam por destruir com ironia e as vezes de forma mais contundente questões colocadas no blog de Nassif.

Pois bem; o capitulo do dossiê, trata do estilo pessoal de dizer as coisas de Reinaldo Azevedo, mas não desconstrói um único argumento sequer. Não demonstra no que ele está errando ou saindo dos trilhos. Levanta uma acusação de que a antiga revista editada e publicada por RA esteve envolvida em um escândalo do governo tucano de São Paulo, mas passa pelo assunto de forma leva e rápida. Para um dossiê que se propõem esmiuçar a forma de jornalismo de VEJA, seria quase uma obrigação detalhar a questão do escândalo e a forma como a revista acabou e no entanto os comentários são rápidos e superficiais como uma revista de fofocas. O capítulo passa então a ser uma somatória de achismos e gosto pessoal, sendo que as provas apresentadas para comprovar o argumento são na grande maioria os comentários publicados.

Mas comentários não são feitos pelos leitores? Sim, mas no caso de RA, Nassif sentencia que ele inventa os comentários. Ilação ou hipótese reforçada pelo grande número de “anônimos” nos comentários.

Na época escrevi dois comentários publicados na série de que a acusação pode ser usada também contra o Nassif já que sua esposa quando o substitui no blog, já informou que os comentários podem ter email inventado que não tem problema. Temos então os nicknames e emails inventados. Pergunto: Qual a diferença disso e postar anônimos? A questão da honestidade está portanto meramente em saber quem acusa quem de fazer aquilo que pode estar sendo feito pelo outro?

Além disso, se for fazer uma triagem dos comentários postados no blog do Nassif, mesmo com mediação, eles são mais violentos que o próprio blogueiro, da mesma forma que acontece com RA, aliás com toda a blogosfera. A livre entrada, o anonimato e a impossibilidade de ligar nickname a pessoa permite que cidadãos normalmente civilizados escrevam as piores baixarias.

A série coloca Reinaldo como racista, preconceituoso, etc, por conta de comentaristas que podem ser interpretados como tais. Mas que dizer de Nassif a basear-se nos comentaristas? Ora no post sobre a senadora colombiana seqüestrada pelas FARCS, um comentarista usa o termo “vagaba” ao escrever sobre a senadora presa e que tem recebido apoio de milhares de pessoas. Se formos fazer uso dos mesmos métodos de análise de Nassif sobre RA então Nassif trata mulheres com evidente preconceito, já que Ingrid Betancourt é uma “vagaba”. Dá pra entender porque o furo do argumento dele nesse capítulo.

Tudo baseado no gosto pessoal e estilo e claro nos comentários. Mas como a argumentação só fica de pé se eles são inventados por RA, conclui-se que a argumentação é superficial, já que a mesma ilação pode ser feita sobre Nassif e seus comentários com nickname e emails que não precisam ser reais.

Depois o capítulo finaliza com uma foto que claramente foi mexida no computador para dar uma aparência mais grotesca a RA. Para quê, se o objetivo do dossiê era demonstrar a forma de “jornalismo errada” que VEJA usava?

Recentemente, quando Nassif publicou um post solicitando poemas apimentados, como os de Bocage e de forma quase subliminar, aludiu ao RA ao pedir que os comentaristas enviassem as perolas tiradas do esgoto, era pra ser entendido como pelos comentaristas fiéis? Pois bem, RA entendeu como estava escrito e mandou bala em poemas envolvendo o termo mascate, alcunha utilizada para referir-se a Nassif e poemas de Bocage sobre cornos. Pronto, veio o mundo abaixo, com acusações de ataques a família, esposa, tudo coisa da VEJA.

Entendi que lá naquele capitulo, Nassif cometia o primeiro erro da série. Gravataí demonstrou pelo menos a mim, que foi apenas o segundo, já que o ataque contra a reputação de Janaina Leite fora anterior e muito mais sério. Nassif depois ataca Gravataí que havia apenas e tão somente defendido Janaina, e não Dantas ou VEJA; logo esse ataque a RA foi a meu ver, o terceiro erro da série.

Nassif acha que os disparos contra a senadora Soninha foram o primeiro erro da série. Na minha conta foi o quarto.

Processos da VEJA

Tão logo os capítulos iam sendo publicados e a rede distribuindo a todos; a direção da VEJA demonstrava um inexplicável mutismo. Depois Nassif começou a publicar posts indicando que a editora através dos quatro jornalistas citados como sendo, digamos assim, a quadrilha que usa a revista como alavanca de negócios, o estava processando, e que isso estava tomando todo o seu tempo. Curiosamente, como os jornalistas nada falam do assunto, de duas uma, ou os processos correm em segredo de justiça, que não tem muito sentido; ou é uma artimanha para não dar munição ao adversário. Entretanto, seria um ótimo incremento à série ou dossiê, se Nassif disponibilizasse os processos no dossiê. Seria uma demonstração de que sua série tem fundamentação e no entanto até o presente momento, nada, salvo indiretas sobre levantamentos de dados por conta dos processos.

E aí fico a me perguntar: Esses dados já não tinham sido guardados e analisados para justamente escrever os capítulos do dossiê? Seria o caso de simplesmente apor a cada capítulo os links devidamente impressos, as entrevistas feitas, as provas documentais, dar uma “capa” com os necessários termos jurídicos, função dos advogados, e pronto.

O problema é se a argumentação se baseou apenas na ilação argumentativa sem o devido respaldo comprobatório como demonstrou fartamente o Gravataí, no caso da Janaina Leite.

O caso Janaina Leite II

Janaina foi atacada vezes sem conta e vinha explicando as coisas de forma quase didática. O problema é que conforme uma velha frase, “não adianta ficar se explicando muito, porque os amigos não precisam e os inimigos não acreditam”; e era o que ocorria com a repórter que recebia títulos em blogs tais como NASSIF: LEITORES INVESTIGAM E "PEGAM" JANAÍNA LEITE EM FLAGRANTE ...

Na resposta da vereadora Soninha ao blog do Nassif, ela revelou que o jornalista havia telefonado duas vezes para ela, antes portanto da sua postagem atacando a vereadora; e nos telefonemas havia dito que a jornalista era uma mentirosa compulsiva. Isso em si já é uma calúnia porque saiu da opinião para a afirmação.

Diante da clara situação de que a onda de ataques, continuaria; Janaina saiu da defesa para o ataque.

Afinal é próprio que possamos medir o grau de ética de alguém que se aponta como apto a medir a ética dos outros não é mesmo? Ou ninguém se lembra do antigo ensinamento do maior dos Mestres que dizia que com à medida que medirmos os outros nós seríamos medidos igualmente?

Nassif já havia alertado que possuía uma dívida no BNDES e que ela havia sido negociada. Janaina pesquisou e descobre, olhando registros públicos que a dívida foi renegociada em juízo; que existe uma clausula que gera uma espécie de prêmio por adimplência no qual os juros e multas são separados ou glosados do valor a pagar e somente será alvo de pagamento se as parcelas sem as multas foram pagas em dia.

Janaina entende que isso significa na prática o perdão de parte da dívida. Óbvio, já que qualquer um que tem empréstimos sabe que juros e multas de atraso se incluem na dívida ativa. Então se a dívida é atualizada com juros e multas e depois esses valores são glosados e podem não ser pagos ou serem dados como quitados diante do pagamento do principal, então houve um perdão da dívida não é?

Isso é legal? Foi aprovado pela diretoria? Tudo bem. A pergunta que se faz é : Podemos considerar como plausível manter a independência se temos que avaliar uma decisão do governo se somos beneficiados por ele. A questão se dá porque o banco é publico, logo os recursos são públicos, logo são nossos.

Basicamente essa é a questão levantada pela Janaina e longe de ser um mero ataque, ele é pertinente na medida quem envolve a questão da confiabilidade. Vejam por que: Janaina faz uma reportagem sobre uma juíza que é contra Dantas. Como ela bate na juíza, logo ela está sendo paga por Dantas e por isso, numa conclusão lógica, ela não tem respeitabilidade e é cooptada. Façamos agora o mesmo exercício do outro lado pra ver se dá certo. São postados artigos a favor do governo, do PAC, do BNDES. Como ele fala bem deles, logo ele está sendo pago pelo governo e por isso, numa conclusão lógica, ele não tem respeitabilidade e é cooptado, só que pelo governo. Deu certa a seqüência? Ora da mesma forma que Gravataí comprovou que Janaina não é cooptada por Dantas, também não se pode afirmar que Nassif é cooptado pelo governo. Foi apenas um exercício para verificar o grau de fidedignidade. Agora imaginem esse exercício sendo feito por centenas de blogs como ocorreu com Janaina? Não é assim, um assassinato de reputação?

Gravataí levanta outra questão a respeito do empréstimo de Nassif, que se diga, não foi feito agora mas é antigo. Ele entende que o contrato exige explicações adicionais sobre a questão da garantia, que não foi dada nenhuma. Realmente, em uma empresa a garantia é dada pelos sócios, porém em uma renegociação, que está ocorrendo por conta de não pagamento, a praxe do mercado é exigir uma fiança, um seguro que dessa vez será cumprido o acordo.

Ao que parece, o BNDES que é um banco público é mais elástico, digamos assim, em suas exigências que os bancos privados. Isso é antiético, ilícito? Não! Recai apenas na questão de ser de interesse público o que um banco público faz com o dinheiro público, só isso!

Como a questão está ainda quente e Nassif promete novos capítulos, as questões relacionadas com Janaina, Gravataí e o empréstimo do BNDES podem ainda avançar.

De meu ponto de vista, Nassif precisa ir além do achismo, deveria apresentar provas efetivamente convincentes. Por não fazê-lo, mas contar basicamente com a relação de ódio que boa parte da blogosfera nutre pela revista VEJA, Nassif acabou sendo praticante dos pecados com os quais acusa os outros, ao ora exigir a revelação de fontes, ora citar situações sem revelar as mesmas, acusar o assassínio de reputações e ao fazê-lo praticar o mesmo delito.

Continuo achando o que escrevi em outro post sobre blogs, Nassif continua a meu ver, devendo. E não faço trocadilho com dívidas no BNDES. Refiro-me a provas para embasar suas argumentações e raciocínios e na falta delas, desculpas aos atingidos.

É isso!...por enquanto

2 comentários:

Maria José Speglich disse...

O Mainardi não é uma "Geni", ele é um escrôto mesmo e quase todo mundo vive muito bem sem ele.
Agora seus podres estão aparecendo.
E agora da pra entender o ódio dele para com o Lula.

Marco Aurélio Fedeli disse...

Maria José:

É cedo pra falar em podres aparecendo. A análise do Gravataí Merengue do Imprensa Marrom, demonstra com farto referencial que Mainardi não está a soldo de Dantas.