quarta-feira, 26 de maio de 2010

Comentários sobre artigo do Valor Econômico

Cliping em site do governo federal, traz uma reportagem do jornal Valor Econômico assinado pelo Sr. José Luis Fiori. Em vermelho os meus comentários

A mediação bem sucedida de Lula com o Irã alçaria o Brasil no cenário mundial." O Globo, 16 de maio de 2010, p. 38.

Na terça feira, 18 de maio de 2010, foi assinado o Acordo Nuclear entre o Brasil, a Turquia e o Irã, que dispensa maiores apresentações. E como é sabido, quarenta e oito horas depois da assinatura do Acordo, os Estados Unidos propuseram ao Conselho de Segurança da ONU, uma nova rodada de sanções ao Irã, junto com a Inglaterra, França e Alemanha, e com o apoio discreto da China e da Rússia. = O que a reportagem chama de apoio discreto da China e da Russia foi um apoio unânime com o devido resguardo que qualquer pronunciamento diplomático é feito. A turminha ao que parece está acostumada a ver as coisas como se fossem uma rodade de jogo de truco no qual vale a postura e a gritaria mais do que as cartas que tem na mão. Além do quê o acordo nada tem de acordo, porque o próprio Irà o chama de máxima concessão já que irá manter seu programa do jeito como está, que é o real problema a pelo menos dois anos. Quanto às sanções, elas não foram proposta por conta do acordo, mas já vinham sendo costuradas ou negociadas. O que me parece muito mais lógico é que o chamado acordo (que não deixa de ser positivo, é óbvio), era aguardado com algo a mais do que a proposta que já havia sido feita e recusada pelo Irã, o que realmente levaria a uma conclusão negativa quanto a sanções. Decorre no entanto que o plano tem por objetivo primário conforme exposto pelo próprio chanceler brasileiro evitar as sanções e não eliminar as desconfianças quanto ao Irã. E me parece foi exatamente esse o motivo catalisador das nações que são membros do CS da ONU aprovarem um rascunho com sanções cujo movimento é demonstrar que a comunidade internacional não caiu na armadilha ingênua do acordo que em nada altera o status quo do programa iraniano.

Apesar da rapidez dos acontecimentos, já é possível decantar algumas verdades no meio da confusão: 1) A iniciativa diplomática do Brasil e da Turquia não foi uma "rebelião da periferia", nem foi um desafio aberto ao poder americano. Neste momento, os dois países são membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU, e desde o início contaram com o apoio e o estímulo de todos os cinco membros permanentes. Além disso, as diplomacias brasileira e turca estiveram em contato permanente com os governos desses países durante a negociação. A Turquia pertence à OTAN, e abriga em seu território armas atômicas norte-americanas. E o presidente Lula recebeu carta de estímulo do presidente Barack Obama, duas semanas antes da assinatura da visita de Lula, e a secretária de Estado norte-americana declarou - na véspera do Acordo - que se tratava da "última esperança" de solucionar de forma diplomática a "questão nuclear iraniana". A reportagem acerta na análise neste trecho. Mas isso não significa que a imprensa pensava diferente. Quem pensava diferente era o próprio governo porque seus prepostos em diferentes entrevistas e discursos, sem contar a militância fez o que pôde para alçar a coisa como se fosse um levante de paises contra a "hegemonia"americana, seja lá o que isso queira dizer. Aliás os dois paises poderiam ter agido isoladamente, mas preferiram juntar essa questão com uma reunião de paises que ocorreu em Teerã, dando justamente essa cara de "olha nóis aqui também". Quanto a tal da carta do Obama, todos estão a cita-la mas se esquecem de lembrar o ultimo parágrafo que avisava sobre a necessidade dos esforços se direcionarem para o fim do prgrama iraniano como está planejado. Desse trecho ninguem lembra e que é justamente aquele que demonstra a coerência das ações americanas no caso.

2) O que provocou surpresa e irritação em alguns setores, portanto, não foram as negociações, nem os termos do acordo final, que já eram conhecidos. Foi o sucesso do presidente brasileiro que todos consideravam impossível ou muito improvável. Sua mediação viabilizou o acordo, e ao mesmo tempo descalçou a proposta de sanções articulada pela secretária de Estado americana depois de sucessivas concessões à Rússia e à China. E, além disso, criou uma nova realidade que já escapou ao controle dos Estados Unidos e seus aliados, e do Brasil e Turquia. Basta uma leitura do que os governos atráves de seus prepostos fizeram publicar, retirando o ufanismo tosco e se perceberá que do salamaleque provinciano diminuiu-se o tom até chegar na situação real. De acordo nuclear histórico ele passou a ser a porta aberta para futuras negociações. E realmente, só faltava mesmo que o Irã recusasse o acordo inicialmente proposto e rejeitado, colocando em situação dificil, o único presidente de uma democracia que abertamente está ao lado dele, no caso o Brasil. Mas a intenção do Irã ficou clara quando no mesmo dia seus representantes disseram que o programa nuclear iraniano continua como estava previsto.

3) A reação americana contra o Acordo foi rápida e ágil, mas o preço que os Estados Unidos pagarão pela sua posição contra esta iniciativa pacifista será muito alto. Perdem autoridade moral dentro das Nações Unidas e perdem credibilidade entre seus aliados do Oriente Médio, com a exceção de Israel, por razões óbvias. E já agora, passe o que passe, o Brasil e a Turquia serão uma referência ética e pacifista, em todos os desdobramentos futuros deste contencioso. Pois é. o primeiro ministro inglês na década de 20 e inicio da década de 30, Chamberlain, também passou para a história como pacifistas, posto que fez acordos e concessões a não mais poder para a Alemanha e deu no que deu. A paz deve ser base e premissa de todo e qualquer acordo mas as partes precisam ser colocadas a par com claro entendimento que qualquer ação que leve a algo diferente da paz será tratada pelo que realmente é, uma agressão direta ou potencial e que a parte do acordo suporte as consequências. A consequencia direta do pacifismo de Chamberlain foi a segunda guerra mundial. Qual poderá ser as concessões com o Irã?

4) Existe consenso que a estrutura de governança mundial estabelecida depois da II Guerra Mundial, e reformulada depois do fim da Guerra Fria, já não corresponde à configuração do poder mundial. Está em curso uma mudança na distribuição dos recursos do poder global, mas não se trata de um processo automático, e dependerá muito da capacidade estratégica e da ousadia dos governos envolvidos nesse processo de transformação. O Oriente Médio faz parte da zona de segurança e interesse imediato da Turquia, mas no caso do Brasil, foi a primeira vez que interveio numa negociação longe de sua zona imediata de interesse regional, envolvendo uma agenda nuclear, e todas as grandes potências do mundo. A mensagem foi clara: o Brasil quer ser uma potência global e usará sua influência para ajudar a moldar o mundo, além de suas fronteiras. E o sucesso do Acordo já consagrou uma nova posição de autonomia do Brasil, com relação aos Estados Unidos, Inglaterra e França e, também, com relação aos países do Bric. É o blá-blá-blá de sempre a pelo menos 10 anos. A ONU que na verdade trata-se da liga das nações renascida tinha nos aliados vitoriosos o centro de tomada de decisões realmente importantes. A China intregou esse organismo porque ele passou de certa forma a representar os paises armados nuclearmente com real poder de fogo e desde então essa é a configuração do poder no mundo e que se note; os cinco menbros permanentes com poder de voto e veto são também os maiores vendedores de armas no mundo. Alguem realmente acha que alguem muda esse atual status discurso, samba e campanha de marketing? Quanto a ser potência, o Brasil poderia ter um papel como tal aqui mesmo na América do Sul. Imaginem se apoiasse a Colombia na luta contra as farcs e seu produtivo negócio com tráfico de cocaina, colocando suas forças militares em apoio as forças constituidas colombianas? Ou fazer sentar a mesa de negociação os paises membros do mercosul que possuem disputas entre si?

5) O acordo seguirá sendo a melhor chance para prevenir um conflito militar em todo o Oriente Médio. As sanções em discussão são fracas, já foram diluídas, não são totalmente obrigatórias, e não atingirão a capacidade de resistência iraniana. Pelo contrário, se foram aprovadas e aplicadas, liberarão automaticamente o governo do Irã de qualquer controle ou restrição, diminuirão o controle norte-americano e da AIEA, acelerarão o programa nuclear iraniano e aumentarão a probabilidade de um ataque israelense. Porque os Estados Unidos já estão envolvidos em duas guerras, e não é provável que a OTAN assuma diretamente esta nova frente de batalha, a despeito do anti-islamismo militante, dos atuais governos de direita, da Alemanha, França e Itália. Se as sanções são fracas, diluidas, etc e tal, porque a bronca? O que aumenta a probabilidade de um ataque israelense é o discurso anti-semita do Irã e não as sanções. Se o Irã deseja a paz, basta abrir seu programa ao controle da AIEA como o Brasil faz, por exemplo. Demonstre que é confiável.

6) Por fim, o jornal "O Globo" foi quem acertou em cheio, ao prever - com perfeita lucidez - na véspera do Acordo, que o sucesso da mediação do presidente Lula com o Irã projetaria o Brasil, definitivamente, no cenário mundial. O que de fato aconteceu, estabelecendo uma descontinuidade definitiva com relação à política externa do governo FHC, que foi, ao mesmo tempo, provinciana e deslumbrada, e submissa aos juízos e decisões estratégicas das grandes potências. O artigo todo no fundo é apenas para atacar o antecessor do atual governo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Acordo Nuclear do Irã - III

Leia os dois post anteriores.

O primeiro é o tal acordo do Irã assinado com Brasil e Turquia. Nele em relação ao acordo proposto pela agência da ONU para energia atômica, CS da ONU, EUA, Europa, etc; é que na proposta original a Inglaterra faria o enriquecimento, depois a Russia seria a depositária do urânio e agora será a Turquia.

Segundo reportagem repetida no segundo post, o Irã afirmou que continuarã enriquecendo o urânio e nada falou em aceitar as inspeções da Agência internacional.

Ai vem o Brasil cantado sua glória altaneira de fechar um acordo. A pergunta que fica é: Que acordo?

Na prática, esse acordo não torna a região menos perigosa, muito menos força uma nação que se declara teocrática, logo basta o lider religioso dizer que Deus mandou matar infieis para que marchem sobre Israel, pra ficar num exemplo; de dar provas de que não deseja armar-se atômicamente. Apenas criou um obstáculo para se impor sanções sobre o país que se recusa a dar segurança ao resto do mundo.

O Irã ganhou mais tempo, porque enquanto as nações discutem sanções, quais, quanto e por quanto tempo; o Irã vai enriquecendo urânio e nem é preciso chegar nos 90% para uma bomba nuclear, já que com menos pode-se contaminar uma área enorme com um missel simples, como ocorre com vazamentos de usinas como a de Chernobyl.

Há os críticos que lembram que Israel possui armamento atômico, ma se esquecem que paises ao redor dele, desde sua formação, tem por objetivo a eliminação daquele ente político. Não é demais lembrar que coligação de paises arabes já forma a guerra em 3 ocasiões e Israel venceu as três. Ora se fosse um país irresponsável governado por alguem que se acha representante de Deus na terra, já teria usado suar armas contra os inimigos, mas até agora não usou.

O que ocorrerá se Israel for atacado com armas atômicas? Quem o segura de responder na mesma moeda, ou ainda, de se antecipar?

A leniência de tratar o Irã pelo seu potencial risco, pode levar o mundo na direção do que EUA e a antiga URSS lutaram para não atingir, que é um confronto nuclear.

Acordo Nuclear do Irã - II

O Irã continuará a enriquecer urânio a 20%, suficiente para produção de isótopos médicos em seus reatores, mesmo após a assinatura do acordo de troca de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear. O anúncio deve fortalecer o ceticismo do Ocidente e dar mais argumentos para as potências que insistem em nova rodada de sanções contra o programa nuclear iraniano.

O Irã começou a enriquecer urânio a 20% no último dia 9 de fevereiro, após o fracasso do acordo proposto pelas potências, em outubro de 2009, para a troca do urânio iraniano enriquecido a 3,5% por urânio a 20%, enriquecido em solo exterior.

O enriquecimento incitou uma campanha dos Estados Unidos por uma quarta rodada de sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). EUA têm apoio do Reino Unido, França e Rússia, mas ainda enfrenta a resistência da China.

"Não existe relação entre o acordo de troca e nossas atividades de enriquecimento [...] Vamos continuar nosso trabalho de enriquecimento de urânio a 20%", disse Ali Akbar Salehi, diretor da Organização de Energia Atômica do Irã.

O porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, também afirmou que o país mantém seu programa de enriquecimento de urânio.

O acordo assinado pelo Irã sob mediação do Brasil e da Turquia determina que o Irã envie 1.200 quilos de seu urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 120 quilos de urânio enriquecido a 20% na Rússia ou França --muito abaixo dos 90% necessários para uma bomba. O urânio enriquecido seria devolvido ao Irã no prazo de um ano.

A troca acontecerá na Turquia, país com proximidades com Ocidente e Irã, e sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e vigilância iraniana e turca.

Os presidentes Mahmoud Ahmadinejad e Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, decidiram enviar a proposta no prazo de uma semana para a a avaliação da AIEA.

Sanções continuam

A manutenção do enriquecimento, duramente criticado pelas potências ocidentais e que alimenta as suspeitas de que Teerã mantém fins militares para seu programa nuclear, deve renovar os argumentos dos membros permanentes do Conselho por novas sanções.

Nesta segunda-feira, França e Reino Unido já decretaram que os esforços pela aprovação da quarta rodada de sanções continuam.

O ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, afirmou que os países fazem "progressos bastante importantes" na campanha pelas novas sanções.

"Progressos na resolução nas Nações Unidas bastante importantes foram alcançados nos últimos dois dias", disse Kouchner, sem revelar detalhes.

Kouchner elogiou o acordo obtido com mediação brasileira e disse que cabe a AIEA posicionar-se sobre o acordo.

"Não somos nós que devemos responder. É a AIEA", declarou Kouchner à agência de notícias France Presse.

Já o funcionário do Ministério de Relações Exteriores britânico, Alistair Burt, disse que o trabalho pelas novas sanções continua até que o Irã consiga provar ao mundo que seu programa nuclear é pacífico.

"Irã tem a obrigação de garantir à comunidade internacional suas intenções pacíficas", disse Burt, em comunicado.

"A Agência Internacional de Energia Atômica disse que não consegue verificar. é por isso que nós estamos trabalhando com nossos parceiros por uma resolução de sanções no Conselho de Segurança da ONU. Até que o Irã tome atitudes concretas para provar que seu programa é pacífico, este trabalho continua", disse.

Caminho fechado

As declarações de França e Reino Unido contradizem as expectativas do Brasil e da Turquia, que apostavam no caminho da diplomacia para evitar as sanções e obter um acordo.

Mais cedo, os chanceleres brasileiro e turco afirmaram que o acordo fecha o caminho para as novas sanções.

O brasileiro Celso Amorim disse que o acordo deve ser suficiente para encerrar a polêmica em torno do programa nuclear do Irã e cessar a pressão.

"Em nossa opinião, deve ser suficiente. Por que deve ser suficiente? Porque nós ouvimos todos, nós conversamos muito com os franceses, conversamos, aliás, o presidente acaba de falar até com o presidente Sarkozy", disse Amorim.

Segundo o chanceler brasileiro, também houve diálogo com os norte-americanos, russos e chineses. "Conversamos muito com os americanos, conversamos muito com os russos, os chineses", disse o chanceler.

"É claro que nós não estávamos negociando em nome deles. Nós negociamos com a consciência das questões e preocupações que eles tem."

Acordo Nuclear do Irã - I

1. Reafirmamos nosso compromisso com o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e, de acordo com os artigos relevantes do TNP, recordamos o direito de todos os Estados-Parte, inclusive a República Islâmica do Irã, de desenvolver pesquisa, produção e uso de energia nuclear (assim como o ciclo do combustível nuclear, inclusive atividades de enriquecimento) para fins pacíficos, sem discriminação.

2. Expressamos nossa forte convicção de que temos agora a oportunidade de começar um processo prospectivo, que criará uma atmosfera positiva, construtiva, não-confrontacional, conducente a uma era de interação e cooperação.

3. Acreditamos que a troca de combustível nuclear é instrumental para iniciar a cooperação em diferentes áreas, especialmente no que diz respeito à cooperação nuclear pacífica, incluindo construção de usinas nucleares e de reatores de pesquisa.

4. Com base nesse ponto, a troca de combustível nuclear é um ponto de partida para o começo da cooperação e um passo positivo e construtivo entre as nações. Tal passo deve levar a uma interação positiva e cooperação no campo das atividades nucleares pacíficas, substituindo e evitando todo tipo de confrontação, abstendo-se de medidas, ações e declarações retóricas que possam prejudicar os direitos e obrigações do Irã sob o TNP.

5. Baseado no que precede, de forma a facilitar a cooperação nuclear mencionada acima, a República Islâmica do Irã concorda em depositar 1200 quilos de urânio levemente enriquecido (LEU) na Turquia. Enquanto estiver na Turquia, esse urânio continuará a ser propriedade do Irã. O Irã e a AIEA poderão estacionar observadores para monitorar a guarda do urânio na Turquia.

6. O Irã notificará a AIEA por escrito, por meio dos canais oficiais, a sua concordância com o exposto acima em até sete dias após a data desta Declaração. Quando da resposta positiva do Grupo de Viena (EUA, Rússia, França e AIEA), outros detalhes da troca serão elaborados por meio de um acordo escrito e dos arranjos apropriados entre o Irã e o Grupo de Viena, que se comprometera especificamente a entregar os 120 quilos de combustível necessários para o Reator de Pesquisas de Teerã.

7. Quando o Grupo de Viena manifestar seu acordo com essa medida, ambas as partes implementarão o acordo previsto no parágrafo 6. A República Islâmica do Irã expressa estar pronta - em conformidade com o acordo – a depositar seu LEU dentro de um mês. Com base no mesmo acordo, o Grupo de Viena deve entregar 120 quilos do combustível requerido para o Reator de Pesquisas de Teerã em não mais que um ano.

8. Caso as cláusulas desta Declaração não forem respeitadas, a Turquia, mediante solicitação iraniana, devolverá rapida e incondicionalmente o LEU ao Irã.

9. A Turquia e o Brasil saudaram a continuada disposição da República Islâmica do Irã de buscar as conversas com os países 5+1 em qualquer lugar, inclusive na Turquia e no Brasil, sobre as preocupações comuns com base em compromissos coletivos e de acordo com os pontos comuns de suas propostas.

10. A Turquia e o Brasil apreciaram o compromisso iraniano com o TNP e seu papel construtivo na busca da realização dos direitos na área nuclear dos Estados-Membros. A República Islâmica do Irã apreciou os esforços construtivos dos países amigos, a Turquia e o Brasil, na criação de um ambiente conducente à realização dos direitos do Irã na área nuclear.

Manucher Mottaki
Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Islâmica do Irã

Ahmet Davutoğlu
Ministro dos Negócios Estrangeiros da República da Turquia

Celso Amorim
Ministro das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil

China compra empresas de energia no Brasil por R$ 3 bilhões

Extraido do site do Reinaldo Azevedo: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Por Fabiano Maisonnave, na Folha:

A gigante elétrica chinesa State Grid anunciou anteontem um acordo para a compra de sete concessionárias de energia no Brasil, atualmente sob o controle das espanholas Cobra, Elecnor e Isolux. Se ratificado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o negócio será o maior investimento do país asiático já feito no Brasil.

A compra, de R$ 3,097 bilhões, envolve a aquisição de todas as ações das seguintes empresas transmissoras de energia, segundo comunicado da empresa: Ribeirão Preto, Serra Paracatu, Poços de Caldas, Itumbiara e Serra da Mesa. A estatal chinesa de energia elétrica deve ter ainda 75% da Expansión Transmissão de Energia Elétrica e da Expansión Itumbiara Marimbondo. Em ambos os casos, a espanhola Abengoa, que tem os demais 25%, tem um prazo de 60 dias para contestar o acordo.

Até agora, o maior investimento chinês no país é a compra da mineradora da Itaminas por US$ 1,2 bilhão, em março, adquirida pela ECE, também estatal. Caso aprovada pela Aneel, a transação marcará também a entrada da State Grid no Brasil. Maior empresa de transmissão de energia do mundo, a estatal é responsável pelo abastecimento de 88% do território chinês, o país mais populoso do mundo, com pouco mais de 1,3 bilhão de pessoas.

O interesse da State Grid e de outras estatais chinesas no Brasil marca uma nova onda de investimentos asiáticos no país, iniciada no final do ano passado, em que as cifras deixaram a casa dos milhões para passar à dos bilhões. O projeto mais ambicioso são as negociações entre a EBX, do empresário Eike Batista, e a Wisco, gigante estatal da mineração, para construir o Complexo Siderúrgico de Açu. O investimento, estimado em cerca de US$ 5 bilhões, teria 70% de participação chinesa.

As negociações ocorrem depois da compra, no final do ano passado, de 21,52% da MMX, de Batista, pela Wisco, um negócio de US$ 400 milhões. As estatais chinesas também estão demonstrando interesse pelo petróleo, que, como o minério de ferro, é considerado fundamental para que o país asiático mantenha o seu ritmo de crescimento.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A matriz energética brasileira José Goldemberg

O Estado de S. Paulo - 17/05/2010

O governo federal publicou recentemente (em 4/5) o Plano Decenal de Expansão da Energia 2019, que faz projeções sobre o crescimento da produção de energia no País e os caminhos que esse crescimento, provavelmente, vai seguir. É um documento importante porque é com base nele que são feitos os leilões para a construção de novas usinas e outros empreendimentos da área energética.

Os planos anteriores do atual governo (desde 2002) receberam sérias críticas porque estavam levando o País a abandonar uma matriz energética limpa, como se viu nos leilões de energia nova nos últimos anos. Esses leilões deram como resultado um aumento significativo da geração de energia elétrica por meio de usinas termoelétricas, queimando carvão e óleo combustível, o que reduziria significativamente a participação porcentual de energias renováveis (de hidrelétricas, biomassa e usinas eólicas).

O novo plano tenta corrigir alguns - mas não todos - desses desvios.

A mais importante correção é que ele indica "a retomada da participação de fontes renováveis na matriz elétrica a partir do ano 2014, em detrimento das fontes baseadas em combustíveis fósseis, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das fontes de geração".

A orientação do plano anterior (2008-2017) é, pois, abandonada e o novo não prevê nenhuma expansão da geração com carvão, gás e óleo combustível além de 2013. A expansão deverá ocorrer com a biomassa (geração com bagaço da cana), usinas eólicas e hidrelétricas. O governo, que estava realmente na contramão da História, volta ao caminho correto. É uma vitória do bom senso!

A razão dada para esse resultado, segundo as autoridades do setor, na ocasião, foi a de que o governo encontrou sérias dificuldades na área ambiental para licenciar grandes usinas hidrelétricas. Sucede que há inúmeros outros aproveitamentos possíveis na Amazônia que criariam problemas ambientais menores, mas o governo negligenciou a execução de levantamentos hidrográficos necessários para leiloar essas usinas.

O novo Plano Decenal, contudo, mostra claramente que as autoridades responsáveis se deram conta de que estavam no caminho errado e tentam agora corrigir esses erros. Até 2019 é prevista a construção de cerca de 30 milhões de megawatts hidrelétricos (incluindo Belo Monte).

Há, porém, outras correções que o plano de expansão da energia elétrica ainda não absorveu, apesar dos esforços que vários especialistas têm feito para esclarecer as autoridades.

O novo Plano Decenal - como os anteriores - não dá a importância devida ao papel que a eficiência energética, isto é, a racionalização do uso de energia (em todas as formas) poderia ter no País. O que ele prevê são economias de energia de menos de 5% em 2019 (em 2010 ela é de apenas 1%), apesar de a experiência internacional mostrar que se poderia economizar muito mais, sem abrir mão dos confortos que a civilização moderna nos oferece. A União Europeia, por exemplo, estaria consumindo 50% mais energia se não tivessem sido adotadas sérias medidas de conservação energética - algumas delas são o uso de geladeiras mais eficientes, automóveis com maior quilometragem por litro de combustível e muitas outras, relativamente simples, que são bem conhecidas e testadas na prática.

É bem verdade que o consumo de energia per capita dos brasileiros ainda é baixo e precisa crescer, ao passo que o consumo per capita dos europeus é muito alto. O que é equivocado, contudo, é a ideia de que o Brasil precisa atingir o nível de consumo da Espanha ou da Itália nos próximos 10 ou 15 anos. O clima desses países tem invernos mais severos do que o nosso, de modo que o aquecimento residencial (que quase não existe no Brasil) representa um componente importante no consumo.

Além disso, nada impede que, ao crescer, o Brasil incorpore as melhores tecnologias existentes, de que necessitamos para nosso conforto, com menor consumo de energia, evitando ter de fazer reformas e substituições mais tarde, como acontece usualmente. Só para dar um exemplo, uma casa construída com técnicas modernas, usando iluminação e aquecimento solar, consome 25% menos energia do que uma casa tradicional.

O governo Fernando Henrique Cardoso entendeu bem esse problema ao fazer aprovar em 2001, no Congresso Nacional, uma lei autorizando o Poder Executivo a proibir a produção e comercialização de produtos de consumo que consumissem mais do que uma certa quantidade de energia. A lei só foi regulamentada em fins de 2008 e o governo Lula perdeu uma magnífica oportunidade de racionalizar a matriz energética brasileira. Tudo o que foi feito até agora foi uma campanha de esclarecimento sobre o consumo de energia de equipamentos de uso doméstico, como geladeiras. O que o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), do Ministério de Minas e Energia, fez foi classificar as geladeiras em categorias (melhores e piores), dando ao consumidor a opção voluntária de escolher entre elas, e só recentemente proibiu a fabricação das piores.

Com uma ação efetiva na área de conservação de energia, menos eletricidade será necessária, de modo que as usinas cujo licenciamento ambiental seja muito controvertido poderiam ser adiadas.

Uma consideração que deveria ser levada em conta, neste caso, é que usinas hidrelétricas podem também regularizar a vazão dos rios para evitar enchentes e armazenar água para períodos de seca. Como desde 1986 o volume de água armazenado nas represas brasileiras deixou de aumentar, essa foi a razão básica dos problemas da falta de energia em 2001.

Ninguém deseja que isso torne a acontecer.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Debate Civilizado em termos

Estamos tão acostumados com a violência em palavras, que é a arma escolhida pela maioria dos internautas, especialmente a parte mais militante, quando não a soldo; em razão do mais que razoável anonimato da rede que permite a fala sem necessariamente fazer suportar as conseqüências sobre as mesmas, que quando alguém abre mão da violência para criar argumentos, ficamos espantados.

E esse espanto é maior porque se comprova, em especial no caso concreto, que a escolha da desqualificação ou da argumentação, foi exatamente isso. Uma escolha. E feita essa pela segunda, pode-se concordar ou não com os argumentos e a interpretação, mas não se pode deixar de registrar a honestidade e o empenho do articulista ou comentarista. E isso sempre engrandece o debate.

Além do quê, se pergunta: se é possivel debater sem desqualificar, porque a opção fácil pela agressão?

Ninguém pode de sã consciência considerar-se dono da verdade absoluta ou de todo o conhecimento e a troca de idéias permite que o que temos a mais seja distribuído de forma que a outra parte aumenta o que possui e nós não ficamos com menos, na verdade com mais, pois se trata de uma troca.

O comentarista Luis Brasileiro, havia enviado um comentário e escolhida a opção pela agressão, poderia ter optado a responder no mesmo diapasão ou com idéias. Esperei uma resposta com idéias e fiquei contente de ao recebê-la e lê-la, deparar-me com argumentos. Não concordo com alguns; mas não posso me furtar a considerar que a crítica como feita ajuda a fazer crescer esse blog e a visão que temos do mundo.

É fato que aqui e ali, existe ainda uma desqualificação e coisa e tal, mas credito-a ao calor do debate e não mais a vontade do comentarista como tinha sido no primeiro comentário.

O texto é longo e vale o debate, penso eu. Em preto os comentários e minhas respostas em vermelho.

Peter Drucker escreveu certa feita que as pessoas não ouvem quando falamos educadamente. Acho que ele está certo, mas lendo com calma as partes do meu comentário editadas por você acho que peguei pesado contigo Fedeli, e tu reagiu até serenamente, portanto, ponto prá tu. Mas tu não deixou barato não, não deu a outra face, mas me deu elementos também para um processo contra ti; quero discutir idéias, mas se tu me processar, te processo também, aliás meto um processo em tuas fuças.

Quem leu o post, sabe a que ele se refere. Ao trecho que ele menciona a vontade de me matar com uma arma calibre 32, desistindo do intento, no entanto, por não achar-me merecedor para gastar munição. Qualquer um, conhecedor da lei sabe que cabe processo, mas como disse no post, entendia a coisa como sendo pobreza de espírito e ainda penso assim. A ameaça de violência física mesmo que seja um mecanismo do discurso pura e simples diminui o emissor do discurso e não seu alvo. Quanto a dar a outra face, é difícil apontar no texto, algo que ultrapasse a mera opinião e parta para a calunia e difamação, ou ameaça; coisas sujeitas a processos e o comentarista sabe muito bem disso.

Fedeli, meu irmão, o capitalismo de Estado foi um recurso usado como atalho para a industrialização por elites políticas de alguns países que adentraram o século XX com uma economia agrária tais são o caso de Cuba, Brasil, China, Vietnam, Rússia. Por óbvio que esta intervenção maciça do Estado na economia só poderia vir mais facilmente com ditaduras.

Bem, até aqui, nada a retrucar. O Estado precisa e necessita ser um instrumento de crescimento e progresso de um determinado país. É o que qualquer pessoa sensata espera quando paga seus impostos. Entretanto, existe uma diferença entre o Estado que impulsiona o crescimento da sua população (e o sistema capitalista, ainda é, entre os imperfeitos sistemas humanos até hoje criado, o menos pior); e o Estado que toma para si tanto a criação das políticas públicas quanto a execução prática das mesmas. O Estado como executor e parte principal do sistema econômico e financeiro teve aspectos positivos no passado de alguns paises e na verdade sem ele não haveria o progresso atual resultado da iniciativa privada, mas o passar do tempo demonstra que esse tipo de escolha é ruim quando o Estado torna-se a base e o meio de ser de toda uma economia. Basta ver como exemplo, o colapso da URSS, a miséria de Cuba, Coréia do Norte e por ai vai.

Deste monstrengo resultou alguma coisa positiva em infra-estrutura (energia, estradas, portos) mas uma brutal concentração de renda e inaceitável violação dos direitos humanos. Sobre o capitalismo de Estado na Rússia existe o excelente livro do professor Leôncio Martins Rodrigues, “Lenin: capitalismo de Estado e burocracia”; se quiser um exemplar eu te envio, como doação, trato dinheiro aos pontapés.

Uma pesquisa no post, no blog e, aliás, na internet inteira, demonstrará que eu em particular e acredito que ninguém com o mínimo de bom senso não reconhecem o acima escrito. A URSS que gastou milhões na corrida espacial tratava a população como gado, em especial os que ou eram contra o regime ou simplesmente não apoiavam o sistema de doutrinação e o culto a personalidade que girava ao redor dos líderes.

Aonde existe concentração do poder politico e do econômico, também e fatalmente irá ocorrer a concentração de renda, infelizmente.

Quanto aos direitos humanos, somente as democracias dão valor a eles.

FHC, mesmo com toda a aleivosia que sempre lhe foi peculiar, atesta que a ditadura praticou o capitalismo de Estado em artigo, “Construir sem demagogia”, no Estadão do dia 2 deste mês de maio. Fedeli, acho que compactei demais meus argumentos pensando que tu tinha traquejo, mas me enganei, até as pedras das ruas sabem que a ditadura militar praticou o capitalismo de Estado, mas tu não. Erro meu, te superestimei neste aspecto, tu só prestou atenção em minha indignação.

Ninguém no blog atacou a idéia de que a ditadura praticou o capitalismo de estado. Isso é um fato, tanto é assim que afirmei, e não estou sozinho nessa concepção, que antes de determiná-la como uma ditadura de direita, ela era nacionalista, justamente por conta do estatismo exarcebado praticado pela ditadura. Releia novamente o post, meu caro. Eu me insurgi, foi contra a observação da “guerrilha” ser contra a ditadura por conta de seu capitalismo de estado, porque COMO EU DISSE NO POST, a lógica exigiria que a guerrilha fosse, portanto, a favor do capitalismo ou economia de mercado que é o contrário do capitalismo de estado. Com uma guerrilha, quando não treinada ou financiada, pelo menos intelectualmente guiada por paises como Cuba aonde não existe mercado, apenas estatismo, afirmar que a mesma era contra o capitalismo de estado é quando muito, dizer uma enorme bobagem. A esquerda de modo geral, naquela época e até pouco tempo atrás, defendia o fim do capitalismo e por conclusão a implantação do socialismo, que tem no estatismo, ou melhor, no capitalismo de estado, sua mola propulsora em termos financeiros.

Então meu caro, você se enganou no que entendeu daquilo que escrevi, embora eu tenha entendido perfeitamente bem o que escrevestes.

A ditadura de Pinochet, sinistro homicida e ladrão (toneladas de ouro e milhões de dólares em bancos suíços) fugiu a este figurino no plano econômico à vista que privatizou até os cemitérios deixando o Chile com a economia melhor fundamentada da América Latina, depois das correções com medidas buscando mais igualdade social encartadas nos programas de combate aos bolsões de pobreza implementadas pelos governos de esquerda que sucederam à ditadura.

O que não significa que sua ditadura tenha sido bendita, razoável, equilibrada, não é mesmo? A rigor melhor teria sido que o Chile demorasse mais algumas décadas para chegar no patamar hoje atingido, se com isso não tivessem ocorrido as centenas de mortes de pessoas pelo regime.
E é curioso observar que essa visão “do mercado” por aqui é considerado algo maldito, neo-liberal e por aí afora.

Em seu texto SOBRE A ANSITIA II você escreveu em equilibradíssima opinião que a OAB montou uma farsa pos já sabia de antemão do resultado do julgamento no STF ao pedir a declaração da não extensão da Lei de Anistia de 1979 aos crimes de tortura e demais crimes comuns cometidos pelos sicários da ditadura.

Releia o texto novamente. O que escrevi é que a OAB não desconhece, diferente de nós, que não somos advogados, as leis penais em especial a questão da prescrição dos crimes. Porque a OAB não entrou com essa ação logo, por exemplo, que a Constituição foi promulgada, época que os crimes ainda eram passiveis de denúncia e julgamento? Não usei o termo farsa, que está por sua conta e risco inserida no seu entendimento; mas não descarto o jogo político de abrir uma ação já sabendo que o resultado seria exatamente esse. Vá lá, pode-se argumentar que a OAB, esperou a corte ser constituída de juízes menos ortodoxos ou com a maioria dos juízes escolhidos pelo atual governo de orientação à esquerda. Mas ainda assim não se pode esquecer que a OAB, melhor do que ninguém sabe que: 1) existe a questão da prescrição dos crimes como mencionado e, talvez o mais importante, 2) a legislação brasileira proíbe a aplicação pretérita de leis. Assim a lei que, acertadamente sentencia que tortura é crime, sendo posterior aos atos praticados na ditadura não pode ser evocada. E foi esse segundo ponto levantado pelo ministro Marco Aurélio e pelo novo presidente do STF como um obstáculo intransponível, mesmo que a ação fosse aceita. Ora, sendo instransponível esse obstáculo; qual o motivador prático da ação? Nenhuma. Essa é questão de bojo do assunto em si e não a defesa de homicidas deste ou daquele matiz político.

Fedeli, você está chamando todos os componentes do Conselho Federal da OAB de farsantes, e por extensão esta infâmia é igualmente assacada contra o advogado do Conselho, o profº FÁBIO KONDER COMPARATO.

Leia e releia o trecho anterior que ele vale para o advogado citado. Eu estou bem pouco preocupado com esse ou aquele medalhão do setor jurídico ou de qualquer outro setor profissional. O que falei e repito é a minha opinião.
A questão da prescrição dos crimes e mais do isso, da impossibilidade de retroagir no tempo os efeitos de uma lei; foram apontadas por ministros do STF como tornando a ação proposta pela OAB sem sentido prático. Se uma coisa não tem sentido prático, ela pode ter um sentido teórico ou simbólico, não é mesmo? Mas a justiça precisa trabalhar no caso concreto e nos efeitos concretos das decisões judiciais. As questões teóricas acabam circunscritas aos livros e às faculdades de direito não aos tribunais; e nem para efeito de abertura de arquivos para se conhecera verdade dos fatos, a ação serve, porque a abertura de arquivos é decisão do executivo.
É curiosa a reação de uma turminha mais militante. Um exemplo com a mesma OAB em outra situação. A OAB assinou e foi à luta pelo afastamento do ex-presidente Collor. Todo mundo aplaudiu e com razão. Agora, Collor sendo da bancada de apoio do governo, Luis Nassif pra ficar em apenas um exemplo, em seu blog decidiu rever os fatos da época e chamou o afastamento de Collor de golpe legislativo, levado a ferro e a fogo pela mídia. O papel da OAB ficou num cantinho esquecido e ninguém fica “indignado” com o Nassif de dizer em outras palavras que a OAB participou de um golpe. Vá vendo!!

É inacreditável que você tenha cometido uma torpeza destas contra o profº COMPARATO. Analisando com calma, deixando assentar a indignação, acredito que você não tenha noção do que escreveu e contra quem escreveu, e com todo respeito, só posso concluir que você é semi-imputável.

Aqui uma leve derrapada para a desqualificação sem necessidade, mas prossigamos.

Transparece uma curiosa incoerência do comentarista. Ele se sente agredido por conta de minha suposta (suposta porque só está na cabeça dele), agressão “torpe” contra um advogado e contra a OAB. Porque existe essa reação? Porque o comentarista julga a partir de pessoas e não dos fatos. Mais a frente refere-se ao Supremo Tribunal que na prática é o líder de um dos poderes da república como “homenzinhos” e outros gentis epitetos, no sentido tácito de desqualificar o pensamento por traz da decisão tomada.

Porque a ofensa aso ministros do Supremo é aceitável ao comentarista que praticou essa ofensa mas se insurge contra uma “ofensa” que nasce do seu entendimento do que escrevi e não do que realmente escrevi? Porque a OAB estava certa no ponto de vista particular dele e o Supremo errado igualmente em seu ponto de vista.


Em resumo: Só podem ser alvo de “torpezas” aqueles que pensam diferente do comentarista.


Fedeli, a ditadura militar ainda divide a sociedade brasileira, e você escreveu umas coisas agressivas, talvez nem se dê conta disso. Você tratou os que fizeram a luta armada como um bando de terroristas, homicidas e assaltantes, repetindo as piores infâmias da propaganda da ditadura contra os resistentes.

Seria o caso do comentarista demonstrar que uma pessoa que atira na cabeça de outra, pelo simples fato do sujeito ser uma guarda de banco não é um homicida porque está assaltando um banco imbuído dos melhores sentimentos de amor a pátria.

Seria o caso do comentarista demonstrar que o assassinato de militares estrangeiros por conta do uniforme que usavam não era uma forma de “terror”, logo quem a pratica é terrorista. E isso também vale para os verdadeiros criminosos que do lado do estado fizeram atentados a bomba e outras coisitas mais para criar um medo contra os grupos de esquerda e forçar o regime a ser ainda mais duro. Todos poderiam enquadrar-se como terroristas já que fizeram uso do “terror”.


Não é uma questão de infâmia, mas de fato histórico. Tanto é assim que a lei da anisitia beneficiou a todos e os derrotados na luta armada também foram privilegiados com pensões, etc e tal; embora quem morreu nessas ações do outro lado, nada tenha recebido até agora. E isso também é uma questão de fato e não de gosto.


Portanto, sobre este ponto estamos em lados opostos, o que não me impede de tentar compreender o seu ponto de vista expondo o meu. Para mim tudo depende do respeito por si próprio e do valor que o cidadão dê à própria dignidade: homens livres e dignos não aceitam ser governados pela força, puxa-sacos aderem a ditaduras, covardes correm para debaixo da cama. Frise-se bem, sem uma rede de incontáveis puxa-sacos nenhuma ditadura se firma.

Concordo contigo. Existiram e existem aqueles que eram contra querendo implantar uma outra visão de governo centralizado; havia e haverá aqueles a favor do governo centralizado implantado tirando dele o que puder e haverá uma enorme massa que tocará sua vida de forma honesta, acatando as leis.

Esta é a razão da minha indignação, você tratou os mais corajosos brasileiros de uma época de maneira cínica, pois nenhum deles foi aos bancos para matar guardas de banco, transeuntes ou até mesmo companheiros, eram homens e mulheres em um luta titânica contra uma ditadura e em terrível desigualdade de armas. Poucos tombaram lutando, a maioria esmagadora foi assassinada depois de aprisionada, na tortura.

Nem discuto. Alguém que resolveu ser contra o governo ditatorial e foi preso, tinha o direito a segurança sob a guarda do estado e não ser torturado e morto. Tanto a história mostra que o crime da tortura ocorreu quando não deveria ter ocorrido, quanto às ações criminosas dos grupos de esquerda. Não é uma questão de gosto, meu amigo. Agora que se note; da mesma forma que os crimes cometidos por esses grupos não legitimam a tortura, da mesma forma a tortura ou a violência do regime não legitima as mortes que a esquerda carrega.

Pessoas de bom senso não aceitam a morte de alguém por se do lado oposto, ou de nenhum lado. Eu penso assim e você?


Quanto a sua afirmação que nenhum deles isso ou aquilo, o comentarista precisa rever suas fontes; porque os próprios participantes da luta armada declararam em depoimentos, livros e documentários as ações que tomaram parte e o resultado delas.


Para Jacob Gorender no livro “Combate nas Trevas” a luta armada foi uma reação tardia ao golpe de 1964, e eu concordo. Mas também foi uma reação natural de pessoas que tinham uma consciência cívica aprimorada: a consciência de que nenhum governo pode se impor pela força tripudiando e chamando os cidadãos para a briga.

Isso é uma questão que será eterna, pelo menos enquanto os arquivos oficiais não forem abertos. Há quem diga que grupos de esquerda já estavam formados desde o governo Goulart. Outros que a partir da emissão dos famigerados AI,sendo o de número 5, o mais terrível deles, houve o aumento da reação armada. Mas é bom que se diga: eu não enxergo consciência aprimorada, o que determina inteligência na opção de pegar em armas.

Aliás, eu reafirmo algo que penso e já escrevi com base no que o comentarista escreveu. Se era uma consciência cívica aprimorada e esse aprimoramento requer por lógica, inteligência na tomada de decisão, essa escolha pelas armas, foi uma opção consciente. E sendo consciente, implica em conhecer e reconhecer que os efeitos práticos dessa ação são duas: MATAR um semelhante e/ou MORRER as mãos de um semelhante.

Eis o motivo pelo qual considero haver uma verdadeira síndrome do “coitadismo”. O sujeito decide pegar em armas, perde a luta e fica a reclamar dos direitos perdidos, da carreira abandonada, disso e daquilo. Convenhamos.

Para uma minoria de brasileiros, os melhores de uma época, lutar contra a ditadura empunhando armas foi um imposição fatídica da história e uma decorrência de seus caracteres, não aceitavam ser postos de joelhos e espezinhados por um governo absolutamente ilegítimo - produto do golpe de Estado, portanto, do crime - um bando de golpistas financiados desde longa data por uma potência estrangeira, isto está largamente provado no livro de René Armand Dreifuss, “1964: A Conquista do Estado”.

Pode ser meu caro, mas isso apenas embasa o que disse anteriormente e de modo algum explica o porquê os grupo de esquerda eram quase todos treinados em Cuba que era e é uma ditadura de esquerda e militar, já que boa parte dos negócios está nas mãos do exército, ou do partido quando não dos dois ao mesmo tempo.

E não bata em mim, há pouco tempo a TV senado e a TV Brasil, veicularam um documentário bem interessante sobre o período, no caso falando da UNE e o que ocorreu com os líderes estudantis e um deles, membro hoje do PT, falou justamente isso, sobre a incoerência de ir para Cuba fazer treinamento de guerrilha, aprendendo a atirar e fazer bombas para derrubar um ditadura militar, se Cuba também era uma ditadura militar, só que de esquerda. Pesquise e procure que achará esse documentário.


Fedeli, em seu texto SOBRE A ANISTIA você afirma que os grupos armados que combatiam a ditadura, “os heróis da democracia”, queriam uma ditadura idêntica à de Cuba, China, URSS, Coréia do Norte, e para fundamentar seu escárnio traz como prova depoimento de Gabeira, soldado raso no seqüestro do embaixador americano, mas poderia trazer coisa melhor, o testemunho de Daniel Aarão Reis Filho.

Não é escárnio. Mais uma vez é fato histórico. Gabeira era soldado raso? Pois é, mas ele estava lá não é mesmo?

Mas cedo ao argumento e peço que indique o link para qualquer documento escrito por eles que demonstre sem nenhum grau de dúvida que desejavam um governo democrático no lugar da ditadura militar.


Para desqualificar os melhores brasileiros de uma época, os que se insurgiram empunhando armas contra os criminosos que estavam alojados no poder, muitos usam estes depoimentos e também passagens de documentos das organizações armadas que combatiam a ditadura. Você não é o primeiro a repetir irrefletidamente estes julgamentos injustos; alguns os usam de maneira impudica com o fito de justificar as atrocidades contra estes resistentes e defender a ditadura.

Eu não. O meu post é até bem claro. Por mim, todos deveriam ser julgados pelos crimes cometidos e ponto final. Mas não adianta brigar comigo. Porque você não escreve pro Gabeira, pra ficar num exemplo, desancando o mesmo por falar isso?

Como já notei que você gosta de invocar textos religiosos para fundamentar suas afirmativas sobre condutas, coisas humanas, vou sapecar alguma coisa deste tipo para você, a começar pelo critério mais apropriado para se julgar alguém, posto da seguinte maneira: o que vale a fé sem as obras? Para os teólogos católicos a resposta é categórica: a fé sem as obras nada significa. Como não entendo nada de sabedoria divina e a considero inalcançável por humanos, deixo este assunto para você, mas concordo que o critério que melhor serve para um julgamento justo, o que resulta da apreciação dos atos, das condutas, das obras, como dizem os teólogos.

É verdade, a fé sem obras está morta. As obras provam a fé; mas que se note, não é qualquer obra que prova a correção da fé de alguém, já que as obras também podem demonstrar a hipocrisia de alguém que dissocia a fé de suas obras. É a velha estória de o discurso ser diferente da prática.

Max Weber, um ateu liberal, escreveu um ensaio sobre a conduta de pessoas religiosas comparando seus efeitos com a fé professada. No livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” Weber demonstra como os protestantes com sua ética de dedicação ao trabalho, ascetismo e poupança, adoção de uma cultura racional vinculando fins e meios para comprovarem se suas condutas refletiam uma leitura livre, mas consentânea com os ensinamentos bíblicos reformistas, terminaram mudando a face da economia, criando o capitalismo industrial. Resumindo, o que Weber demonstra é que atos geram conseqüências imprevistas e até mesmo indesejadas pelos agentes, ou seja, como os protestantes adotando uma conduta apropriada aos seus próprios olhos para entrarem no reino do céu incrementavam a economia gerando riqueza, uma conseqüência mundana imprevista e não conscientemente desejada.

É por isso que alguns consideram que os EUA, tendo sido colonizados por protestantes tiveram uma evolução econômica maior e melhor que os paises colonizados pelos católicos Portugal e Espanha. É certo que essas influências sem dúvida pesaram, mas seria demasiado simplista usar esse argumento como explicação mais importante para o fato. Parece-me a meu juízo que o caso está mais relacionado com a liberdade de ação das pessoas e o controle federal apenas sobre determinado assunto, situação bem diferente do Brasil, aonde crescemos sob o conceito de que tudo precisava da autorização de um rei, imperador e depois um governo centralizado federal com enorme poder burocrático. Isso tudo mais as características diferentes de colonização que ingleses e portugueses tiveram talvez explique as diferenças.

Fedeli, meu irmão, diante de teus julgamentos tão medíocres acho que tu nunca leu este livro, e se leu não entendeu, o que dar na mesma coisa, e com todo respeito, pois eu não quero te ofender - embora tu não tenha pruridos ao ofender pessoas que trazem no corpo e na alma as marcas da tortura e nem mesmo respeito tu tem pela memória dos mortos -, mas superestimei teus conhecimentos.

Outro escorregão na desqualificação.

Se a esquerda brasileira for julgada por seus atos veremos que ela nunca patrocinou ditaduras - este passivo com a sociedade brasileira é da direita, mesmo daquela que se diz liberal -, ela combateu ditaduras, mais especificamente a de Vargas e a dos militares, e quando chegou ao poder o está exercendo democraticamente.

Obvio, porque ela perdeu e só veio a ganhar depois que aderiu ao capitalismo de mercado, pelo menos no discurso eleitoral, porque na prática o atual governo é estatizante, ou tem esse pendor tanto quanto ou mais que outros governos anteriores. De certa forma, o brasileiro médio é a favor de estatais, quando na verdade em uma estatal, não é a população que ganha, mas os empregados (com salários e benefícios acima do mercado), os políticos (que determinam quem ocupa que cargo nas diretorias), o governo (que ganha fundos de pensão poderosos como parceiros e a empresa como vitrine), e os sindicatos (quantos empresas privadas sofrem greves a torto e a direita como as estatais e o funcionalismo público?).

A esquerda armada foi a que mais se empenhou no combate à ditadura e ao capitalismo de Estado no Brasil praticado nos moldes cubanos, russo, chinês, coreano, enquanto empresários subvencionavam a tortura e o extermínio dos resistentes. Curioso, não é? Lembra-se do que disse o apóstolo Paulo? “O bem que quero praticar não consigo, o mal, que não quero, faço a todo momento.”

Combate a ditadura? Sem dúvida. Contra o capitalismo de estado? Veja bem...Posto que uma vitória traria um socialismo, o capitalismo de estado seria mantido. E basta uma avaliação do que ocorre em Cuba no quesito “direitos humanos” para se chegar numa conclusão quase óbvia. Nenhum governo que se intitule senhor da vontade dos demais é bem sucedido na preservação dos direitos humanos.

Diante destes fatos, Fedeli, atribuir à esquerda armada que combatia a ditadura querer implantar uma ditadura idêntica à da URSS ou Cuba é fazer um julgamento um tanto forçado, é julgar pela fé e não pelas obras. E até mesmo se o julgamento for feito pelos aspectos teóricos veremos que se incorre em um equívoco pois a esquerda armada urbana, com exceção da AP (Ação Popular) era toda ela dissidência do PCB, que era afinadíssimo com a URSS mas defendia o caminho pacífico e democrático para chegar ao poder e bem como para combater a ditadura.

Tá certo, amigo, os grupos de esquerda sabiam que a classe média, a chamada burguesia apoiou a implantação da ditadura, mas mesmo assim, vencedores, eles implantariam uma democracia, digamos assim plural, com eleições livres, etc e tal, respeito à propriedade, estado de direito, etc e tal...permitindo que essa mesma classe média colocasse no poder os que foram derrotados? E sou eu que mais a frente é acusado de acreditar em fantasias? Tá certo...

O baiano Carlos Marighella, líder da mais numerosa destas dissidências do PCB, rompeu também com o leninismo - e por decorrência com o partido único -, não fundou outro partido comunista, a ALN (Ação Libertadora Nacional) não era um partido, menos ainda leninista. Daí pode-se dizer sem medo de errar que Marighella quando morreu já não era mais comunista.

Marighella morreu em 1969 antes de fazer a teoria de sua prática, mas se fizermos justiça aos sobreviventes constatamos que nenhum deles defende ditadura para viabilizarem seus programas de governo. A intolerância e a perseguição política dificilmente são perpetradas por ex-perseguidos.

É verdade. Não defendem mesmo. Mas a questão não é agora, mas na época. Tem algum documento da época que fala em socialismo com democracia, capitalismo de mercado, e por aí vai?

Quanto a Marighella, que me conste ele foi um que matou com tiros na cabeça um guarda civil...e é claro foi morto pela repressão. Como vê, para alguém ultrapassar a linha, tirando o que é mais sagrado de alguém, a vida, não depende da matiz ideológica para se limitar não é mesmo?

E tem outra, eu acho que ele não deveria ter sido morto e não deveria ter matado. Já o comentarista ao eleva-lo ao panteão dos heróis admite que o mesmo estava certo agindo como agiu e portanto, matar um fraterno é correto. Dá pra entender?

Sobre a ditadura e a luta armada para derrotá-la quero apenas afirmar que quem pôs fim à ditadura no Brasil não foi a política tocada por Ulisses Guimarães ou por Tancredo Neves, como você ingenuamente pensa, mas foi a facção do Exército denominada de “Sorbone” ou “castelista” comandada por Geisel e Golbery, pois só a força vence a força - Gandhi jamais derrotaria Hitler – verificada que a tentativa civil de derrotar a ditadura pela luta armada tinha sida esmagada. Nesta operação de retirar o Exército da sinuca de bico em que tinha entrado e não sabia como sair - tomar o poder rompendo a ordem constitucional impondo uma ditadura - o dia 12 de outubro 1977 é um dia decisivo, pois foi o dia em que Geisel exonerou Sílvio Frota do cargo de Ministro do Exército, pondo um cadeado na facção chamada de “linha dura”, que queria a continuidade da ditadura.

E, contudo e apesar de tudo, na primeira oportunidade os dois coadjuvantes foram os escolhidos para presidência e para o senado respectivamente e os demais estão no rodapé da história. Se a esquerda perdeu, qual sinuca de bico havia? Havia a luta branca no plano político e a mudança de diretriz americana com Carter.

Não vou me estender, e para que você não diga que meus argumentos são “jargões ideológicos” leia os livros escritos por Elio Gaspari sobre a ditadura, em particular, “A DITADURA DERROTADA”.

Fedeli, ao ler teu texto teve momentos que me comovi com tua ingenuidade, tu acredita em verdades oficiais, a exemplo de mais uma, a existência de bipartidarismo na época da ditadura, e ainda me chama de analfabeto.

Li a pouco tempo que eram dois partidos, o do “senhor”, o MDB e o do “sim senhor”, a arena.
Mas o fato é que havia eleições para deputados e senadores. Mas a questão de fundo nem é essa.

Os partidos políticos eram proibidos com exceção de dois; numa escolha feita para imitar o sistema americano e fugir do sistema soviético; e agora temos uma miríade de partidos que possuem pequena representação ficando no pendular balanço de dois partidos, o PT e o PSDB com o PMDB no apoio, ora de um ou outro conforme o vitorioso de plantão. O executivo legisla mais que o próprio legislativo com as medidas provisórias. O que temos na prática é mais do mesmo sob roupagem democrática.

Os teóricos dos partidos e dos sistemas partidários têm como incontestável que se os partidos não influenciam os governantes com a formulação, discussão e decisões sobre as políticas públicas, eles não existem enquanto partidos.

De certa forma até hoje.

Para não me alongar vou transcrever passagens do livro “PODER &POLÍTICA – crônica do autoritarismo brasileiro” do profº WANDERLEY GUILHERME DOS SANTOS, o civil que teorizou a “abertura, segura, lenta e gradual” protagonizada por Geisel, vejamos: “É depois do AI-5 que a ruptura entre os processos de Governo e os processos parlamentares se realiza completamente, dispensando daí por diante o Governo qualquer participação do Congresso na formulação, discussão e decisão sobre políticas públicas.” E mais adiante na mesma página 81, “Ambos os Partidos viviam a ficção de que um governava e outro se opunha, quando em realidade as elaborações por trás do exercício do Poder Executivo escassamente incluíam o jogo parlamentar como etapa decisoriamente relevante.”

A situação da ARENA era mais humilhante que a do MDB - Ulisses Guimarães chegou até a cogitar a possibilidade da auto dissolução à vista de que o presidente do simulacro de oposição tinha plena consciência de que nada influenciava -, pois o partido que chancelava a ditadura, a ARENA, nada decidia, embora tivesse que se comportar como se dispusesse de alguma importância frente ao colegiado informal de militares que tudo impunha, o Partido único.

Pois é, e o que muda o sentido do que disse?


Com todo respeito, leia este livro, mais os quatro volumes de Elio Gaspari sobre a ditadura e verá que sobre este assunto, bipartidarismo durante a ditadura, o analfabeto é você. Em tempo: não me senti ofendido com sua irrogação sobre meu analfabetismo.
Releia o post. Você usa o termo “analfabeto” em pelo menos três ocasiões para me desquaficar. Eu intui que você diante de tanta discrepância de entendimento deveria voltar aos bancos escolares e re-aprender a ler. Nunca se pode achar que é suficiente juntar letras, mas o entendimento do que elas querem dizer.

Está consignado no livro “ATLAS DA EXCLUSÃO SOCIAL – Os ricos no Brasil”, de Márcio Pochmann (Presidente do IPEA), que 5.000 famílias consideradas muito ricas ou 0,001% do total de famílias do país, reuniriam um patrimônio que representa 46% do PIB, o equivalente a R$ 691 bilhões em valores de 2003.

Fedeli, você não vislumbra nenhuma relação entre os índices crescentes de crimes contra o patrimônio, roubo, furto, extorsão mediante seqüestro - uma distribuição de renda nas pontas dos canos das armas -, e a concentração de renda a níveis africanos existentes no Brasil; não vê o empobrecimento e falta de oportunidades como um fator criminógeno só porque esta relação não é em termos absolutos, pobreza como sinônimo de delinquência.

O comentarista ao que parece é defensor da velha tese de que “o homem é resultado do meio”.

Ocorre que o crime é antes de tudo uma escolha. Uma escolha motivada por alguém ser pobre, por alguém ter sido injustiçado, por alguém ter sido vítima de outros criminosos, mas na verdade as pessoas escolhem a prática de um crime pela sua ganância.

Porque diabos uma pessoa humilde e pobre precisando de dinheiro resolve ir ao ponto de taxi assaltar o coitado do motorista e outro decide vender doces? Um acaba na cadeia e o outro torna-se exemplo de sucesso? O que diferiu entre os dois para optarem por caminhos distintos se os dois enfrentaram a pobreza em seu extremo grau?

E não falo de forma genérica por assim dizer, bastando que o comentarista pesquise David, the camelot na internet para descobrir que fim levou o sujeito que resolveu vender doces na rua e porque decidiu fazer isso ao invés de roubar e aonde ele está agora.


Ninguem é idiota de afirmar que a pobreza não gera violência mas ela é, sem dúvida a coisa que menos influência na elevação do crime.


Na verdade colocar nas costas da “situação econômica”, a ocorrência de crimes é tirar a responsabilidade de quem opta por esse caminho para jogá-la em cima da sociedade ou do país.


Não tenho meios de lhe convencer da ilação que faço a partir dos fatos, pois o raciocínio é indutivo, a concentração de renda como um dos fatores na gênese da criminalidade contra o patrimônio especificada nos tipos penais da criminalidade comum contra o patrimônio, não da criminalidade de colarinho branco ou dos crimes de improbidade administrativa, que vejo tendo outros fatores criminógenos, como por exemplo, a cupidez, a avidez por bens materiais, na linguagem do povo, “uma fraqueza pelo dinheiro”.

Joguemos a explicação para o extremo exemplo. A distribuição equitativa se fosse possivel entre todos os habitantes da riqueza nacional. Isso eliminaria por exemplo o tráfico de drogas, armas, remédios? – Não! Porque existem consumidores de drogas entre ricos e pobres e esse consumo não depende de poder aquisitivo.

“fraqueza por dinheiro” não aflige ricos do colarinho branco tão somente, mas quem opta pelo caminho rápido e enganoso do crime.

Não quero distorcer seu raciocínio nem lhe atribuir idéias que não foram defendidas por você, mas talvez você seja daqueles que não vêem que o Brasil é um país semi-escravocrata por conta da concentração de renda, e isto se deve grandemente ao empresariado. Escola e serviço de saúde de qualidade, urbanização de favelas com construção de bairros de classe média só será em grande parte possível com dinheiro circulando em mãos privadas para a contratação destes serviços.

Quando uma empresa privada não vê retorno de seu investimento, ela não explora determinado serviço em determinada área. Nesse caso entra o estado para beneficiar a população.

Daí segue minha óbvia conclusão, a distribuição de renda através dos programas dos governos depois do plano real são insignificantes e emergenciais frente ao que precisa ser feito para se criar um mercado interno que permita transformar o Brasil de um país semi-escravocrata em uma potência material de algum respeito.

Aqui concordamos. Basta verificar postagens no blog sobre o tema. Os planos assistenciais precisam ter compensações e porta de saída, porque senão as famílias ficam aprisionadas a esse tipo de recurso, embora em principio, não é má idéia a distribuição da riqueza dos que podem (através dos impostos), melhorar a renda dos que não podem.

Como você me pediu, vou lhe enviar minha opinião sobre o voto de Eros Grau, e sobre todos os votos vencedores.

Os homenzinhos do STF trataram a questão da punição dos torturadores e demais criminosos que assaltaram o poder em 1964, bem com de seus colaboradores, com a estatura moral dos homúnculos: faltaram com a verdade para justificarem seus votos.

A OAB foi especifica no seu pedido, solicitando o entendimento do exposto na lei de anistia, no seu primeiro artigo. Basicamente, se a lei cobria agentes do governo envolvidos em crimes durante o governo militar. A tônica do pedido era que de forma sub-reptícia o governo quis proteger seus agentes.

A verdade que os homenzinhos negaram foi a de que a lei de anistia de 1979 foi produto de uma imposição dos militares e para eles mesmos, uma busca da impunidade pela ausência de julgamento de seus crimes, uma auto-anistia, esta é a verdade, até as pedras das ruas sabem disso.

Quem assistiu ao julgamento inteiro e eu fui um deles, não viu nenhum deles, que votaram contra e a favor, negarem que a anistia foi imposta pelo regime. Tanto é assim que a proposta original não dava anisitia aos que haviam sido julgados e condenados. Na prática quase todos que estavam presos ou exilados.

E isso foi mudado em grande parte pela ação da mesma OAB.


A esquerda pouco proveito retirou desta lei, menos ainda a esquerda que fez a luta armada, a que mais sofreu nas garras dos torturadores, pois muitos foram assassinados na tortura, sem julgamento, não puderam ser anistiados, mas seus assassinos sim, e para os que foram presos e condenados a cumprirem penas desproporcionais com suporte em diplomas espúrios tais os decretos-leis e atos institucionais, confissões obtidas mediante torturas e julgamentos fantasiosos, tais eram os julgamentos na Justiça Militar - um braço dos órgãos da repressão - a malsinada anistia chegou muito tarde.

Isso não é verdade. Tanto é assim que quase todos senão todos recebem pensões e indenizações de valor nada desprezível. As eventuais vítimas da esquerda é que até agora nada receberam, meu caro. Aliás no trecho acima, só haveria uma forma justa de reparação, que a lei tivesse o poder de ressuscitar pessoas.

Qualquer outra interpretação da lei da anistia de 1979 que não a interprete como produto de uma imposição para a busca da impunidade dos que deixavam o poder é uma fraude dos fatos históricos. E foi esta fraude que foi perpetrada pelos homenzinhos do STF em seus sete votos capitaneados por Eros Grau.

Posso até estar enganado, mas o ministro Eros Grau foi da esquerda e foi perseguido pelo regime. Me corrijam se estiver errado. Logo ele seria talvez um dos mais interessados em por torturadores atrás das grades.

Ele votou contra a ação baseado em enorme jurisprudência e na história.


Além da conseqüência, a impunidade de horrendos crimes cometidos como política terrorista de Estado (seqüestro, desaparecimento forçado, tortura, estupro, violação de cadáveres, entre outros) no passado, a falsificação dos fatos históricos perpetrada pelos homenzinhos ao homiziarem os criminosos da ditadura, abre o precedente para uma possível ditadura no futuro, constatado que é factível uma camarilha dar um golpe de Estado, impor uma ditadura e quando esta estiver naufragando os criminosos se auto-anistiarem para assegurarem a impunidade para seus crimes. Foi o que disseram por interpretação extensiva os homenzinhos do STF.

As leis sofrem as mudanças do tempo e dos costumes sem no entanto gerarem incerteza jurídica. Hoje a nossa constituição tem a tortura como crime imprescritível. E essa determinação está baseada em leis internacionais. Logo se no futuro uma hipotética ditadura resolvesse adotar os mesmos costumes e viesse depois com uma lei de anistia, a constituição até poderia ter sido jogada na lixo, mas as leis internacionais com certeza não.

A decisão da maioria do STF é também uma infâmia lançada contra os que mais bravamente resistiram à ditadura, pois iguala todos, os torturadores aos torturados, os resistentes aos seus assassinos, omitindo a verdade sobre uma auto-anistia que é puro homizio.
Bertolt Brecht escreveu que a verdade é filha do tempo, não da autoridade, constatação que permite afirmar sem margens para dúvidas de que no futuro terminará prevalecendo o entendimento que separe torturadores de torturados, sicários de uma ditadura de resistentes, basta que o tempo se encarregue de varrer os homenzinhos de onde jamais deveriam estar, isto é, como autoridades sem moral.

A lei iguala a todos, não o STF. E quem recebeu enormes indenizações foram os que por conta de sua posição foram vitimados pela ditadura ou suas famílias.

Que se note, que a lei não proíbe acesso a verdade via documentos. O governo se quiser pode torna-los públicos. Porque não o faz?

E notem leitores. A virulência com que o comentarista agride o STF, mas ele acha certo esse tipo de torpeza. Mas eu, dizer que a OAB entrou com a ação sabendo que iria perder (pelos motivos já dados e expostos), é torpeza vil e mereço portanto ser agredido.

É assim que se comporta alguém que raciocina com base na ideologia e não nos fatos.

Você também me perguntou se eu consigo responder de modo inteligente, sem xingamentos, ou é esse o padrão que eu uso costumeiramente com minha família.
Minha resposta: quanto aos xingamentos, não é este o padrão que uso com minha família nem em pensamento; só uso esta linguagem com pessoas que não respeitam os outros e não têm nenhuma compaixão, injuria chamando de terrorista quem foi capaz de grandes sacrifícios e coragem a toda prova na luta contra um governo de criminosos tendo que enfrentar o lúmpen que se constitui a polícia e era base dos órgãos de repressão do Estado terrorista de então.

Ainda bem que no trato diário, o comentarista não age como escreve não é mesmo? Ele só usa xingamentos quando seu senso ideológico é abalrroado pelos fatos, como aquele sujeito com pouca experiência de volante e acha que os outros devem deixar as ruas abertas para ele passar sem pressa e reclama da buzinada no pé de ouvido.

Fedeli, meu irmão, uma das razões pela qual te xinguei foi porque te superestimei, hoje não te xingaria e até lhe peço desculpas, se for possível desculpar, pois constatei que você acredita em fábulas (bipartidarismo durante a ditadura; que a OAB montou uma farsa juntamente com o professor Comparato; que a ditadura praticou algo diferente do capitalismo de Estado praticado em Cuba, Corea ou URSS, só porque a ditadura durou menos), algo impensável em um homem que pretende acumular milhões. Com todo respeito, que eu não quero lhe ofender, mas você só falta acreditar em Papai Noel.

Está mais do que comprovado, pelos seus argumentos, quem realmente acredita em fábulas.

Quanto a desculpar xingamentos, sem dúvida. Tirando um trecho ou outro, o comentarista efetivamente conseguiu trocar o argumento pelo comentário.


Como disse no começo, é possivel concordar com alguns enunciados e outros não, mas o importante é que da pra debater. O que não dava no primeiro comentário por conta do baixo nível.


Parabens ao comentarista que elevou o debate para as idéias

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Pré-Sal e a questão erroneamente debatida

O Pré-sal torna-se-á realmente operacional por volta de 2014. Até lá, o que se tem é o gasto de uma verdadeira fortuna para produzir os equipamentos e tecnologias necessários para tirar esse oléo do sub-solo marítimo e torna-lo uma riqueza de fato.

Por isso se você observar o movimento em Campos e na Baixada Santista para ficar num exemplo, pode-se dizer que o dinheiro do pré-sal já está sendo gasto. Empresas em São Paulo já estão se modernizando para atender a demanda que o pré-sal já está a exigir, fora as operações normais da Petrobrás e outras empresas.

Mas a questão que está sendo erroneamente debatida que é a questão dos royalties dos estados da federação, que deveria ser a ultima a ser debatidada transformou-se na primeira por pura ganância eleitoral e financeira dos políticos.

É como dito por Joelmir Beting, o mesmo que discutir a divisão de um bolo de fubá que será feito com um milho que ainda não foi plantado.

Hoje já se definiu que o preço de operação da produção do pré-sal será de 14 dolares. Até aí é um preço muito bom para o atual preço de venda do barril do petróleo. Mas a questão é que não se sabe com certeza qual o preço que o mesmo barril terá quando o pré-sal entrar em operação comercial. É o preço de venda que dita se o campo será explorável ou não e diga-se, existe o componente político a ser discutido.

Por exemplo, campos de gás gigantescos decobertos a cerca de 10 anos, estão parados, porque não existe demanda atualmente para tanto gás e não existe demanda porque ainda somos quase que totalmente supridos pelo gás boliviano. Logo o tro-ló-ló todo feito em cima do pré-sal desconsidera o componente político.

E de concreto o que temos? Uma discussão que se aplicada pode ter impacto direto na economia de estados como o RJ e Espirito Santo, assim como SP que tem parte do pré-sal na frente de sua costa.

A discussão a respeito dos royalties como colocada, premia estados não produtores como o Amazonas e Roraima por exemplo, que terão parte do lucro sem no entanto participarem do prejuizo que se apresenta em problemas ambientais, crescimento desorganizado das cidades ligadas aos centros de produção e distribuição, etc.

Mas também é igualmente certo dizer que o petróleo sendo um bem da nação, da união, deveria ser repartido com todos os seus entes. Mas a pergunta que fica é a seguinte: Se é assim, porque os estados produtores de minérios, de ouro e por ai vai, também não distribuem com os demais estados os royalties dessa riqueza?

Porque não instalar zonas francas nos demais estados. Porque o privilégio somente do Amazonas e da cidade de Manaus?

Além do que, a União, pelo marco regulatório defendido pelo governo, já fica com o grosso dos recursos; diretamente como parcela da união e indiretamente pela Petrobrás. Assim, o que se está dispondo para distribuição é a menor parte prejudicando os estados produtores.

Acredito que a melhor saída seria a divisão em tres partes, sendo uma da uniÃo, outra dos estados produtores e a terceira para os demais estados, incluso na parte da união, o que a Petrobrás já terá além da outra empresa estatal.

Essa estória de fazer um fundo para saude, educação, etc e tal é bobagem. Primeiro porque esse fundo implicaria em dizer que o dinheiro seria guardado para investimento o que um governo federal com a voracidade que tem para recolher dinheiro demonstra ser quase uma fantasia e segundo, porque o dinheiro será aplicado em salários deum funcionalismo inchado e pouco produtivo. A experiencia do famoso imposto do cheque demonstra isso. A saude era ruim, não ficou pior com o fim do imposto e a maior rubrica que se paga é o de salários. Isso pra não falar da educação que é outra calamidade.

São problemas grandes e graves que a injeção pura e simples de milhões de dinheiros não resolvem per si. Antes dos milhões é preciso competência e capacidade administrativa e gerencial. Como as duas coisas são itens raros no mercado, já se tem idéia do que será o amanhã pós-pré-sal. Mais do mesmo!!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Críticas ao Blog

Meu caros leitores. Deus em sua infinita sabedoria dotou o ser humano da capacidade de pensar, e ao fazê-lo resolver problemas complexos e mais do isso, processar uma moralidade para seus atos e de outros. Infelizmente alguns jogam essa amorosa capacidade na lata do lixo.

É bem verdade que alguns o fazem por motivos alheios a sua própria vontade e outros por escolha própria, colocam uma canga ideológica e aceitam ser guiados por outros.

Alguns reclamam que não publico comentários (quando são depreciativos e de pura desqualificação minha e de outrem, realmente não o faço); mas para aqueles que reclamam dessa “censura”, segue abaixo o comentário do dito “Luis brasileiro” que é exemplar para demonstrarmos o nível de inteligência existente na troca do argumento pelo insulto, que a blogosfera ostenta.

E por ser exemplar, merece comentários pertinentes.

Segue o comentário dele em trechos e apartes meus:

Fideli meu irmão tu é um sujeito pomposo, estúpido; de pessoas como você o mundo está cheio: escroto, perverso, metido a sabido, puxa-saco, escravo do dinheiro, injusto, incapaz de gesto de generosidade, nem com palavras.

Comento= Não é lindo o inicio do comentário? O post motivador de tão elegante fala foi feito sobre a questão da anistia, que pelos comentários a respeito do voto do relator, a maioria votaria com o relator e depois fiquei até surpreso com dois votos dissidentes. Mas porque os xingamentos? Porque disse que por mim, em uma opinião completamente pessoal, que desconsidera o que determina a lei quanto à prescrição de crimes, a leis da anistia deveria ser efetivamente anulada e toda e qualquer pessoa que tenha cometido atos criminosos que fossem processadas e condenadas, não importando o lado da luta.

O iluminado comentarista por não concordar, entendeu que deveria combater ou debater a opinião e no lugar da construção de um argumento lógico e razoável, optou pela desqualificação pessoal. Essa atitude é costumeira naqueles que não possuem argumentos, mas se baseiam nos chavões ou pior ainda, quando são usados como massa de manobra política. Mais a frente ele demonstra, talvez sem querer, a quem ele está a soldo, achando que eu esteja no campo oposto. Ledo engano do comentarista, fora a perda de tempo do mesmo.

Só desejo que pessoas como você colham o que semearam: os efeitos da concentração de renda deixada pelo capitalismo de Estado praticado pela ditadura, de quem você é um defensor enrustido.

Comento= Seria o caso do inteligente comentarista apontar aonde no post ou mesmo em qualquer dos anteriores existe algo remotamente parecido com a defesa de uma ditadura. Restaria também ao comentarista que explicasse porque a concentração de renda originada pelo capitalismo de estado da ditadura brasileira de então, é diferente para pior, em relação à concentração de renda que existe na China, Cuba e por ai vai. Até porque seria esse qualitativo "pior" que determinaria a razão de amaldiçoar-me com os efeitos nefandos do “capitalismo de estado”e que, diga-se de passagem, é do gosto do atual governo que aparentemente é incorre no gosto do comentarista.

Um dos efeitos da concentração de renda são os crimes contra o patrimônio, roubos (assaltos), extorsão mediante seqüestro, furtos, a distribuição de renda na ponta dos canos das armas, portanto, senhor defensor da ditadura se prepare que sua vez vai chegar.

Comento= O comentarista dá como relação de causa e efeito, os crimes com a concentração de renda do capitalismo de estado citado no trecho anterior.

A concentração de renda, ou seja, uma parcela da população com muito e outra parcela com pouco ou nada resulta em crimes e o sujeito ainda lista esses crimes, como o roubo, extorsão mediante seqüestro, furto e por ai vai. Como pode uma concepção tão desprendida da realidade?

Milhares de pessoas saíram da linha da pobreza e a capacidade de compra das classes mais populares elevou-se, num processo iniciado com o plano Real e multiplicado para milhões no atual governo. Em outras palavras, a continuidade ocorrida no comando da economia e o forte incremento dos planos sociais, sendo o Nordeste um exemplo disso, resultou em uma forte redistribuição de renda. Repetindo, o atual governo com o programa Bolsa-família elevou a renda de milhões de brasileiros e sua aplicação no Nordeste brasileiro é algo elogiado até pelos adversários e críticos.

O comentarista, neste caso poderia nos brindar com uma explicação do porque, embora o Nordeste tenha recebido a maior parte dos investimentos do Bolsa-família apresente aumento no número de crimes de morte nos estados da federação que formam o Nordeste.

Não irá conseguir porque não existe relação real de causa e efeito da pobreza (o nome prático da concentração de renda), com a prática de crimes.

É claro, percebe-se na fala do comentarista, que o mesmo acha que as pessoas aderem ao crime, especialmente os crimes que foram listados, porque sejam ou estão pobres, vítimas portanto, da concentração de renda. Nunca vi tamanha idiotice. Se assim fosse, as favelas seriam formadas apenas de marginais e na verdade a ampla maioria, quase a totalidade da população que mora nas favelas urbanas é formada por pessoas honestas, trabalhadoras, cumpridoras da lei e veja caro comentarista ...pobres, impactados pela concentração de renda.

O argumento do comentarista na mão inversa deveria ser igualmente verdadeiro, ou seja, não deveria haver crimes nem criminosos entre os ricos, os abastados, a classe média. Mas é isso que a realidade demonstra? Os recentes escândalos em Brasília foram cometidos por ricos ou pelos pobres?

Estúpido como só os de sua laia são, você não entende que são os bravos companheiros que fizeram a luta armada tal como Dilma Roussef é que estão criando um ambiente de prosperidade para bostas como você ganharem dinheiro.

Comento= Aqui aparece a motivação do comentarista. Notem que a sanha desqualificadora do sujeito é tão somente para falar da candidata petista. A capacidade de compreensão de texto é tão tosca que no post original trouxe atenção ao nome do Gabeira que participou da luta armada e ele mesmo já afirmou que os que aderiram a ela não estavam a defender a democracia. Queriam na verdade a derrubada da ditadura, um desejo que pode ser legítimo em si mesmo, mas que no lugar se fizesse um governo centralizado no partido. Em outras palavras uma ditadura de esquerda. E se não basta lembrar que não existe um único registro escrito dos mesmos defendendo a democracia, também existe o registro histórico de que os grupos que foram para a luta armada foram treinados por Cuba que não é uma democracia até hoje.

Quanto ao ambiente de prosperidade criado pelos bravos companheiros...basta uma comparação dos planos de governo defendidos pelos partidos de esquerda nas eleições anteriores às vencidas por Lula e como votou esse partido e os demais de esquerda nos governos anteriores e como agiram agora nos mesmos assuntos. Esse comparativo é suficiente para demonstrar uma dicotomia entre a pregação e prática.

Mas esse tipo de comparação que pode ser feita por quem é a favor ou contra o governo, não está ao alcance de quem está a soldo.

A mim, realmente tanto faz, se aquele é assim e este é assado; até porque, a escolha de partidos políticos e candidatos, a meu sentir, é fazer a escolha de um item entre dois ruins.

A explicação acima é apenas para demonstrar que uma pessoa mesmo que seja guiada, não pode prescindir da lógica ao argumentar, porque senão o discurso fica vazio e sem sentido como o texto criado pelo comentarista.


Sua escrotidão com pessoas valentes, livres e incapazes de se ajoelharem tais são os bravos companheiros que fizeram a luta armada me deixou indignado. Gostaria de dar uns tiros de 32 em você, revólver de se atirar em compadres aqui no Nordeste, mas mudei de idéia pois nem uma peixeirada você merece. Cara, tu me dá nojo.

Comento= Os tais bravos companheiros poderiam ter optado pela forma de luta que pessoas, sei lá eu, como Ulisses Guimarães e Tancredo Neves praticaram, sem terem dado um único tiro sequer, matando ou aleijando outros brasileiros, seus próprios irmãos.

Pelo menos é isso que se tira dos livros de história. Isso caro comentarista é questão de gosto e não de fato.

Ou poderiam como a grande maioria da população e alguns em particular fizeram, por terem tocado sua vida, porque como dizia o antigo mestre, “...homem domina homem para seu próprio prejuízo...”. Mas uma vez que o sujeito optou pelo uso das armas, seria o caso de perguntar porque os "bravos" nunca tentaram a invasão de um quartel, daqueles cheios de tanques, do palácio do planalto, ou o seqüestro de um general, ou sei lá, ações contra o regime de fato? Não, os bravos companheiros preferiram assaltar bancos, matar guardas, e pessoas que por azar passavam nas ruas, fora o justiçamento de companheiros que passaram a divergir.

Mas o comentarista ficou indignado porque eu disse que a anistia deveria se, fosse o caso, ser revogada para todos.

E que se note, os perseguidos e vítimas do regime militar foram todos agraciados com indenizações e pensões extremamente generosas. E com razão, diga-se de passagem, porque alguem preso pelo Estado, deveria ter sua segurança física garantida e não ser alvo de tortura física e mental,abusos e ser levado a óbito no caso de alguns.

Mas e os que foram mortos ou feridos por ações dos grupos armados, que também eram ou são brasileiros e na maioria nada tinham a ver o odioso regime militar? - nada receberam até hoje e sobre isso o comentarista não fica indignado.

Leia um pouco mais além dos jargões, meu caro.

O comentarista demonstra seu espírito altamente democrático afirmando que gostaria de me matar com tiros de 32. Embora depois afirme que não o faria, e isso por falta de merecimento de minha parte; a depender da vontade desse sujeito eu deveria estar morto.

Mas não se preocupe, seu IP foi capturado e meu advogado está verificando se vale à pena meter um processo nas fuças de alguém que ameaça de morte outro apenas por ter uma opinião diferente. Mas como já disse, não se preocupe, porque vou considerar a concentração de renda do seu argumento e imaginar que você só me ameaçou porque é pobre...de espírito.

Tu não é um homem, é um verme. Repete a linguagem mais abjeta contra quem não aceitou ser espezinhado pela ditadura sem reagir, tais são os bravos companheiros que fizeram a luta armada. Se você não é um homem, tudo bem aceito, mas seja capaz de um gesto decente: respeite quem é, respeite os bravos camaradas que não se vergaram e enfrentaram a ditadura em seu território, terçando armas.

Comento= Nem dá pra comentar, não é mesmo?

Quem praticou o comunismo (nome que os russos deram ao capitalismo de Estado) no Brasil foram os militares e os de tua laia, a esquerda estava na oposição seu infame analfabeto e escroto.

Comento= Nada explica a verdadeira bizarrice do trecho acima. A ditadura se instaurou pelo receio de uma tomada de poder pela esquerda que apoiava Jango. Nem sei se a limitada capacidade de raciocinar do comentarista permite faze-lo entender, mas o capitalista EUA apoiou a ditadura militar justamente por conta da guerra fria e a classe média apoiou também e o fizeram pelo mesmo motivo, que era o medo do comunismo. É verdade que esse receio era tão tacanho que o livro "O vermelho e o negro “de Stendhal era considerado subversivo porque o nome do livro “...vermelho”lembrava a bandeira da URSS. Ridículo não? Mas assim era aquela época do chamado efeito dominó no enfrentamento EUA/URSS na guerra fria.

É obvio que mentes inteligentes conseguem discernir que o fato de algo ter apoio nào torna esse algo certo, respeitoso e decoroso mas respeitemos as limitações do comentarista.


No fim da ditadura mais de 70% da economia brasileira estava estatizada seu verme, mais estatizada que na Polônia que vivia sob a égide do "socialismo real" seu analfabeto metido a sabido, verme similar de Boilessem.

Comento= Chega a ser curioso o como chamarei, raciocínio, porque se o levarmos a sério, a conclusão de sua lógica é que o regime militar sendo estatista, era comunista e a esquerda estando na oposição, era capitalista, logo ela era a favor da economia privada e de mercado. Só rindo mesmo!

A ditadura militar não era uma, simploriamente falando, ditadura de direita, mas era uma ditadura nacionalista, por isso esse pendor estatizante tão ao gosto do brasileiro médio; que alias persiste até hoje, porque vira e mexe existem movimentos desejando a restatização da VALE, o medo perene da Petrobrás ser privatizada e por aí vai. E isso vem de longe...

Basta lembrar a briga o comeco do século XX e as disputas do governo contra as empresas estrangerias, os tenentes das diversas revoluções dos anos 30, o governo do ditador Getúlio Vargas, com seu estatismo elevado ao nível da arte e o desagrado de Roberto Campos com o governo militar dos anos 70 pelo excessivo poder estatal a comandar o mercado e a economia.

E que se note, sempre houveram eleições, diversos partidos, mobilização popular para esse lado ou aquele, etc e tal...tudo o que um país comunista não possui.

É simples assim!

Viviámos sob um regime de partido único, tudo sendo decido por um colegiado informal de militares; não tínhamos jornal único pois não precisava, os jornais e canais de tv já colaboravam abertamente com a ditadura, inclusive caluniando os resistentes.

Comento= O comentarista deveria voltar aos bancos escolares. Recomendo re-iniciar do ensino fundamental, re-aprendendo a ler. Depois recorra aos livros de história. Não se assuste, mas durante o regime militar, havia o bipartidarismo, com a arena, o partido que ainda hoje existe com outro nome sob a batuta do Maluf que está na base de apoio do governo Lula e havia o MDB, depois PMDB que é da base de qualquer governo desde a redemocratização.

Não havia partido único, embora assim teria sido assim se eventualmente os partidos de esquerda estivessem no poder como é até hoje em Cuba e na China.

Que se note. Não estou eu aqui a fazer a defesa de uma ditadura. Apenas elancando alguns fatos históricos para quem sabe, o comentarista enxergue um pouco além dos chavões ideológicos

Quanto à imprensa, existiu uma coisa chamada censura que impedia a veiculação correta das notícias. Mas para um sujeito que não sabe definir comunismo, que erra feio na citação de fatos recentes da história, não se pode esperar realmente e necessariamente razoabilidade de pensamento.

Diante destes fatos incontestáveis ainda aparece um traste de tua laia para acusar os que combateram a ditadura de serem comunistas e defenderem uma ditadura pior. Aprenda seu burro: quem praticou a as merdas que tu diz que é contra foram os militares, eles foram os bolcheviques daqui seu bosta, analfabeto, cretino, filho de uma égua.

Comento= Restou ao comentarista dar os tais fatos incontestáveis, não é mesmo? Na falta dos mesmos, a repetição de xingamentos e desqualificação, na óbvia tentativa pueril de se achar qualificado ao me desqualificar.

Eu sou o burro? Ai ai...fico no aguardo do comentarista, se puder sair da verdadeira escuridão mental da qual está a soldo, enviar um texto explicativo e baseado em fatos comprovando que não são bobagens e idiotices que repete a exaustão.

Em tempo, eu pergunto ao comentarista: - Se eu sou isso tudo que você diz, qual a sua opinião do ministro Eros Grau, relator da ação que manteve a lei da anistia como está? E dos demais ministros que acompanharam o douto voto do relator?

Consegue responder de forma inteligente sem xingamentos, ou esse é o padrão de comunicação que voce costumeiramente usa na sua família? - É claro, se for pra repetir chavões, defesa de candidatos e xingamentos; não perca seu tempo e não me faça perder o meu.