segunda-feira, 28 de abril de 2008

Sobre a BrOi , a nova super-tele

Reproduzo um artigo extenso da jornalista Janaina Leite sobre os bastidores do processo de privatização das telecomunicações. Minha posição pessoal é de defesa do sistema privado, e embora oartigo faça críticas procedentes até, em relação ao sistema ou o quê foi privatizado, o artigo esclarece com profundidade as arquitetações e conluios políticos que envolveram e envolvem a operação de fusão da Telemar e da Oi.

O acordo que permite aos sócios privados da Oi, a antiga Telemar, se tornarem donos da Brasil Telecom foi assinado há pouco no Rio de Janeiro. Nasce a BrOi, que eu chamo de Telezona, porque além de gigantesca, a nova empresa está sendo criada à revelia da lei.

O mais constrangedor é que a ilegalidade é, como sempre foi, abençoada pelo governo. A desculpa é a criação de uma supertele nacional. Mas não é preciso ser muito esperto para perceber que agradar grandes financiadores de campanha também pesou na balança do Planalto.

A compra resulta que Carlos Jereissati, dono da La Fonte, e Sérgio Andrade, da construtora Andrade Gutierrez, foram coroados os reizinhos das telecomunicações brasileiras. Também significa que o dono do Opportuntiy, Daniel Dantas, ficará pelo menos R$ 1 bilhão mais rico. Depois os caras-de-pau dizem que eu favoreço o banqueiro. Ridículos.

Em linhas gerais: Banco do Brasil e subsidiárias, GP, Citigroup e Opportunity deixam o setor de telefonia. O BNDES paga boa parte da conta, mas diminui a participação. Também encolhem os fundos de pensão ligados às estatais. La Fonte e Andrade Gutierrez se deram bem. Muito bem.

Agora é esperar e ver como o governo vai lidar com a imposição de metas. É o mínimo que pode fazer antes de essa "operação tropical" acabar sacramentada _ o que só acontecerá com a mudança da legislação.

A privatização da Telebrás, que resultou na divisão do sistema em várias empresas arrematadas por grupos estrangeiros e nacionais, completará dez anos no próximo 29 de julho. Jamais esquecerei aquele dia. O salto da bota quebrado que me fez passar o leilão descalça, o burburinho da redação, a comemoração no fim da noite por um trabalho de equipe perfeito.

De lá para cá, mudei bastante. Envelheci, aprendi e me tornei capaz de pensar nas conseqüências de minhas ações no longo prazo. O Brasil? Muito menos, creio. A politicagem e os interesses de campanha seguem ganhando a queda-de-braço com o desenvolvimento.

Para entender minha linha de raciocínio, convido você a um passeio no túnel do tempo.

A privatização das teles foi idealizada por Sérgio Motta, ministro das Comunicações e um dos mais influentes tucanos no primeiro mandato do governo Fernando Henrique Cardoso. Outro grande aliado de FHC era Luís Eduardo Magalhães, então presidente da Câmara, filho do senador Antônio Carlos Magalhães e um dos expoentes do PFL.

Motta, o trator, e Luís Eduardo, o conciliador, foram indispensáveis para as costuras políticas que permitiram o fim do monopólio estatal nas telecomunicações. Por isso, o governo sofreu um golpe pesado quando ambos morreram subitamente, poucos meses antes do leilão, em decorrência de problemas de saúde.

O desaparecimento dos dois principais articuladores políticos de Fernando Henrique colocaram a base aliada em polvorosa. Havia um acordo implícito para o PFL apoiar os tucanos na eleição de 1994 _ ao fim de oito anos, o sucessor de FHC na chapa composta seria um pefelista. O nome natural era o de Luís Eduardo, estimado pelo presidente, capaz de mobilizar os políticos nordestinos e, assim, promover a alternância de poder entre o sul e o norte.

Dentro do governo, o acordo era visto com bons olhos pela equipe econômica, capitaneada pelo então ministro da Fazenda, Pedro Malan, mas causava urticária na ala tucana conhecida como "desenvolvimentista", cuja pretensão era a de apresentar um candidato próprio, o recém-empossado ministro da Saúde, José Serra.

Sem Motta para conter os desenvolvimentistas e Luís Eduardo para manter acesa a chama do acordo fechado com o PFL em 1994, a política ficou de pernas para o ar. A equipe econômica, espécie de fiadora do pacto, estava desgastada pelas seguidas crises econômicas internacionais e pelo alto custo da manutenção do câmbio administrado.

Resultado: os desenvolvimentistas vislumbraram uma brecha para lançar a semente da candidatura de um tucano desenvolvimentista em 2002. O PFL passou a desconfiar dos aliados. E o PT, oposição ferrenha, completamente abafado no primeiro mandato de FH, revoltado com o tratamento que recebia do "intelectual", viu uma chance de crescer com o desbalanceamento dos adversários.

TODOS precisavam fazer caixa para a campanha (menos FHC, que já tinha garantido dois mandatos).

Foi assim que o jogo começou.

Como você sabe, no Brasil existem "esquinas políticas", instâncias onde os interesses menores e imediatos permitem maior interação entre determinados partidos.

Em 1998, PFL e PSDB jogavam em dobradinha no Congresso e na agenda econômica. Também estavam reunidos no Ministério da Previdência, onde o PFL dava as cartas, inclusive na Secretaria de Previdência Complementar (responsável pela fiscalização dos fundos de pensão).

Com a morte de Sérgio Motta, o Ministério das Comunicações foi para o PSDB desenvolvimentista, também titular do BNDES e dono da maior parte das cadeiras importantes no Banco do Brasil.

O PT, em contrapartida, aparecia em má situação, sozinho em um cenário onde todos os demais tinham aliados. A campanha sistemática do partido contra a privatização havia fracassado, percebida como discurso anacrônico, retrógrado. Por conta das manifestações (o MST chegou a invadir o BNDES), seus militantes corriam o risco de receberem, mais uma vez, o rótulo de intransigentes _ imagem que atrapalhara muito a legenda na eleição perdida para Collor (1989) e as duas derrotatas para FHC (1994 e 1998).

Onde o PT era poderoso? No Sindicato dos Bancários (o que o tornava um player importante para o Banco do Brasil, e na Previ, o gigantesco fundo de pensão do BB). Nada no banco ou na entidade de previdência passava sem um acordo com os petistas, pois parte das vagas de comando, no segundo caso, era obtida por voto dos bancários. Mesmo assim, a força do Estado era esmagadora _ a maioria dos acertos era fechada em bases ruins para os trabalhadores.

A influência sindical também permitia certa influência do PT na Caixa Econômica Federal e seu respectivo fundo de pensão, a Funcef, bem como na Petrobras e na Petros, instituição previdenciária da petrolífera.

Quando o assunto é bilhão, esses três fundos são os que interessam: Previ (o maior da América Latina), Petros e Funcef. Juntos, eles detêm cerca de 70% dos ativos do sistema brasileiro de previdência complementar. São os gigantes dos investimentos de longo prazo. Praticamente TUDO na economia passa por eles, inclusive no mercado de capitais.

Justiça seja feita _ se a governança corporativa dos fundos de pensão é falha hoje, naquele tempo era uma piada. Diversos negócios mal explicados resultavam em prejuízos para as fundações. Rendiam dinheiro só para os tucanos-pefelês; os petistas se descabelavam com as sobras. Corriam ao Ministério Público com freqüência para fazer denúncias sérias, fundamentadas, que _ DEZ ANOS DEPOIS _ deram em zero de punição. Por que será? Deixo para outra ocasião.

O PSDB desenvolvimentista, matreiro, decidiu jogar em duplicidade. Uma parte (Ministério das Comunicações e BNDES) continuaria alinhada ao PFL e ao acordo azeitado por FHC. Outra, a do Banco do Brasil, iria compor com o PT, de olho mais no futuro presidente do que naquele que ocupava o posto naquele momento. Fosse qual fosse o resultado, os tucanos sairiam ganhando. Pelo menos, era o que eles pensavam.

E o Planalto? Aí eu só posso dizer para você o que eu acho: a eleição de 2002 pouco interessava a ele, que tinha garantido dois mandatos. Fazer um sucessor que não fosse Luís Eduardo era indiferente para Fernando Henrique Cardoso. Fechou os olhos e mandou seguir.

Vamos sair um pouquinho da política e olhar a quantas andava a economia em 1998. O Plano Real, um sucesso, responsável pelo fim da inflação, ainda estava em fase de consolidação. Para tanto, a equipe econômica optara por manter a taxa de câmbio administrada. (Como bem lembrou o Carl, em seu comentário, o regime adotado foi o de "flutuação suja".)

Mesmo quem entende patavinas de ciência econômica percebe que essa relação é ilusória. Como a moeda do país mais poderoso do mundo pode valer (mais ou menos) o mesmo que outra, a de uma nação de terceiro mundo? Impossível, a não ser de forma artificial.

A administração da taxa de câmbio, assim, exigia um esforço hercúleo. A relação entre a dívida brasileira e o PIB sofria forte degeneração, as reservas eram insuficientes, o funcionalismo amargava sem reajustes (não é de se admirar que o PT tenha feito um rapa nos votos dos servidores públicos), as contas externas viviam em desequilíbrio. Por outro lado, era possível saber quanto valeria o salário no fim do mês, algo impossível antes do Real.

Outro aspecto bagunçava ainda mais o coreto da economia nacional: sucessivas crises ocorridas no exterior. Esses abalos implicavam mudanças bruscas no fluxo de capital internacional, criando um ambiente propício para os especuladores apostarem contra determinadas moedas. Primeiro foi a crise do México, depois a da Ásia e, em meados de 1998, formava-se a nuvem negra que viria a ser confirmada como a crise da Rússia.

Também é fácil entender, portanto, que a época estava longe de ser a ideal para atrair capital de longo prazo. Os investidores viam o Brasil com cautela, devido ao histórico complicado da economia, à prática da corrupção típica dos países latino-americanos e às imensas lacunas e contradições do sistema regulatório.

Mesmo assim, a princípio, alguns estrangeiros mostraram interesse nos consórcios que disputariam as empresas resultantes da cisão da Telebrás. Entre eles, Citigroup, Bell South, MCI e Sprint; Telefónica de Espanha, a canadense TIW, Telecom Italia, Portugal Telecom, France Telecom.

Nem todos ficariam até o fim. O capital anglo-saxão, principalmente, não gostou do que viu por aqui. A maioria deu no pé antes de se meter em confusão.

Então você, até aqui, guardou as principais informações do cenário em volta da privatização das teles: em 1998, a economia mundial sofrera vários abalos e havia sinais de outros a caminho; a política monetária brasileira tinha um alto custo e sinalizava implosão (o que realmente aconteceu no começo de 1999); o acordo com o PFL, balizador das duas candidaturas de Fernando Henrique Cardoso, fora subitamente enfraquecido; o PSDB desenvolvimentista havia crescido em importância e o PT vira uma chance para si no racha da base aliada.

(Creio que é melhor ir direto para o leilão, ou levarei meses escrevendo antes de opinar sobre a compra da Brasil Telecom pela Oi-Telemar, motivo dessa análise toda. Depois, se você quiser, deixe um comentário ou mande um e-mail. Se houver demanda, retomo o assunto, ok?)

No resumo, basta saber que o dono do Opportunity, Daniel Dantas, era visto como alguém com bom trânsito no PFL e, por conseqüência, com o próprio FHC.

A esperança dos tucanos alinhados com os pefelistas era que, ao fim do leilão, Telecom Italia/Bradesco/Globo ficassem com a região de São Paulo; a espanhola Telefónica com o Centro-Oeste e o Sul (onde já atuavam) e o grupo Citigroup/ fundos/Opportunity levassem a Telemar.

Como dizem no futebol, faltou combinar com os russos.

O dono da La Fonte, Carlos Jereissati, era velho conhecido dos fundos de pensão, de quem era sócio no setor imobiliário. E Sérgio Andrade, como bom mineiro e excelente empreiteiro, se relacionava bem com todo mundo. Viram a oportunidade bater à porta com a exclusão de pessoas ligadas ao PT na montagem dos grandes consórcios.

Dias antes do leilão, Jereissati e Andrade, apoiados pelos fundos de pensão e pela ala desenvolvimentista tucana do Banco do Brasil, montaram um consórcio. Para compensar a falta de uma operadora internacional no grupo, adotaram o discurso nacionalista.

Alguns integrantes dos fundos, por sua vez, se aproximaram da Telecom Italia. E os tucanos do Banco do Brasil cevaram a relação com os espanhóis. Encontros secretos às vésperas da operação de venda para cá, desistências para lá... Sabe-se lá como, no dia do leilão, tudo saiu ao avesso.

Os espanhóis apresentaram um lance altíssimo por São Paulo e retiraram a oferta pela Tele Centro-Sul. Resultado: a segunda maior oferta pela futura região da Brasil Telecom, a do grupo Citi/fundos/Opportunity, venceu a rodada (ágio de 6,15%). Assim, foram automaticamente obrigados a sair da disputa pela Telemar. Quem ficou por lá? O consórcio engendrado por Jereissati e Andrade. Arremataram a empresa por 1% de ágio sobre o lance mínimo (você leu certo, é UM por cento mesmo).

Naquele dia mesmo, os compradores da Telemar anunciaram que usariam dinheiro emprestado do BNDES para quitar metade dos R$ 1,4 bilhão que teria de ser pago à vista pela operadora.

Dia 29 de julho de 1998. As 12 empresas do sistema Telebrás foram privatizadas por R$ 22,058 bilhões. Ao fim do leilão, que durou quatro horas e quatro minutos, o ágio médio chegou a 63,74% _ muito acima dos 17% esperados pelo governo e pelos mercados.

Do lado de fora da Bolsa de Valores do Rio, milhares de policiais e militantes de esquerda, contrários à privatização, se enfrentavam. Cerca de 300 pessoas foram presas e mais de 30 acabaram no hospital.

Como de costume, acredito, o chão-de-fábrica que estapeava os policiais e tomava bordoadas na cabeça não sabia que, lá onde o martelo fora batido, os representantes graduados do PT se cumprimentavam felizes. Por conta de manobras muito bem pensadas, o resultado do leilão calcinara o acordo entre FHC e o PFL, impulsionara os tucanos desenvolvimentistas e consolidara uma aliança muito proveitosa para os petistas com o grupo que comprou a Telemar. Melhor, impossível.

Números enganam bem menos que as palavras, por isso admiro quem tem familiaridade com eles. Mas, às vezes, a informação que chega por meio de algarismos é como uma cebola _ quando picada, traz lágrimas aos olhos. Aqui, na quinta e penúltima parte da análise sobre a compra da Brasil Telecom pela Telemar, você entenderá o motivo pelo qual digo isso.

A criação da Telemar, como descrito antes, permitiu a união de empresários locais com representantes dos fundos de pensão ligados à ala sindical do PT. O tempo mostraria, porém, que as ambições dos dois grupos para o futuro eram diferentes.

A idéia dos petistas era fazer com a Telemar, no longo prazo, algo semelhante ao que ocorreu na Vale do Rio Doce: os fundos de pensão manteriam o poder, ao lado de um forte sócio privado (o Bradesco, no caso da operadora; a Andrade Gutierrez, no caso da operadora).

Andrade, por sua vez, enxergou uma ótima oportunidade de unir forças em dois setores da infra-estrutura: a construção civil e as telecomunicações. Sua pretensão era (e é) criar uma plataforma conjunta, atraente o bastante para a exportação. O mesmo pensou Jereissati, acostumado a negócios imobiliários e comerciais.

Mas, antes que o descompasso entre os dois e os petistas ficasse evidente, o que só ocorreu nos últimos meses, a parceria rendeu. Os fundos de pensão puderam deixar a administração da Telemar nas mãos dos amigos e concentraram suas forças em recuperar o comando da Brasil Telecom. Em troca, colocaram muito dinheiro nas empresas dos sócios privados. Escrevi uma reportagem em 2005 sobre isso.

“Fundos injetaram R$ 950 milhões na La Fonte; valor é 86% do aporte da empresa na Telemar (desde 1998); Polícia Federal investiga se fundos bancaram sócios privados da tele.”

Nunca ouvi nada sobre o resultado desse inquérito. Você ouviu?

Seja como for, Andrade e Jereissati são dois ases dos negócios. Se, por um lado, o dinheiro dos fundos entrava, por outro, eles se tornaram grandes financiadores de campanha.

“Um dos principais acionistas privados da Oi e maior interessado na compra da Brasil Telecom, o grupo Andrade Gutierrez foi também o maior financiador do PT em 2006, ano com o último dado disponível. A construtora mineira doou R$ 6,4 milhões para o partido -dinheiro usado sobretudo para financiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de outras campanhas petistas. ...Além da doação ao partido, a Andrade Gutierrez doou R$ 1,52 milhão diretamente para a campanha de Lula em 2006. Para que a Oi possa comprar a BrT, é preciso um decreto presidencial mudando a legislação. O governo apóia a venda da BrT.”

O trecho acima consta de reportagem escrita por Leonardo Souza e Fábio Zanini, da sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo, em 13 de janeiro deste ano.

A melhor e mais ousada jogada da dupla, contudo, não foi na Telemar, embora muita gente ache que a compra a Gamecorp, empresa do filho do presidente da República, por R$ 5,2 milhões em 2004, um mês depois de ela ser constituída tenha ajudado.

Para mim, a tacada de mestre dos dois foi deixar a Telecom Italia, o Opportunity, os fundos e o Citigroup se engalfinharem pela Brasil Telecom. Quando todos os adversários estavam sujos, ensangüentados e enfraquecidos... Clap! Um único sopapo na orelha. Nenhum dos briguentos ficou de pé.

Sobre Itaipu e Paraguai II

Segue trechos de artigo do Sr. Jorge M. Samek, diretor-geral da Itaipu Binacional, na Folha de São Paulo de 27.04.08

1. Itaipu é uma grande obra de engenharia política, jurídica e diplomática. Os artífices do tratado tiveram a inteligência de perceber que essa parceria não poderia prosperar em bases comerciais. Se tivesse sido pensada como um simples negócio, os direitos em Itaipu teriam de ser proporcionais ao aporte financeiro de cada uma das partes. Dadas as dimensões do projeto, o Paraguai não teria condições de arcar com a parcela de encargos (capital e garantias para empréstimos) correspondentes ao seu inalienável e indiscutível direito a 50% da produção da usina.

2. Como os encargos da construção de Itaipu foram repartidos proporcionalmente à capacidade econômica dos parceiros, coube ao Brasil assumir 100% dos financiamentos, dívidas no exterior e garantias aos credores. Falharão, portanto, todas as tentativas de interpretar o tratado a partir de uma ótica puramente econômica ou comercial.

3. A viabilidade de Itaipu foi assegurada com base em três garantias que desafiam a lógica de mercado: (i) receita anual suficiente para cumprir com todos os seus compromissos financeiros; (ii) obrigação das "altas partes" (Eletrobrás e Ande) de contratar toda a potência instalada; e (iii) mercado cativo para a energia produzida.

4. Em troca dessas garantias -que protegeram e continuam protegendo Itaipu dos riscos inerentes às oscilações de mercado-, ficou estabelecido que toda a energia produzida deve ser destinada ao consumo exclusivo de Brasil e Paraguai. A venda a terceiros abriria a possibilidade de qualquer dos sócios especular em benefício próprio, o que geraria benefícios desiguais para os países, em flagrante conflito com o espírito do tratado.

5. A dívida estará integralmente paga em 2023, com recursos obtidos da energia produzida, o que comprova que as bases do tratado são justas e sustentáveis.
Itaipu responde hoje por 20% de toda a energia consumida no Brasil e 95% da energia que abastece o Paraguai -que se tornou um dos poucos países que têm soberania energética assegurada pelas próximas quatro décadas, um ativo valioso para impulsionar seu desenvolvimento.

6. Além disso, o Paraguai já recebeu US$ 4,5 bilhões referentes a royalties e compensação por cessão de energia -benefícios que não podem ser desconsiderados. Sem ignorar o fato de que o tratado permitiu ao país tornar-se co-proprietário de uma empresa que tem hoje um valor de mercado estimado em US$ 60 bilhões. Assim, Brasil e Paraguai devem se orgulhar do Tratado de Itaipu.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Sobre Itaipu e o Paraguai

O mote de campanha do atual presidente do Paraguai foi a questão relacionada com Itaipu. Segundo seu discurso, o Paraquai é tratado como provincia pelo Brasil, visto como imperialista. E que nada pagava pela energia de Itaipu que pertence ao Paraguai, pelo menos uma parte dela.

Qual é a verdade dos fatos? Ainda mais considerando que o presidente Lula e o ministro das relações exteriores dizem ser favoráveis ou que existe espaço para negociar preços?

Visite o site da empresa Itaipu. Lá existe um relato detalhado dos acordos e tratados entre os dois paises que propiciaram a construção da ainda hoje, maior hidroelétrica do mundo.

Aqui faço apenas algumas considerações sobre o assunto.

1) O tratado determina que a empresa é partilhada pelos dois países, justamente porque usa as duas margens do rio, a margem brasileira e a paraguaia. Alguns críticos dizem hoje, que ela poderia ter sido construida dentro do território brasileiro apenas; porém essas considerações esquecem que essas enormes obras, foram feitas na época da ditadura militar de direita e os paises em volta do Brasil viviam uma situação semelhante, então era natural as associações além do que havia uma certo antagonismo com a Argentina e ligações fortes com paises a volta dos dois eram do interesse geopolítico brasileiro. Enfim...
2) O Brasil já era então uma potência com o chamado milagre econômico e o Paraguai era na verdade uma espécie de fazendão;
3) A construção envolvia problemas de engenharia tão imensos e o custo era tão grande, que o Paraguai não possuia como aliás ainda não possui recursos suficientes para bancar a metade da empreitada;
4) Considerando as diferenças entre os paises, o tratado propos uma espécie de partilha dos direitos sem a devida compensação das obrigações. Explico: Nem o Brasil possuia recursos para construir a usina, o que levou o país a contrair empréstimo para a obra. Esses empréstimos que pagaram a construção da usina foram feitos pelo Brasil sem participação do Paraguai;
5) Considerando o tratado que a usina seria importante para os dois paises, o capital social da empresa criada foi dividido em partes iguais para os dois paises, ficando cada um com 50% do capital social;
6) O Paraguai não possuindo recursos para integralizar esse capital inicial da empresa; adquiriu do governo brasileiro através do Banco do Brasil um empréstimo fianceiro do valor de sua parte no capital social que deveria ser pago em 50 anos a juros de 6% ao ano e o inicio do pagamento teria uma carência de 8 anos;
7) O contrato da empresa e o tratado bi-nacional previu a remuneração desse capital social em 12% ao ano. Assim a remuneração do capital cobriria os juros e ainda o Paraguai obteria um lucro anual. Considerando que o inicio do pagamento do empréstimo possuia uma carência de 8 anos, o Paraguai acumulou um volume razoavel de dolares nesse período;
8) Embora a construção tenha sido bancada pelo Brasil, a divisão de 50/50 da empresa dá ao Paraguai, o direito sobre 50% ou metade da produção de energia;
8) Como por duas situações: a) O Paraguai cabe dentro do estado de São Paulo fisica e financeiramente falando e b) não possuia como não possui um elevado grau de industrialização; o tratado prevê que a produção; o Paraguai não usa essa energia, o contrato prevê que o outro sócio deve comprar o excedente de energia produzido mas não consumido pelo outro sócio;
9) De lá para cá, o Paraguai recebe pelo excedente de energia produzido um valor pouco acima de US$ 2 doláres mais o custo médio pago pela Eletrobrás que compra a produção da usina;
10) Dessa forma, o Brasil tem em Itaipu, um sócio que recebe renumeração acertada como sendo o dobro do juros cobrados pelo empréstimo para formação do capital social da empresa; tem direito de uso de 50% da produção de energia e recebe pelo excedente (quantidade de Mwh entre o produzido e o consumido), por valor acima do preço de produção e formatado pela média paga pelo distribuidor brasileiro. Enquanto isso; o empréstimo de mais de 19 bilhões de doláres usado para construção e operação inicial da usina são bancados exclusivamente pelo Brasil.

Como uma elevação dos preços, implica em dizer aumento de custos para a sistema Eletrobrás; isso significa na prática que todos os consumidores que são atendidos por distribuidoras e fornecedoras que compram energia de Itaipu ou da Eletrobrás terão impacto nas tarifas; ou seja todos os estados do Sul e Sudeste. Como esses estados respondem pelo grosso das atividades comerciais e industriais, não é preciso ser um gênio da economia para concluir que ceder aos apelos do Paraguai significará um impacto em todos os preços.

Mas alguem pode alegar que o governo em prol de interesses maiores pode exigir da Eletrobrás que suporte esse custo sem repasse. Pois bem, na prática isso faz com que a energia seja paga com fios e cabos? com pipoca e chimarrão? Não! Será com dinheiro que o principal e único sócio, na maiorias delas, da estatal deverá por na empresa. Como esse principal sócio é o governo, esse dinheiro que ele deve por é publico, e dinheiro público vem da onde? dos impostos e contribuições. Logo se os impostos bancam a brincadeira, então novamente através de um caminho mais longo, todos pagam, incluso aqueles que no Nordeste , por exemplo, não recebem energia de Itaipu.

Mas isso é uma forma de ajudar o Paraguai, dele crescer! - Dirão alguns. Pois é. O problema desse pensamento é que ele alude a Bolívia que nacionalizou os poços e deu uma tungada na Petrobrás e no governo brasileiro. um perdeu os bens e propiedade por ressarcimento simbólico e o segundo engoliu aumento do preço do gás. A diferença é que o gás é propriedade da Bolívia e a energia do Paraguai é energia excedente que ele não usa e não tem como vender para ninguem, salvo o Brasil. Ele paga um valor simbólico por ela, coisa natural já que ele responde por toda a dívida da construção da usina? Não, ele paga o valor de mercado de uma usina. O preço é médio, porque claro, considera-se volume da transação, como também que o preço é ditado pela usina posta em operação. As usinas de maior preço são as termoelétricas que somente são postas em funcionamento quando o sistema vai chegando no limite de fornecimento. Assim, pagar um preço maior pela energia de Itaipu para o Paraguai seria o mesmo que pagar por energia hidro o preço de uma termo. Faz sentido?

Sobre o aparelhamento do Estado

Dizem jornalistas, mídias, oposição e críticos de plantão que o governo atual ou melhor dizendo o partido que venceu as duas ultimas eleições presidenciais aparelhou o estado brasileiro. Significa basicamente que postos de trabalho, cargos de chefia e cargos de confiança foram preenchidos com pessoal da militância.

Agora percebe-se, como afirma Reinaldo Azevedo que o sindicalismo aparelhou o governo que por sua vez aparelhou o estado que por sua vez alimenta os partidos que por sua vez vencem as eleições que por sua vez...deu pra entender né?

Alguns podem achar, com certa razão, que existe sempre um pouco de ressentimento e de crítica pela crítica nessas "denúncias". Outros acham um escândalo que ninguem nada faça sobre o assunto.

Tive uma experiência pessoal nesse assunto que talvez sirva para exemplificar a questão:

Em 2002, Lula assumiu o governo pela primeira vez. Nesse mesmo ano, eu deixava de trabalhar numa das grandes distribuidoras paulistas de energia, abrindo minha própria empresa. No inicio de 2003 fui procurado por uma empreiteira que atuava na área de STC (serviços técnicos e comerciais), no setor de energia e possuia contratos com todas as distribuidoras de energia dentro do estado de São Paulo, menos com uma delas, justamente aquela em qual havia trabalhado.

Essa empreiteira foi comprada por um grupo de empresários mineiros que tinham contribuido fortemente com a campanha petista para as eleições e haviam cobrado a fatura do governo solicitando que o mesmo conseguisse contratos com essa distribuidora de energia.

O novo dono da empreiteira entrou em contato com o então ministro das cidades, ministério criado pelo presidente Lula. Este que era do Rio Grande do Sul, conversou com o ministro das minas e energia que era também do Rio Grande do Sul sobre o pleito. Esse ministro então entrou em contato com um diretor da distribuidora que, vejam vocês, era do Rio Grande do Sul e solicitou sua ajuda. O mesmo de imediato concordou dizendo que precisava de um nova empreiteira em uma atividade especial na área de recuperação de perdas.

A informação chegou na empreiteira que fez os contatos com o diretor; mas como a atividade era muito específica começaram a procurar um profissional ou parceiro que tivesse experstise na área. A empreiteira chegou a mim mediante indicações de profissionais de outras distribuidoras e montamos um plano de negócios e ação na área de recuperação de receita que a distribuidora acabou não implantando e alocando a empreiteira em serviços de corte e religação de energia.

Pouco tempo depois, por volta de 2005, essa empreiteira por erros de gestão, acabou quebrando e perdendo seus contratos com as distribuidoras de energia no estado de São Paulo.

Qual o interesse da história acima? Bem, quase nenhuma se considerarmos alguns fatos:
1) O financiamento da campanha não foi feito com base na ideologia mas na possibilidade da fatura ser paga mais tarde;
2) Os contatos políticos foram usados para acertos de negócios, embora no caso, não tenha envolvido dinheiro ou empresas públicas;
3) A distribuidora era uma empresa privada cujos donos são tres dos maiores grupos nacionais e um deles especificamente, não tem no dono uma pesssoa que exatamente morra de amores pelo PT.

A conclusão a que se chega é: Se um governo não importa qual, consegue com uns poucos contatos interferir na operação de uma empresa privada que contratou uma empreiteira, unica e exclusivamente a pedido do governo; não atuaria com muito mais desenvoltura com as empresas públicas? Se um governo consegue, para pagar o apoio financeiro de uma campanha, encaixar, digamos assim, empresas e profissionais dentro dos quadros de uma empresa privada, não atuaria com muito mais desenvoltura nos escalões governamentais e nas empresas estatais? Claro que sim!

Por isso, quando vejo jornalistas, mídias, oposição e críticos de plantão criticando aparelhamento da máquina pelo partido governista, tenho a tendência de assinar embaixo dessas críticas, pela experiência vivida.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Um breve elogio do blogueiro Gravataí Merengue

O blog imprensa marron publicou um post fenomenal que de forma didática ensina como é possivel montar uma tese, caso ou dossiê a partir de trechos do que esse ou aquele publicou. No caso, Gravataí Merengue usando trechos selecionados de artigos de Nassif sobre Fernando Collor de Melo poderia construir a tese de que o mesmo defendeu os interesses de Collor. Gravataí desde o inicio fala que a idéia é ficcional mas os trechos dos artigos são verdadeiros.

Leiam o post nesse endereço http://www.interney.net/blogs/imprensamarrom/2008/04/
O post chama-se "DOSSIÊ COLLOR" - O CASO LUÍS NASSIF.

Escrevi um comentário e recebi um breve elogio de Gravataí que me deixou profudamente orgulhos, reconheço como segue:

Comentário de: Marco Aurélio Fedeli http://analiseseopinioes.blogspot.com

Não sei de quem é a frase, mas ela diz que não adianta muito se explicar porque os amigos não precisam e os inimigos não acreditam. Enquanto vc estava quieto no seu canto, dando visibilidade pro dossiê ajundando a pauta, tudo bem e tudo certo. Aí você faz o que o jornalista deveria ter feito que é ter ouvido o outro lado. Você consegue então enxergar os furos da história e passa a ser avacalhado, xingado e atacado de tudo quanto é lado.

Agora esse post é fenomenal não pelas informações mas porque com o exemplo "dossiê collor" feito nos moldes exatos que foi e está sendo feito o dossiê veja, quero dizer dossiê veja/fsp, quero dizer dossiê dantas; fica comprovado que pode-se provar que Collor cooptou parte da imprensa e que Nassif foi cooptado para defender interesses de Collor; mesmo que isso não seja verdade.

Qual o valor real do dossiê VEJA, por esse ponto de vista? Nenhum, já que as bases do mesmo não se sustentam.

Acho que foi uma jogada muito mal calculada por Nassif elaborar esse dossiê sem ter "provas" no lugar de "análises" casadas com CTRL V e C; porque o final dele pode ser uma grande interrogação quanto a sua relação com o BNDES e uma grande exclamação quanto aos 4 processos (nem sei se realmente existem), dos editores e colunistas de VEJA e agora mais de Janaina, que promete levar o assunto ao judiciário.

O que mais dizer, não?!?

(Gravz: Grande Marco Aurélio! "Análises casadas com CTRL V e C" é uma definição que eu queria ter feito! Fiquei com inveja agora. Porque é bem isso. É uma grande colagem, devidamente editada, para fazer "sentido" ao leitor)

#Permalink 23/04/2008 @ 13:04:08


Nassif, o Dossiê VEJA e a guerra de blogs parte III

Como era esperado, Nassif voltou a atacar a jornalista Janaina Leite e Diogo Mainardi. A questão é remetida novamente a questão de cooptação de jornalistas pelo empresário Daniel Dantas.

Desta vez, Nassif refaz as acusações contra Janaina aumentando os exemplos aonde supostamente suas reportagens eram favoraveis aos interesses de Daniel Dantas e promete para o próximo capítulo explanação sobre a ligação dela com Mainardi.

O que exatamente temos de novo? De Nassif, nada, salvo a técnica de buscar na reportagem publicada, uma avaliação do que foi escrito, como e com qual intenção.

Como a jornalista tem aceitado o "debate" postando respostas atráves de suas próprias reportagens bem como novas entrevistas, ela praticamente já havia respondidos as questões mais importantes. Porém com um acréscimo, a respeito do Sr. Jannone, italiano envolvido nas operações de informação e contra informação .no caso das teles.

Ele não só confirmava que os documentos italianos eram autênticos como explicava o que faltava em algumas páginas. O Dossiê de Nassif alegava que os documentos tinham sido criados no Brasil e que eram falsificados ou fornecidos por Dantas. Para tanto, baseou-se no fato de Mainardi e Janaina terem recebido o documento supostamente no mesmo dia. também não faltaram explicações de comentaristas explicando como os documentos teriam sido "montados".

Como uma reportagem da revista Carta Capital de Mino Carta como o mesmo personagem já dava a informação que o documento era autêntico, o que em tese demonstava o dossiê nesse ponto, que é aliás base para a argumentação de que os dois trabalham juntos na divulgação de documentos do interesse de Daniel Dantas; a nova argumentação refaz a argumentação, dizendo que a origem é brasileira e não italiana.

Ocorre que conforme raciocinio do blog imprensa marron, é do interesse de Jannone divulgar que o judiciário brasileiro vazou documento que por sua vez fora vazado pelo judiciário italiano, porque é essa sua tese de defesa no processo italiano. A ele pouco importa concordar com Mainardi, Janaina ou Nassif, salvo se a verdade dos fatos torna inegável seu ok; até porque seria muito ruim para seu processo, ser envolvido em mais tramas que poderiam vir a comprovar sua falta de idoneidade, digamos assim.

De fato, o novo capitulo peca por Nassif não informar que esteve em contato com o citado personagem, incluso o pedido de desculpas do mesmo pelos ataques a Janaina, coisa que foi amplamente repercutida pelos seguidores de Nassif em seu blog.

O blog imprensa marrom, em parte porque confirmou procedentes as informações e os argumentos de Janaina e em parte porque foi duramente atacado por Nassif, o que o levou a re-avaliar mais seriamente o dossiê por inteiro, desmontando os capitulos, uns de forma mais leve demonstrando que a acusação não era assim nada tão extraordinariamente maléfico, outras de forma mais veemente; fez uma avaliação dos novos capitulos comparando com as informações do blog de Janaina e mantêm sua convicção de que o lado correto dessa história é a reporter.

Mais ainda, usando a mesma lógica de argumentação usada contra Janaina, Gravataí Merengue criou um post fenomenal, que usa as opiniões publicadas por Nassif sobre Fernando Collor de Melo para mostrar que seria possivel criar um dossiê Collor e colocar Nassif na posição de cooptado pelo político para defender seus interesses. Também transcreve reportagem do próprio Nassif muito mais elogiosa e positiva sobre o mesmo Daniel Dantas demonizado pelo dossiê, que as reportagens de Janaina fizeram.

A reação do blog de Janaina tem sido tal, que tem levado Nassif a mudanças no dossiê. Por exemplo, na chamada do novo capítulo, acusava Janaina de ser espiã. Talvez porque a palavra tenha um certo ar de jocosidade que ele não deseja dar ao dossiê ou caso VEJA ou porque tenha sido alertado sobre o peso do termo em termos legais, sei lá, ele mudou a palavra espiã por informante. Ocorre que Janaina ficou brincando com o termo, fazendo alusões a James Bond e as Bond Girls e claro esse tipo de escárnio é pior do que um ataque mais violento em palavras, porque afinal contra o "deboche" não há argumentos sério.

Logo, embora Nassif alegue estar sendo processado pelo "quatrilho" de VEJA pelas acusações, embora não dê maiores detalhes do mesmo, Janaina promete levar todos esses documentos a justiça exigindo dele a devida reparação. Curiosamente, Reinaldo Azevedo embora tenha sido atacado em um capítulo dedicado a ele; não tem feito posts ou respostas diretamente relacionados ao tema "dossiê VEJA", embora vez ou outra dispare um tiro ou outro, todos acusados por Nassif. Quanto a processos judiciais, nada se informa.

Correndo por fora, temos Paulo Henrique Amorim, que fica pra outro post.

Da série (DESCON)gestão familiar

O caso do crime de guerra.

Nos anos em que grassava a 2a. guerra mundial, o Brasil foi adiando a entrada no teatro de operações até que por volta do ano de 44 enviou tropas para lutas ao lado dos aliados. Nessa época o açucar, a gasolina, o leite e o sal eram racionados. Os tres primeiros por conta de esforço de guerra e a dificuldade de exportação e o ultimo por ser um componente na fabrição de munição (pelo que me informaram). Na ocasião ocorreu um escandâlo porque o leite embora racionado era usado sem restrição na alimentação de cavalos do Jockey Club, situação que fez Assis Chateaubriand fazer uma verdadeira campanha nos seus jornais contra o governo que permitia aquele abuso.

Nessa ocasião, em 1945, meu avô era o presidente do sindicato dos carvoeiros de São Paulo e por conta desse título, possuia alguns benesses como evitar certas cotas e racionamentos. Um amigo fazendeiro falou da dificuldade de obter sal para seu gado e pediu se o "compadre" poderia ajuda-lo e meu avô não pensou duas vezes. Mandaria um caminhão para a região buscar carvão e levaria sacos de sal.

O problema é que esse transporte de um produto racionado era contra a lei no caso era crime de guerra; e alguem delatou para o PID, a polícia de Getúlio o "contrabando de produto sob racionamento". O caminhão foi parado pela polícia, a carga confiscada e quando verificaram os documentos do carro com o motorista (que tremia de mêdo), foram prender o dono e autor do crime.

Bateram na porta da casa de minha vó e só não a levaram presa porque estava no final do oitavo mês de gravidez de meu tio mais novo. Entretanto ela deveria prestar depoimentos e seria processada. Coisa que acabou não ocorrendo porque logo a guerra acabou poucos meses depois.

Para quem ainda não entendeu, explico. O caminhão estava registrado no nome de minha avó que não tinha a menor idéia do que se passava.

Quando meu avô chegou tarde da noite e foi enquadrado por minha vó, ele explicou cândidamente que tinha mandado alterar o registro, porque caso o caminho fosse parado pela polícia e vissem o contrabando, ele seria preso e ela não saberia o que fazer para tira-lo da cadeia, mas se ela fosse presa, em pouco tempo ele conseguiria liberta-la.

Pois é, isso é (descon)gestão familiar de empresas.

sábado, 19 de abril de 2008

Da série Pérolas da Gestão II

Um homem está entrando no chuveiro enquanto sua mulher acaba de sair dele e está se enxugando.


A campainha da porta toca. Depois de alguns segundos de discussão para
ver quem vai atender a porta, a mulher desiste, se enrola na toalha e desce as escadas. Quando ela abre a porta, vê o vizinho Pedro em pé na soleira.


Antes que ela possa dizer qualquer coisa, Pedro diz:
"Eu lhe dou "$ 800 Reais"se você deixar cair esta toalha!", mostrando o maço de dinheiro. Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa a toalha cair e fica nua.

Pedro então entrega a ela os 800 Reais prometidos e vai embora. Confusa, mas excitada com sua sorte, a mulher se enrola de novo na toalha e volta para o quarto.

Quando ela entra no quarto, o marido
grita do chuveiro: -"Quem era?"

"Era o Pedro, o vizinho da casa ao
lado." - diz ela.

O marido pergunta - " Ótimo! Ele lhe deu os 800
reais que estava me devendo? "

Moral da história: Se você compartilha as informações à tempo, você pode prevenir "exposições" desnecessárias!!!

Da série Pérolas da Gestão

"Uma empresa entendeu que estava na hora de mudar o estilo de gestão e contratou um novo gerente geral. Este veio determinado a agitar as bases e tornar a empresa mais produtiva. No primeiro dia, acompanhado dos principais assessores, fez uma inspeção em toda empresa. No armazém todos estavam trabalhando, mas um rapaz novo estava parado, encostado na parede e com as mãos no bolso. Vendo uma boa oportunidade de demonstrar a sua nova filosofia de trabalho, o novo gerente perguntou ao rapaz:

- Quanto é que você ganha por mês ?

- Trezentos reais, porque ? - respondeu o rapaz sem saber do que se tratava.

O administrador tirou os R$300,00 do bolso e os deu ao rapaz, dizendo:

- Aqui está o seu salário deste mês. Agora desapareça e não volte aqui nunca mais!

O rapaz guardou o dinheiro e saiu conforme as ordens recebidas.

O gerente então, enchendo o peito, pergunta ao grupo de operários:

- Algum de vocês sabe o que este tipo fazia aqui?

- Sim Senhor - responderam atônitos os operários.

- Veio entregar uma pizza..."

"Tem pessoas que desejam tanto mandar, que se esquecem de pensar".

Da série (DESCON)Gestão Familiar

Meu avô paterno chamava-se José Fedeli e na década de 50 era dono de uma empresa que produzia e vendia cal. A produção ficava na região de Itupeva. A produção era enviada para São Paulo e lá, era ensacada e vendida.

Anos depois, a Votorantim que também era produtora de cal, comprou o direito de uso da marca, a produção, enfim, tudo.

Meu avô tinha uma forma de gestão de pessoal e de manter a motivação que era fora do comum.

Um exemplo curto: Meu avô foi até o pátio e dois empregados encostados no muro estavam sem fazer nada. Ele então mandou que os dois movessem para o outro lado do pátio um monte de quase 4 metros de altura de cal virgem. Havia passado cerca de 4 horas e os dois funcionários, cansados, suando em bicas, com os olhos vermelhos por causa do pó da cal, avisaram o "patrão" que tinham removido toda a cal. Meu avô foi ver, olhou pro relógio e disse que agora deveriam voltar aquele monte pro lugar que estava. Diante do olhar espantado dos empregados, ele sentenciou: "Empregado que nada faz, fica a falar mal do patrão, então trabalhem..."

Pois é, (descon)gestão familiar de empresas é isso...

Sobre os dois posts abaixo

Para ficar compreensivel os leitores (ter algum além de mim mesmo e a sutil esperança que nos motiva, não!), devem ler a parte I primeiro.

Resolvi escrever essa análise além da que havia publicado sobre guerra dos blogs; porque tenho acompanhado a movimentação dos blogs e das tropas (comentaristas), e percebi o efeito manada no ataque e a tática da avestruz na defesa; já que um único blogueiro ao começar a tecer críticas ao dossiê foi bombardeado de todos os lados.

Não conheço, nem sequer vi a jornalista Janaina Leite, o mesmo posso dizer de Gravataí Merengue (ele é aquele gordo a frente da máquina de escrever ou o magro com barbicha do outro blog?); e no entanto dá pra notar de qual lado a verdade está nessa guerra.

Lendo as informações do outro lado, e o outro lado que se manifestou até o momento foi a jornalista Janaina Leite, percebi que havia no mínimo uma precipitação de Nassif. Depois que li os post bem escritos por Gravataí no Imprensa Marrom sobre o assunto, entendi que não só havia precipitação como erros de critério, análise e avaliação.

Assim decidi analisar o dossiê VEJA em seus aspectos principais pelo lado da argumentação utilizada.

Ao meu ver a jornalista foi duramente atacada por Nassif porque interessa a ele produzir "razões" para seu ataque a Daniel Dantas, amplificada pelos blogs na maioria de esquerda que tem por bandeira, o ódia a revista VEJA. Nesse caso me parece que o ódio a revista foi e é transferido a qualquer um que raciocine diferente e a reporter Janaina foi atropelada nesse processo.

Nassif deve provas para suas argumentações e na falta delas as devidas desculpas ao leitores, a blogosfera mas principalmente a Janaina Leite.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Nassif, o dossiê VEJA e a guerra de Blogs Parte II

Sobre o caso Diogo Mainardi

O jornalista Diogo Mainardi é a atual “Geni” da mídia brasileira. Todo mundo xinga, todo mundo bate mas ninguém vive sem o sujeito. No caso do Nassif, ele alega que Mainardi o atacou em sua coluna na revista porque ele teria feito artigos contra interesses de Dantas que é a eminência parda de Mainardi.

O problema é que o artigo de Mainardi foi uma resposta a um artigo de Nassif que citava o ocorrido na coluna da semana anterior quando Mainardi revelou sua fonte no congresso nacional e colocou o sujeito numa sinuca de bico. Nassif fez uma crítica ao desrespeito ao “off” e questionou a ética de assim se agir. Mainardi então questionou a ética de Nassif acusando-o de escrever sob medida para empresas que o patrocinavam. Desde então, ocorre uma guerra entre eles e claro, Mainardi faz parte da quadrilha de VEJA a mando de Daniel Dantas.

Mas o que isso tem a ver com a questão? Nada com exceção de que Nassif acusa a repórter Janaina de ser um peão de Dantas justamente porque ela não revelou sua fonte na reportagem da tal juíza que alegadamente dava como suas, decisões escritas por outros. Então temos Mainardi atacado por ter revelado a fonte e Janaina atacada por não ter revelado. Os dois não são sérios, não são éticos ou estão cooptados por motivos diametralmente opostos. Dá pra entender? Qual foi a justificativa de Nassif para explicar essa incoerência de postura sem uma devida e necessária correção? Nenhuma.

Se a primeira está equivocada (quanto a Mainardi), se perde o principal motivo de ligá-lo a Dantas e atacá-lo. Se a segunda está equivocada (quanto a Janaina), se perde o único motivo usado para ligá-la a Dantas e atacá-la. Como é impossível pelo motivo exposto, as duas situações estarem corretas (no que tange a argumentação), é possível entender e reconhecer que as duas situações estão erradas (no que tange a argumentação), e nesse caso não se poderia atribuir culpa ou má intenção em Mainardi muito menos em Janaina. Quem teve culpa ou má intenção poderia ser Nassif.

Sobre o caso Reinaldo Azevedo

Existe um capítulo especial sobre Reinaldo Azevedo. Na época escrevi um comentário no blog do Nassif entendendo que ele errava a mão ao escrever aquele artigo específico. Por quê? Primeiro, ele classifica RA como a cara da VEJA, quando na verdade RA é um blogueiro lido por milhares de pessoas e não porque esteja no site da VEJA. Segundo, ele vira e mexe, publica comentários que os outros blogueiros também ancorados no site e mesmo reportagens da revista irão na direção oposta. Foi assim com posts sobre o candidato americano as eleições, Barak Obama, sobre o aborto, o papel da igreja católica, sobre a educação, etc.

Então que cara de VEJA é essa que escreve coisas independentes da posição de outros blogueiros que também são colunistas da revista, até mais do que RA, com colunas semanais já que RA tem uma mensal?

Há bom tempo, muito antes do dossiê começar, aliás bem antes da primeira refrega de RA e Nassif, Nassif e comentaristas mais fiéis chamavam o blog de RA como blog de esgoto. Entretanto vociferam quando RA responde com termos “carinhosos” como ratazana de sauna, mão peluda e outros. É violento? Sim! Precisava esse tipo de coisa? Não! Mas não nos esqueçamos que o epíteto “esgoto” também não era necessário como é igualmente violento, porque implica em dizer que o blogueiro escreve, logo pensa, merda.

Nassif fez uma série de posts com vilões de desenho animado que usam chapéu em clara alusão a Reinaldo Azevedo que faz uso deles para cobrir marcas de operações de retirada de um tumor no crânio.

Digamos que em represália, Reinaldo publica posts que acabam por destruir com ironia e as vezes de forma mais contundente questões colocadas no blog de Nassif.

Pois bem; o capitulo do dossiê, trata do estilo pessoal de dizer as coisas de Reinaldo Azevedo, mas não desconstrói um único argumento sequer. Não demonstra no que ele está errando ou saindo dos trilhos. Levanta uma acusação de que a antiga revista editada e publicada por RA esteve envolvida em um escândalo do governo tucano de São Paulo, mas passa pelo assunto de forma leva e rápida. Para um dossiê que se propõem esmiuçar a forma de jornalismo de VEJA, seria quase uma obrigação detalhar a questão do escândalo e a forma como a revista acabou e no entanto os comentários são rápidos e superficiais como uma revista de fofocas. O capítulo passa então a ser uma somatória de achismos e gosto pessoal, sendo que as provas apresentadas para comprovar o argumento são na grande maioria os comentários publicados.

Mas comentários não são feitos pelos leitores? Sim, mas no caso de RA, Nassif sentencia que ele inventa os comentários. Ilação ou hipótese reforçada pelo grande número de “anônimos” nos comentários.

Na época escrevi dois comentários publicados na série de que a acusação pode ser usada também contra o Nassif já que sua esposa quando o substitui no blog, já informou que os comentários podem ter email inventado que não tem problema. Temos então os nicknames e emails inventados. Pergunto: Qual a diferença disso e postar anônimos? A questão da honestidade está portanto meramente em saber quem acusa quem de fazer aquilo que pode estar sendo feito pelo outro?

Além disso, se for fazer uma triagem dos comentários postados no blog do Nassif, mesmo com mediação, eles são mais violentos que o próprio blogueiro, da mesma forma que acontece com RA, aliás com toda a blogosfera. A livre entrada, o anonimato e a impossibilidade de ligar nickname a pessoa permite que cidadãos normalmente civilizados escrevam as piores baixarias.

A série coloca Reinaldo como racista, preconceituoso, etc, por conta de comentaristas que podem ser interpretados como tais. Mas que dizer de Nassif a basear-se nos comentaristas? Ora no post sobre a senadora colombiana seqüestrada pelas FARCS, um comentarista usa o termo “vagaba” ao escrever sobre a senadora presa e que tem recebido apoio de milhares de pessoas. Se formos fazer uso dos mesmos métodos de análise de Nassif sobre RA então Nassif trata mulheres com evidente preconceito, já que Ingrid Betancourt é uma “vagaba”. Dá pra entender porque o furo do argumento dele nesse capítulo.

Tudo baseado no gosto pessoal e estilo e claro nos comentários. Mas como a argumentação só fica de pé se eles são inventados por RA, conclui-se que a argumentação é superficial, já que a mesma ilação pode ser feita sobre Nassif e seus comentários com nickname e emails que não precisam ser reais.

Depois o capítulo finaliza com uma foto que claramente foi mexida no computador para dar uma aparência mais grotesca a RA. Para quê, se o objetivo do dossiê era demonstrar a forma de “jornalismo errada” que VEJA usava?

Recentemente, quando Nassif publicou um post solicitando poemas apimentados, como os de Bocage e de forma quase subliminar, aludiu ao RA ao pedir que os comentaristas enviassem as perolas tiradas do esgoto, era pra ser entendido como pelos comentaristas fiéis? Pois bem, RA entendeu como estava escrito e mandou bala em poemas envolvendo o termo mascate, alcunha utilizada para referir-se a Nassif e poemas de Bocage sobre cornos. Pronto, veio o mundo abaixo, com acusações de ataques a família, esposa, tudo coisa da VEJA.

Entendi que lá naquele capitulo, Nassif cometia o primeiro erro da série. Gravataí demonstrou pelo menos a mim, que foi apenas o segundo, já que o ataque contra a reputação de Janaina Leite fora anterior e muito mais sério. Nassif depois ataca Gravataí que havia apenas e tão somente defendido Janaina, e não Dantas ou VEJA; logo esse ataque a RA foi a meu ver, o terceiro erro da série.

Nassif acha que os disparos contra a senadora Soninha foram o primeiro erro da série. Na minha conta foi o quarto.

Processos da VEJA

Tão logo os capítulos iam sendo publicados e a rede distribuindo a todos; a direção da VEJA demonstrava um inexplicável mutismo. Depois Nassif começou a publicar posts indicando que a editora através dos quatro jornalistas citados como sendo, digamos assim, a quadrilha que usa a revista como alavanca de negócios, o estava processando, e que isso estava tomando todo o seu tempo. Curiosamente, como os jornalistas nada falam do assunto, de duas uma, ou os processos correm em segredo de justiça, que não tem muito sentido; ou é uma artimanha para não dar munição ao adversário. Entretanto, seria um ótimo incremento à série ou dossiê, se Nassif disponibilizasse os processos no dossiê. Seria uma demonstração de que sua série tem fundamentação e no entanto até o presente momento, nada, salvo indiretas sobre levantamentos de dados por conta dos processos.

E aí fico a me perguntar: Esses dados já não tinham sido guardados e analisados para justamente escrever os capítulos do dossiê? Seria o caso de simplesmente apor a cada capítulo os links devidamente impressos, as entrevistas feitas, as provas documentais, dar uma “capa” com os necessários termos jurídicos, função dos advogados, e pronto.

O problema é se a argumentação se baseou apenas na ilação argumentativa sem o devido respaldo comprobatório como demonstrou fartamente o Gravataí, no caso da Janaina Leite.

O caso Janaina Leite II

Janaina foi atacada vezes sem conta e vinha explicando as coisas de forma quase didática. O problema é que conforme uma velha frase, “não adianta ficar se explicando muito, porque os amigos não precisam e os inimigos não acreditam”; e era o que ocorria com a repórter que recebia títulos em blogs tais como NASSIF: LEITORES INVESTIGAM E "PEGAM" JANAÍNA LEITE EM FLAGRANTE ...

Na resposta da vereadora Soninha ao blog do Nassif, ela revelou que o jornalista havia telefonado duas vezes para ela, antes portanto da sua postagem atacando a vereadora; e nos telefonemas havia dito que a jornalista era uma mentirosa compulsiva. Isso em si já é uma calúnia porque saiu da opinião para a afirmação.

Diante da clara situação de que a onda de ataques, continuaria; Janaina saiu da defesa para o ataque.

Afinal é próprio que possamos medir o grau de ética de alguém que se aponta como apto a medir a ética dos outros não é mesmo? Ou ninguém se lembra do antigo ensinamento do maior dos Mestres que dizia que com à medida que medirmos os outros nós seríamos medidos igualmente?

Nassif já havia alertado que possuía uma dívida no BNDES e que ela havia sido negociada. Janaina pesquisou e descobre, olhando registros públicos que a dívida foi renegociada em juízo; que existe uma clausula que gera uma espécie de prêmio por adimplência no qual os juros e multas são separados ou glosados do valor a pagar e somente será alvo de pagamento se as parcelas sem as multas foram pagas em dia.

Janaina entende que isso significa na prática o perdão de parte da dívida. Óbvio, já que qualquer um que tem empréstimos sabe que juros e multas de atraso se incluem na dívida ativa. Então se a dívida é atualizada com juros e multas e depois esses valores são glosados e podem não ser pagos ou serem dados como quitados diante do pagamento do principal, então houve um perdão da dívida não é?

Isso é legal? Foi aprovado pela diretoria? Tudo bem. A pergunta que se faz é : Podemos considerar como plausível manter a independência se temos que avaliar uma decisão do governo se somos beneficiados por ele. A questão se dá porque o banco é publico, logo os recursos são públicos, logo são nossos.

Basicamente essa é a questão levantada pela Janaina e longe de ser um mero ataque, ele é pertinente na medida quem envolve a questão da confiabilidade. Vejam por que: Janaina faz uma reportagem sobre uma juíza que é contra Dantas. Como ela bate na juíza, logo ela está sendo paga por Dantas e por isso, numa conclusão lógica, ela não tem respeitabilidade e é cooptada. Façamos agora o mesmo exercício do outro lado pra ver se dá certo. São postados artigos a favor do governo, do PAC, do BNDES. Como ele fala bem deles, logo ele está sendo pago pelo governo e por isso, numa conclusão lógica, ele não tem respeitabilidade e é cooptado, só que pelo governo. Deu certa a seqüência? Ora da mesma forma que Gravataí comprovou que Janaina não é cooptada por Dantas, também não se pode afirmar que Nassif é cooptado pelo governo. Foi apenas um exercício para verificar o grau de fidedignidade. Agora imaginem esse exercício sendo feito por centenas de blogs como ocorreu com Janaina? Não é assim, um assassinato de reputação?

Gravataí levanta outra questão a respeito do empréstimo de Nassif, que se diga, não foi feito agora mas é antigo. Ele entende que o contrato exige explicações adicionais sobre a questão da garantia, que não foi dada nenhuma. Realmente, em uma empresa a garantia é dada pelos sócios, porém em uma renegociação, que está ocorrendo por conta de não pagamento, a praxe do mercado é exigir uma fiança, um seguro que dessa vez será cumprido o acordo.

Ao que parece, o BNDES que é um banco público é mais elástico, digamos assim, em suas exigências que os bancos privados. Isso é antiético, ilícito? Não! Recai apenas na questão de ser de interesse público o que um banco público faz com o dinheiro público, só isso!

Como a questão está ainda quente e Nassif promete novos capítulos, as questões relacionadas com Janaina, Gravataí e o empréstimo do BNDES podem ainda avançar.

De meu ponto de vista, Nassif precisa ir além do achismo, deveria apresentar provas efetivamente convincentes. Por não fazê-lo, mas contar basicamente com a relação de ódio que boa parte da blogosfera nutre pela revista VEJA, Nassif acabou sendo praticante dos pecados com os quais acusa os outros, ao ora exigir a revelação de fontes, ora citar situações sem revelar as mesmas, acusar o assassínio de reputações e ao fazê-lo praticar o mesmo delito.

Continuo achando o que escrevi em outro post sobre blogs, Nassif continua a meu ver, devendo. E não faço trocadilho com dívidas no BNDES. Refiro-me a provas para embasar suas argumentações e raciocínios e na falta delas, desculpas aos atingidos.

É isso!...por enquanto

Nassif, o dossiê VEJA e a guerra de Blogs Parte I

Quem sou eu pra dar pitaco na maior briga do momento, na blogosfera?

O mais próximo que cheguei de um jornalista foi lendo um jornal. Então se produzo esse artigo não é em defesa de amigos, amigas, conhecidos (embora esteja aberto a fazê-los), ou por interesses outros. Como o nome do blog já diz, produzo análises e opiniões, minhas e de terceiros.

Já havia postado análise sobre os blogs e mais do que nunca se percebe como a maioria deles e dos comentárias se movimenta por conta da ideologia, menos pela razão dos fatos e os blogs que levantam bandeiras acabam criando fileiras de seguidores. Tanto Reinaldo Azevedo considera seus leitores inteligentes e os do lado de lá, irremediavelmente chucros; como Nassif considera os seus muito mais equilibrados e os de Reinaldo Azevedo, uma horda bárbara. volto a esse assunto depois.

Qual é a minha ideologia, meu norte, se é que se possa chama-la assim?

Dentro da minha visão de mundo, sempre achei que a Folha de São Paulo era tão contra o governo FHC e agora Lula, mas tão contra que por fim chegava a ser a favor. Sempre gostei da austeridade vendida pelo Estadão.Procuro ser leitor dos dois jornais.

Sou empresário, não empregado e por isso preciso me virar pra por comida na mesa, sem poder contar por exemplo, com dinheiro público a fundo perdido, e por isso defendo a visão de mercado acima de tudo. Como minha experiência profissional me fez passar pelas distribuidoras de energia paulistas começando pela então estatal Eletropaulo e passando pela diversas fases de privatização, multinacional estrangeira e grupo privado nacional; assisti o quão nocivo para a saúde de um estado ou país e de sua população, uma estatal pode ser. Por conta disso, sou um defensor das privatizações. Procurem meus artigos neste blog e no jornal de debates e verão exatamente essas posturas.

Prezo o estado de direito e que as coisas sejam feitas dentro da lei e não ao arrepio das mesmas; o que significa que prezo meu direito de ir e vir, de ter minha direito de propriedade respeitados.

Gosto das coisas feitas de forma ética embora reconheça que a ética como valor ou conjunto de valores não seja absoluta, já que ela pode mudar a partir do momento histórico, da cultura, do povo. Não estou dizendo que minha ética mude ao sabor dos ventos, nem que ela dependa de contextos, tão ao gosto do atual pensamento dominante, mas que somos obrigados a aceitar que infelizmente, a ética dos outros pode não ser exatamente a nossa.

Gosto portanto dos princípios. Esses são absolutos e não mudam conforme a musica da moda ou a conveniência desses ou daqueles grupos ou interesses.

Sou apolítico o que não me impede de enxergar que se EUA não fossem a superpotência que são (e reconheço que sejam idiotas e presunçosos, vá lá), qual seria a opção na falta deles? Uma superpotência árabe islâmica, uma superpotência comunista ou uma média potência bolivariana chavista?

Sou leitor da revista VEJA, bem como das demais revistas semanais como ÉPOCA e ISTO É. Procuro reunir coragem para olhar o site da Carta Capital, porque não gosto da ótica que a revista dá a certas informações. A internet nos propicia acesso aos meios de comunicação da mídia e conseguimos fazer uma imagem até equilibrada dos assuntos quando passamos por várias maneiras de vê-los.

Gosto do blog do Reinaldo Azevedo. Claro, existem pontos que podem ser discutidos e em certas posturas entendo que ele pese a mão. Mas isso não o torna o reacionário irascível que alguns teimam em pintar. Basta seguir ou acompanhar por exemplo, o tiroteio que houve entre ele e Gerald Thomaz e a mudança para uma amizade entre ambos após conversarem seriamente.

Em resumo, alguns irão me acusar de ser direitista, tucano, reacionário, etc. O que sei é que desgosto profundamente do triunfalismo ou vitimismo do qual se traveste a esquerda a depender de seus argumentos. Também fico com raiva quando argumentos puramente embasados na ideologia tomam o lugar da lógica nos debates de idéias.

Para que não seja relegado ao nível do inferno destinado aos de direita sem apelação, digo que sempre acompanhei o blog do Luis Nassif e do PHA. Em geral, o primeiro era e é discordante de tudo que Reinaldo Azevedo era e é concordante e vice-versa. Mesmo os posts a favor do governo e os contra o governo FHC (e vice-versa, façamos justiça), eram bem escritos e estruturados...em outras palavras conseguia ver por trás dos argumentos razões, embora não concordasse necessariamente com elas.

Já PHA sempre me passou certo clima de “algo está errado”, desde a crise gerada pelo acidente da TAM, quando ele criticava em verso e prosa tudo aquilo que na TV Record, ele fazia como repórter. Agora que está "independente", curiosamente cortou a área de comentários (ou o sistema não o permite, façamos justiça). De qualquer maneira, a imagem que passa de ser um perseguido, atacado e oprimido não resistiram a uma análise dos fatos feita pelo Gravataí Merengue em seu blog Imprensa Marrom (pesquisem lá e verão a avaliação feita das acusações de PHA).

Pra que esse preâmbulo todo?

Bem Luis Nassif começou um dossiê contra a revista VEJA no qual, capitulo a capitulo ele procura destruir a imagem da revista como defensora da ética. Ela não passaria de uma alavanca para negociatas de redatores e diretores, além de empresários correndo por fora. Ao começar a ler a série, as argumentações até tinham lógica e embora faltasse àquela prova com P maiúsculo ou aquele documento comprobatório definitivo, não se podia negar ao Luis Nassif alguma credibilidade.

Sua esposa que o substitui vez e outra na mediação de comentários, respondeu a um comentário mais recentemente que Nassif já havia escrito sobre o jornalismo dos anos 90 atacando o tipo de jornalismo de VEJA. Preciso resgatar esse texto, porém tenho quase certeza de que o texto não trazia acusações diretas a revista (se estiver errado, por favor me corrijam). Mais a frente ajudou a cunhar um termo "neocom" como também "blogs de esgoto" para definir jornalismo direcionado para ataques pessoais ou a mando de interesses velados e particularmente usa os termos contra Reinaldo Azevedo. Enfim, a esposa de Nassif alega que a VEJA o atacou primeiro na coluna de Diogo Mainardi quando esse fez acusações contra aquele de escrever sob interesse de patrocinadores. Fui atrás da coluna e o que Diogo Mainardi fez foi testar na sua concepção a ética de Nassif que exigiu dele (Diogo), ética ao lidar com fontes off (em artigo anterior, Diogo havia revelado uma fonte no congresso, deixando em polvorosa todo mundo, na época da cpi do mensalão). De lá pra cá, a revista vinha sendo alvo de críticas de Nassif, bem como a FSP e agora com esse dossiê, ele procurava dar nome aos bois, digamos assim.

Lendo os capítulos, reconhecia que boa parte do que ali se acusava em nada ficava a dever as histórias de Assis Chateaubriand, esse sim um magnata da imprensa que como ninguém, misturou jornalismo, negócios e política, não necessariamente nessa ordem, com sua vida e gosto pessoais.

E claro, retornava à questão central, quais as provas que embasaram o argumento, já que argumento nunca é prova?

Não basta afirmar, é preciso provar.

Como dito no inicio, com base em meu perfil e sendo sincero pergunto: um empresário usar de contatos na imprensa para fechar negócios, é algo tão extraordinário? Sinceramente, não! Negócios envolvendo milhões de dólares merecem ser defendidos a todo custo? Bem, a lógica diz que sim! Um editor fazer loas ao livro desse ou daquele sujeito, torna o escritor um idiota que usa ghostwriter para escrever, porque a revista que fez as loas é a VEJA? Convenhamos. Além disso, como disse, gosto de lógica nos argumentos (ou gosto de argumentos que respeitem a lógica).

Se Nassif escrevesse, “acho isso... ou penso que...” ou ainda, “afirmo que...” tudo certo; porque o dossiê seria então uma peça importante para aprofundar juízos de valores ou quem sabe, investigações criminais. Entretanto, Nassif aponta como fatos reais, coisas que são apenas ilações por conta do cruzamento de informações tiradas da própria revista e das datas em que foram publicadas e ao colocá-las como verdadeiras, pergunta-se aonde estão às provas irrefutáveis de que as coisas não só ocorreram assim como foram planejadas para serem assim e qual foi a motivação por trás dos atos.

Não se pode esquecer que um crime só é visto como crime a depender das circunstâncias e motivos. Sempre uso o mesmo exemplo, mas ele é válido: Um homem discute com minha filha no trânsito e eu o mato. Alguém discute que eu fui um assassino insensato? Não. Mereço ser julgado e condenado? Sim. Homicídio é homicídio e ponto final não é mesmo? Mas mudemos a situação agora. Minha filha é levada por um homem e esse se prepara para estuprá-la. Eu me aproximo e para livrar minha filha eu mato o sujeito. Alguém discute que agi em legítima defesa? Não Mereço se julgado e condenado? Não. Julgado pode até ser, mas condenado não. E no entanto cometi o mesmo ilícito, um homicídio, causei a morte de outro ser humano. Logo a motivação que gerou uma ação é tão importante quanto à ação em si, para podermos qualificá-la como ilícita, imoral ou antiética; e quando se trata de motivações, o dossiê de Luis Nassif deixa a desejar.

Lembrando que as acusações não são pelo menos até o momento de atos criminosos. Se comprovados, são antiéticos e desonestos; alguns até poderiam ser caracterizados como calunia e difamação, mas não se lê a imputação de crimes.

E nem poderia deixar de ser diferente porque o ônus da prova recai sobre quem acusa. Por isso, o dossiê é na verdade uma seqüência de ilações, de argumentos, mas sem a apresentação de provas definitivas.

Basta observar as partes que tratam do empresário André Esteves, em um deles como segue:“...Dois recados não passaram despercebidos dos observadores mais argutos. Um deles, a informação de que colecionava obras de arte e Liechtenstein era um de seus preferidos. Não se tratava do pintor, mas de um recado sutil sobre uma suposta conta que haveria no paraíso fiscal, através da qual Esteves financiaria a campanha eleitoral de uma alta autoridade...”. – Reconheça-se que é mais do que plausível que um empresário que tenha se associado ao banco UBS com sede na Europa, possa ter conta bancária aberta lá, não é mesmo? Aonde existe o ilícito nisso? Luis Nassif não investigou a declaração de imposto de renda do mesmo pra saber se ele declarou ou não a existência de contas no exterior, apenas afirma que o artigo é uma alusão ao empresário possuir conta no exterior e que financiaria campanha eleitoral de uma alta autoridade. Venhamos e convenhamos, ter conta no exterior e financiar campanha eleitoral são coisas tão ilícitas que basta um recado “que não passaria despercebido dos observadores mais argutos”, para amansar o empresário? Porque o modo de operar da revista muda da água pro vinho como por exemplo as reportagens contra o então presidente do senado? Basicamente não seriam as mesmas acusações guardadas as proporções? Se a revista fosse uma mera alavanca de negócios porque um recadinho coberto de sutileza para o empresário e o pé na porta com o senador?

Outra ilação de Nassif, é que a revista lança mão de reportagens falsas como as dos grampos no STF para esvaziar uma CPI contra a revista VEJA, esse sim, um factóide lançado pelo então presidente do congresso, para se defender das acusações semanais da revista, que resultaram em cinco diferentes processos, cinco diferentes condenações e note-se cinco diferentes absolvições porque a base de apoio votou a favor ou absteve-se. Em comentário no post, escrevi que a CPI não saiu porque CPI investiga assuntos públicos e a acusação era da associação da Abril com a Telefonica, duas empresas privadas, logo não era assunto de CPI, mas quando muito do CADE ou da justiça e Nassif concordou em resposta ao comentário. Mesmo assim manteve a ilação no capítulo de que a CPI foi “esvaziada” com artimanhas.

Quer dizer que você é um desses cegos idiotas que acha a VEJA a melhor revista do mundo? Não. Significa apenas, repito, apenas; que se os editores fizeram uma acusação sem provas, digamos assim, a acusação de que houve essa acusação sem provas carece das mesmas. Acho que não é preciso desenhar pra entender o argumento, não é mesmo?

Mais a frente o dossiê VEJA se transforma na verdade no dossiê Daniel Dantas, empresário quase folclórico, acusado de estar por detrás de cada escândalo nacional nos últimos 15 anos e se vacilar, também está envolvido no assassinato de Kennedy e Martim Luther King, ajudou junto com a Kroll a montar a farsa do homem na lua e suas empresas começaram o aquecimento global...em outras palavras, é o próprio Lúcifer encarnado.

Luis Nassif ataca sua antiga inimiga, a revista VEJA e o autor por trás de tudo isso, Daniel Dantas; que sempre foi alvo de acusações abertas de PHA, de parlamentares do PT (alguém já se esqueceu a sanha com que a senadora Ildeli Salvati, expunha o nome do grupo Oportunity e de Daniel Dantas até quando pegava a xícara do cafezinho?), e da revista Carta Capital.

Nesse ponto, embora Nassif fosse mais eqüidistante, o trio formado por Mino Carta, PHA e Luis Nassif sempre teve uma curiosa sintonia, embora justiça se faça, Nassif não participou de certas brincadeiras como o “troféu Tartufo” e a aberta guerra contra a transação BrT e OI.

A questão é que o dossiê passa a ter como alvo o inimigo comum dos parceiros contumazes como dito acima. E isso é apenas uma ilação, vejam bem; mas essa sincronia de movimento de ataques contra Dantas não poderia ser chamada de orquestração, cooptação do outro lado? Afinal se Dantas tem interesses milionários em conflito, é porque existe um outro lado com os mesmos interesses, senão não haveria motivo pra tanta guerra. Fiz essa ilação apenas para demonstrar que é muito fácil ligar pontinhos como naquelas revistas de quebra-cabeças para formar um desenho qualquer.

Saí um pouco do tema, voltando;

O dossiê VEJA passa a ser como dito, um dossiê Dantas e nessa passagem, vira Dossiê VEJA/FSP; já que Dantas é colocado como a eminência parda por detrás de tudo que a mídia veiculou em especial contra a transação de união da BrT e Oi. Nessa guerra comercial que juntou tudo que pode ser considerado como antiético e ilícito como roubo de informações e espionagem passando por pagamento de propinas para políticos; Luis Nassif passa a considerar como parte integrante do quase grupo bandoleiro da VEJA, a repórter Janaina Leite então da FSP.

Abusando da subjetividade, Luis Nassif usa nas partes relacionadas com a reporter Janaina, a mesma técnica de tirar do teor das reportagens e datas publicadas a motivação de defender Daniel Dantas.

É possível que Dantas tivesse todo esse poder e ímpeto? Sim. É plausível que isso ocorresse? Sim. As coisas ocorreram assim? Sim, pelo menos tendo por base o dossiê. Repito a pergunta; as coisas ocorreram assim? Como disse antes, entendo que o texto de Luis Nassif abusa da objetividade. Vejamos:

Sobre o Caso Janaina

Luis Nassif alega o seguinte: “...comandava os trabalhos jurídicos (legais e de lobbies), os contatos com espionagem (da Kroll a jornalistas infiltrados no meio), a cooptação de publicações e jornalistas, através do comando sobre as verbas publicitárias de empresas controladas e a contratação de assessorias de imprensa incumbidas de atrair jornalistas para o esquema Dantas...”. Depois explica que a repórter Janaina Leite cometeu o que ele chama de assassinato de reputação, quando ela faz uma reportagem sobre uma juíza que estava sendo acusada pelo grupo de Daniel Dantas. Afirma Nassif, que a repórter usando de fonte sem informar qual é, repito, a acusação de Nassif é que Janaina não revela a fonte de histórias passadas da juíza. Quem seria essa fonte? Claro, Dantas e seu pessoal.

Sobre a quebra dessa argumentação, o blog Imprensa Marrom utilizou a mesma técnica de Nassif e o blogueiro pesquisando as reportagens de Janaina Leite na FSP e o saiu na mídia se convenceu de que os fatos levavam a outras explicações e que a repórter não fazia parte da diabólica quadrilha de Dantas. Na verdade quem estava a cometer um assassino de reputação era o próprio Nassif ao acusar Janaina sem provas que fundamentassem o dossiê. Porque assassino de reputação? Porque basta acompanhar o que saiu na blogosfera e nos comentários do próprio dossiê para perceber que nessa guerra, a repórter tinha sido alborroada em cheio e sua reputação ia a pique.

Não vou ficar repetindo toda a argumentação do blog imprensa marrom. Os posts são absolutamente bem escritos, a argumentação é profundamente lógica e diferente do dossiê VEJA, não necessita de “observadores argutos” para entender a verdade. Ela está ali cristalina. Leiam com atenção http://www.interney.net/blogs/imprensamarrom/

Como não sou repórter e não escrevo tão bem quanto a repórter Janaina nem o Gravataí merengue; fico apenas nas observações:

Se a repórter Janaina é cooptada pelo sistema Dantas através do comando sobre verbas publicitárias e contratação de assessorias de imprensa, é correto presumir que a repórter ou atuava como assessora de imprensa para Dantas, o que a impediria de escrever reportagens a favor ou contra sob pena de por em dúvida a credibilidade não necessariamente dela mas do veiculo no caso a FSP; ou controlava a entrada de publicidade na FSP de forma que pudesse atuar na defesa dos interesses de Dantas mediante reportagens. Nesse caso a repórter ganhou o quê se a verba de publicidade foi para o veículo? Pergunto, ela tinha tal poder? Claro que não! Ela era repórter e não diretora ou editora e sejamos honestos, o ombudsman tão cioso de sua independência que chegava ao ponto de querer pautar os colegas, permitiria uma situação dessas, existir na redação sem nunca ter dado uma única nota a respeito? E os donos da FSP bem como da VEJA, são assim tão néscios que nunca perceberam seu patrimônio ser usado de forma tão torpe quanto quer fazer parecer o Nassif em seu dossiê.

A repórter vinha respondendo as questões levantadas pelo Nassif, mas eis que o blog do mesmo coloca em prática algo que ele irá acusar os outros de fazer.

Logo que o dossiê começou a ser publicado, ele assanhou a esquerda que antes idolatrava a revista e hoje a demoniza como sendo o exemplo de pior jornalismo que existe (embora a única mudança excepcional que se note, seja a mudança de alvo, já que antes as reportagens atingiam a chamada direita neoliberal que governava o Brasil a 500 anos e agora o alvo era o governo de esquerda, embora esquerda apenas no jogo de cena, já que a política econômica que é o que realmente conta é uma continuação de ações que vem desde o governo Itamar franco). A partir de então, Nassif pediu o apoio da rede, da blogosfera e os blogs sentido o cheiro do sangue, distribuíram aos quatro ventos digitais, usando inclusive métodos para otimizar os resultados de busca no Google do dossiê. Enquanto o nome da repórter era literalmente dizimado pela repercussão que centenas de blogs davam, a repórter respondia sozinha em seu blog ao bombardeio. Ao mesmo tempo Nassif questionava no blog o silencio da grande mídia sobre o dossiê e dava repercussão aos emails de apoio.

O ataque contra Daniel Dantas era o motivo para atacar VEJA e a Reporte Janaina Leite. Já a luta contra a revista VEJA foi o fato motivador para centenas de blogs clonarem a série e com isso amplificar os ataques contra Janaina Leite.

Ninguem é santo e com certeza os editores e diretores de VEJA podem até ter errado nisso ou naquilo; mas o que dizer da repórter da FSP, que foi atacada sem base como comprovou Gravataí Merengue?

Aparentemente o único que vez ou outra disparava um tiro, era o blog do Reinaldo Azevedo, embora até o momento não tenha se posicionado abertamente sobre o tema.

A coisa mudou um pouco quando o blog imprensa marrom, resolveu dar uma aprofundada na história ao invés de simplesmente reproduzir o dossiê.

Gravataí resolveu fazer o que Nassif ainda não fizera quando resolveu escrever o dossiê e conversou com a repórter. O resultado foi que a análise mais profunda do caso o levou a defender a jornalista e ato contínuo, tomou uma sarrafada da blogosfera, que se fosse real o teria levado ao coma.

Nassif enxergou nisso uma ação da vereadora Soninha, já que Gravataí era chefe de seu gabinete. Por qual razão? Bingo quem disse: orquestração da VEJA, digo, DANTAS, digo TUCANOS, digo...todos eles. Base de argumentação? A vereadora recebeu uma reportagem da vejinha, revista que acompanha a revista principal. Qual o pecado da reportagem? Ah! A revista havia batido pesado nela e agora elogiava. Ocorre que Nassif mistura o blog de Reinaldo Azevedo com a revista VEJA, e ele sim, desceu o porrete sem piedade na vereadora por conta de seu projeto relacionado com “programas de redução de danos” do uso de drogas.

O mesmo exercito de blogs que atacava a repórter Janaina começou a atacar o blogueiro.

As acusações foram desde uso político do caso a vejam vocês, o blogueiro recebe dinheiro público para ficar postando no blog no horário de trabalho, logo, para a fogueira com ele (claro, antes enquanto ele defendia o dossiê VEJA essa questão de horário não existia, não é?).

A coisa é tão absurda que o blog não é nem nunca foi a favor da VEJA, foi apenas a favor da repórter que era da FSP

Ah! Mas você é um idiota mesmo! Talvez alguém diga. – Porque confiar na repórter e no Gravataí?

Bem, nesse caso, quem não tiver preguiça de ler, perceba que o blog do Ildeber (leiam aqui no http://www.idelberavelar.com/), que não é exatamente um bastião de defesa do capitalismo e da direita; fez um duro post, criticando Nassif e defendendo Gravataí e Janaina. Ora se até mesmo blogs de esquerda apoiaram Janaina, merece uma séria reflexão a explicação da repórter, ainda mais quando os fatos como descritos e analisados pelo Gravataí estão muito mais próximos da realidade do que as ilações de Nassif.

Curiosamente, o ataque contra a vereadora Soninha foi, digamos assim, cancelado com um pedido de desculpas do Nassif; embora o mesmo e seus comentaristas mantenham os ataques contra Gravataí e Janaina. Por conta desses ataques, Gravataí começou a olhar com lupa as coisas que saem no blog do Nassif e de Janaina que trocam tiros de defesa e ataque e suas argumentações são realmente de se levar a sério.