quarta-feira, 28 de outubro de 2009

De novo a questão das drogas...

Como de praxe, a situação atualmente vivida pela população do Rio de Janeiro traz a velha discussão de volta.

Basicamente, a partir do fato do crime se manter vivo embora a repressão ao mesmo seja forte, com a constante tomada de morros e/ou favelas pela polícia, confrontos, prisões e mortes; alguns ideólogos, intelectuais e claro, alguns estúpidos de sempre clamam pela discriminação ou legalização das drogas.

Os ingênuos acham que legalizadas as drogas, a bandidagem faria o quê? Sem contar que usuários poderiam obter mercadoria com qualidade.

A estupidez da idéia é tão grande, que realmente pode ser dificil que os proponentes dela realmente exerguem o que pedem.

Por uma questão de lógica; alguem realmente acha que os atuais profissionais do tráfico, uma vez legalizadas as drogas iriam pensar em voltar a estudar ou procurar um emprego formal? O que ocorreria é que os outros crimes, como roubos, sequestros, assaltos, etc iriam aumentar. Porque? Porque bandido não trafica porque é gostoso, mas porque gosta de viver a margem da lei e é isso que impulsiona sua vida, ou pensa você, meu amigo iingênuo que o traficante só fere a lei no caso do tráfico mas de resto a obedece como todos nós, pagando seus impostos, pagando a tv a cabo, a luz, fazendo seu crediáriozinho? Só rindo mesmo...

Então o que ocorreria com a criminalidade com a legalização das drogas? Mudaria automáticamente de ramo, já que as armas, despeito pela lei e pela vida (própria e de outros), já estão a disposição. E se alguem precisa de um exemplo prático, pode-se citar a lei seca no inicio do século passado nos EUA. A máfia que tinha seus negócios baseados nos jogos clandestinos, prostituição e sindicatos imediatamente tomou nas mãos o negócio do contrabando de bebida.

Quando a lei caiu e a bebida foi legalizada, o que a máfia fez? manteve os negócios antigos e passou a controlar o tráfico de drogas, mas a bebida? deixou pra lá.

No caso do tráfico de drogas, a bandidagem imediatamente iria atuar contra outros aspectos do código penal, ou seja, trocamos seis por meia duzia.

Existe a questão internacional. O Brasil legaliza as drogas e os demais paises? Precisariam seguir imediatamente o mesmo proceder pois caso contrário, seriámos o paraiso dos malucos e viciados e me parece não é exatamente essa idéia de país do futuro, não é mesmo?

A lei, não é de hoje, não criminaliza o portador de pequena quantidade, por entender que o mesmo é usuário. Agora iluminados querem dotar condenados por pequeno tráfico com penas alternativas deixando as penas graves para os grandes traficantes.

O que os iluminados não explicam é qual a quantidade que irá diferenciar um de outro.

De resto, pontos a ponderar:

Um usuário de drogas é vítima ou cúmplice de um crime?

Pelo pensamento atual é vítima.

Enquanto a população assim pensar, a situação não mudará.

Por isso, penso que o código penal deveria ser alterado. Como? Quem fosse pego com pequena quantidade de droga ilícita, carregando ou fazendo uso seria automáticamente preso e aberto inquérito policial. Aberto o inquérito o cidadão seria liberado sendo que passaria a estar em uma espécie de sursis preventivo. O inquérito seria levado a julgamento e se a prisão tivesse sido lícitao cidadão seria condenado, condenação essa de serviços públicos e exposição da imagem.

Os pequenos traficantes, que o são por escolha própria, uma vez pegos pela polícia seriam presos e se condenados deveriam ser condenados a passar a pena estipulada na prisão em tempo integral sem direito a beneficios.

E os grande traficantes? prisão perpétua.

Tenho certeza que quando o usuário começar a pagar por contribuir para que o traficante arme soldados, corrompa a polícia e continue promovendo violencia, o consumismo deixará de ser visto como sinal dos tempos modernos.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Rio de Janeiro, violência,imprensa e as bobagens de sempre

O Rio de Janeiro vive dias de comoção. Na verdade essa comoção é cíclica. Depois de uma temporada de calmaria digamos assim, com as ocorrências normais, se é que pode-se chamar de normal assassinatos, roubos, estupros, sequestros, etc; traficantes resolveram acrescentar mercado na marra fusilando outros honestos traficantes. Na confusão a polícia é chamada, sobe o morro e recebida com o tradicional carinho, a bala; revida matando até agora mais de 20 pessoas.

Os traficantes, quesegundo os como direi, filósofos, são fruto do isolamento social do governo de FHC para trás (os críticos só não explicam porque depois de 8 anos de governo petista esse isolamento continua), derrubaram um helicoptero da policia matando os policiais que estavam dentro do aparelho.

Os jornais registram os acontecimentos e o que se viu na blogosfera? Segue mais ou menos uma lista do que anda sendo "analisado". Recomendo um engov antes de ler e sal de fruta após a leitura. Seu fígado e estômago irão agradecer.

1) É tudo muito estranho, assim de repente essas coisas. É por causa das olimpíadas no RJ em 2016. É um plano para tirarem do Rio os jogos. (Comento: consegue acreditar no que leu? Pois é. Circula esse tipo de coisa em postagens e comentários nos blogs. A teoria conspiratória é tão estúpida que para ter o mínimo de veracidade precisaria que as chamadas ações ocorressem antes da escolha do Rio e nao semanas depois. Mas vai ensinar lógica para quem ainda acha um mistério juntar letras para formar palavras para montar frases...);

2) A mprensa dá destaque porque o governo do Rio, estadual e municipal são aliados do governo federal. (Comento: Esse é outro que acredito que precise de remédio para tontura, porque a lógica do argumento dá tantas voltas em sí mesma que despenca inerte. Se a imprensa, leia-se FSP, Estadão, Globo, VEJA, Isto É, Época; desse destaque aos problemas do Rio porque os governos são pestistas ou aliados de petistas, então a página de cotidiano, cidades e policial dos jornais paulistas viria em branco, porque os govenos estadual e municipal são da oposição. É isso que você, equilibrado leitor vê? Quando ocorreram os ataques do PCC, qual foi o assunto das páginas principais dos jornais e revistas citados? receitas de bolo diet para dietas? Ou foi a segurança de São Paulo? Pois é, né! Apenas uma horrivel deformidade na visão ideológica permite que alguem crie comentários sobre a imprensa como esse. Se houvesse óculos para cegueira ideológica, os donos de ótica estariam milionários a julgar pelo números de pessoas que comentam na blogosfera esposando essa idéia);

3) Porque não falam de São Paulo? Ou a variante: Quando falam de São Paulo é sempre de forma positiva. (Comento: Além do bairrismo tolo, o que se denota é a necessidade perene de falar de São Paulo não porque é São Paulo, mas porque o governo é tucano. E nesse caso a criminalidade em São Paulo também é ruim mas afinal o governo tucano...E por aí vai. Quando a favela em SP pegou fogo; Luis Nasif fez um post apontando que o incêndio poderia ser por interesse. Pronto, foi um sem número de comentaristas descendo o porrete no governo paulista e um monte de comparações com o RJ que é muito melhor, que isso que é aquilo. Mas agora que nao dá pra criticar a situação sem criticar o governo estadual e federal por via indireta, chega a dar pena observar o esforço hercúleo que comentaristas fazem para escapar das garras da lógica e do bom senso para poderem escrever as sandices que queiram. Ainda bem que para esses a falta de lógica na argumentaçào não é doença letal porque senão estariam todos mortos).


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Catôlicos, Anglicanos e o fastfood religioso...

21/10/2009 - 09h04

Anúncio do Vaticano deve gerar êxodo de sacerdotes anglicanos

Londres, 21 out (EFE).- Cerca de 1 mil sacerdotes anglicanos e outros milhares na Austrália e nos Estados Unidos podem deixar suas igrejas em direção ao Vaticano, disseram ao jornal britânico "The Times", anglicanos tradicionais.

Dioceses inteiras que se opõem à ordenação de mulheres como bispos podem aceitar a oferta do papa Bento XVI.

O anúncio do Vaticano é entendido como um duro golpe aos esforços do arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, de evitar a fragmentação da Comunhão Anglicana, dividida pela consagração de mulheres bispos que reivindica o setor mais progressista do anglicanismo.

Alguns anglicanos acusam à Igreja Católica Apostólica Romana de dedicar-se à caça de anglicanos e criticam Williams por render-se diante o Vaticano.

Embora os críticos reconheçam que Williams pouco podia ter feito para frustrar a ação do Vaticano.

Em carta enviada aos bispos e ao clero, Williams não escondeu sua frustração: "lamento que não tenha sido possível alterar isso tudo antes. Fui informado muito tarde do anúncio do Vaticano".

Williams recebeu a primeira notificação no último final de semana do cardeal William Levada, da Congregação para a Doutrina da Fé, que voou a Londres em seguida para comunicar pessoalmente a decisão aos líderes anglicanos e católicos.

Uma possível consequência da medida vaticana especula o "The Times" é a aceleração da consagração de mulheres como bispos.

Não é nenhum segredo, segundo Williams, que a ordenação de mulheres como bispos é um assunto controvertido neste país.

Comento:

É curiosa essa gente!

Pra eles pouco importa o que pensa Deus, que é o objeto por suposto, da devoção dessa turma.

Se a Ele tanto faz como tanto fez essa ou aquela denominação (todas são iguais perante Deus), para que a preocupação em "receber" as hostes anglicanas?

Mas se Ele aceita essa ou rejeita aquela, porque Ele estaria mais favorável a uma que proibe o casamento dos sacerdotes,coisa que não consta da bíblia e obstaria a outra por que sei lá, ordena mulheres como sacerdotes? A Biblia condena a ordenação de mulheres? Pois é, isso é correto a se guiar nas orientações de Paulo, o apóstolo.

Então, se as duas agem de fato, contrárias ao texto sagrado, é forçoso concluir que ambas estão de escânteio para com O Deus.

Não concorda, é?

O erro está em pensar que Deus pensa como humanos.

Na hora de aplicar o que ele autorizou que fosse dito, aí é uma correria pra dizer que não é bem assim, para desacreditar o texto sagrado, diminuir seu valor, destruir sua mensagem.

Enquanto isso, a religião é tratada como um fastfood que você o que gosta e o que não gosta deixa no prato.


Então talvez esteja explicado o bombardeio em cima da VALE...

Fonte: Blog do Fernando Rodrigues

07h23 - 21/10/2009

A publicidade da Vale azedou relação com o PT

A Vale gastou R$ 178,8 milhões em publicidade nos últimos 12 meses terminados em setembro. A conta de propaganda da mineradora foi entregue a Nizan Guanaes, o marqueteiro predileto do PSDB ao longo de quase duas décadas. FHC e José Serra, entre outros, foram clientes de Nizan.

No mercado publicitário, R$ 178,8 milhões é considerado um valor alto. Como comparação, a marca de sabão em pó OMO consumiu R$ 141,7 milhões no mesmo período. Os dados são do Ibope Monitor. Há também um outro dado curioso: mineradoras no mundo todo não costumam fazer publicidade, pois o seu produto (minério) não é vendido ao consumidor final.

Esse gasto com propaganda e a escolha de Nizan foram dois fatores relevantes para que azedasse a relação entre a Vale e o Palácio do Planalto, sobretudo entre o PT e a Vale.

Embora privatizada, a Vale tem participação acionária robusta de fundos de pensão das principais empresas estatais federais –esses fundos são controlados de maneira rígida por pessoas ligadas ao PT. Muitos petistas enxergaram como uma afronta ao governo no atual período pré-eleitoral o gasto de R$ 178,8 milhões em publicidade e a entrega da conta a um marqueteiro “tucano”.

Não é à toa que Nizan Guanaes esteve recentemente em Brasília para conversar com Franklin Martins, o ministro da Secretaria de Comunicação de Lula. Franklin é o responsável por toda a área publicitária federal.

Essas conexões sempre complexas entre política e publicidade foram abordadas hoje na coluna Brasília, da Folha de hoje (21.out.2009). A íntegra está abaixo:

FERNANDO RODRIGUES

A Vale e a política

BRASÍLIA - A Vale ganha dinheiro explorando minério de ferro. Não há notícia de ameaça ao seu poderio em solo brasileiro. Ainda assim, a empresa se lançou com volúpia ao mercado publicitário.

Nos últimos 12 meses terminados em setembro, a Vale torrou R$ 178,8 milhões em propaganda. No mesmo período, a marca de sabão em pó Omo consumiu R$ 141,7 milhões. Os dados são do Ibope Monitor -não consideram descontos, mas são elevados em todos os cálculos e comparações possíveis.

Mineradoras pelo planeta afora praticamente não fazem propaganda. Seria jogar dinheiro pela janela.
Nenhum consumidor leva em conta ao comprar um carro se o aço foi produzido com o minério de ferro da Vale. Tanto faz.

A atitude da Vale ao fazer propaganda como se fosse uma estatal destrambelhada obedece a motivações diferentes da lógica do mercado. Há componentes políticos e empresariais envolvidos.
O aspecto empresarial é obscuro. A Vale pode argumentar com a clássica necessidade de fixar a marca.
Seria um sofisma inaplicável, pois inexiste conexão capitalista entre o lucro da empresa e as propagandas na TV. A não ser que o componente político esteja presente.

Aí vem o lado curioso. Uma empresa privada com despesas publicitárias acima de R$ 100 milhões segue as normas básicas de governança corporativa. Uma conta assim só é entregue a uma ou várias agências depois de um duro e competitivo processo de escolha.

Não se conhece a forma pela qual a Vale concluiu ser conveniente dar sua conta milionária ao publicitário Nizan Guanaes. Mas sabe-se muito bem que o nome Nizan Guanaes causa pesadelos no PT.
Nizan foi o marqueteiro preferido de tucanos, de FHC a José Serra. Todos conhecem no Brasil os vasos comunicantes entre publicidade e política. E os custos altíssimos da campanha eleitoral de 2010.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sobre o post abaixo...

Tá certo que a igreja catôlica não é exatamente um primor na prática do respeito ao texto sagrado. Aliás muito pelo contrário, já que basta um estudo superficial da doutrina catôlica para saber que seus ensinamentos são ora baseados na filosofia grega (basta ler Agostinho para verificar isso), ou são um amalgáma de religiões não cristãs incorporadas para digamos assim, o cristianismo ser mais facilmente aceito.

Não acreditem em mim não, meu raros leitores, acreditem na igreja que fala exatamente isso em sua Encicloepdia Catôlica.

Mas o escritor português abusa do direito que a idade concede a todos de dizer sândices.

O problema não está necessáriamente nele achar que mais de 90% da população seja estúpida ou sofra de delírio em massa por acreditar em Deus. Isso no fundo é um problema unico e exclusivo dele.

O problema real está naquela digamos assim, legião de internautas que compram as sandices do idoso escritor como se pérolas do pensamento moderno fosseme vão passar a reproduzir suas idéias internet afora. Logo um "amante das artes" irá transformar em filme a obra como fizeram com dois deles pelo menos.

A obra do escritor português demonstra que no mundo, como chamarei, intelectual, deveria haver por força de lei, um dispositivo de aposentadoria compulsória, ficando o sujeito não importa a nacionalidade proibido de escrever e dar entrevistas salvo para uso próprio, proibida a divulgação sob pena de ser julgado por crimes contra a humanidade pelo tribunal de Haia.

Quem sabe assim, abre-se espaço para outros escritores. Tá certo, estou sendo grosseiro? Recentemente em uma entrevista a uma revista semanal, um outro escritor português disse que pouco se importava com a obra de Saramago.

Se um patrício foi tão direto, porque eu não posso?

Saramago de novo...

Igreja Católica critica novo livro de José Saramago

Publicidade

da France Presse, em Lisboa

"Caim", livro mais recente do português José Saramago, gerou polêmica ao chegar às livrarias hoje, depois que o episcopado lusitano afirmou que se trata de uma mera "operação publicitária" do Prêmio Nobel de Literatura de 1998.

O livro, que narra em tom irônico a história bíblica de Caim, filho de Adão e Eva que matou o irmão Abel, foi apresentado no domingo em Penafiel pelo autor.

"A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana", declarou Saramago.

"Sem a Bíblia, um livro que teve muita influência em nossa cultura e até em nossa maneira de ser, os seres humanos seriam provavelmente melhores", completou.

O romancista denunciou "um Deus cruel, invejoso e insuportável, que existe apenas em nossas mentes", e afirmou que sua obra não causará problemas com a Igreja Católica "porque os católicos não lêem a Bíblia".

"Admito que o livro pode irritar os judeus, mas pouco me importa."


Giuseppe Giglia/Efe
O escritor português e ganhador Nobel de Literatura en 1998, José Saramago, que lança o romance "Caim"
O escritor português e ganhador Nobel de Literatura en 1998, José Saramago, que lança o romance "Caim"

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Marujão, chamou o livro de "operação publicitária".

"Um escritor da dimensão de José Saramago deveria tomar um caminho mais sério. Pode fazer críticas, mas entrar em um gênero de ofensas não fica bem a ninguém, e muito menos a um Prêmio Nobel", afirmou.

O rabino Elieze du Martino, representante da comunidade judaica de Lisboa, afirmou que "o mundo judeu não vai se escandalizar com os escritos de Saramago nem de ninguém".

"Saramago desconhece a Bíblia e sua exegese. Faz leituras superficiais da Bíblia", disse.

Saramago provocou revolta em 1992 com "Evangelho segundo Jesus Cristo", no qual mostra um Jesus que perdeu sua virgindade com Maria Madalena e que era utilizado por Deus para ampliar seu poder no mundo. O escritor se mudou pouco depois de Portugal e foi morar em Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias.

E lá vem eles de novo querendo estatizar a VALE

Uma vez e outra também, se faz necessário voltar em assuntos que considerávamos superados.

A privatização da VALE.

De forma cíclica, opositores da atual oposição política, militantes de esquerda, alguns padres e movimentos, digamos assim sociais, como o MST além é claro de sindicatos, clamam contra as privatizações realizadas na década de 90 e mais comumente pregam a reestatização da empresa VALE, a antiga Companhia Vale do Rio Doce.

Um ditado popular ensina que contra os fatos não existem argumentos. Apesar disso, muitos tentam sem êxito, é claro, quebrar a lógica desse dito popular lançando mão de argumentos elevados ao infinito a favor da tese da reestatização.

E quais são eles? Segundo os defensores da estatização das empresas, a VALE deve ser re-estatizada porque vem batendo recordes de lucro e produtividade. Privatizada a mais de 10 anos, hoje ela tem por renda o equivalente ao valor que foi vendida. Tá certo, partindo desse ponto de vista, somos obrigados a concluir que todas as empresas rentáveis no Brasil devem passar para as mãos do estado, deixando na iniciativa privada apenas as que dão prejuízo ou pelo menos não gerem lucros. E essas uma vez que retornem ao bom caminho, deveriam ser entregues ao estado. Esse argumento não é lindo?

O conceito é absurdo, porque implica em dizer que a lucratividade da empresa no caso, a VALE, é resultado de combustão espontânea e não do gerenciamento responsável e brilhante. Não considera que a VALE privatizada ficou livre das amarras de leis de licitações e outras que tornam as decisões de estatais emperradas e demoradas, porém protegidas, ainda que só em teoria de corrupção e desvio. A meritocracia na escolha dos executivos e dirigentes da empresa no lugar do compadrio político e um quadro profissional ao invés de um corpo funcional preocupado primeiro, segundo e terceiro lugar apenas com os próprios benefícios também ajudou a empresa a ser rentável.

Notem os números:
Até 2006 a VALE recebeu US$ 44,6 bilhões em investimentos: nos 54 anos de estatismo, foram US$ 24 bilhões. Deu pra entender ou precisa desenhar?

E por favor, que ninguém defenda que privatizada, houve desemprego, porque a VALE mais que duplicou seu quadro profissional, porque
em 1997, inteiramente estatal, empregava 11 mil pessoas, em 2006 56 mil e neste mais de 60 mil pessoas. Multiplique por 4, que é o número médio de pessoas em uma família e verá quantas pessoas foram beneficiadas com a VALE privatizada, não um grupo de ungidos selecionados pela graça divina de passarem num concurso nem por serem amigos do rei.

Se a empresa vale hoje, mais de 100 bilhões de reais isso não significa que a mineração seja rentável por si mesma, mas porque ela projetou-se no mercado internacional, em razão da área de mineração comportar apenas grandes players. Ela é assim porque adquiriu empresas de mineração mundo afora. Sendo estatal como era, ela não teria a agilidade necessária para tanto.

Além disso, se esquecem os detratores que esse crescimento só foi possível, porque após a privatização, ocorreu um movimento por parte da China de compra de minério que elevou o preço do mesmo. Essa situação não poderia ser prevista quando a mesma foi privatizada tanto que os críticos, que sempre se consideram mais sábios que o resto da humanidade não fizeram essa predição para alertar o “maligno governo entreguista”. Apenas para reprisar o ponto:
Em 1997, exportou US$ 3 bilhões; em 2006, US$ 10 bilhões (mais de um quarto do saldo positivo da balança comercial).

Tanto isso é verdade, que embora o preço do minério tenha subido por conta da China, o valor das ações da VALE não teve tanto sucesso quanto as ações da Petrobrás que é uma estatal.

A VALE é a maior produtora de minério de ferro e ganha dinheiro vendendo esse minério, mas isso não significa que seja a dona desse minério. Os críticos se esquecem que a Constituição decreta ser da união as riquezas que estejam no subsolo não importa quem seja dono do terreno.
Isso significa que caso um dos críticos da VALE vier a descobrir um veio de ferro, ouro, carvão, esmeraldas ou mesmo petróleo ou gás no quintal da sua casa, ele não pode remove-lo e vende-lo, pois essas riquezas são da união. No máximo receberia royalties pela exploração da jazida em seu terreno. É por essa razão que os donos da VALE ao compra-la em leilão formal e legal não adquiriram as jazidas de minérios apenas o direito de exploração das mesmas.

Também seria interessante verificar quanto que a “rentável e estatal” CVRD exigia de investimentos por parte do sócio majoritário, quanto era pago em impostos e quanto era distribuído aos sócios como lucro e que se compare esses mesmos números após a privatização em uma simples projeção para se saber se como estatal o governo teria pernas para sustentar esse crescimento da VALE.

Foram abertas ações contra a venda da CVRD? Naturalmente que sim. O que seria estranho é que ninguém fizesse isso. Ora se há promotores que demandam ações por conta de novelas e conteúdo segundo sua particular visão fora da realidade (apesar de estarmos a falar de obras de
ficção), seria natural pessoas contrárias a privatização procurar a justiça. Se os motivos alegados possuem procedência ou respaldo legal, aí já é uma outra história. O que não dá pra aceitar é que o mero fato de alguém impetrar uma ação legal torne a privatização em sim ilegal.

Quanto a aprovação do congresso nacional, posso estar errado, mas o mesmo aprovou a lei de privatizações e nada foi feito ao arrepio da lei.

As pessoas são favoráveis a estatização? 50,3% de pessoas pesquisadas são favoráveis a isso em determinada pesquisa? E daí? Se aprofundar essa pesquisa iremos descobrir que 100% dessas pessoas favoráveis não sabem sequer aonde fica a sede da Vale. 100% dessas pessoas criticam as privatizações ao passo que usam celulares e escolhem livremente suas operadoras e mais importante do que isso, é possível que nenhuma delas tenha passado pela experiência que alguns de nós já tivemos de ter que fazer constar na declaração de imposto de renda a posse de linhas telefônicas vendidas a preço de ouro, isso pra ficar no exemplo das telecomunicações.

Se a empresa realmente vale hoje mais de US$ 50 bilhões, TRATA-SE DA VALE INTEIRA; em 1997, venderam-se se por US$ 3 bilhões APENAS 42% das ações ordinárias. Não é preciso ter cursado nivel superior pra entender o significado da frase acima não é mesmo?

É bem possível, quase certo que os favoráveis a re-estatização não saibam quem são os donos da companhia. Assim para quem não sabe, o conselho de administração da empresa, corpo que decide as estratégias da VALE é formado pela Valepar S.A, que detém 52,3% do capital votante e 33,6% do capital total. Por sua vez a constituição acionária da Valepar é a seguinte: Litel/Litela (fundos de investimentos administrados pela Previ que é o fundo de pensão do Banco do Brasil) com 58,1% das ações, Bradespar com 17,4% formado por fundos de investimentos controlados pelo Bradesco, Mitsui com 15,0%, empresa com sede nos EUA e que possui participação na VALE por conta de fusão com a mesma após a privatização, BNDESpar, que para quem não sabe é um órgão federal com 9,5%, e por fim o Elétron do Opportunity com 0,02%. Assim é possível perceber que a união detem grande parcela de participação na empresa de forma indireta através dos fundos de pensão das estatais e pelo BNDES.

Para quem não sabe, a VALE ainda estatal já possuía ações negociadas em bolsa de valores e o capital nunca foi 100% do estado, da mesma forma que o da Petrobrás igualmente não é 100% estatal. Assim a VALE ao ser privatizada, passou-se o controle da mesma para a iniciativa privada embora o governo (aí visto como representante do estado e da nação como um todo), participa indiretamente das decisões dela, ao mesmo tempo que ela ganhou agilidade para competir no mercado global.

Por fim, clamam os críticos para que a mesma além das outras estatais sejam “devolvidas” aos brasileiros. Eu sempre trabalhei no setor de energia e minha experiência profissional acompanhou as transformações que uma determinada distribuidora sofreu ao longo do tempo. De estatal para controle estrangeiro, desse controle para um grupo privado nacional. Como estatal assisti politicagens, acertos, corpo funcional com benefícios que a população só via em filmes. Com direção privada, a meritocracia e o profissionalismo eram as regras e os benefícios ajustados ao mundo real. Na estatal o preço final era ditado pelos custos da empresa mais o interesse do governo. Privada, a empresa teve que adequar custos e seu seu custo final ou aumento tarifário aprovado em alguns anos é negativo, trazendo ganho real para a população.

Assim por experiência própria posso afirmar: Essa estória de devolver aos “brasileiros” as “lucrativas empresas antes estatais” significa na verdade devolver a uma parcela ínfima da população as benesses de um verdadeiro paraíso na terra. Ou alguém imagina que receberá um boladinha de dinheiro na conta corrente tão logo a VALE seja re-estatizada? Só rindo mesmo.

Quem ganha e tá doido para que uma empresa desse tamanho volte para as mãos do Estado como antes? 1) os sindicatos que acertam com os políticos de plantão as benesses que eles mesmos irão se beneficiar; 2) O corpo diretivo escolhido por ser amigo, irmão ou companheiro
de partido cuja competência em geral passa muito longe da exigência do cargo; 3) Os políticos que passam a retalhar as indicações para conseguir alavancas de dinheiro como vimos acontecer nos Correios, em Furnas, em Itaipu, etc; 4) Os que desviam dinheiro de fundos de pensão e órgãos de governo para fins pessoais ou projetos de poder.

Re-estatizada, os donos devem ser ressarcidos. Por conclusão lógica o governo iria pagar mais de 100 milhões que a empresa “vale” hoje e enfiar boa parte desse dinheiro no BNDES, Fundos de pensão e outros.

Privatizada, a VALE contribuiu com 10 milhões para campanhas políticas. Dá pra imaginar o que faria se estatal fosse ou voltasse a ser? Dá pra imaginar a exemplo do que vimos nos casos “mensalão”, “sanguessuga” entre outros, quanto desse “direito” refleteria para os “brasileiros”?

Pelo que se depreende das demonstrações contábeis de 2005 BRGAAP da Cia Vale do Rio Doce, ela pagou em 2005, 2 bilhões de reais em impostos no Brasil. O governo gasta mal os recursos dos impostos como se vê pelos problemas na saúde, na segurança, etc. Entretanto 2 bilhões de impostos foram entregues pela CVRD para uso de todos os brasileiros mediante os serviços públicos. Que seja mantida assim, recolhendo impostos para os governos, dividendos para os acionistas e aumento do PIB nacional.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Big Brother Belchior - Revista Cult ed. 140

Reproduzo artigo da revista Cult sobre o movimento da imprensa sobre o "sumiço" do cantor e compositor Belchior.

Antes de sair de casa, peça a bênção a Patricia Poeta
Francisco Bosco
No famoso plano-sequência de Profissão: Repórter, o assassinato de David Locke é narrado de modo indireto, por meio de uma janela com grade. Mas a força da cena não está exatamente em seu caráter indireto - o qual sempre se exalta - e sim na mediação da janela gradeada. Como se sabe, o repórter David Locke aproveita-se da morte de um desconhecido em um vilarejo remoto na África para falsificar sua própria morte e assumir a identidade do outro.
O que está em jogo para ele é uma tentativa de sair radicalmente de si. Como repórter, ele viaja o mundo fazendo entrevistas, matérias, documentários, mas sente que os deslocamentos geográficos e culturais não o levam a afastar-se de si próprio, pois ele, em suas palavras, acaba codificando toda a diferença nos seus (dele) próprios termos, fazendo-a desembocar sempre de volta no registro da identidade. Ao valer-se da morte de um desconhecido para tentar desconhecer-se, Locke vê-se herdeiro imediato da vida desse outro, David Robertson, um traficante internacional de armas.
Passa, então, a ser perseguido por agentes de um governo africano, pois Robertson fornecia armas para uma guerrilha que se lhe opunha. Ao mesmo tempo, a ex-mulher de Locke descobre que a morte de Robertson foi falsificada e começa ela também a persegui-lo. Locke não demora muito para concluir que sua tentativa fracassara. Não lhe bastara colar sua foto no passaporte de outro para transformar-se em outra pessoa. Pior, agora ele estava multiplamente emparedado: dentro de si mesmo, dentro da realidade de outro (mas não de sua subjetividade) e dentro de seu passado, que não pudera aniquilar. O emparedamento descortina-lhe o nome: David Locke, Locke D., ou seja, locked, trancado.

É por isso que o famoso plano-sequência é narrado através da janela gradeada, que assoma, então, como o correlato material da impossibilidade existencial a que se lançou Locke. Dentro do quarto, ele dorme, enquanto, pelas grades - portanto, da perspectiva dele -, vemos a realidade que lhe assaltaria, mas que ele não podia alcançar. Vemos, então, os agentes chegarem, andarem na direção do hotel e saírem do enquadramento.
Em seguida, ouvimos um tiro. A partir daí há uma extraordinária inversão de perspectiva. A jovem que Locke conhecera em Barcelona e passara a acompanhá-lo em sua fuga entra no quarto no mesmo momento que a ex-mulher dele, acompanhada da polícia. O policial pergunta, primeiro à ex-mulher: "Você o reconhece?", ao que ela responde: "Eu nunca o conheci". Em seguida, a mesma pergunta é dirigida à jovem, e sua resposta é: "Sim". Essa cena é narrada de fora para dentro da janela gradeada.
Da perspectiva da ex-mulher, havia também um emparedamento em Locke; ela nunca pôde conhecê-lo, embora tivesse vivido com ele muitos anos. Já a jovem, cujo nome não vem à tona, e a quem Locke se apresentara sob um nome falso, afirma, sem hesitar, tê-lo conhecido (confirmando uma frase de Barthes segundo a qual "conhecer alguém é conhecer-lhe o desejo").
Onde está Belchior?

O filme de Antonioni é de meados dos anos 1970. Sua questão é existencial: é possível reinventar-se completamente, ser radicalmente outro? A resposta do filme é não - mas não é isso que desejo investigar aqui. Quero chamar atenção para o fato de que, mesmo sendo Locke um repórter, a mídia não é uma questão fundamental para o filme. As forças que lhe saem à captura são a polícia, os agentes do governo africano e sua ex-mulher, ajudada pela embaixada. Locke consegue sair da África e ir para Londres, daí para Barcelona, daí para cidades pequenas na Espanha, até ser encontrado - e tudo isso se passa em registro de experiência privada. Agora cortemos para agosto de 2009, onde vamos acompanhar outra perseguição, bem diferente.

A primeira notícia de que Belchior havia desaparecido foi publicada num site. Nele, depoimentos de amigos e parentes afirmavam desconhecer o paradeiro do cantor. Daí em diante pipocaram novas matérias. Os maiores jornais do país noticiaram o sumiço, o Fantástico fez uma matéria, até a imprensa estrangeira repercutiu o assunto. Novas informações começaram a aparecer: Belchior teria dívidas com hotéis e estacionamentos. Especulações também surgiram: com a carreira em baixa, o cancionista estaria tentando criar um factoide que o levasse novamente aos holofotes.
E não faltaram, é claro, as piadas na internet: numa delas, Belchior figura entre os personagens do seriado Lost; noutra, murmura-se que seu desaparecimento faz parte de um mistério mais amplo, a envolver o sumiço de outros cantores, como Biafra, Silvinho (aquele do ursinho Blau Blau) etc. O mistério levou apenas três semanas até ser esclarecido, pelo Fantástico, que na edição do dia 30 de agosto revelou o paradeiro de Belchior e arrancou dele uma entrevista. Ao assistir à reportagem do Fantástico, fiquei ao mesmo tempo indignado e apavorado.
Vigiar e perseguir

Antes de entrar a reportagem, um solene Tadeu Schmidt anuncia o fim do mistério: Belchior foi localizado pelo Fantástico. Em seguida, Patrícia Poeta, em tom de reproche maternal, diz que o cancionista, "que se afastou da família, dos amigos e dos fãs, deu as suas razões à repórter Sônia Bridi". Pronto, começou o pesadelo.
O que vem a seguir é uma demonstração assustadora do funcionamento de uma sociedade de controle, onde um desvio existencial, mesmo que não diga respeito a mais ninguém, é tornado objeto de visibilidade, escrutínio, sarcasmo e julgamento públicos. É importante observar que a perseguição a Belchior não partiu da Justiça, a fim de que ele saldasse suas possíveis dívidas, mas sim da mídia; isto é, não foi movida por um legítimo interesse público (que não se confunde com uma espetacularização pública), mas por uma mistura de jornalismo de fofoca e vigilância coletiva, por meio da qual se pode ler um sintoma, a que voltarei.
O Fantástico recebeu pistas de pessoas que haviam estado recentemente com Belchior. Por meio delas, reuniram-se evidências de que ele estivera nas últimas semanas no Uruguai. Sim, evidências, porque foram enviadas fotos de Belchior em situações privadas (com o acoplamento de máquinas fotográficas em celulares, todo cidadão que os possui torna-se um delator em potencial). Em seguida, os repórteres receberam um e-mail anônimo que revelava o paradeiro de Belchior: ele estaria na pequena cidade de San Gregorio de Polanco, nos pampas uruguaios. O Fantástico não demorou a achar a pousada em que Belchior estava hospedado. Ao ligar para ela, alguém disse que o (a esta altura) fugitivo estivera lá, porém já fora embora. "Mas era mentira", conta a repórter Sônia Bridi, que, desconfiada, vai até lá e chega à porta de Belchior com a câmera ligada.

Já então era óbvio que Belchior não queria ser encontrado. Mas o desejo - e esse desejo não deve ser reconhecido como um direito? - de privacidade não conta para o Fantástico. A repórter bate na porta, Belchior não quer conversa, mas ela insiste, ronda a casa, sussurra com a voz mais cínica do mundo: "A gente veio de tão longe pra te encontrar, tem tanta gente te procurando lá no Brasil...".
Belchior deve ter resistido por horas, pois as primeiras imagens são ainda de dia, e quando ele finalmente cede já é noite. Sai de casa e quase podemos ouvir o famoso bordão futebolístico: "Taí o que você queria". O Fantástico triunfa, o que há de mais desrespeitoso nas pessoas também. E Belchior? Com uma aparência existencialmente saudável, ironiza com sutileza e bom humor o absurdo da invasão; diz ter achado estranha a primeira matéria do Fantástico (que ele viu pela internet), que aquilo nada tinha a ver com ele, e que ele não é uma celebridade.
Em seguida, recusa-se, com coragem firme, a responder a questões a respeito de sua vida privada. Num momento antológico, constrange a repórter - e, por extensão, espero, todos que compartilhavam ali a posição dela - ao afirmar que não tem interesse pela vida privada de niguém. Esclarece que sua presença ali se deve a um trabalho "muito especial" que está sendo desenvolvido por ele, a tradução de todo o seu cancioneiro para a língua espanhola, aproveitando para lembrar sua ligação com a América Latina, citando seu verso "Eu sou apenas um rapaz latino-americano".
Da perspectiva do perseguidor, o ponto central da cena reside na seguinte pergunta da repórter: "Você não deixou de fazer contato com sua família, com seus amigos, nesse período?". Essa pergunta retoma o tom de mamãe controladora de Patrícia Poeta. Nela está implícito nada menos do que isso: ninguém tem o direito de abandonar (mesmo provisoriamente) sua família e seus amigos, e se tiver essa audácia será julgado em público por ela. Ninguém tem o direito de em algum momento querer reinventar-se, ou simplesmente querer afastar-se, sem pedir a bênção aos demais.
A perseguição a Belchior, então, parece assumir um caráter sintomático: é precisamente porque todo mundo tem, já teve, terá ou pode ter esse desejo de reinventar-se, e não consegue realizá-lo ou nem ao menos assumi-lo, que aquele que o levou adiante deve ser perseguido, descoberto e recolocado em seu lugar. Deve ser lembrado de que tem satisfações a dar e de que, no limite, sem o consentimento dos outros, não pode se afastar deles. Pois os outros não querem ser lembrados de suas próprias covardias ou mediocridades existenciais.

É tênue a fronteira entre a curiosidade, o jornalismo e o desrespeito brutal. É revoltante (e apavorante) que essa questão não seja sequer colocada pelos que estão prestes a atravessá-la. Nos anos 1970, David Locke estava trancado em sua subjetividade; o caso Belchior vem nos lembrar que, hoje, estamos trancados na realidade, ao ar livre, gradeados por milhares de olhos que nunca se fecham.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Desdobramentos Óbvios - revisado em 17.10.09

Luis Nassif publicou post informando que perdeu uma das causas que a editora Abril demandou contra ele, sendo que em outra foi absolvido, faltando duas ainda, mas nas duas julgadas cabem os devidos e inevitáveis recursos das partes.

A questão se resume ao dossiê que o blogueiro resolveu criar para demonstrar sua teoria de que a revista VEJA fora cooptada por Daniel Dantas, banqueiro envolvido em problemas judiciais e considerado praticamente o lord sith mestre do lado negro da força do cenário brasileiro.

Segundo a postagem do próprio blogueiro, o juiz considerou que o mesmo ultrapassou o limite da crítica e do seu direito a ter opinião para, pela injúria, desqualificar a revista que era alvo de seu dossiê; ou seja, para atingir o veiculo mirou e atirou no motorista.

Em primeira instância foi condenado a pagar 40 salários mínimos que dá, sei lá, algo em torno de R$ 46.000,00.

O blogueiro na postagem reclama da diferença de poder financeiro entre ele e a editora, porque ela, a editora, pode perder 4 ações que não afetará seu caixa mas ele sofrerá, pela condenação e também com os custos da defesa dos outros processos.

Mais recentemente uma postagem revela que comentaristas querem se organizar para ajudar nas despesas jurídicas.

Nos EUA é muito comum assistirmos esse tipo de situação e se Luis Nassif arregimentar seus leitores como fez no caso do programa Roda Viva na entrevista do ministro Gilmar Mendes, ele conseguirá o suporte financeiro rapidamente.

Luis Nassif atrás de sua causa, que começou é bom que se diga com o contra-ataque de Diogo Mainardi por conta de um artigo criticando-o na FSP; armou um dossiê baseado na sua opinião sobre o que determinado jornalista ou articulista quis dizer ao escrever determinada frase em um artigo ou todo o artigo.

Se sua teoria tivesse se baseado, sei lá, na etimologia das palavras, em documentos que comprovassem acertos, acordos ou coisas semelhantes, não acredito que haveria meio de defesa da revista e qualquer ação resultaria em vitória. Mas uma série de reportagens baseadas em puro ctrlv e c de trechos de reportagens e argumentos indicando o que ele acha ter sido a motivação do jornalista, poderia se esperar o quê?

É verdade que ainda aí, estariámos diante de uma opinião, mas o tom de triunfo e os ataques às pessoas e não ao trabalho (arte dificil de ser aplicada, reconheço), expôs o blogueiro como alvo fácil das açoes. Convenhamos, o que esperava?

Luis Nassif declarou nas postagens que a editora fez uso de seu poder econônomico entrando com diversas ações contra ele com o objetivo unico de destrui-lo. Ocorre que a editora não fez como os membros de uma determinada igreja que entraram com centenas de ações pelo Brasil contra o jornal FSP por conta de uma reportagem contrária aos interesses da igreja. Foram exatos 5 processos; um da editora e os outros 4 dos jornalista consideradoso como o quarteto de VEJA. E nesse caso é interessante observar que pelo menos ao que se saiba, Reinaldo Azevedo, chamado no dossiê de "a cara da veja", capitulo em que foi criticado da cabeça aos pés, com o blog sendo chamado de esgoto e com sua foto alterada em computador não entrou com ação mas foi testemunha em um deles pelo menos, o de DiogoMainardi. Aonde está então a perseguição que o blogueiro afirma haver?

Venhamos e convenhamos, ele faz acusações contra 4 jornalistas diferentes e queria que eles se juntassem numa demanda coletiva como se fosse um processo trabalhista? Tem outra, um passeio nos foruns não indica até o momento que o jornal FSP, Gravataí Merengue, a ex-vereadora Soninha, a jornalista Janaina Leite que também foram fortemente acusados no mesmo dossiê ou em postagens a ele ligadas, tenham entrado com processos judiciais.

Aonde está a cooptação de todos eles e a consequente perseguição?

Não se discute se o teor da reportagem está correto ou não, até porque quando algo é escrito sob a égide da ideoologia caimo no velho adágio de que "...não adianta se explicar muito, porque os amigos não precisam e os inimigos não acreditam..."; mas elaborar teses que tentam provar sem no entanto faze-lo de que existe uma ilicitude motivando o escrito, então a opinião facilmente se transforma em injuria e difamação.

No que toca a veiculos jornalisticos, a absolvição de Nassif em um dos processos demonstra isso. O juiz entendeu que posicionando-se ideológicamente haveriam obviamente diferenças e Nassif expôs essas diferenças. Já no caso em que foi condenado, o juiz entendeu que essa exposição fez uso da ofensa pessoal e isso não é amparado pelo direito de opinião.

Enquanto isso...

O mesmo blogueiro informa em postagens que está impetrando uma ação contra Gravataí Merengue dono do blog "imprensa marrom" que segundo a acusação seria o autor anônimo de um pequeno blog que o injuriou colocando postagens sobre o relacionando dele com o BNDES.

O teor das postagens de Nassif sobre o caso em questão e fazendo uso de argumentos muito parecidos aos utilizados no dossiê, demonstram que Nassif irá acusar Gravataí Merengue de praticar as mesmas ações que ele,na óticado juiz praticou contra jornalistas da revista VEJA.

Será interessante, embora o tema em si seja triste; observar como em posições diferentes, os argumentos a favor ou contra aspectos do processo serão objeto de postagens.

Como será a recepção de uma decisão do juiz absolvendo Gravataí Merengue numa futura e suposta ação com argumentos similares aos utilizados pelo juiz para absolver Nassif no processo movido por Eurípedes Alcantâra? E se Gravatai for hipoteticamente condenado com argumentos similares ao julgamento com que ele foi condenado no processo movido pelo jornalista Mário Sabino?

O cerne das questões colocadas por Gravataí, como a questão da demissão/saída da FSP e a questão do contrato de empréstimo com o BNDES seriam facilmente respondidas se o blogueiro tivesse apresentado os emails e documentos que afirmou possuir ao invez de simplesmente postar informando que os possui; porque contra fatos não há argumentos.

Ainda que exista o fato do blog não ter sua assinatura reconhecida, o que em sí não é crime; em nenhum momento, se a memória não me trai, Gravataí Merengue chamou Nassif de ladrão de dinheiro público. Ele colocou em xeque o fato do banco fazer um acordo judicial extremamente favorável ao blogueiro em um processo judicial tinha motivação outra que não os interesses da instituição, já que o blogueiro é um defensor incondicional do banco, defendendo a instituição em postagens sem fim até quando a mesma se vê envolvida em denúncias como a que envolveu desvio de verbas de empréstimos de prefeituras e a velocidade de defesa não se demonstrou para analisar o procedimento do banco em financiar a fusão da BrToi quando a mesma pela lei então vigente era ilegal. Resumiu-se a dizer que via sinergia na operação.

De qualquer forma, o que achamos não é necessáriamente o que determina a justiça, logo deve-se aguardar para ver quantos coelhos sairão desse mato.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Aumento dos encargos desfavoreceu competitividade do setor elétrico brasileiro no exterior

Para gerente de energia do Grupo Gerdau, elevados tributos são grande vilão na desvantagem do País no mercado internacional

Representantes do governo federal, do setor privado, consumidores e consultores se reuniram nesta terça-feira (5), durante o 10º Encontro Internacional de Energia realizado pela Fiesp e o Ciesp, em São Paulo, para debater a estrutura tarifária da energia elétrica e a competitividade industrial.

Para o gerente coorporativo de Energia do Grupo Gerdau, Dithelmo Kanto Filho, o aumento dos encargos setoriais a partir da criação do novo modelo do setor elétrico no País piorou a competitividade do Brasil. “No ano passado, os encargos somaram R$14 bilhões, o que equivale ao aumento de 40% sobre o valor de 2007, fechado em R$10 bilhões”, explicou.

De acordo com Kanto Filho, por ser muito superior a carga tributária sobre o valor da energia elétrica em relação a outros países, o Brasil fica muito aquém na disputa no mercado internacional. “Entre 2003 e 2007, os tributos aumentaram em torno de 11%, chegando a cerca de 51% da arrecadação das distribuidoras em 2007, e resultando num aumento de mais de 100% da tarifa”, exaltou.

Para estimular o desenvolvimento do País e assegurar o espaço internacional, o gerente do Grupo Gerdau reforçou que devem ser utilizadas algumas medidas políticas como:

  • Impedir a prorrogação dos encargos e reduzir gradualmente os demais incluindo subsídios incidentes nas tarifas;

  • Reduzir a carga tributária;

  • Adotar política industrial específica para recuperar a vantagem comparativa de custos com relação a países concorrentes;

  • Incluir a competitividade da energia elétrica como um dos pilares do desenvolvimento da indústria no programa de governo dos candidatos à Presidência da República.


    "Não dá para ser ultrapassado na velocidade da luz por China, Rússia, Índia e outros países", disse Kanto Filho, concluindo que "não adianta nada termos um país belíssimo e entregá-lo subdesenvolvido para as futuras gerações".

    Aneel

    O diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, disse que uma das medidas que o governo espera tomar é eliminar os repasses anuais da inflação o que beneficiaria não só consumidores finais como também incentivaria a atividade econômica.

    “Existem vários questionamentos quanto ao nivel da tarifa de energia eletrica ser elevada. Mas os atuais ganhos de eficiência energética são engolidos pela inflação”, ressaltou.

    Anace

    Já para o diretor da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Lúcio Reis, as perdas de energia também são um problema sério, que requer revisão tarifária.

    “Em 2008, o nível de perdas foi equivalente ao suprimento das Usinas de Jirau e São Antonio, no Rio Madeira", apontou Reis. "Precisamos de programas do governo para conscientizar o uso e o custo da enegia incentivando a eficiência energética e combatendo às perdas", sugeriu.

    Leilões

    De acordo com o presidente da Consultoria Andrade & Canellas, João Carlos Mello, os Leilões de Energia Nova já são consagrados no setor, mas precisam ser aperfeiçoados. "É preciso rever a metodologia utilizada para o cálculo da competitividade das térmicas", pontuou.

    Na avaliação do consultor, alguns ajustes são essenciais na metodologia dos leilões desse gênero. Entre eles, a realização de leilões por fontes e submercado, a divulgação de cronograma antecipado, aumento na oferta de hidrelétricas, um planejamento e definição prévia de uma matriz desejada, licenciamento ambiental antecipado, contratação de energia por valores diferenciados por período.

    "Em 2016, 63% da oferta será de energia existente; o restante, de nova energia. Ou seja, esse tipo de energia está tomando um bom espaço na nossa matriz", ressaltou Mello.

    Um dos painéis desse primeiro dia de Encontro, "Análise da modelagem dos leilões: impactos no preço da energia elétrica", contou com a participação do diretor do Departamento de Energia da Fiesp, Paulo Roberto Auriemo, do diretor de planejamento e controle da Tractebel Energia e Conselheiro da Apine, Marco Antonio Sureck, e do vice-presidente de energia da CPFL, Paulo Cesar Tavares.