terça-feira, 26 de março de 2013

As coisas fora de lugar e as campanhas do ódio

Ultimamente, pipocam na mídia pessoas e grupos que escolheram no lugar do debate de idéias a inclusão da mordaça como parte da indumentária destinada aos outros, as gentes que porventura pensem e falem algo que seja contrário ao desejo e vontade daqueles.

No caso desse pastor que foi alçado a presidente de uma comissão de minorias, tenho ficado impressionado com a movimentação de militantes contra o sujeito.

Antes de qualquer coisa porém, é preciso deixar claro que não tenho por objetivo defender o dito pastor. Na verdade acho até que a legislação deveria proibir que líderes religiosos que ostentem qualquer tírulo, pastor, padre, bispo, apóstolo, pai de santo e por ai vai não poderiam ter cargos eletivos. O mesmo para aqueles que portam bandeiras especificas e militam em determinados movimentos. Mas enfim, do momento que a legislação permite, me parece um tanto óbvio que esses possuem a mesma legitimidade de falar, pensar e defender a plataforma que quiserem da mesma forma que é legitimo o falar, pensar e defender de alguem que seja ateu ou da turminha dita politicamente correta.

E é apenas disso que se trata.

Até porque a mesma turminha que hoje desce o porrete no pastor em questão, é a mesma que se calou quando ele apoiou a atual presidente da república quando da campanha política para a Presidência. E não é preciso e nem desejo que acreditem em mim porque estou a dizer isso. Basta uma pesquisa na web e você leitor poderá assistir videos desse apoio. Naquela época como agora, ele tinha as mesmas idéias, pensamentos e plataforma tão "odiosas" que servem agora para acusa-lo.

Que nome se dá a esse tipo de atitude? - Analisemos agora a questão de fundo e depois voltaremos a essa pergunta.

A tal comissão de minorias não é uma comissão sobre assuntos negros ou assuntos homossexuais, tão somente e que são as duas acusações contra o pastor.

Essa comissão até pouco tempo estava nas mãos dos ditos partidos de esquerda. Era um nicho quase de propriedade por uso capião do PT e durante todo esse período, pouca coisa avançou na pauta tão incensada dessa turminha militante.

E o protesto dessa turma é, no meu particular sentir, extremamente seletivo. Apenas a guisa de exemplo, consideremos:

- Os índios, me parece, são uma minoria etnica,  na falta de uma expressão melhor, do país e qual a gritaria que houve até o momento contra a inexistência de sequer um membro dessa minoria no congresso ou nessa comissão específica?

- Ciganos sem sombra de dúvida são um grupo minoritário na população brasileira. Qual a gritaria que houve até o momento contra a inexistência de representantes deles no congresso ou nessa comissão específica?

E o que dizer das minorias sociais, como os sem teto, sem terra e assim por diante? - silêncio sepulcral dos ditos humanistas e progressistas que se esgoelam no congresso e na mídias, em especial na imprensa quanto a permanência do tal pastor apenas e tão somente por ser ele contrário a PL 122, ou a lei da homofobia.

A questão de fundo portanto, é que o dito pastor por ser contra a dita lei da homofobia merece a mordaça e não pode expressar opiniões, e não importa aqui se são corretas ou não; sequer ter cargos, porque os militantes entendem que somente os que tem opiniões semelhantes às deles tem direito à tribuna e aos cargos. É claro, nas eleições, os agora amordaçados poderão expressar opiniões desde que em apoio aos candidatos dessa turminha militante como ocorreu com esse pastor, como já ocorreu.

É sintomático nesse sentido perceber que um outro pastor que igualmente se posiciona contra a PL 122 sofre igual pressão e porrete nas costas para se calar em qualquer cisrcunstância porque além do pecado de ser contra a PL 122, ele pratica a heresia de apoiar candidatos da oposição.

E também é bom recordar que outro religioso que se proclama bispo de uma igreja que apoia o governo de plantão e inclusve é ministro no atual governo, também já se posicionou contra a PL 122 mas pelo extensivo apoio de seu partido e de sua igreja, sua posição contrária é simplesmente ignorada.


Quanto às ditas acusações de homofobia e racismo do pastor, convenhamos; o sujeito pode ser considerado para todos os efeitos tão incensados pela militância como negro, já que sua mãe é negra.

O cerne da lei da homofobia é que um homossexual não pratica homofobia se xinga outro homossexual de gay, viado e por ai vai. Se no entanto, o impropério vier de um heterosexual sobre um homossexual então é homofobia. Aplique-se o principio para a questão do racismo e o que temos é que um negro somente sofre o crime de racismo e/ou preconceito se o emissor tiver outra cor de pele. Logo por conclusão lógica, já que as palavras tem peso pelo seu significado, esse deputado emq questão jamais poderia ser acusado de racism porque ele é para todos os efeitos, negro como já dito.

Qual a base então para a acusação de racismo? Foi um leitura ou melhor um entendimento idiota de um texto biblico segundo o qual os negros seriam amaldiçoados por conta da maldição de Noé contra Canaã seu neto. Ocorre que segundo a Biblia, a raça negra por assim dizer teve sua origem em Cus e possivelmente de Pute, outros filhos de Cã e que não foram "amaldiçoados". Então é o caso do pastor ter feito uma leitura errada da Biblia. Isso é ruim, já que se trata de um pastor, mas ainda assim não é crime.

A base da acusação de homofobia é sua posição contrária a PL 122. Até onde eu sei, se posicionar contrário a um projeto de lei não é crime. E diga-se de passagem, seu discurso não é que homossexuais não tem direitos, mas que esses direitos devem ser obtidos através da Constituição. Logo são as alterações na constituição que preservam os direitos e não através do ativismo jurídico ou imposição de um entendimento que a letra da lei não possui. Convenhamos...

Gostaria de ver um debate de idéias. Que o deputado eleito pelo coeficiente eleitoral de seu partido, já que não teve votos populares para se eleger e que é o grande defensor da PL 122 e adversário do  dito pastor, derrube item por item, as argumentações de quem é contra o projeto de lei.

Que use fatos e números. O que vi até agora no entanto, são chavões, gritos e nariz empinado.

Em resumo, se a presença do pastor que é deputado é ruim porque ele é contra o projeto de lei e irá fazer de tudo para impedi-lo, a presença do deputado que é militante também é ruim porque ele é a favor do projeto e irá fazer de tudo para aprova-lo. Dito de outro modo, a tal da comissão de minorias deveria ser formada por pessoas estritamente neutras. Existem? Pois é!

E para finalizar, voltemos a pergunta feita. "Que nome se dá a esse tipo de atitude?"da militância emperdenida que é tão fundamentalista e extremista em sua posições mas se cala quando lhe convém? - Alguns chamam esse tipo de atitude como pragmatismo político.

Na verdade trata-se de pura e simples hipocrisia.



terça-feira, 19 de março de 2013

As coisas viram do avesso e a letra da lei se torna obsoleta

Avaliadas as demandas, justas ou não da sociedade, tenho me posicionado contrário em algumas situações e escrevi sobre isso. Relaciono abaixo:

No caso da decisão do STF que aprovou o aborto de fetos anencefálos. A razão da contrariedade não se baseia no fato de ser contra o aborto, até porque a lei o permite em duas situações (gravidez resultante de estupro e gravidez que traga risco de vida à mãe), e entendo que essas duas situações são opções da mãe, da família envolvida. Ocorre que o STF não é um orgão legislador. Na verdade deve zelar pela Constituição. Assim ao decidir criar uma terceira opção que não consta da Lei nem da Constituição, o STF tomou o papel do Congresso que tem a prerrogativa de legislar. A decisão mais correta seria alegar incompetência para julgar, posto ser assunto que não se encaixa na CF e enviar o assunto para o Legislativo. Essa ação conhecida como ativismo judiciário do STF atendeu os anseios de uma militância organizada e poupou politicos do executivo e do legislativo de desagradarem seus eleitores ferrenhamente contrários ao aborto.

No caso da decisão do STF que aprovou a união civil de pessoas do mesmo sexo. A razão da contrariedade não se baseia no fato de ser contra a união homossexual, mas porque mais uma vez o STF usando de um ativismo jurídico tomou o papel do Congresso ao dar um entendimento diverso do texto. A CF dizia clara e textualmente que a união estável era a união de um homem e uma mulher. A frase em si exclui por pura obviedade a união de dois homens, duas mulheres, um homem e uma criança, uma mulher e uma criança, um homens e mais de uma mulher, uma mulher e mais de um homem e no extremo do extremo, um homem ou uma mulher e seres irracionais de qualquer tipo e tamanho. O STF acolheu uma demanda da militância organizada e decidiu que o texto que dizia "um homem e uma mulher" não significa isso; abrindo a guarda para que a interpretação da CF passe a ser feita por oráculos ao invés de considerar o entendimento da lingua mãe.

Há aqui outra questão. Inventaram o termo "homoafetivo" para tirar o aspecto sexual da relação. Vai daí que ouvindo a militância e alguns juizes do STF, tinha-se a impressão de que heterosexuais se juntam apenas por sexo, formar patrimônio e gerar filhos, nessa ordem e que homossexuais são seres quase angélicos que se juntam tão somente por conta do amor, do belo e do valoroso. Pois bem, e qual a razão de se provocar o STF para determinar a legalidade ou não da união estável de homossexuais? - Por que sem essa homologação legal por assim dizer, pares homossexuais não podem deixar para companheiros e companheiras suas posses no caso de falecimento. Basicamente é isso. Com o registro da união estável, essa união passa a ser regida pelo código civil e é um passo para o registro do casdamento civil de homossexuais.  É verdade, existe a questão da adoção de crianças.

Então o que temos na prática é que longe de ser uma união visando o amor e os mais puros sentimentos, a militância homossexual deseja na verdade o sexo, formar patrimônio e "gerar" filhos como qualquer casal heterosexual. A pergunta que fica portanto seria: se a militância não conseguia mobilizar os politicos para alterar a constituição, não poderiam ter conseguido mobilização para alterar o código civil de forma a legitimar o uso de testamentos como ocorre em outros paises? Seria atingido o objetivo e ao mesmo tempo, não haveria necessidade do STF em um ativismo judiciário dar entendimento diferente ao que as palavras realmente indicam.

Entendo que por vivermos em um país laico, as leis não podem abrigar entendimentos religiosos específicos de forma que uma maioria que não seja praticante de uma determinada religião ou denominação seja obrigada a viver sob seu código de conduta. Dito de outro modo, a lei não precisa criminalizar o adultério para que eu o considere um pecado e portanto o evite a todo custo. Da mesma forma, o fato de uma lei permitir o aborto não irá mudar meu conceito de que se trata de matar uma criança por nascer.

Assim, do ponto de vista legal, a lei deveria ser a mais aberta possivel resguardando o direito daqueles que não considerem aquilo agora legalizado como obrigatório de sua aceitação. Dito de outro modo; a lei poderia englobar a união homossexual sem que com isso eu fosse obrigado a aceita-la ou considerar como um pecado do ponto de vista religioso.

O regime ora instituido no país é o da democracia representativa. Isso significa que a sociedade em suas diferentes formas de agremiação procuram se fazer representadas. A maioria por óbvio determina o curso das coisas com o cuidado de se preservar o direito das minorias.

Logo essas demandas deveriam caminhar pelo caminho da representatividade e não pelo ativismo jurídico; porque a primeira considera a vontade da maioria e o segundo eleva a agenda de uma minória militante sobre a vontade de uma minoria silenciosa e uma maioria açodada pela campanha muitas vezes desqualificadora da militância organizada.


A nova (velha) questão do Enem

A redação da prova do Enem com erros crassos de ortografia e gramática simplesmente demonstra que o ensino brasileiro atualmente em prática leva analfabetos de fato à condição de analfabetos funcionais.

Claro, estou exagerando a situação. Afinal todos que completam aquilo que se chamava segundo grau, sabem ler e escrever. Ocorre que existe um diferença entre apenas ler um texto e compreende-lo em profundidade.

E é claro, existe uma diferença entre escrever um texto e escreve-lo de forma que todos possam compreende-lo.

Alguem que escreve como normalmente fala, e vamos chamar isso de "coloquial" tem seu lugar na internet, no recado deixado na porta da geladeira ou em uma mensagem digitada no celular. Tem espaço até em blogs como esse que passa longe do erudito.

Mas um texto de cunho jurídico, um ensaio médico, uma ata de reunião de acionistas, um contrato comercial; quanto maior apego a lingua formal tiverem, maior será a capacidade de entendimento e menor será o prejuizo.

O ensino publico e privado (já que o mesmo precisa da aprovação do MEC), deveriam se apegar ao ensino correto da lingua formal, porque o coloquial, já possui por mestras a internet e o dia-a-dia.

Mais do que um reflexo da falta de instrução dos alunos, esse novo (velho) problema ou questão do Enem demonstra o fracasso do ensino no Brasil que se preocupa muito mais em repassar ideologias militantes e orientação sexual do que ensinar português e matemática.

Tristes Tempos!!!!