terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Quando algo se torna sucesso, dificilmente as pessoas param para pensar qual a causa desse sucesso.

Vou pegar como exemplo o caso da série televisiva House. A série trata do dia-a-dia em um hospital que possui uma particularidade, um médico cuja função é diagnósticos. Sua equipe é uma espécie de swat médica agindo nos casos que nenhum outro médico consegue sucesso. Até aí, ínumeras séries de tv ambientadas em hospitais ou envolvendo médicos mostram as mesmas situações em termos de enredo. O diferencial de House está na personalidade do personagem principal que é tão grosseiro que chega ao ponto de tornar sua visáo de mundo (todos são idiotas, menos ele), charmosa.

É obviamente irresistivel se pegar pensando como seria bom ser como ele, sem papas na lingua, falando e fazendo o que dá na cabeça e fazendo da vida dos outros ao redor um verdadeiro passeio no inferno; e é claro com sucesso profissional e dinheiro no bolso suficientes para justificar a personalidade absolutamente detestável.

É por conta dessa atração pelo anti-herói que frases e idéias elocubradas pelo personagem viraram mensagens em botons, redes sociais, blogs e por ai vai; tornando suas digamos assim idéias mensagens a serem consideradas.

Eu gosto da série como centenas ou milhares de outros, mas não podemos desperceber que House é um personagem fíctício.

Sua digamos assim visão de mundo, uma vez praticada por alguem de carne e osso, o tornará o mais miserável dos homens, porque o resultado prático que ocorre com o personagem, solidão e tristeza é o que ocorre na vida real e nem sempre temos a disposição um Dr. Nelson disposto a ser saco de pancadas do amigo servindo de consciência do mesmo, vez após vez desconsiderado mas estando alí como uma espécie de muleta existêncial.

Tem gente que afirma porque gostamos do House mas não suportamos pessoas como ele na vida real e ao fazer a afirmação as pessoas respondem a questão. - Porque House é ficção e sendo ficção enxergamos aquilo que as vezes gostariámos de fazer mas que convenções sociais, ou códigos religiosos ou a própria formação impedem que façamos.

De resto, a formula é antiga. House é Sherlok Holmes e Hercule Poirot travestido de médico e não detetive particular. Dr. Nelson é Watson e Cap. Hastings travestido de amigo associado.

Os dois personagens fizeram a fama e a fortuna de Arthur Conan Doyle e Agatha Christie respectivamente, e ambos os personagens estão em House dimensionados, embora Sherlok Holmes esteja praticamente por inteiro com o uso da bengala e o vicio, que em Holmes era de cocaina e em House é em remédios para dor.

Divirta-se amigo leitor com as peripécias do Dr. House, mas evite transformar suas falas (tiradas de um roteiro, diga-se), em norte filósofico ou ideológico de sua vida. Você sem dúvida será uma pessoa pior, até porque a genialidade que Holmes, Poirot e House ostentam que de alguma forma suaviza seu caráter, dificilmente existem na vida real.

Você, meu amigo, do jeito que é, é muito mais interessante de se conviver do que com House, se de verdade fosse.






4 comentários:

Luiz Brasileiro disse...

Parabéns pelo texto; bom do começo ao fim.

Marco Aurélio Fedeli disse...

Grato pelo elogio, Luiz. Mas ele só ficou bom, porque vocês exigem o melhor. Pode-se até não concordar com a minha opinião ou análise mas ela precisa ter algum respaldo se eu quiser ter esse tipo de retorno.

Abraços

PS finalmente pude conheçe-lo pela foto do avatar.

Luiz Brasileiro disse...

Caro Marco Aurélio, suas últimas postagens são de qualidade inquestionável, do meu ponto de vista.

Em minha percepção a programação visual de seu blog ficou muito "cinza", antes estava mais leve, arejada, mesmo sendo sóbria, como é seu estilo. Minha sugestão: encontre o meio-termo; mas se você me perguntar onde está este ponto intermédio eu também não sei.

Abração.

Luiz Brasileiro disse...

Marco Aurélio, ficou muito boa mesmo esta apresentação do blog. A impressão é que tudo ganhou movimento, otimismo...