sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Efeitos da crise na economia real

É sempre assim. O presidente faz seus pronunciamentos "otimistas" e tem sempre uma parcela da população que não entende o discurso pelo que realmente é; uma visão otimista de uma situação ruim para evitar pânico e manter a imagem pessoal. Preferem adotar o discurso no lugar dos fatos. Vai daí, alguns afirmarem acreditar que a crise é realmente só uma marolinha enquanto na Europa e EUA é um tsunami de proporções assustadoras. Pois é!

Alguns animais agem como manada exatamente assim. A manada fica sossegada enquanto o líder do bando estiver pastando sossegadamente. Pode até ter leões em volta, mas enquanto o líder não se mexer, ninguem se mexe. Entretanto o líder na hora de perigo, o tal macho alfa, corre feito um alucinado e a manada sem saber o porque, sabe apenas que precisa correr junto. Para trás ficam os velhos, os filhotes e os doentes que não conseguem acompanhar a histérica corrida e que acabam virando comida de leões e hienas. É o circulo da vida? Sei disso! Triste é ver o processo se repetir no cotidiano dos homo-sapiens como se meros herbivoros fossemos não dotados de inteligência superior.

A crise chegou no Brasil como chegou no resto do mundo. Com a diminuição do valor das matérias-primas por exemplo, empresas como a VALE, que produz minério de ferro e a PETROBRÁS, que produz petróleo, apenas para ficar nos exemplos maiores, tiveram perda de rentabilidade nos seus negócios, precisam rever investimentos e claro cortar custos. A estatal já decidiu; irá cortar gastos com cartões de natal e irá segurar por enquanto as "importantes" contribuições que faz para a cultura e esporte. Já a VALE, privada e com custos já enxutos, precisa cortar gordura nos salários pagos a pessoal administrativo e dando férias coletivas para o pessoal operacional. Se as grandes sofrem esse solavanco dá pra imaginar o impacto nas médias e pequenas empresas?

Ou alguem acha ingênuamente que só porque o presidente faz esse tipo de discurso, o resto do mundo paga o preço baixo pelo minério de ferro, apenas se não for do Brasil. Se for, o preço é o antigo? Ou o barril de pretróleo despencou para 50 ou 60 doláres apenas para a OPEP, mas para a Petrobrás se mantêm a mais de 100 dolares?

O aumento do desemprego é obviamente um dos efeitos da crise no Brasil.

Outro efeito é a cotação do dolar. E esse afeta custos, preços e tarifas públicas. A CPFL por exemplo, para uma de suas distribuidoras, a Piratininga que tem sua área de concessão abrangendo parte do interior de São Paulo e a Baixada Santista teve aprovado um aumento tarifário de 15% a partir de outubro. Dá pra imaginar qual será esse aumento em Outubro de 2009 com o aumento do valor do dolar como está sendo. (lembro que a cotação do dolar influencia métricas de medição de inflação, custo de vida e que são usados nos pedidos de aumentos tarifários).

Segue trecho de reportagem da folha demonstrando o impacto da dança do dolar:

Dólar a R$ 2,50 - Indústrias perdem referência para planejamento
Por Fátima Fernandes, na Folha:
A forte oscilação da taxa de câmbio está dificultando a formação de preços e o planejamento das indústrias para a compra e a venda de produtos.
"Os empresários estão atordoados com essa variação tão brusca do câmbio. Não sabem que dólar usar para comprar e vender", afirma Julio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
A volatilidade do câmbio, segundo ele, também dá a sensação de que o Brasil foi muito afetado pela crise financeira internacional, o que não é bom para as empresas e para o país.
"Também difunde a idéia errada de que existe perigo inflacionário e que, por isso, as taxas de juros devem ser elevadas."
Os empresários começam a rever listas de preços e "tem início forte desgaste nas negociações entre fornecedores, indústrias e lojistas", afirma Humberto Barbato, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica). Se a taxa de câmbio ficar nos níveis atuais, ao redor de R$ 2,50, diz, "certamente haverá aumentos de preços, não já, mas no ano que vem".






Nenhum comentário: