sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A petrobrás diante da crise II

Dizer o quê?

É óbvio, comum, natural e esperado que um empresa que está acostumada a captar recursos no exterior com juros muito pequenos seja obrigado a buscar recursos nos bancos nacionais de seu principal acionista, no caso o estado brasileiro para cobrir suas necessidades.

Ora, se a Vale, privatizada pode obter recursos do BNDES bem como a Oi e a Brasil Telemar para se fundirem também podem, qual o problema do Petrobrás captar dinheiro na CEF (e foi na CEF, porque o BB não poderia ceder tal volume de dinheiro, já que em outubro já havia feito um empréstimo), sendo que o processo de financiamento foi com taxas normais sem subsídio?

Pois é! Nada demais. Tinha mais que ir atrás do dinheiro, porque a opção, ficar com o caixa a descoberto e não cumprir as obrigações seria pior ainda.

O que chama a atenção nesse caso é:

a) a capacidade da empresa de não antever o preço de seu principal produto adequando seus custos a uma flutuação do preço. Se você considerar que o preço do barril foi de mais de 150 doláres para 50 dolares, isso é ótimo para quem compra oléo mas péssimo para quem o produz não é mesmo? E a Petrobrás produz o quê? Pois é!

É de se perguntar o que uma empresa do tamanho da Petrobrás faz em termos de gestão, para de uma hora para outra perder seu fluxo de caixa. É nessas horas que se percebe que até mesmo uma empresa gigantesca como a Petrobrás, mesmo com ações negociadas em bolsa e milhares de acionistas padece de problemas similares a qualquer estatal. E denota-se isso quando se lê no post abaixo quais as medidas que a Petrobrás resolveu tomar para adequar seu caixa:
- Paralisação da contratação de consultorias (e isso nos remete aquelas consultorias que deram um land-rover para um certo petista e esse depois que caiu em desgraça montou uma empresa para prestar serviços para quem? Adivinhou hein!!);
- Corte nos patrocinios (É realmente impressionante que com tanta verba para patrocinios culturais e esportivos, a empresa tenha que correr para pegar empréstimos para pagar impostos. Fica a dúvida se questionados, os acionistas permitiriam esse verdadeiro sorvedouro de dinheiro);
- Fazer uso de teleconferência ao invés de viagens (outra coisa impressionante. Uma empresa reconhecidamente tecnológica deveria ter como meio comum de comunicação, até por conta de seu tamanho tais tecnologias e no entanto só agora resolve-se preferi-la a preteri-la como se fazia?);
- Diminuir custo com presentes. Sinceramente, cortem a zero. Estamos em crise, não estamos? Ninguem precisa ficar distribuindo presentes de final de ano tendo a corda no pescoço. Todos entendem e os acionistas agradeçem. Estejam certos!!

b) Outra coisa a chamar a atenção é a motivação dada para correr em outubro ao BB e agora à CEF. Pagar impostos.

Claro, sou um completo idiota, por isso me corrijam se estiver errado:

1. O estado, representado pelo governo de plantão recolhe impostos da Petrobrás, cujo dono em grande parte é o próprio estado;
2. O estado, representado pelo governo de plantão empresta para a Petrobrás, atráves dos bancos BB e CEF , bancos que possuem como dono esse mesmo estado;
3. O estado, representado pelo governo de plantão recebe o dinheiro dos impostos da Petrobrás que foi pago com o dinheiro que o governo de plantão emprestou via BB e CEF;
4. O estado, representado pelo governo de plantão receberá o IOF dessa operação;
5. A Petrobras paga os impostos para o estado e irá pagar para o estado, já que o mesmo é o dono dos bancos, os empréstimos e os juros;

Se a empresa estatal se vê sem fluxo de caixa, mas com certeza é credora do estado em outras operações, por exemplo a Eletrobrás que é uam estatal compra oléo diesel fornecido pela Petrobrás. Não seria o caso e o momento de optar por encontro de contas, o famoso escambo, já que é a mesma casa?

Porque operações tão vultosas com juros tão altos para pagar...impostos? Sinceramente, qual o juros cobrado por um atraso de pagamento de impostos? Serão mais altos que os juros praticados pelo BB e pela CEF? Não estou dizendo que a Petrobrás deve dar calote mas convenhamos.

E olha que a Petrobrás afirma que não irá mexer um milimetro sequer dos investimentos programados incluso o oléo pré-sal.

Como é possivel que uma empresa séria como a Petrobrásque não consegue cobrir seu fluxo de caixa do mês não reavalia seus investimentos no futuro?

Empréstimos para pagar impostos?

2 comentários:

Francisco Castro disse...

Marcos, eu estava dando uma lida em suas análises, principalmente nas duas últimas postagens, e as achei muito bem feitas e coerentes.

Parabéns e continue assim.


Um grande abraço

Marco Aurélio Fedeli disse...

Agradeço o elogio bem como o incentivo, fique a vontade de continuar visitando o blog. A casa é sua.

retribuo o abraço