segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Pacote de ajuda financeira é rejeitado pelo legislativo americano

29/09/2008 - 15h22

Câmara dos EUA rejeita pacote; Bovespa chega a interromper atividade

Da Redação
Em São Paulo
Texto atualizado às 16h20

A Câmara dos Estados Unidos rejeitou nesta segunda-feira o pacote de socorro ao setor financeiro por 228 votos contra e 205 a favor. Para aprovação, seriam necessários 218 parlamentares favoráveis.

Em conseqüência, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu mais de 10% e teve suas operações interrompidas, voltando a funcionar depois de meia hora.

Segundo informações da Casa Branca, após o anúncio da rejeição, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que ficou "muito decepcionado" e confirmou que se reunirá ainda nesta segunda-feira com seus assessores para determinar os próximos passos a serem dados.

Congressistas dos Estados Unidos haviam anunciado no domingo (28) que chegaram a um acordo sobre como seria o socorro do governo ao setor financeiro, informação que agora se mostra incorreta.

Ainda que as discordâncias entre parlamentares fossem nítidas, a rejeição à proposta pega muitos investidores de surpresa, uma vez que há um consenso entre os legisladores americanos de que é necessária alguma medida significativa contra a crise.

Instituições financeiras dos Estados Unidos passam por seu pior momento desde a Grande Depressão, ocorrida no final da década de 1920 e nos anos de 30.

Por terem grande liberdade de atuação, bancos americanos investiram fortemente em papéis ligados a empréstimos hipotecários de alto risco. Os títulos foram sendo repassados de uma instituição a outra, aumentando o número de bancos expostos a esse risco.

O aumento da inadimplência nos empréstimos hipotecários provocou fortes perdas nas instituições expostas a esses títulos. Os papéis se tornaram ilíquidos, ou seja, há pouquíssimo interesse dos investidores em comprá-los devido à incerteza em torno do seu valor real.

O debate sobre o salvamento do setor financeiro gira em torno de o que fazer com esses títulos e como evitar que, futuramente, ocorra novamente esse problema.

Nas últimas semanas, o governo dos EUA teve que resgatar grandes instituições, como as duas maiores empresas americanas que operam títulos de créditos imobiliários (Fannie Mae e Freddie Mac).

Outros bancos em dificuldade acabaram sendo comprados por instituições privadas. O Merrill Lynch foi adquirido pelo Bank of America; o Washington Mutual, pelo JPMorgan Chase; o Wachovia pelo Citigroup.

O pacote de socorro serviria apenas para apagar o incêndio financeiro nos EUA. Para remover de uma vez os escombros e reerguer o mercado com segurança, analistas têm defendido novas regras de regulação do setor.

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