sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Deitado em berço eterno...

A bola da vez é o Equador, que a pretexto de demonstrar força e nacionalismo ataca uma empresa brasileira.

Uma empreiteira das grandes, diga-se de passagem.

Claro, a palavra "empreiteira", costuma resultar no aparecimentos de calafrios e nos piores sentimentos que afloram à mente, por conta de nossa memória coletiva já que "empreiteiras" sempre estão vinculadas a escândalos, crises, denúncias, etc.

Mas não é possivel entrar no mérito da questão, se a empresa cometeu erros ou não, porque não possuimos os dados necessários, não é mesmo? Mas a ação do governo do Equador, proibindo sair do país ou o uso das forças armadas lembra muito outros movimentos de "força" contra o imperialismo "brasileiro", não é?

De concreto o que temos, conforme noticiado na imprensa?

A empreiteira usa recursos públicos, por conta de empréstimos do BNDES para a execução de obras de infra-estrutura no Equador. O dinheiro foi depositado para uma empresa equatoriana que obviamente deve ser sub-contratada da Odebrecht; e o acordo de empréstimo envolve tanto os estados, que os bancos centrais dos respectivos paises são fiadores do empréstimo.

Tivesse a empreiteira tomado recursos, sei lá, do Banco Mundial, do Citibanck, do Bradesco; ninguem tinha nada que ver com isso e ela que se vire para acertar a situação e pagar o empréstimo.

Mas não foi o que ocorreu.

Para alimentar a política e projeto da integração sul-americana, o dinheiro veio de um banco público. Sendo dinheiro público, já que o BNDES lida só com recursos públicos, ora diretamente do tesouro, do FAT, etc; o estado brasileiro, posto ser o controlador do banco, deveria chamar as falas o governo do Equador.

É uma questão de respeito ao contribuiente. Afinal, pelo menos em teoria, os impostos são pagos, e uma parte dele são transferidos para o BNDES, para serem usados na melhora das condições de vida do cidadão brasileiro e não para construir usinas ou aeroportos em outros paises.

Não precisa declarar guerra, é obvio, mas demonstrar a devida indignação com a coisa toda, ainda mais se a "coisa toda" tiver quase unicamente o componente de ser ação eleitoral.

A atual idéia do presente governo de que o Brasil por ser grande deve aguentar com benevolência a pancada dos paises menores leva a uma situação similar a do garoto grandão no colégio que é impedido pelos pais de brigar para não machucar os menorzinhos e que acaba sendo alvo de pancadaria de todos, já que é o "grandão bobão".

Querem exemplos? O estado brasileiro:

1) Tomou uma pancada da Bolívia que usou o exercito para tomar as refinárias da Petrobrás, e condescendeu em tudo, inclusive no preço de ressarcimento baixo pelas refinárias;
2) Toma pancada da Argentina cada vez que a mesma reclama, exigindo salvaguardas de produtos brasileiros no mercosul, que teoricamente deveria ser um tratado de livre-comércio, mas vê seus pedidos sempre negados e aceita subservientemente;
3) Toma pancada ou já começa a sentir a ardência no lombo, pelo Paraguai que quer porque quer, receber mais por algo que não produz ou não usa, no caso a energia de Itaipu, e a reação é sempre a mesma, "ajudar os pequeninos";

Enquanto isso;

O governo brasileiro "reclama" da quarta frota americana no atlântico, que navega em aguas internacionais, mas não abre o bico reclamando dos exercicios da marinha russa com a venezuelana, como se o Caribe fosse ali em outro planeta e não praticamente no nosso quintal.

Enquanto isso (II);

Alguem ouve falar em estreitamento de relações com Peru ou Chile que estão crescendo econômicamente e sem as palhaçadas nacionalistas e tacanhas? Pois é!

Enquanto isso (III);

As empresas de um homem só, as prestadoras de serviço e autônomos como dentistas, advogados, contadores, etc; terão que pagar cofins e retroativo a cinco anos. No Brasil, a grande maioria dos empregos são mantidos por pequenas e médias empresas que são sufocadas por tributos em cima de tributos para que os serviços públicos sejam equivalentes ao tratamento dispensado aos animais em zoolõgicos quando muito e dinheiro seja jogado em ralos de desperdício ou perdido frente a "manha e beiços" dos pequeninos.

Pois é, o deitado em berço explêndido alusão ao continente americano precisa ser alterado para deitado em berço eterno. É a sindrome do "João Bobão".

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