sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O caso Sto André III

Arnaldo Jabor em sua crônica diária alega que o tiro disparado em Eloá, a menina morta em Sto André não foi disparado só pelo jovem sequestrador. Fazia uma óbvia alusão à sociedade. Somos todos culpados, porque ele é fruto dessa sociedade violenta. Olha, mais um pouco e sobraria até para o Bush e a sua aceitação da tortura em Gantânamo.

Olha! chega a me dar enjôo de estomâgo cada vez que ouço um desses, como direi, intelectual, socializando os erros que são pura e simplesmente de um indivíduo e individualizando os acertos de todo um grupo. Mais do que enjôo, dá raiva esse tipo de argumentação idiota.

O jovem em questão é uma vitima? Para chegar nessa condição, seria preciso que estivesse sob opressão de uma força maior que o fizesse objeto de sua vontade contra a dele, certo? Analisemos então a situação.

Pobreza: trabalhava para ajudar a familia e de fins de semana tinha um segundo emprego. Ele é um vítima por isso? quer dizer que qualquer que precise ajudar a sustentar a familia está autorizado a cometer ato ilícitos, então? Quantos estão na cadeia por conta disso? E os "trouxas" que na mesma situação não compactuam com a idéia do criminoso, do ilícito?

Se o argumento que pobreza leva ao crime o argumento na direção oposta também deveria ser verdadeiro, qual seja "a riqueza conduz a honestidade a temperança". Ora, basta lembrar a quantidade de "milhões" envolvidos nos, sei lá, ultimos três escândalos e percebe-se que que essa argumentação não é verdadeira, logo a mesma no sentido oposto igualmente é errada.

Existem dezenas de casos registrados de profissionais humildes, garis, achando carteiras e documentos e devolvendo sem faltar um centavo aos donos. Já alguns milionários são incapazes de fechar um negócio de forma honesta, sem propina, caixa 2 etc.

Pouco estudo: O jovem largou a escola para trabalhar. Sabemos todos pela prática do dia-a-dia que pode se estudar de todas as formas possiveis e imaginaveis hoje em dia. É uma questão de querer e não poder. Portanto se o coitadinho tinha pouco estudo, foi e é uma escolha dele. Até porque sua biografia nos jornais demonstra que tempo livre para baile funk ele tinha. Logo, ter estudo ou não foi uma escolha do jovem e não limitação da sociedade.

Personalidade: Os amigos dizem que o jovem é quieto. A mãe da vítima real, a jovem Eloá, disse que o jovem era dado a rompantes violentos e que era possessivo. Bem, até aí, uns tem a personalidade mais afável, outros não. Isso não significa que o mais afável é bom caráter nem que o menos afável seja também menos confiável. E aqui faço um senão. Se o garoto, a família sabia, era possessivo e não mais namorava a menina, porque cargas d´agua mantinham estreito relacionamento ao ponto dele chamar o irmão mais novo dela pra passear e ele vai?

Outro senão fica por conta da obvia diferença de idade. Como os pais deixaram que um adulto de 19 anos namorasse uma menor de 12 anos?

Outro senão fica por conta da descoberta que o pai da menina é devedor da justiça. Acusado de ser parte de um esquadrão de assassinos. Supondo que seja verdade, isso permite explicar como a família mesmo diante do fato do jovem ser possessivo e violento, não impediu o contato. A violência parece ser um componente comum na vida daquela família e mesmo do bairro em questão.

Polícia: A polícia é vista como errada. É curioso que os "band of brothers" do tempo dos ataques do PCC, incensados pela imprensa, são agora os mesmos idiotas de sempre, usando copos para ouvir pela parede. A visão de que se tratava de um jovem pertubado de "amor" fez a polícia usar bala de borracha. Dá pra imaginar o que teria ocorrido se um snaper tivesse atingido o sequestrador direto na cabeça? Haveria passeatas contra a violência. E se o tiro tivesse atingido uma das meninas? Deus que livrasse o policial, estaria com a ficha suja por pelo menos 10 ou mais anos.

Falei no inicio da fala de Jabor. Foi a mesma coisa quando aquele menino no RJ arrastado por marginais quando roubaram o carro da família. A fala era rigorosamente a mesma desde o presidente até os "intelectuais" de sempre. A culpa era da sociedade que marginalizou jovens que agora mataram outro. Jabor foi na mesma linha culpando a sociedade.

É curioso, mas quando as micros e pequenas empresas dão mais emprego formal que as grandes corporações isso não é resultado da opção pela legalidade do "patrão", do "dono"; mas é resultado desse governo que faz sua parte. Se grassa uma crise, não; uma pandemia de dengue, a culpa é da população que deixa agua parada. Se o país cresce não é por conta da bolha de crescimento que atingiu o mundo inteiro, mas porque deus é brasileiro ou porque esse ou aquele tem sorte. Se o país sofre um crise, crise que todos os paises estão sendo mais ou menos engolfados a culpa é da sociedade consumista ou de "especuladores".

Não foi a sociedade que colocou uma arma na mão daquele marginal. Porque marginal? Primeiro porque resolveu aderia a prática de atos à margem da lei, logo marginal; e também por uma questão de lógica. A arma de quem era? Na entrevista o jovem disse que todo mundo sabia que era fácil conseguir uma arma. Estava claro alí; que a arma tinha sido comprada ou fora emprestada por um bandido, não é mesmo? Se alguem tem intimidade tão grande ao ponto de comprar ou conseguir emporestada uma arma e munição, cai naquela antiga e verdadeiro ditado: "dize-me com quem andas e te direi quem és".

Existem três vítimas nessa história e dois vilões: as três vítimas são a jovem sobrevivente e a assassinada pelas mãos de um marginal. A polícia é outra vítima de seus próprios erros. Já os vilóes são esse sem vergonha e a manada de "especialistas" e intelecutalóides que ousam por a culpa em quem menos tem culpa ou nenhuma; nós mesmos.

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