segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Em tempos de ataques a mulher e ao feminismo...

Alguém, algum dia, vai conseguir me explicar.

Vivemos um tempo em que as mulheres são cada vez mais vítimas de violência doméstica. O feminismo, no sentido da luta para proteger direitos e buscar graus maiores de igualdade está   sob ataque, como se fosse uma coisa da esquerda estúpida a ser combatida a todo o custo.

Mas o que fazem os canais abertos de televisão? Tem uma visão preponderantemente machista e isso se percebe na grade da programação.

Olhando a grade dos canais abertos, percebi algo interessante na programação do período da tarde

Record = novelas
Band = O melhor da tarde com Cátia Fonseca
SBT = Fofocalizando e casos de familia
Rede TV = A tarde é sua com Sonia Abrão
Globo = Filme e reprise de novelas

E daí?

Bem, em primeiro lugar, lembrem-se que a principal, aliás a grande fonte de receita de um canal de televisão são os anúncios e propagandas.

Preços de veiculação de comerciais nos horários fora da denominada faixa nobre são mais baratos e na madrugada, mas baratos ainda, pois se depreende por questão lógica que o número de pessoas, logo possíveis compradores, que assistem televisão nesses horários é muito menor que no horário nobre. Dai a necessidade das emissoras de não "errar" na programação e conteúdo no horário nobre.

Mas o que ocorre no período da tarde nos canais abertos?

Ocorre que há muito tempo, décadas, o horário da tarde é considerado um horário em que as "donas de casa" assistem a televisão. E como se vê acima, com exceção da Globo em certa medida, as emissoras criam programas que "entendem" ser do interesse da "mulher".

Na Band, O melhor da tarde traz culinária, artesanato e reportagens sobre a vida de "celebridades" e tem um grande espaço de merchan ou de propaganda de produtos, em grande parte voltados para mulheres.

No SBT, o Fofocalizando, um programa que, sinceramente, achei deplorável. Se dedica a como o próprio nome do programa auto afirma, trazer fofocas sobre a vida de celebridades e pseudo-celebridades. São 4 a 5 sujeito sentados em um sofá dando opinião sobre a vida dos outros. É seguido de outro programa com casos armados no estilo mundo cão, aonde supostas famílias se expõem com uma irmã e uma mãe reclamando da filha mais velha que é periguete ou vagabunda; ou do marido que não trabalha e vive as custas da mãe...É um show de horrores piorado pelo fato dos supostos filhos, pai, mãe, etc aparecerem em outros programas fazendo outros "papeis".

Na Rede TV, o A tarde é sua com Sonia Abrão é uma espécie de mash-up dos anteriores citados. Trabalha em cima de fofoca sobre celebridades e pseudo-celebridades e reportagens que acha ser do interesse das mulheres. Hoje se dedicou a mostrar celebridades acima dos 40 anos que possuem corpos bem cuidados. Seria interessante ela mostrar celebridades acima dos 40 anos destruídas pelos tempo, não é... É claro, amplo espaço de propaganda para produtos voltados para mulheres. Ahh, ia me esquecendo, esse programa em particular é uma espécie de programa parasita de reality shows, especificamente o big brother da Globo e a Fazenda da Record, discutindo e acompanhando esses como direi "eventos".

Para quem não sabe, boa parte dos salários dessas apresentadores vem de participação nas propagandas.

E é claro, se existe espaço para propagandas e esses espaços estão tomados é porque essas empresas tem retorno do investimento.

E ai é que vem a pergunta. A mulher brasileira, dona de casa, que parece ser o alvo desses programas, realmente só se interessa por fofocas de celebridades, culinária e artesanato?

Porque salvo engano, essa mulher é dos anos 50 a sei lá eu 70, aqui no Brasil. Que passava a tarde fazendo tricô e crochê e preparando o jantar do marido.

Em 2018 acho incompreensível que esses programas tenham tanto espaço.





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