sexta-feira, 5 de março de 2010

Cotas, Raças, Discussões...

Como sou descendente de duas famílias italianas que vieram para o Brasil no começo do século XX, sou classificado como branco. Minha esposa tem em sua ascendência, italianos e portugueses, índios e negros. Logo ela poderia ser parda. Como tem a tez clara também pode ser branca. Em conclusão, minhas filhas não tem direito a cotas nas faculdades porque pela cor de pele fazem parte do grupo que no passado foi digamos assim, opressor.

Conheço um rapaz que tem por volta dos 26 anos. Sua cor de pele atesta que sua ascendência é negra. Ele e seus filhos terão direito a cota nas faculdades porque pela cor de pele fazem parte do grupo que no passado foi digamos assim, oprimido.

Em outras palavras, Robinho e seus filhos, cujo pai ganha atualmente um milhão de reais de salário para jogar e fazer a glória do já glorioso Santos (os leitores corintianos que me desculpem), podem ter passe livre nas faculdades porém minhas filhas não terão.

Dane-se você, talvez alguem pense...você pode pagar! Pois é!...Com enorme sacrificio talvez possa pagar, mas a questão é que o Robinho também pode ou poderá pagar e sem sacrificio algum.

A questão é pagar uma dívida moral, por assim dizer, porque houve a escravidão? Ora seria o caso justissimo de comprovada a ascendência mantida em escravidão, os descendente receberem o direito. Mas não existem registros, alguns dirão. Pois é. Nesse caso a generalização de um direito seja um coletivo prejuizo.

Ademais, uma advogada em reunião pública no STF tratou do caso de forma exemplar e tentarei reproduzir a questão, porque o argumento dela é também o meu, como já expus em postagens anteriores.

Cotas em faculdades são o santo graal das organizações civis porque isso lhes permite certo comando sobre o preenchimento dessas cotas. Afinal, porque não existe a mesma gritaria pleiteando vagas nas estatais e no funcionalismo público?

De fato o que temos, não é um problema de pele mas de pobreza.

Os mais pobres não podendo pagar escolas particulares, fazem uso dos serviços públicos de creches, escolas e colégios. Ai no vestibular competem com os alunos da rede privada melhor preparados. Esses preenchem as vagas nas faculdades publicas e os estudantes oriundos do ensino publico acabam pagando faculddes privadas.

Nesse caso processa-se um mão inversa ao que ocorre nas escolas e colégios do ensino fundamental e médio, porque se as mesmas, no caso público são ruins em termos de qualidade do ensino, as faculdades públicas possuem qualidade de primeiro mundo e a baixa qualidade é detectada nas miriades de faculdades privadas que passaram a existir.

Com isso a população mais pobre ou classe média baixa é prejudicada duas vezes, a primeira com um ensino público deficiente e a segunda quando tem que bancar um ensino privado igualmente deficiente.

Assim a questão das cotas, que ao meu ver deve haver, deve ser para alunos de instituições públicas independente de sua cor, condicionante a renda familiar.

Assim, os mais pobres tem igualdade de condições de competir com os mais ricos.

E não se pode esquecer do óbvio. Se as cotas são para os estudante oriundo da rede publica cuja renda familiar comprove essa limitação economica, as instituições públicas em contra-partida devem cobrar mensalidade dos mais ricos. Porque se as instituições públicas são mantidas pelos governos, o são com o dinheiro dos impostos. Logo a população mais pobre paga para os mais ricos terem aulas. É justo? Não e essa injustiça é independente da cor da pele. Por isso, porque agregar mais uma injustiça desta feita racial?

Nos EUA, foram adotadas as chamadas cotas. Mas se esquecem os defensores das mesmas que lá, aonde foi preciso uma guerra civil para eliminar a escravidão, que até a década de 60 no século passado, havia a segregação entre raças. Tudo, incluso a educação era separada para brancos e negros. Se nem sequer o banheiro público ou uma fonte de agua para beber era compartilhada, o que dizer de ensino superior?

Foram precisos leis, lutas pelos direitos civis e um sem número de mortes para que a segregação fosse eliminada e ainda hoje, existe um rancor de negros e brancos, uns contra outros não necessáriamente por conta da escravidão, mas por conta da segregação, a face visivel do racismo.

Aquo, nunca ocorreu segregação como lá e as escolas públicas sempre foram abertas para os filhos dos brasileiros fossem eles brancos ou negros, mas a qualidade do ensino público decaiu uma enormidade.

O fosse social e economico que separa brasileiros dificilmente será eliminado mas pode ser amenizado com educação de qualidade nas redes públicas e nem estou a falar em ensinar contra racismo. Porque a grade é de tal forma fragmentada com aulas de religião, filosofia e outras coisas que o básico e importante que são português, matemática e ciências são deixados de lado.

É são justamente as coisas que fazem falta nos vestibulares.

Negros e pardos por terem essas cores na pele NÃO são predispostos geneticamente a serem menos inteligentes que outros. Muito pelo contrário. Mas a pobreza e a qualidade do serviço público, essas sim, podem impedir o avanço de alguem, seja ele negro, branco, cinza ou verde.

Enqauanto não se resolverem essas coisas elementares, as cotas se introduzidas irão gerar apenas outros problemas e criar outras formas de racismo.

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