terça-feira, 27 de julho de 2010

FARC's, Venezuela e os chiliques de sempre

O atual líder venezuelano, mais conhecido pelos seus dotes histrionicos do que pela capacidade de governar; tem uma velha estratégia bem ao gosto do populismo sul-americano que é a necessidade de sempre estar em evidência embora essa necessidade muitas das vezes se choque com a lógica.

Mais recentemente, a Colombia acusou o governo da Venezuela de ser omisa em relação as FARCs e que essas possuem bases em seu território. Até aí, venhamos e convenhamos que pouco tempo atrás armas venezuelanas foram encontradas com as FARCs e antes disso, Chaves em um de seus, como chamarei, discursos; identificou as FARCs como bolivarianas, ou em outras palavras, compartilhavam o mesmo código de pensamento.

Assim, qual a surpresa de saber ou ser apontado que esse grupo criminoso possui bases em território venezuelano que vezes sem conta apontou simpatia pelos criminosos ao passo que sempre tratou como adversário o estado e o governo colombiano?

O que é curioso na verdade é a reação do governante venezuelano como se fosse uma donzela inocente diante de um galanteador cafajeste. Se a acusação é falsa, bastaria demonstrar que é assim e no entanto, finge um desagrado como se fosse uma ofensa dar apoio as FARCs que anteriormente receberam todas as loas.

De fato, o que ocorre é que Chaves precisa da imagem de eterno perseguido para manter seu projeto socialista que na verdade nada tem de socialista por muito ter de fascista (suas milicias a lá SA e SS; um empresariado criado a partir do grupo próximo de amigos e aliados, investimentos extraordinários em armas, culto a personalidade, re-escrita da história, censura a jornais quando se declaram em oposição, controle do judiciário e do legislativo pelo executivo, solapamento das instituições com orgãos paralelos similares aos solapados, etc).

Basta uma comparação do discurso de chaves e de Fidel por exemplo, ou dele com Hitler. Troque a eterna acusaçào contra judeus pela acusação perene de chaves contra os EUA, seguindo a receita de Fidel.

As eternas acusações de tentativa de assassinato que vez e outra ele torna pública; a comum tentativa de se ismicuir na politica de outros paises ao redor e por ai vai.

E no fundo quais são os fatos que a turma faz questão de esquecer? Que as FARC's antes de serem um projeto político de tomada do poder, são um grupo criminoso que faz do tráfico de drogas fonte de lucro. Da mesma forma, embora guardadas as proporções; os chefes do tráfico tomam nos morros cariocas a presença do estado e tem sempre alguem a fazer a leitura do vitimismo desses criminosos; da mesma forma, as FARC's se aproveitaram da ausência de estado para ocupar esse espaço e o objetivo, obviamente de seus líderes, ganho financeiro com o tráfico de drogas em suas áreas ocupadas.

Se fosse um mero projeto político, a muito tempo teriam deposto armas, tornando-se um partido politico e tentando ocupar o poder pelo voto. Mas como o interesse é o dinheiro e o chamado dinheiro fácil, posto ser ilícito; se mantem a aura de "guerrilheiros" porque afinal, essa imagem é "boa para os negócios".

Para Chaves seria fácil resolver a questão e se colocar como líder moral da América do Sul, bastando que renunciasse a essas bobagens de bolivarianismo no continente, declarasse publicamente que não apoia as FARC's e mais do isso, colocando suas forças armadas que ele diz serem altamente capazes a serviço da Colombia e acabando com as FARC's. Com isso não haveria mais necessidade de bases americanas na Colombia não é mesmo?

Ocorre que fazendo assim, acaba-se com inimigo imaginário criado pelo governante venezuelano e sobraria apenas e tão somente a sua propria realidade; de um populista nos moldes fscistas que usa os chamados ideais de esquerda para eternizar-se no poder.

Só isso!

5 comentários:

Luiz Brasileiro disse...

Caro Marco Aurélio, vislumbro como um expediente fácil e distante da realidade chamar as FARC’s de traficantes, narcoguerrilha ou outros adjetivos desqualificadores.

Lendo o livro do colombiano Garcia Marquez "VIVER PARA CONTAR" pude constatar como se deu a morte do líder liberal Eliécer Gaitán em 1948, que como se sabe teve consequências funestas para a Colômbia, entre elas a convicção para alguns como o camponês Manuel Marulanda, fundador das FARC’s, de que o caminho da luta armada guerrilheira era a única forma de auto-defesa e de luta política que restava para aqueles que desejavam mudar a realidade política e social da Colômbia.

Os fatos apontam para a constatação de que a violência como instrumento para a solução das contendas políticas faz parte do sistema de crenças de quase todas as lideranças representativas na Colômbia desde a sua independência constatada as inúmeras guerras internas pela qual o país já passou.

O assassinato de líderes sindicais é uma constante na Colômbia, em índices altíssimos, mais de 2.500 nos últimos 10 anos. Isto permite inferir que as relações de trabalho são precárias, não existe capitalismo moderno na Colômbia, pois todos sabem que sindicatos só florescem em economias de livre mercado pois são o instrumentos de negociação e venda da única mercadoria de que dispõem os assalariados, a força trabalho.

Não devemos esquecer, a bem da verdade, que todos os componentes das FARC’s que depuseram as armas e tentaram a luta política eleitoral foram assassinados.

Sem instituições capazes de dirimirem os conflitos pacificamente a Colômbia continua mergulhada em violência e as FARC’s são apenas uma componente destas forças em confronto, nem pior nem melhor. Atribuir-lhe o epíteto "narcoguerrilha" é repetir a propaganda de um dos lados, tomando partido no confronto.

Sequestros, cobrança de "impostos" de traficantes, explosões de bombas em locais públicos, são distorções que a crença na violência provoca e não são atos menos civililizados que o ataque e morte de guerrilheiros localizados em território de país vizinho tal como ocorreu no episódio que envolveu a morte de Raul Reyes e outros guerrilheiros, quase provocando uma guerra com o país vizinho.

Acreditar que viver acuado na selva despido de qualquer conforto que o dinheiro possa proporcionar, sem poder circular em seu próprio país nem no exterior por dinheiro, é desconsiderar o contexto histórico e político da Colômbia.

Já escreveu um jornalista americano que a primeira vítima da guerra é a verdade. A situação da Colômbia só confirma esta máxima pois descontextualizar os fatos é um forma ardilosa de mentira, que não acredito nem repito, para o bem da verdade.

Marco Aurélio Fedeli disse...

Caro Luiz

Obrigado pela sua presença. Obviamente nos posicionamos de forma diferente sobre alguns temas como parece ser o caso. É possivel encontrar um sem número de razões para apoiar, aprovar ou tentar legitimar algo que no cerne é ilegítimo. Que se queira opor-se ao governo que o faça, mas apontar atos errados de governantes na década de 40 ou 50, para apoiar de forma tácita uma luta armada que causa como maiores vítimas o próprio povo não se firma em fatos mas apenas em ideologia.

E seria o caso de explicar o que o tráfico de drogas que vitima centenas de milhares em especial jovens, tem de honrado como arma na luta contra um governo, que salvo engano foi eleito, reeleito e fez seu sucessor.

E não foram as FARCS que sequestraram e mantiveram cativa a senadora que lutava contra a guerrilha a mantendo por anos prisioneira?

As FARCs como opção politica nao se confirmam e por não se confirmar optaram nao pela via democrática mas pela violência.

Esse é o fato. O resto é parolação ideológica.

Por fim é curioso observar como é possivel dar apoio tácito ao uso da violência por parte das FARCs explicando sua gênese na violência de outros, essa sim no caso, condenada.

Quanto a propaganda, me deculpe meu amigo leitor e comentarista, mas se um grupo se declara gueerilheiro (ao meu ver, terrorista), e usa do tráfico de drogas para se financiar, logo eles são narco-traficantes, é obvio que são narco-guerrilheiros, posto darem uma roupagem politica para sua verdadeira intenção que é o controle do tráfico de drogas.

Mas voce tem toda razão em um ponto ao dizer que a primeira vítima da guerra é a verdade. Veja que há escritores, politicos e outros que acreditam piamente que as FARC's são lutadores da liberdade. Fazer o quê?

Marco Aurélio Fedeli disse...

Ia me esquecendo, recebi diversos comentários mas o do Luiz era o único baseado em argumentos, os demais xingamentos puros.

Fazer o quê? Posso não concordar com o Luiz mas suas idéias ajudam o debate e no fim é isso que importa

Abraços, Luiz

Marco Aurélio Fedeli disse...

Comentário enviado por Luiz Brasileiro: (editado)

"...Caro Marco Aurélio não defendo as FRAC's porque não tenho conhecimento suficiente da história deste grupo guerrilheiro, mas o que narro são fatos, ocorrências provadas.

Tenho por método separar fato de interpretação e análise, pois não é correto vender análises, interpretações, hipóteses ou mera opinão como se fatos fossem, isto quando não ocorre a simples calúnia como fazem alguns jornalistas e blogueiros.

Olhando com realismo as FARC's o que vemos é que a relação dela com produtores de coca é explicada por ela como um imposto que cobram sobre qualquer produção existente na área liberada da guerrilha. Até aí nenhuma novidade.

Por se tratar de droga ilícita e prevalecer para a América Latina a a política dos EUA de "War on drugs" os inimigos políticos das FARC's tentam o mais possível descaracterizar a guerrilha como força insurgente e no Brasil tentaram por uso insistente da calúnia associá-la ao PT, como por exemplo fazendo a acusação improvada de que a guerrilha forneceu dinheiro ao partido.

Contudo, o que restou desta história toda é o FATO de que devido aos processos movidos pelo partido os caluniadores estão recuando nesta perfídia...

A guerra ou uso da violência na luta política tem sua lógica própria em uma distorção do que normalmente as pessoas fariam. No caso das FARC's ou os produtores de coca estariam do lado da guerrilha ou estariam do lado do governo pois são uma força considerável para permanecerem fora do conflito. Como é fato notório as FRAC's conseguiram que alguns deles permanecessem do lado da guerrilha.

A história do Brasil ilustra com episódios curiosos este tipo de recrutamento: Virgulino Ferreira, o Lampião, conhecido bandoleiro recebeu do governo federal armas, dinheiro e patente de capitão para combater a Coluna Prestes;...

Obviamente como as FARC's são uma guerrilha de esquerda, no Brasil a direita pseudo-moralista tenta desqualifica-la como sendo "narco-guerrilha", ou simplesmente "terroristas" e outro adjetivos em uma evidente manifestação de apoio ao governo colombiano, qualquer governo.

Sobre a tendência "War on drugs" que sempre amparou a repressão ao consumo e ao tráfico de drogas é importante registrar que desde os anos 90 tem encontrado oposição de uma outra tendência chamada de "prevencionista ou de redução de danos".

A atual lei de tóxicos, Lei nº 11.343/2006, abarca as duas tendências. Quando nada três economistas ganhadores do Prêmio Nobel de economia, lembro-me no momento de Miltom Friedman, já defenderam a total liberação, evidente aderindo à segunnda tendência.

Recentemente FHC se manisfestou também pela segunda tendência, a total liberação, mas como ele está associado...a direita dona dos meios de comunicaçãos deu pouco destaque ao fato.

Curioso é por menos que isto o Ministro Minc foi "queimado" na fogueira pseudo-moralista da direita herdeira da UDN e viúva da ditadura.

Não estou defendedo as FARC's, não tenho motivos e nem conheço a história desta força guerrilheira, apenas separo os fatos das versões, das interpretaçãos ou da mera propaganda. Não gosto de ser enganado.

Marco Aurélio Fedeli disse...

O blogger não permite mexer nos comentários. Só posso optar pela recusa ou pela aprovação. Por isso em respeito ao Luiz que tem sido um leitor constante deste blog, publiquei seu ultimo comentário como meu para que pudesse retirar tres pequenos trechos. Não alteram o sentido do que ele pensa e não que discorde deles em termos, mas para evitar algum tipo de acusação.

Espero que o Luiz entenda e não fique bravo, porque ele tem sido um comentarista de "esquerda" digamos assim, que procura elaborar argumentos e não desqualificação.