quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sobre Belo Monte

Algumas considerações merecem ser feitas:

1- O local é ruim é prejudica a Amazônia e a população que por lá vive.

Venhamos e convenhamos, quem acha isso, deveria viver alguns meses com a população ribeirinha, mas vivendo como eles vivem, sem energia e conforto e depois e somente depois disso, pode voltar para casa e debaixo de um ar-condicionado usar um lap-top e ficar a escrever bobagens desse tipo. Quem conhece o setor de energia sabe que o norte é atendido pelo sistema isolado com usinas alimentadas a diesel, cujo grau de poluição ou contribuição ao aquecimento global agora denominado "mudanças climáticas" é dezenas de vezes maior que uma usina hidro-elétrica.

2- A usina vai privilegiar as industrias eletrointensivas que querem se instalar na região.

Outra besteira. Que se note. Porque os estados do norte e nordeste possuem baixo grau de industrialização, em outras palavras, oferta de empregos mais qualificados? Porque as industrias não tem como produzir sem energia. Logo, se industrias querem por lá se instalar, irão gerar empregos. Ademais, as grandes industrias eletrointensivas são em geral clientes do mercado livre de energia. O que significa que o fato da usina ser construida naquele local e um industria lá se instalar, a energia da usina não irá diretamente para a industria. Porque? Por que a usina permitirá a intregaçào do norte ao sistema interligado. Então a energia da usina irá para o sistema interligado e o sistema interligado é que fornecerá para industrias da região, sejam eles, clientes livres ou consumidores cativos de uma determinada distribuidora.

3- O governo deveria priorizar a energia eólica e a solar, além de bio-massa ao invés de usinas hidroelétricas.

Outra besteira. Primeiro porque o governo dá atenção a essas matrizes. Ocorre que elas ainda são alternativas porque ou não podem forncecer o percentual de energia necessária ou porque dependem de fatores geográficos que não podem ser controlados ou porque o custo dos equipamentos para montar esses tipos de usinas ainda é muito caro.

Seria interessante por exemplo, aproveitar o sol inclemente do agreste para montar uma gigantesca usina solar. Existem exemplos bem sucedidos desse tipo de empreendimento na Espanha. Ocorre que o custo de montar um usina dessas que depende basicamente de espelhos e tubos de vidro especiais, depende tamb[em de uma rede de transmissão para interligar o sistema. Quanto a usinas eólicas, existe uma planta bem sucedida no Nordeste mas a planta instalada no Sul ainda fornece uma energia cara e sua capacidade porque os ventos no sul são menos intensos, está abaixo da capacidade da mesma.

Isso signfica na prática que a energia produzida em sistemas alternativos é mais cara que a energia produzida por recursos hídricos. É simples assim.

Se a geração possui um custo muito alto, as distribuidoras irão impactar suas tarifas para seu consumidor final.

E ai alguem lembrará agora da bio-massa. Essa já teve apoio pelo programa proinfa e essa energia tinha um subsídio de 50% na taxa de transmissão, além da compra obrigatória pela Eletrobrás se o gerador não tivesse clientes para sua produção. Alguem é ingênuo de achar que esse desconto de 50% no proinfa foi pago pela Eletrobrás do proprio bolso? Saiba o leitor que em sua fatura de energia existem mais de 20 tributos inclusos e alguns deles para financiar esse custo da Eletrobrás.

Portanto, amigo leitor, não existe mágica ou panacéia nesse assunto.

3- O leilão é um sucesso e demonstra o acerto do governo em relação ao anterior.

Ledo engano. E não estou eu aqui a criticar de forma simplória que o BNDES financie 80% da construção ou que a Eletrobrás seja sócia do empreendimento.

Nesse aspecto, o BNDES está ai pra isso mesmo, pelo menos em tese e colocarem a estatal de eletricidade no jogo é o mesmo jogo ou prática de colocarem a Petrobrás como partner dos projetos relacionados ao pré-sal, queiram as empresas ou não.

O que ocorreu é que a explicação dada é ridicula.

A Eletrobrás é a vitoriosa não importando que consorcio ganhasse o leilão; e as empresas, em sua maioria empreiteiras que estiverem no consorcio vencedor serão as empresas que construirão a usina. Em outras palavras, o governo poderia ter aprovado a construção da usina pela Eletrobrás e essa através do processo licitatório como determina a lei, escolheria a ou as empresas que construiriam a usina.

Mas optou por uma pantomima de leilão, no qual as empreiteiras pagaram para fazer parte de um consorcio e com isso, o beneficio de construir a usina e ainda participar dos lucros da mesma.

Depois reclama da privataria do governo anterior, que aliás, mais uma vez teve uma vitória na justiça declarando que a privatização da telefonia (que também contou com fundos de pensão e financiamente do BNDES), correta e plenamente legal.

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