segunda-feira, 14 de julho de 2008

O caso de Dantas e companhia limitada

Acompanhei, como de resto, o país todo; o caso da prisão do empresário Daniel Dantas e companhia limitada.

O que entendi da confusão toda: As partes publicadas nas revistas semanais e nos jornais, permite deduzir que os motivos alegados para imputar crimes aos personagens presos necessitaria ou de maior embasamento comprobatório ou alteração nos motivos alegados para elementos mais críveis.

1) Sobre Dantas, é aquilo que se falava, uns mais outros menos sobre o sujeito, embora a questão do suborno, que é a parte realmente mais séria da acusação, sofra algumas ressalvas. Explico: Qualquer um que pretendendo se livrar de uma multa, de um processo, sei lá, que ofereça para tanto a famosa cervejinha pra autoridade policial é presa em flagrante delito. O que acho estranho é a gravação sem som de uma cena na qual os policias dizem que ocorreu a oferta de propina. Qual ligação existe entre a ação filmada (um encontro em um restaurante), e a oferta de propina, açao eminentemente verbal? Ahhh!, mas o fulano reconheçeu que fez a oferta. Tá certo, mas quase todo mundo sabe que o que é dito frente as camêras no momento em que o sujeito é preso ou respondendo ao delegado pode ser mudado quando se estiver em juizo. Para sanar e evitar qualquer dúvida, deveria haver o som da filmagem. De duas, uma: Ou a "oferta" foi montada ou o que é mais provável, houve incompetência na hora de gravar o ilícito.

2) Sobre Pitta, veja bem, conversas telefônicas ligam o sujeito ao Nahas porque pediu dinheiro a ele. Pedir dinheiro a um amigo é crime? Acho que não! Essa amizade já vem de longa data ou começou agora? É antiga. Esse dinheiro é fruto de algo ilícito? Veja bem, cabe a polícia provar. De resto me parece que o cidadão, posto estar fora da política por sua clara ineficiência é uma carta fora do baralho, porém marcada o suficiente para dizerem: Tá vendo, demorou mas pegaram!

E agora uma ilação? Porque o tal do Greenhalgh que as tais gravações colocam no epicentro das coisas não teve o mesmo destino de Pitta?

3) Sobre Nahas, é nesse ponto que a coisa vira roteiro de filme B, coisa de esquete da série Agente 86. As acusações são:

a) Gravação mostra Nahas mandando comprar ações da Petrob´ras e interlocutor reclama da perda de valor e Nahas informa que açõe vão subir. Semana depois, avisos da descoberta de petróleo na bacia de Santos elevam o valor das ações da Petrobrás. Qual é a fonte de Nahas na Petrobrás ou na ANP, já que o presidente dela andou soltando notas sobre descoberta de campos que fizeram as ações da Petrobrás subirem de valor? Alguem foi indiciado após a vigorosa investigação que usou os agentes 86 e 99, digo, da ABIN? E a alta do preço do petróleo, motivo real que elevou o valor de praticamente todas as cias de petróleo? Nahas teve algum mérito nisso? Venhamos e convenhamos...

b) Nahas teve acesso dias antes aos números do FED, que permitiu reposicionar suas posições. ALguem precisa avisar o autor do inquérito consultorias americanas acertam 99% das decisões do FED, como aqui no Brasil, os especialistas acertam 99% dos resultados das reuniões do COPOM. Devem ser todos presos? E qual o crime no Brasil, se fosse verdade essa bobagem do FED, que ele tivesse acesso a esse tipo de informação? Qual crime no Brasil teria sido praticado?

Quer dizer que acho todos eles, personalidades ilibadas quase sacras; daqueles que merecem estátua em praça ainda em vida e serem canonizados após a morte? Longe disso, acho que são culpados. É mais ou menos como aquela história do sujeito que não sabe porque tá batendo no outro mas o outro sabe porque está apanhando.

O problema é que esse inquérito, pelo que veio a público serve mais para ajudar os envolvidos a se safarem, tamanha são as bobagens alí depositadas, que os advogados de defesa terão muito pouco trabalho para inocentar seus clientes.

Nem deveria ser preciso lembrar, mas vou, que Collor foi impedido de se manter na presidência, perdeu seus direitos políticos, foi processado e no fim, foi inocentado. Não era culpado? Claro que era! mas as devidas provas conforme manda a legislação não foram claramente identificadas.

A lei que protege canalhas serve na verdade para proteger a nós, os cidadãos comuns, da mão poderosa do estado; senão, estariamos todos perdidos, bastando não dizer amém ao grupo de plantão no poder.

A mesma lei protegerá os envolvidos no caso em questão se as provas e não ilações, achismos, arrepios na nuca forem devidamente apresentados.

4) Sobre o envolvimento da mídia, a parte do relatório que trata da ação da mídia parece ter sido escrita apenas e tão somente tendo por base o chamado dossie VEJA de Luis Nassif, ou o texto apoplético de Paulo Henrique Amorim.

O blog do Nassif no fim de semana, trombeteou partes do relatório que ele disse ter tido acesso, clamando aos quatro ventos que Mainardi e VEJA foram mencionadas no inquerito. Gravataí Merengue no blog imprensa marrom, analisou o post de Nassif e diferentemente da avaliação de Nassif, entendeu que os trechos citam trechos de um coluna de Mainardi como exemplo do que queriam provar que ocorria na imprensa e o relatório menciona outros jornalistas de outras empresas de comunicação. Nassif depois em novo post alega que os citados o foram de forma positiva. A Folha de São Paulo entendeu diferente. Como Nassif responde? A leitura da Folha está errada e a dele correta. Ou seja, Mainardi e VEJA são citados como vilões não citações e os demais como exemplos de contatos normais. A Folha entende que todos são acusados.

O juiz desconsiderou as partes relativas a mídia, tanto que sequer faz parte de seu relatório citações a mídia e não permitiu que uma jornalista da Folha fosse presa. Qual o motivo que queriam a prisão dela? Porque uma fonte, obviamente de dentro da Polícia, deu a fita toda sobre a investigação e ela aproveitando o furo, fez uma reportagem em Abril sobre a investigação. Logo ela foi classificada de estar a soldo de Dantas (como Nassif fez acusando sem provas a Janaina Leite e que por conta disso até hoje é enxovalhada no seu blog por valentes anônimos que a chamam de jornalista vendida, daí pra baixo). E a Globo, que recebeu a dica das prisões e estava lá de madrugada acompanhando as equipes da PF? Seria então vendida aos que são inimigos de Dantas? Esse tipo de dualismo, que existe nos texto de Nassif e PHA seria apenas ridículo, se não trouxessem no bojo, a violência iracunda dos militantes na blogosfera.

Em suma apoio a campanha de Reinaldo Azevedo: Fala, Dantas!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá. O tal relatório já se tornou público; creio que seria interessante você analisá-lo. Pessoalmente, estou interessado em suas opiniões sobre o que nele é dito sobre jornalistas.
Um abraço.

Marco Aurélio Fedeli disse...

Caro anônimo:
Leitores pessoalmente interessados em minha opinião? Desse jeito começo a me iludir, achando que escrevo ou opino bem.
Vou começar a ler o relatório. Está disponivel no Conjur. Aí faço um post.

um abraço