quarta-feira, 23 de julho de 2008

O Caso Dantas,, a Fusão da BrtOi e o governo

Segue o trecho final do ultimo post que escrevi sobre o caso Dantas e a parte do relatório polícial acerca do papel da mídia: "...Por essa razão, parece a mim, um mero leigo, que esse trecho do relatório sobre a imprensa teve fundamento muito mais militante que outra coisa, até porque em tese, os jornalistas citados possuem como ligação: a) a objeção ao processo de fusão da BrtOi e; b) objeção ao governo Lula em maior ou menor grau. O delegado autor dessa investigação e relatório era e é militante o que explicaria a aderência as acusações contidas no Dossiê VEJA, pelo menos no espírito delas ou na sua essência. Fatos mesmos, daqueles contra os quais não há argumento, não encontrei nenhum, muito pelo contrário. Claro, não sou tonto de dizer que não existem jornalistas a soldo de Dantas, pagos por ele ou que defendem seus interesses. O que acho é que esse documento, relatório, inquérito, seja lá o nome que se queira dar não aponta uma única prova de isso ocorra, embora saibamos que possa ocorrer; e deu um atestado aos jornalistas citados, porque as citações em nenhum momento os implicam nem em conduta ílicita muito menos em conduta criminal..."


Porque repeti-lo? Daquele dia em diante, muito foi dito e escrito sobre o assunto. Reinaldo Azevedo analisou certos aspectos e Gravataí Merengue tem feito uma análise profunda dos fatos relacionados. Note-se que os citados blogueiros não são do mesmo espectro político, não comungam das mesmas idéias, mas no caso em questão ambos concordavam sobre o mesmo e central tema: a questão da SuperTele é o cerne dessa monumental confusão.

Passa o tempo, o o trecho final do meu post vem se comprovando. Por exemplo, em minha análise que disse de início ser imperfeita e superficial trouxe atenção ao fato de um email ser usado como exemplo de que Dantas comprava a espaço na midia (o email falava de orçamento), e notei que o emal fazia referência ao ConversaAfiada do Paulo Henrique Amorim. Ora, se ele sempre foi crítico de Dantas, era então jogo de cena, já que o mesmo seria pago por ele? PHA citado obliquamente no relatório como exemplo daquilo que PHA e Nassif tanto acusaram Mainardi entre outros de fazerem? Pois é; Reinaldo Azevedo fez uma análise um pouco mais investigativa e descobriu que o receptor do email era um tradutor. Isso coloca a coisa completamente sobre outro prisma, já que o email solicita orçamento para "traduzir" artigos da mídia. Ora isso é uma situação perfeitamente normal em um grupo que possua muitos interesses estrangeiros, daí a necessidade de tradução, vai saber, para o inglês ou servo-croata, não importa; ou mesmo para municiar ações judiciais. E não se está falando de matérias favoráveis, já que PHA se limita a não xingar a mãe de Dantas e o resto sendo liberado.

Aonde nos leva essa conclusão? Ora, se Mainardi é cooptado por Dantas , porque Dantas pediu para traduzir documentos que ele tornou público; PHA também é cooptado por Dantas, porque Dantas pediu para traduzir matéria que ele escreveu e com um agravante. Dantas solicita a tradução do material que estava em italiano para o portugues e o de PHA de portugues para supostamente inglês. Então o primeiro classifica-se facilmente como busca de conhecimento e o segundo ferramente de utilização. PHA é cooptado ou jornalista-cela? Não me parece. Porque Mainardi então o seria?

A segunda conclusão é que o delegado e sua equipe após 4 anos de investigação, quebraram o sigilo telefônico e eletrônico dos acusados mas não se deram ao trabalho de investiga-los realmente. Apenas coletaram as informações e montaram o relatório guiados pela "ideologia" que baseou o relatório pelo menos na parte relacionada com a imprensa; o "caso veja" de Nassif e as matérias de PHA, talvez as de Mino Carta; embora a metralhadora giratória do delegado tenha atingido até Delfim Neto, colunista da revista de Mino Carta.

Se o delegado e sua equipe tivessem ido além da pura e simples devassa de emails e telefonemas, muitas das alegações poderiam obter uma profundidade ou abrangência maiores do que o até agora exposto, assim como evitaria manchar esse importante relatório investigativo, com discursos ora panfletário, ora ideológico, ora pura e simples bobagem como o exposto acima.

A superficialidade de análise ou argumentação demonstrada na parte dedicada à imprensa, na verdade é apenas o método investigativo empregado. Parte de três pressupostos:

a) Os envolvidos são meliantes, praticantes do ilegal e do ilícito;
b) A fama, merecida ou não, demonstra que a presunção de inocência não se aplica; logo as ações mesmo as de aspecto normal ou do cotidiano possuem uma motivação ilegal, imoral ou anti-ética por trás, e;
c) Tudo que disseram ou escreveram e que foi devidamente coletado possuem a qualidade da veracidade intrinsêca. Explico: As coisa ditas ou escritas são tomadas ao pé da letra quanto a intençõa motivadora. Um exemplo já foi demonstrado acima com o email fazendo referência a texto de PHA. Esse item repete-se nas acusações a Naji Nahas que claramente em seus telefonemas jacta-se de amizades ou acesso privilegiado que não possui ligação com o assunto em sí como por exemplo, jactar-se de que sabe que o FED irá baixar os juros, porque a informação quente lhe foi passada pelo presidente do banco mundial, que nada tem a ver com o FED e mais um detalhe; 99 em cada 100 consultores, jornalistas e especialistas acertou esse mesmo diagnóstico. Qual o grande problema moral nesse caso? A jactância pode ser realmente um defeito de caráter ou falha de personalidade, mas não é crime, não é mesmo? Se assim, fosse, o presidente Lula seria preso tão logo deixasse a presidência por conta dos infinitos "nunca antes neste país" que soltou ao longo de dois mandatos.

O relatório demonstra uma importância real naquilo que está em destaque no inicio deste post. A questão central é a fusão da Brt e Oi.

Pesquisem o arquivo desde blog e venho defendendo e compartilhando a mesma tese defendida por blogueiros mais bem informados do que eu como o Gravataí Merengue, Janaina Leite, Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi. A fusão é ilegal, porque a lei não permite. A lei será alterada pelo governo federal para legitimar um negócio e isso deixará o negócio legal mas não o tornará menos imoral. Porque imoral? Porque os negócios devem se adequar às leis e não o contrário. Quantas vezes não ouvimos dizer que um dos problemas brasileiros é o tal do marco regulatório ou marco legal. As determinações do que pode e não pode ser feito para que os contratos sejam respeitados e haja assim segurança jurídica. Ora se os amigos dos que estão no poder podem alterar as leis para seu próprio benefício, o que impede de estando outro grupo no poder os novos amigos fazerem o mesmo? Qual segurança pode-se ter?

Outra coisa que torna a operação imoral é o fato de ter sido aprovado e liberado um empréstimo gigantesco pelo BNDES, a mesma entidade envolvida em recentes escandâlos de liberação de empréstimos que foram desviados; para a fusão que ainda era ilegal ou proibida pela lei. Anteriormente a VIVO havia ensaiado uma operação dessa e não foi pra frente porque a ANATEL com base na lei não aprovaria. A mesma agência aprovou a mesma ação desta feita providenciando alteração na lei para aprovação do governo federal. Por que não fez isso para a outra proposta? Porque eram empresas controladas por estrangeiros, valendo aí o ideologismo burro ou porque não estavam envolvidos os amigos? Seria pelos dois motivos somados? Claro!

O relatório demonstra que advogados militantes do partido do governo estiveram envolvidos na operação visando favorecer o lado de Dantas que tinha enormes interesses na fusão, cerca de um bilhão deles.

Curiosamente, a militância petista ataca a mídia chamando-a de PIG, tão ao gosto de PHA, Nassif e Mino Carta; porque essa ataca o governo e defende os interesses de Dantas. Enquanto isso, esses mesmos militantes petistas e o próprio governo trabalha de forma a atender os interesses de Dantas; e diante desse relatório nada resta a fazer senão apontar trechos editados do relatório tentando mostrar que estavam certos, quando uma leitura atenta e total demonstra justamente o contrário e que aqueles que sempre foram acusados de defender Dantas, sempre atacaram a fusão da BrtOi enquanto que os que defendiam a fusão se considereram opositores a Dantas.

Perguta-se: Se Dantas queria a fusão quem está a favor dele, os que escreveram contra a operação da fusão ou os que a defenderam? É uma lógica simples, não?

De resto, a blogosfera e a mídia vem noticiando mudanças de comando de investigações, juizes tirando férias amuados e o governo bravo, querendo que o negócio da fusão e claro as ilações quanto ao governo sejam retiradas. Retiradas, sobre o que do relatório?

A exemplo da venda da VARIG, mais um caso em que a mistura de interesses comerciais e governos de plantão, resultam em escândalos e prejuizos ao erário. Afinal não é bom que se esqueça que o BNDES não fabrica dinheiro, mas seus recursos vem do tesouro. O BB que fechou um empréstimo bilionário para a OI é uma empresa pública, leia-se estatal, com ações na bolsa. O marketing do BB é de que o BB é o bando do joão, do andré, do... Se fosse assim, porque os acionistas não foram consultados? Dinheiro público e do público dado com a mão esquerda e depois com a mão direita pelo governo que claro, apesar dos recordes de arrecadação insiste que tem pouco dinheiros e é necessário mais impostos como aCPMF.

No fim, sempre tem aqueles que aplaudem. Nós, ficamos com o papel de palhaço, e AQUELES, recebem o aplaudo da platéia, mesmo depois de terem caido do cavalo.

O que nos resta, além de orar? Oremos!

É isso!

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