domingo, 30 de março de 2008

A questão energética e o exemplo da União Européia

Fala-se em energia e logo se pensa na elétrica até por conta da memória do colapso do sistema gerador no Brasil em 2001.

Obviamente o assunto é mais amplo; entretanto é possivel verificar a importância do tema por conta da falta de informação ou interesse sobre o mesmo que muitos ainda possuem. Certo orgão de imprensa noticiou a pouco tempo que mais de 30.000 empresas funcionavam em São Paulo sem aplicarem nenhuma ação de eficiência energética, como se a energia não fosse um insumo importante, parte vital dos custos de uma empresa e na verdade fosse um presente divino, como o ar e a vida.Se isso ocorre em São Paulo que é o maior centro produtor do Brasil, melhor dizendo, da América Látina, o que não ocorre em outras regiões?

Por outro lado é bom que se frise, que os que mais sofreram na época do racionamento foram as pessoas e empresas que possuiam preocupação com o assunto e haviam aplicado pouco antes do período do racionamento medidas de eficientização. Como resultado, tiveram que cortar na carne enquanto os outros na maioria cortaram apenas na gordura.De lá para cá, existe a propaganda ideológica míope que coloca como culpada pelo "apagão energético" as privatizações feitas no setor durante o governo FHC. O problema desse argumento tosco, mas que infelizmente pegou é que lhe falta lógica; afinal durante o governo da época, o setor elétrico assistiu a privatização das distribuidoras de energia e não das geradoras que praticamente se mantiveram 100% sob controle federal ou estadual. O que ocorreu na época foi falta de chuvas para encherem os reservatórios e a falta de visão estratégica do governo de se antecipar ao problema embora tenha sido rápido e competente para gerenciar a crise. Hoje, o setor energético vive, a mesma falta de visão estratégica vivido no governo FHC, no governo Lula.

O marco regulatório criado para o setor energético foi alterado no governo Lula e esse marco prioriza investimentos estatais, que não ocorrem, permite a ingerência política no setor que antes estava meio que blindado, não deixa clara a ou as regras do jogo para investimentos privados (por exemplo, limita em 20% o investimento privado nas usinas do rio madeira, logo os 80% restantes serão lógicamente supridos pela Eletrobrás, estatal do setor. - isso é incentivar investimentos privados?). Já o programa PROINFA que apoia a matriz energética diferente das convencionais é praticamente pra inglês ver.

O que realmente precisariámos é que o anseio desejado pelo marco regulatório fosse aplicado como fez a União Européia, permitindo que os usuários finais de energia escolham livremente seus fornecedores, como ocorre com a telefonia.

A privatização da telefonia no Brasil e mais do que isso, permitir que o mercado fosse livre sem amarras de áreas de concessão, permitiu que rigorosamente todos os brasileiros tenham acesso a telefonia fixa e móvel e por preços compativeis com sua capacidade de gastos porque quem escolhe a operadora e a tarifa que deseja pagar é o cliente. Foi isso que a União Européia fez com a energia e era esse o modelo que era pra ser aplicado no Brasil e ainda não foi.

Com mercado cativo e uns muito pouco privilegiados que podem optar pelo mercado livre (e esses precisam pensar muito bem em faze-lo, porque os clientes livres tem encontrado dificuldade de contratar energia para 2009 em diante), não existe motivação para buscar efetivamente energia de matrizes alternativas e que possibilitem um custo menor na tarifa (a energia no Brasil é bom que se diga embora possuia uma matriz hidro, possui custo de matriz nuclear).Assim, a cultura da racionalização e da eficiência energética só se tornarão um item básico e não opcional, quando o mercado for livre e os agentes do setor forem obrigados por conta da concorrência a elevar sobremaneira a qualidade e diminuir sensivelmente seus custos.

Nenhum comentário: