quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Carrefour, animais, crimes menores e maiores

Voltei ao blog. E o tema é uma somatória de achismos, erros e verdades incompletas. Em tempos de fakenews, todo cuidado é pouco na hora de ler noticias e apostas em fontes. E o que temos? 1. Uma rede de supermercados que possuem como é natural, um grupo terceirizado de colaboradores: vigilância, limpeza, caixas, etc. Para o público e consumidores pouco importa. Dentro das dependências da empresa ou voce é um consumidor/cliente ou você é um funcionário e se é funcionário voce é a cara da empresa e o que voce faz, na verdade é a empresa que está fazendo. Dito de outro modo, se voce já foi recepcionado por uma caixa nervosa que lhe tratou mal, a empresa lhe tratou mal, porque a fonte pagadora daquela profissional não diz respeito aos clientes. Ok até aqui? - Conclusão lógica: a atitude do vigilante de eliminar o animal, não importa se por iniciativa própria ou por ordem indireta do chefe como se alegou de inicio foi uma atitude da empresa e errou o Carrefour quando de inicio querendo se livrar jogou a culpa no terceirizado. 2. Crimes são crimes. Esse é de pouca monta, por se tratar de um animal. Mas partindo pras hipóteses: E se fosse um crime mais grave, o estupro de uma mulher, o roubo de um veiculo, o espancamento de um morador de rua que tentasse entrar no local para pedir comida? A teoria das janelas quebradas se faz presente aqui. O descaso com a morte do animal, de forma cruel e desnecessária, deixada pra lá, se permite olhar com desdém para outros crimes que possam vir a ocorrer. Não se trata de valorizar a vida do bicho acima do homem, mas ao tratar a vida do bicho sem valor, acabamos relativizando o valor da vida do homem. 3. O Carrefour errou no tratamento da questão. Errou na questão do tratamento de situações adversas quando ficou emitindo notas à imprensa tentando fazer de conta que a empresa nada tinha com aquilo. Errou na questão de treinamento de seu pessoal que não soube lidar com a questão do transito de animais em locais que exigem um mínimo de asseio e limpeza. Errou ao não emitir a ultima nota, correta, desde o inicio. Errou ao não abrir investigação interna e procedimentos administrativos mas aguardar pronunciamentos da policia. 4. Ai começam as boatarias. A fonte menos crível que se pode ter são funcionários da empresa. Por óbvio defenderão a empresa e na era do fakenews, aparecem as bobajadas de que a loja do carrefour fechou, que pessoas perderão o emprego...tudo mentira. 5. Ativistas fizeram campanha contra o carrefour. Em grande parte essa campanha é resultado dos erros da própria empresa, apontados acima. Tivesse agido mais rápido e melhor, as noticias seriam elogios e positivas. 6. Especialistas ouvidos pela revista Exame, ponderaram que clientes mais fieis da loja e aqueles que possuem relacionamento mais forte com animais tendem a boicotar a loja por um tempo. As ações positivas da empresa se ocorrerem e saírem do discurso tendem a reverter a situação. 7. O boicote é legitimo e é a única arma que o consumidor possui. Aqui no Brasil, a população pouco se mobiliza, mas nos EUA e Europa a coisa é levada a sério, mesmo que em alguns casos, seja fruto de ignorância. Querem exemplos? - A Acelor-Mittal anos atrás começou a perder volume de vendas na europa. Como possuía todas as ISO exigidas foi pesquisar o que estava ocorrendo e as empresas que comprovam seu aço estavam deixando de faze-lo, porque seus clientes queriam uma garantia de que não se usava carvão vegetal feito com madeira de arvores em extinção e da amazonia. A primeira ação da empresa foi se encher de paciência e explicar que usavam carvão mineral e não carvão para churrasco. Não adiantou. O volume de vendar só foi retomado quando a empresa gastou alguns milhões para "certificar" que o carvão mineral usado na produção do aço não vinha de madeira de arvores em extinção. - O Santander sofreu pressão de seus clientes por conta do financiamento de uma exposição de arte considerada pornográfica. A pressão acabou quando o financiamento parou. E quando se condena manifestações e a coisa se alinha com a tese de que empregos são importantes e que boicotes e manifestações são erradas? - O caso da cidade de Mariana está aí. A empresa até hoje se recusou a pagar as multas ambientais e as famílias, praticamente a cidade toda foi destruída e nada de ser ressarcida. Boicotes..a tese dos que defenderam que a empresa é mais importante está ai. Ninguem sabe mais o que ocorreu por lá e as vitimas aguardam ressarcimento até hoje.

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