segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A questão da invasão da reitoria da USP

Então tá. Já escrevi a respeito, verifiquem nos arquivos. Quando se fala em USP imediatamente vem a mente a idéia de filhos da elite paulista; gente com dinheiro. Não é bem assim; porque herdeiros de grandes fortunas estudam na FAAP ou na Mackenzie...tá certo; não passaram no vestibular mais concorrido do país e foram para universidades pagas de qualidade? Pode até ser. Mas de fato, a idéia que se tem é de que alunos da USP são oriundos da classe média alta, etc e tal.

O que ocorre é que pais da classe média alta pagam escolas e colégios extremamente caros que se forem aproveitados, tornam seus alunos mais aptos a vencer os dificeis vestibulares associados com as faculdades que compôem a USP. De fato existe ai uma certa perversidade social, porque os alunos de escolas públicas com dificuldades de passar nos vestibulares de universidades públicas, acabam dando com os costados em faculdades privadas que consumirão boa parte de seus salários e de seus pais. De outro lado, os alunos de escolas particulares de primeira linha, passam pelos vestibulares mais concorridos e dificeis e irão estudar em universidades públicas pelas quais não pagarão um centavo sequer de mensalidade. Nessas ocasiões, o papai feliz com o filhote lhe compra o primeiro veiculo, porque o gasto que ele teve com o pimpolho até agora resultou numa faculdade de renome e zero de mensalidade. Naturalmente, o papai também feliz com o filhote que estudou em colégio público talvez venda o carro para ajudar a financiar a faculdade privada do filho, lembrando que essa estória de canudo é importante para o filho ter carreira e por ai vai.

De sorte que os alunos da USP, são na maioria gente oriunda da classe média que não necessita trabalhar para viver e pode se preocupar com coisas como o futuro, o perigo da capitalismo, isso e mais aquilo, a política, isso e mais aquilo e pimba...para mudar tudo que está ai, dá-lhe manifestão e invasão de reitoria, e que é, caso os leitores tenham esquecido, um prédio público.

Olhando com um pouco mais de detalhe, veremos que as faculdades de medicina, engenharia, economia, matemática e por ai vai...estão trabalhando normalmente com alunos vejam voces, estudando e professores dando aula. Logo de onde vem a turminha preocupada que quer fazer valer sua voz? das faculdades ligadas as áreas de humanas, como letras e filosofia.

Ai a coisa fica mais interessante, porque esse é um enclave da turminha de esquerda na USP. Naquele rincão do país dentro da USP, eles acreditam ainda que o capitalismo é uma besta fera destinada a destruir o mundo mas que o socialismo haverá de salvar o mundo do cataclisma, mesmo que na realidade o socialismo e o comunismo tenham acabado por falta de público e de dinheiro na antiga URSS e somente sobreviva na China porque a mesma abraçou o comunismo dentro dela e o capitalismo fora dela.

Enfim, a turminha militante que está lá ocupando a reitoria é formada por gente formidável que estuda a sete anos sem ter se formado, são estudantes profissionais; gente que é incapaz de manter um emprego decente (a julgar que não consegue fazer em sete o que os demais mortais fazem em três); mas se acha no direito de determinar o que é melhor para a vida de toda a população.

E ia me esquecendo, um estudande da USP, desses que são gente séria, trabando de dia e estudando a noite foi assaltado e morto dentro do campus. A polícia fez então o que é sua obrigação e passou a fazer rondas mais frequentes no local. Em uma dessas, pegou três estudantes com maconha. Levou pra delegacia como manda a lei e o delegado liberou os tres idiotas. Ocorre que a turminha da humanas apoiada pelos sindicatos que por lá vivem como parasitas de um bicho enorme e lerdo que não consegue deles se livrar, resolveram que a policia prender pilantra que compra maconha de traficante, ajudante assim o tráfico a se armar e conquistar pra suas fileiras jovens e crianças; é um acinte e por isso fizeram essa palhaçada.

Ainda bem que os futuros engenheiros, médicos e outros não perdem tempo com essa como direi, gente. Mas das futuras crianças, alunos desses futuros professores de letras, filosofia, geografia e história, Meu Deus, tenho pena desses; até porque é bastante provável que irão dar com os costados nas escolas públicas aonde continuarão sendo aquele tipo de professor que é tudo na escola, de militante de esquerda a promoter de festa de ong menos professor.

A policia deve cumprir seu papel e recuperar o espaço público para seu público destinado e se para isso for preciso descer o cassetete na turminha, paciência. A roupa de griffe que ostentam não vai rasgar a toa.






3 comentários:

Luiz Brasileiro disse...

Marco Aurélio, estamos nós outra vez em campos adversos. Exporei minhas razões sem tentar falsificar as suas para melhor combatê-las.

Vivemos em uma República, somos todos cidadãos, com direitos e deveres iguais, igualdade perante a lei e outros direitos e deveres mais.

Entre estes direitos dos cidadãos está o direito de contestarem o que entenderem errado na sociedade ou na estrutura legal do Estado para reformá-la.

Mas você assim parece não entender, seu pensamento expresso neste artigo presta-se para uma sociedade de súditos não de cidadãos pois súditos só obedecem, sem questionar, só têm um direito, o direito de obedecer.

Concluo que seu pensamento é autoritário pois até mesmo "descer o cassetete" nos estudantes você defende, o que evidentemente é a tentativa de justificar a prática do crime de lesão corporal previsto no art. 209 do Código Penal militar.

Você junta uma série de argumentos para amparar suas conclusões, "descer o cassetete", que mais parece com o ardil de ajustar os argumentos da parte contrária para melhor combatê-los, é o análogo à hipótese de se criar um animal com todas as características que justifique o abate.

Vejamos abreviadamente. Quem está contestando são estudantes da área de ciências humanas, de classe média, estudantes profissionais, que não precisam trabalhar - como se precisar trabalhar para custear os estudos não fosse um problema -, maconheiros, socialistas, inimigos do capitalismo.

Analisando estes argumentos parece que só repousa em fatos a prisão dos estudantes fumando maconha, que segundo informação corrente causa menos prejuízo à saúde do que as bebidas alcoólicas e do que o fumo. Daí surge um argumento contra a criminalização do uso da maconha: se o sujeito pode encharcar a carcaça com wisque, com cachaça ou matar-se com seu cigarrinho com mais de 2.500 substâncias tóxicas porque o maconheiro não pode fumar sua maconhazinha? Somos todos cidadãos...

Ademais, usuário não pode mais ser preso, conforme o art. 28 da Lei nº 11.347/2006, não existe mais a pena de prisão para este tipo de crime, para evitar entre outras coisas que a polícia continuasse a praticar o crime de extorsão contra pessoas de classe média.
(continua)

Luiz Brasileiro disse...

(continuação)

Do meu ponto de vista por serem estudantes de ciências humanas é natural que participem mais para mudar o que consideram errado ou passível de mudanças pois é implícito em suas formações acadêmicas que conheçam o tecido social e as classes sociais - como se formam e como partilham o poder -, do que outros que passam a vida acadêmica sem ter lido um livro de filosofia ou literatura e na mais completa ignorância sobre os meios que distribuem o poder e a riqueza.

Será que são todos socialistas? Quantos são marxistas, inimigos do capitalismo? Inicio minha contra-argumentação com o fato de que o que existiu na China, Rússia, Cuba, Vietnam e até no Brasil foi o capitalismo de Estado, com ditaduras totalitárias e participação máxima do Estado na economia. No Brasil a ideologia totalitária era negativa e pautava-se no anti-comunismo hidrófobo.

Não acredito que nenhum dos estudantes que ocuparam a reitoria da USP partilhe desta ideologia. Mas é uma opinião, não é um fato, confesso, constatado que nenhum partido político defende abertamente ditadura e estatização para equacionar os problemas sociais. Marco Aurélio tem opinião contrária e a afirma como se fosse um fato.

E se forem todos inimigos do capitalismo que temos em busca de um outro que considerem melhor? Indubitável que estão no uso de seus direitos, pois o regime democrático abriga com igual respeito opiniões contrárias.

O regime de semi-escravidão em que vivemos - com concentração de renda e de poder só comparável com paises africanos -, legitima todo tipo de contestação, até mesmo o furto, o roubo e a extorsão mediante sequestro, todos crimes contra o patrimônio.

Nesse aspecto considero os estudantes que ocuparam a reitoria da USP os melhores de sua época pois se insurgem contra injustiças num dos países mais injustos do mundo.

Os que sobreviverem psicologicamente e moralmente às calúnias e difamações perpetradas pela direita, depois de passarem por longo aprendizado serão os políticos de amanhã.

Persegui-los e traumatizá-los só deixará espaço para os oportunistas, políticos sem causa, indiferentes às injustiças em que estamos cotidianamente afogados.

Marco Aurélio Fedeli disse...

Não se pode legitimar como um direito à contestação o que um grupelho ínfimo de estudantes, alguns deles estudantes profissionais, daqueles que não se formam nunca mas estão a décadas lá dentro (o que demonstra inteligência para passar nos vestibulares quando jubilados; logo seja inexplicável que um aluno de letras ou filosofia seja jublidado enquanto nos, os meros mortais concluimos o mesmissimo curso com professores formados na usp em apenas 3 ou 4 anos), fizeram ao invadir uma reitoria e depredando espaço que é público, já que a usp é uma universidade pública bancada com nossos impostos.

E ainda que concorde que exista o direito a contestar o que não se concorda, especialmente no que concerne a politicas públicas e a nossa vida em sociedade; essa constestação tem hora e espaço próprio para faze-lo; nas ruas e alterações no congresso nacional.

Invadir reitoria atrapalhando a vida dos alunos que dependem dela e funcionários nao me parece coerente com a dita defesa dos direitos porque essa ação é a negação dos mesmos aos outros.

Existe um obvio uso político do caso, porque várias universidades federais estão em greve; alunos se mobilizam contra a falta de estrutura que universidades federais ostetam e oferecem aos alunos em situação bem distante da propaganda governamental e não vejo ninguem da turminha a esquerda sair invadindo reitoria em apoio a esses alunos, nem saindo em passeata contra essa situação. Mas basta a pm levar pra delegacia tres idiotas que deveriam supostamente estar estudando portando maconha, e o mundo vem abaixo na usp. Convenhamos...

Defendo o porrete sim. E isso não tem nada de autoritário. À policia foi concedido o uso da força conforme a necessidade sob a tutela de governos democraticamente eleitos. Isso serve para o considerado malvado governo tucano em SP como também seve para o beatico governo petista na Bahia ou na esfera federal. Aliás nem seria preciso, mas lembrarei do sujeito que tentou invadir o palácio do planalto e o serviço de segurança da presidencia parou o sujeito com um tiro na perna. Pouco importa nesse caso o direito do sujeito de contestar. Ele não poderia tentar invadir o planalto. Aqui em SP o pm portar um cassetete é autoritarismo imagine se disparasse um tiro? - Como vê amigo, achei certo o cassetete aqui e na época escrevi que achava certo o tiro na perna. É uma questão de defender um principio e não muda-lo a depender de quem está na mira do teclado.

Leia o artigo de novo e verá que não disse que deveriam descer a porrada na turminha, mas se fosse preciso fazer valer a lei e enfrentar um confronto que sabe-se agora podia ser contra coqueteis molotov, não se trata de lesão corporal, mas defesa pessoal e de terceiros.

Essa turminha é sustentada pelos pais. Outros também o são, na engenharia, na medicina então, nem se fala...ocorre que a turminha da esquerda tem seu bastião na área de humanas e não é porque as matérias permitem o pensar, mas porque a ideologia está a serviço da causa e lá é o caminho mais fácil porque fica dificil fazer discurso anti-americano ou pró-cubano abrindo um cadaver na aula de medicina ou calculando ponto de equilibrio de uma ponte.

Sua informação corrente nada contra a verdadeira torrente de estudos que indicam o contrário, amigo. Mas deixo de barato isso; a questão é que a legislação e não importa se é maléfica ou benéfica, proibe o uso dessa droga. Se não concorda, que se faça pressão para mudar o arcabouço legal e pague o preço de viver fora do código caso seja pego. E não culpe ninguem nem peça que policiais livrem a cara por conta disso ou daquilo.

Quanto a ser preso, os tres tontos não foram presos, foram levados pra delegacia e o delegado liberou. Como vê, policiais e delegado cumpriram a lei. Quem descumpriu foi a turminha que usou o evento para invadir a reitoria e reclamar da presença da pm no campus. Reclamar de assaltantes, estupradores e traficantes, nenhum deles fez sequer uma mensagem na web; mas vociferar contra a presença da pm que está ali para protege-los, ai vale tudo? Convenhamos...