quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A questão do aborto na política e a sem cerimônia de alguns fariseus...digo religiosos.

A turminha é realmente curiosa...

Se opovo escolhe a "ungida" de Lula é porque a democracia brasileira é forte, o povo é inteligente, isso e mais aquilo. Se no entanto, o povo demonstra algo diferente do que apontavam "pesquisas", então é porque o povo ou parte dele usa cabresto, seja religioso, seja da malvada mídia que faz "campanha suja".

Afinal de contas, o povo vota livre ou vota encabrestado? Vota livre de acordo com sua formação, logo de alguma forma encabrestado, porque ninguem é realmente livre, mesmo aqueles que se acham libertos sob a égide da teologia petista, se é que me entendem.

No caso concreto, existe um sombra, até que mal aproveitada pela oposição, de mais uma vez se ver a casa civil do governo federal enrolada com casos no mínimo antiéticos. Ao mesmo tempo, o discurso de refluxo, ora defendendo ora recusando o aborto por parte da candidata do governo, fizeram ao que parece a maré mudar de rumo diferentemente do que diziam pesquisas, se é que as pesquisas foram realmente pesquisas, se é que me entendem.

Mas meu objetivo não é a questão política. Mas o aparente fato de que foi a questão do aborto que pegou a campanha da candidata petista pelo pé.

O candidato do PSDB declarou ser contra o aborto. A turminha logo correu a tentar demonstrar que como ministro ele autorizou o aborto mas os tontos se esqueceram de que a portaria assinada por ele, criava o procedimento do SUS para atender o quea Lei Federal já indicava desde 1940, que a concepção resultante de estupro e se traz risco de vida a mãe, pode ser interrompida. A portaria indicava a necessidade de se abrir um B.O e a mãe ficar ciente de que a denuncia falsa do crime, se assim fosse a levaria a um processo judicial. O ministro da saúde do governo petista derrubou essa portaria dizendo não ser necessário o B.O. Por conclusao, bastaria o testemunho da mulher de que fora estuprada para que se proceda o aborto. Seria o caso natural de perguntar qual dos dois ministros foi favorável ao aborto não é verdade?

Já a candidata do PV, que por ser evangélica, naturalmente seria contra o aborto, decidiu afirmar o tempo todo que embora pessoalmente fosse contrária, ela entendia que o assunto deveria ser discutido em plesbicito. Convenhamos que até os peixes do aquário de Santos sabem que, o povo sendo conservador, daria como resposta um grande e efetivo NÃO. Entenderam a razão porque dificilmente um plesbicito desses será realizado? De qualquer forma um posicionamento em cima do muro desse jeito, pode não ser a do gosto do pessoal mas a manteve viva, embora setores religiosos tenham retirado apoio da mesma por conta disso.

Por fim, a candidata do PT, em diversas entrevistas a jornais e revistas, facilmente achadas na internet defendeu vezes sem conta a discriminação do aborto e/ou sua legalização. Agora com a campanha levando esse vento de proa que a impediu de navegar como queria, o que faz a candidata? Declama que sempre foi pró que deu sua vida isso e aquilo... Porque não disse ser contra o aborto? Porque o eufemismo "a favor da vida" que pode significar muita coisa?

Mas ainda não é esse o objetivo do post, porque guardadas as proporções, o que cada um deles pensa e como se relaciona esse pensamento com a política acaba, não sendo o que importa, a meu sentir.

O que me incomoda nessa estória toda até agora, foi a predisposição quase levada ao infinito do líder da igreja universal do reino de deus e dono da rede record que declarou apoio enfático a candidata petista e mais do que isso, sua posição favorável ao aborto.

Impressiona as alegações de cunho sociológico de sua defesa como a idiotice de que uma criança abortada é melhor do que nascer sem problemas e depois ser jogada na rua. O como direi, religioso, entende que entre a prática de um crime e a perspectiva de cometimento de outro, o primeiro é mais nobre. É o mesmo raciocinio, se é que isso pode ser enquadrado como forma de pensamento, de dizer a exemplo de Maluf que um marginal poderia até estuprar mas que não matasse.

Depois resolveu elevar sua opinião à categoria da verdade revelada ao tentar provar que a Biblia apoia o aborto usando um dos trechos de Eclesiastes ou as palavras do Cristo sobre Judas.

Dizer o quê?

Lembrar as palavras do Cristo: "...Ele lhes disse: “Isaías profetizou aptamente a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-me com os lábios, os seus corações, porém, estão longe de mim...É em vão que persistem em adorar-me, porque ensinam por doutrinas os mandados de homens"...Deixando o mandamento de Deus, vós vos apegais à tradição de homens...".

4 comentários:

Luiz Brasileiro disse...

O Presidente Lula chegou ao poder valendo-se de pragmatismo e sem buscar a politização do eleitorado em torno de sua propostas pois sabia que o povo brasileiro devido ao baixo nível de instrução seria e será facilmente ludibriado pela propaganda fascistóide que apela para o medo e para o preconceito, de que ele tanto foi vítima, e invoca até mesmo temas religiosos, como por exemplo, levantando dúvidas sobre o credo religioso de qualquer candidato de esquerda.

O povo é livre depois do fim da ditadura e da pura coação em que esta se firmava. Mas ninguém subestima a força da propaganda mentirosa e fascista, principalmente quando esta utiliza-se da ignorância de uma parcela da população de baixa instrução, do preconceito, de teorias conspiratórias e da repetição da mentira até transformar a versão em algo mais importante que o fato.

Um exemplo de tudo isto é a questão do aborto trazida para o debate político pela mídia golpista que apoia Serra. Esta questão não tem nenhuma importância prática pois sendo o Brasil signatário da Convenção Americana sobre Direitos Humanos mais conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, é impossível a legalização do aborto pela votação de uma lei no Congreso Nacional que venha a derrogar os artigos do Código Penal que o criminalizam, só elidindo a ilicitude em casos específicos.

Prevê o art. 4º que o direito à vida começa desde a concepção, isto é, desde a fecundação do óvulo. A força cogente da Convenção é de status de norma constitucional inserta no Título II da CF, dos direitos e garantias fundamentais, isto é, com cláusula de imodificabilidade. Daí, qualquer tentaviva de se legalizar o aborto votando lei que derrogue os tipos penais incriminadores do CP será considerada inconstitucional, e acredito que o anteprojeto de lei nem sequer passará da CCJ.

Assim, qualquer discussão sobre legalização do aborto nesta campanha tem apenas o interesse de servir à propaganda fascistóide e retrógrada que aposta na ignorância e preconceito do eleitorado.

Outro exemplo de propaganda que tenta valer-se do obscurantismo para fazer triunfar um candidato é o tema do reconhecimento legal dos efeitos civis da união afetiva de pessoas do mesmo sexo. Este tema serve como uma luva para a progaganda da direita obscurantista agitar o preconceito e desrespeito dos direitos de outros cidadãos no uso de sua liberdade sexual, assegurada pelo Código Penal, que ninguém esqueça deste detalhe.

Dizer que esta propaganda claramente retrógrada, com laivos fasciostóides, é suja, é usar um eufemismo, pois é fétida, rasteira ao nível dos esgotos da política dado que se ampara em uma linguagem chula e em mentiras.

Contudo interessante mesmo para efeitos de estudo da gana fascista de desmoralizar adversários políticos e impedir a continuidade das políticas de distribuição de renda é o chamamento a extorsão a fórceps da confissão do credo religioso de candidatos a cargos de um Estado laico.

É muita ousadia e violência, coisa de neointegralistas, querer devassar e violar a liberdade de consciência e crença de um cidadão com a ameaça de usar contra ele a ignorância e o preconceito do eleitorado.

Por ser o autor intelectual da ressurreição dos elementos abrigados nos esgotos da política José Serra será estigmatizado em seu ocaso político como o coveiro das idéias libertárias que esposou na juventude e ele próprio será visto como um cadáver que esqueceram de sepultar.

Marco Aurélio Fedeli disse...

O que não é político, é técnico, valendo-se dos fatos e o político em geral vale-se da percepção.Lula portanto foi o mais político de todos. Propaganda facistoide ocorreu por exemplo em 2006 com a questão da privatização. No quesito aborto, não é uma parcela da população de baixa instrução que o rejeita mas a ampla maioria. A questão do aborto não é algo trazido pela mídia golpista. A questão apareceu por conta da Marina ser evangélica e ela foi questionada se sua fé iria determinar o assunto se fosse colocado a baila. Naturalmente a pergunta se repetiu para os demais e o que ocorreu com Dilma é sua incoerência de afirmar ser a favor ou contra dependendo da situação. Isso foi e é questão de fato e não de gosto.

Quant aos comentários finais, me parece que o meu amigo Luiz replica uma instância repetitiva do Luiz Nassif em seu blog. Ocorre que o mesmo colocou seu portal a serviço do governo e não me parece que suas informações podem ser tomadas como jornalisticas mas militantes.

Luiz Brasileiro disse...

Caro Marco Aurélio, no que diz respeito à questão da privatização em 2006 não ocorreu nenhuma propaganda de tipo fascista.

Sobre as privatizações existem vários elementos embolados que precisa ser separados para um correto entendimento dos fatos e da progaganda.

Primeiro, existem pessoas que de boa-fé têm por certo que a criação de uma estatal é uma coisa boa e necessária para e economia. Militares, principalmente os da "linha dura", foram os que mais defenderam reserva de mercado e estatização desde os tempos de Getúlio; pessoas da esquerda marxista (que não mais existe expressivamente nem em Cuba) são também partidárias desta posição. Para acabar de acachapar, pessoas do povo também acreditam piamente que as estatais são partrimônio do povo. Estas pessoas por convicções políticase e ideológicas são contra as privatizações.

Existem também aqueles que são a favor das privatizações mas questionam a maneira como elas foram feitas, suspeitando de fraudes e enriquecimento ilícito da cúpula do tucanato.

Como em sociedade tudo se sabe, tenho informações fidedignas de que o tucanato se deu muitíssimo bem com as privtizações do governo FHC. Depois das eleições será lançado o livro de Amaury Ribeiro Jr sobre este tema. Aguardemos então, alguns com insônia.

Neste contexto não ocorreu propaganda fascista contra as privatizações, até porque o tema não se presta para manipulações desta natureza pois nenhuma propaganda seja contra ou a favor será inteiramente infundada, o Estado nunca esteve nem estará totalmente ausente da economia, quer regulamentando, quer como agente econômico ou prestando serviços básicos como segurança e justiça.

Outro aspecto do tema é que fascistóides não têm uma posição definida sobre ele: alguns destes criminosos potenciais consideram estatais coisa de comunistas, outros as defendem ferrenhamente tal é o caso dos fascistas da "linha dura" envolvidos com a tortura e morte da esquerda que os enfrentou na luta armada.

O aspecto mais negativo deste tema é a maneira emocional misturada com equivocados apelos nacionalistas que dificultam uma correta compreensão de quanto e onde deve o Estado interferir na economia.

Luiz Brasileiro disse...

No que diz respeito ao aborto, aí sim, a direita baba e os fascistas se deleitam com o potencial de manipulação que o tema enseja. Já começam dizendo que o aborto é um atentado contra a vida humana e que a mulher que aborta é uma matadora de criancinhas, e pior, assassina dos próprios filhos. Igual pecha, matadora de criancinhas, é assacada contra quem entende que nem o Estado deve se meter na vida dos outros sobre decisão tão pessoal: abortar ou não.

Como o assunto comporta alguma complexidade, a propaganda fascista, mentirosa, apela para o pânico e para a ignorância alheia omitindo que não existe uma única posição sobre o fato: quando começa a vida humana?

Na medicina existem aqueles que defendem que a vida humana intra-uterina começa com a fecundação do óvulo. Outros que a vida humana começa com a formação do coração e os batimentos cardiácos, diferentemente daqueles que defendem que a vida humana começa com a existência do cérebro.

Omitem também os fanáticos e mentirosos que somente o nascimento com vida gera consequências jurídicas patrimoniais (art. 2º do Código Civil). Igualmente escondem que a discussão sobre quando começa vida humana é interminável, não podendo nenhuma das três posições dourinárias dar a última palavra senão valendo-se de uma criação humana chamada direito, um mero instrumento de controle social sem nenhum atributo divino.

E pelo direito a questão já está resolvida: o abortamento é crime e a impossibilidade de derrogação dos tipos penais incriminadores é amparada nos Direitos Fundamentais do Cidadão.

Obviamente que o que querem os fascistas da Opus Dei, do clero católico retrógrado, da TFP e dos blog's dos torturadores agitando esta questão não é a defesa da vida, pois se fossem defendê-la não proibiriam o uso de preservativo, que evita entre outras coisas a contaminação mortal pelo virus HIV, bem como seriam veementemente contra os genocídios cometidos por Pinochet e seus asseclas e igualmente condenariam os facínoras argentinos da ditadura militar pois cada uma dessas ditaduras assassinou 30.000 cidadãos de maneira cruel e torpe.

Os motivos morais alegados pelos fascistas contra o abortamento é uma brincadeira de mal gosto pois foi esta corja que sempre se omitiu diante dos crimes cometidos pelos pedófilos da Igreja Católica, alegando a preservação da moral, só pode ser.

Buscar a desculpa em frases pouco esclarecedoras sobre aborto para acusar a candidata do PT de assassina de criancinhas é uma clara propaganda fascista, mentirosa, pois medidas práticas a favor do abortamento foram tomadas mesmo foi por Serra como Ministro da Saúde.

Obviamente que os hipócritas e inimigos da distribuição de renda querem mesmo é manipular a opinião pública difamando e caluniando os inimigos políticos, sendo a verdade apenas mais uma vítima desta corja em sua sanha indecente de defesa da semi-escravidão em que vive mais de 60% da população de um país que é a oitava economia do mundo.