quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Igreja e Dinheiro II

Tem uma meia duzia de pessoas que andou questionando não só a postagem que fiz como o noticiário de um modo geral.

As dúvidas são pertinentes e vale a penas visita-las. Vejamos:

1) Isso tudo é uma briga comercial da Globo para atacar a Rede Record:

Raciocinem comigo: aGlobo iria atacar uma concorrente com mêdo exatamente do quê? Perda de concorrência? O marketing share da Globo é maior que as três outras emissoras somadas. Qual é exatamente a sombra que o concorrente faz nela? Ademais, a Rede Record como asseveram os pastores da igreja, nada tem a ver com televisão, não é mesmo? Não é esse o discurso deles?

Outra coisa. Não se deve confundir causa com consequência. A Globo tá dando espaço enorme para a questão? Pois bem isso é CONSEQUÊNCIA de uma ação da justiça que por sua vez é CONSEQUÊNCIA de ações digamos assim muito mercantis e capitalistas dos pastores da igreja.

Mais do quê ações dos pastores em si, a CAUSA são os efeitos dessas ações.

2) É tudo safado e bandido pegando dinheiro do povo:

Lêdo engano. É discutivel a questão do dízimo ser bíblico ou não. Se existe a obrigatoriedade de doar dinheiro e bens para a igreja ou denominação que frequenta; ou se essa ação deva ser embasada na voluntariedade.

De fato, os membros de uma igreja não só podem como devem cobrir os gastos dessa igreja ou movimento, já que dele são os principais usuários.

Se os pastores da iurd vão como direi, com muita sede ao pote e elevam a prática de arrecadar dinheiro ao estado da arte; isso é uma coisa que precisarão forçosamente prestar contas ao Criador que dizem servir e convenhamos, é problema único e exclusivo do ingênuo que acha que pode barganhar com Deus.

O erro não está na bíblia, no cristianismo, em Deus, etc. O erro está nos pastores que levam uma vida de fausto e patrimônio pessoal invejável desviando recursos que foram doados para as obras da igreja.

3) Coitadinhos dos "crentes", foram enganados.

Outro engano. Os seguidores dessa igreja se deixam levar, o que é diferente de ser enganado. É verdade que quanto mais humilde a pessoa mais crédula ela tende a ser. Mas não deixa de ser interessante perceber que o sujeito que vai lá e dá tudo o que tem esperando um retorno financeiro de origem mística disso, entra na verdade num contrato de risco. Se ele eventualmente ganhar algo, irá reclamar? Só reclama aquele que viu seus sonhos virando fumaça. E no fundo, porquê? O sujeito tem muitos filhos, baixa instrução, sub-emprego, alimentação pobre e por isso mais suscetivel a doenças, usuário dos serviços públicos. Se essa mesma situação estrutural se mantêm após o "acordo" com o divino, porque cargas d'agua o sujeito acha que consegue sair da situação? Por outro lado, que Deus é esse que depende do sujeito dar todo o dinheirinho que tem para o pastor para Ele então dar dinheiro pro sujeito. Que lógica é essa?

Já explico. Baseado na falácia de que Deus é quem chuta a bola permitindo que o Káká faça acordos milionários e ninguem se pergunta por que esse mesmo deus deixa pessoas serem mortas no sudão.

Se "o" deus pode fechar acordos milinários para o KaKa porque não pode fazer a minha lojinha vender mais, não é mesmo?

Pois é! Não faz, salvo se você já tiver talento para vendas e comércio e se empenhar como nunca. Como o KaKa. Ou vai me dizer que só tem ele de evangélico entre milhares de outros jogadores no Brasil e no mundo. Contato com Deus por contato por Deus, todos eles deveriam estar na mesma situação do KaKa.

Por fim, o que importa nessa estória toda é saber se o dinheiro doado para a igreja transformou-se em propriedade privada e receita de pastores. Em empresas comerciais lucrativas. Em conforto e boa vida para os pastores,enquanto as "ovelhas passam fome".

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