quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O caso de Sto André e uma disgressão sobre a defesa

Ainda é cedo pra discutir o caso, mas não posso deixar de comentar o discurso da advogada de defesa do marginal que matou aquela garota em Sto André.

Diz o ditado que contra fatos não há argumentos. O que se notou no discurso da advogada foi uma luta inglória para escapar das garras do bom senso e do equilibrio.

A advogada, tivesse ela mais uma hora para discurssar teria acusado a sociedade brasileira, a colonização portuguesa, o massacre dos povos índigenas, a cristianização forçada do novo mundo, as invasões bárbaras, a queda do império romano. - Impressionante.

O marginal é um sujeito bom, apaixonado até hoje pela falecida, bom moço que não tinha a intenção de matar, que o genio da menina ajudou a selar seus destino, que a policia errou quando invadiu, que a imprensa errou quando noticiou...e por ai foi.

Chegou a lembrar do caso do jornalista Pimenta Neves que durante o julgamento ficou livre mas o coitadinho, ficou preso por ser pobre e portanto bode expiatório da sociedade.

Merece comentários:

O sujeito até poderia ser um bom moço, e não duvido que fosse, posto que gozava da confiança da família; até o momento que entrou na casa armado, fazendo reféns e que culminou na morte de uma e quase morte de outra. Fosse bom moço teria entregue as armas e não estariámos a falar nisso. Do momento que comente um crime ou uma sucessão deles, ele se tornou um criminoso. A advogada pode fazer os rocócós  linguisticos, gramaticais e semânticos que desejar; o que não impede da verdade ser claramente distinguida pelos demais e que são os realmente bons.

Apaixonado por uma pessoa falecida, não cabe a mim dizer se é verdade ou não; mas posso afirmar que o argumento é reciclagem de uma velha desculpa que vez ou outra volta a tona: matou por amor. Os normais e dotados de bom senso, sabem que mata-se por ódio que no caso é a ausência do amor; por ciume que é o desejo doentio da posse; por inveja que é o desejo de possuir o que não é nosso; por ganância que é o desejo de possuir tudo; por doença mental no caso dos psicopatas e outros; mas por amor...pode-se deixar matar, pode-se entregar a vida em sacríficio, mas matar? - Definitivamente não. Seria muito melhor que a advogada eleva-se o nivel do argumento dizendo que o criminoso não sabendo trabalhar seu sentimento de amor o transformou em inveja do suposto namorado, em ganância nao desejando que ela fosse de outro, em ciume doentio levando-o a desejar uma fantasia no lugar da jovem real e que naquele momento estava ele tomado de violenta emoção e não controlava seus sentimentos.

Se ele não tinha a intenção de matar, porque diabos atirou uma vez em cada menina e na cabeça?

O rapaz namou a menina com 19 anos e ela 12 durante dois anos. Ele tinha 22 e ela 15, portanto 1 ano após o namoro, quando resolveu que ia mandar a menina pro saco, por conta do genio dela? - O que pensa um sujeito de 19 anos que começa a namorar uma pré-adolescente de 12? Espera o que dela? Maturidade, que sequer ele possui? - só rindo mesmo!

Tenho un senão neste ponto. Na época escrevi isso em tres postagens e basta peqeuisar o blog para ler (caso de sto andré I, II e III).

O senão é o que diabos tinham os pais da menina na cabeça que permitiram que uma criança de 12 anos namorasse um rapaz de 19, legalmente portanto, maior de idade? - Tá certo que os valores e os costumes mudaram tanto de forma, cor, cheiro e tamanho que a sensação de errado ser o certo e vice-versa é tanta que se fica tonto só de pensar; mas mesmo assim, não é plausivel um rapaz de 19 anos sentir-se atraido por uma criança e os pais dela acharem ok? E mesmo que fosse, caberia aos pais colocar um freio na coisa até a menina possuir mais maturidade.

Quanto a policia ter errado, eu acho que errou em não ter plantado uma bala na cabeça desse idiota na primeira oportunidade que tivesse e se deixado emcabrestar pela midia que acorreu ao local.

Quanto a imprensa; o papel dela é informar, caberia a policia desligar agua, energia, telefone e arrancar os cabos da antena de televisão e colocar musica hardrock pesada na porta pra tirar o sossego do sujeito. Oferecer comida com soniferos ou coisa que o valha e prender o sujeito ou mata-lo. Quando deixou as coisas correrem frouxas, até porque estava lidando com jovens e no momento já se sabia, sem antecedentes criminais, o coisa deu no que deu.

Mas que fique claro, quem apertou o gatilho não foi a imprensa, nem a policia, nem as vítimas mas o sujeito que segurava a arma e podia tê-la largado em qualquer momento.

Quanto a comparação com o jornalista Pimenta Neves, desde o começo ele confessou o que fez, o que não foi muito diferente do caso em questão; mas teve desde o começo advogados que souberam usar a lei. Não parece ser o caso dessa advogada, porque se assim fosse ele também estaria em liberdade, por suposto.

Claro, dirão que ricos podem pagar bons advogados e pobres ficam com o resto. De forma geral isso não é verdade. Ricos podem pagar os advogados famosos e os que possuem relacionamentos. Obvio, um advogado que já foi ministro do STF ou minstro da justiça tem uma experiência muito maior que um advogado de porta de cadeia.

Mas o fato é que a advogada ao afirmar o que afirmou quis dizer que sendo ela uma advogada que um pobre pode pagar, ele está ferrado de qualquer jeito e por isso deveria gozar do mesmo privilégio do outro que pagou advogado caro. Não cabe a ela ser mais competente, mas que o sistema aja de forma isonômica. Seria o caso de perguintar: pra que advogados então, não é mesmo?

O defensor dos Nardoni, perdeu a causa mas não saiu derrotado. Ele honrou a advocacia defendendo seu cliente e lutando para obter uma sentença justa. A defensora desse sujeito, perderá a causa, com toda a certeza e também sairá derrotada.


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