Abaixo um post, o mais novo, em termos de informação sobre a operação Satiagraha publicado por Luis Nassif em seu blog. Os meus comentários em vermelho entremeando o texto original.
Atenção, um novo capítulo se abre para o caso Satiagraha. O leitor mais atento notará que não se trata de mais um capítulo mas uma edição nova daquilo que o próprio Nassif já vinha apregoando a tempos bem como PHA em seu site “independente”, depois que saído do IG passou a atacar o presidente Lula e o governo sobre a ação do mesmo no caso Dantas.
O governo Lula acertou um acordo com a Editora Abril – e, por extensão, com Daniel Dantas – para anular a Operação Satiagraha. O acordo foi montado da seguinte maneira: Dantas é dono do grupo Oportunity e não da Editora Abril, dona da revista VEJA. É interessante observar como o, tá certo, principal veiculo da editora é tido como mais importante que a própria empresa editora. Já vi casos de um produto assumir o nome da empresa que o criou como é o caso da XEROX, mas o veiculo ficar acima em termos de importância da própria editora nunca vi.
A também outro aspecto. O objetivo é anular a operação Satiagraha. Quando a mesma veio a público, a revista listou os 10 escândalos que Dantas poderia elucidar e não apareceu uma linha sequer de defesa do mesmo. Na verdade esse era o tom de toda a imprensa e não só da VEJA. Porque a VEJA seria interessada na anulação do caso? Porque levantou os problemas do inquérito? Bem, talvez com excessão de CartaCapital, todos os outros veículos fizeram os mesmo.
Mas a grande vilã é a VEJA. Se a parte do inquérito relativo a imprensa foi desconsiderada pelo juiz que recebeu a cenúncia, qual imputação sobraria para a VEJA? Talvez porque sem isso, o tal Dossiê VEJA se tornasse aquilo que realmente é: um amontoados de críticas e não a explicação de como se deu um crime.
1. É impossível interferir nos trabalhos em andamento do Ministério Público Federal e do juiz De Sanctis. A ofensiva de Gilmar Mendes foi um tiro no pé. É curioso; porque não explica sequer prova a tal da ligação criminosa entre o presidente do Supremo e Dantas. Baseado na concessão de liminar libertando o acusado? Nesse caso o ministro Marco Aurélio era ligado ao banqueiro Caciola? E todas as outras liminares concedidas? Os ministros estavam macomunados com os acusados ou réus? Não! Claro, não se tratava de assunto ligado ao Dantas, então tudo certo? Venhamos e convenhamos. Ademais, Dantas em liberdade fugiu do país? Destruiu provas? Se sim, quais? Pergunto porque a investigação é resultado de quatro anos de escuta. É resultado não origem. Assim quais provas poderiam ser destruídas? E ainda assim, preso não poderia comandar essas ações? Ergunto porque se o PCC controla ações criminosas de dentro da cadeia, porque o “inteligente” Dantas faria menos?
2. A estratégia acertada consistirá em tentar anular o inquérito de Protógenes, no âmbito da Polícia Federal. A versão preparada é que o inquérito continha irregularidades que precisariam ser sanadas. E a Polícia Federal colocou seus homens de ouro para “salvar” o inquérito. O trabalho dos “homens de ouro, na verdade, será o de garantir a anulação do inquérito. Aqui o sujeito fica na velha sinuca de bico. Se os novos delegados responsáveis encontram irregularidades é porque a intenção deles é anular o processo, porque são pagos por Dantas. Se estão a favor do delegado e deixam pra lá irregularidades encontradas, cometem um ilícito penal. Uma leitura atentado relatório indica no mínimo uma falha enorme na interpretação de conversas e emails apresentados; além de uma enorme dose de militância a ponto de acusar articulistas da revista CartaCapital como foi o caso de Delfim Neto, sendo que a revista é 150% contra Dantas. Um inquérito tão frágil do ponto de vista das provas apresentadas claramente dá munição para a defesa de Dantas usar a vontade. Assim é do jogo indicar um resultado até natural, a anulação do inquérito já que irá ocorrer mesmo; como se fosse obra de um complô e não resuttado de vícios de origem do processo como é o caso.
Há também outro aspecto importante. Nassif não possui o dom da clarividência e em post posterior afirma que esse originou-se com fonte confiável no governo. Seria o caso dele aplicar para si a regra que insiste em ensinar para a revista VEJA e indicar sem mencionar o nome qual é a fonte e sua posição no governo mostrando a credibilidade da informação. Até agora no entanto, nada foi informado.
3. Ao mesmo tempo, o governo aproveitará o factóide dos 52 funcionários da ABIN que participaram da operação - uma ação de colaboração já prevista pelo Sistema Brasileiro de Inteligência - para consumar a degola de Paulo Lacerda. A matéria do Estadão de domingo, o da "demissão em off" estava correta. Sabe-se, internamente no governo, que a operação foi normal. Assim como se tem plena convicção de que o tal “grampo” entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres foi uma armação. Mas Lula se curvou à real politik. A lei que criou a ABIN declara: LEI No 9.883, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1999. Art. 10. A ABIN somente poderá comunicar-se com os demais órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o conhecimento prévio da autoridade competente de maior hierarquia do respectivo órgão, ou um seu delegado.
Em outras palavras, o diretor geral da ABIN deveria ter dado ciência prévia ao diretor da polícia federal que a ABIN entraria na investigação Satiagraha. Como sabemos, pelas informações até agora fornecidas isso nunca ocorreu. Logo, por conclusão, a ação da ABIN foi ilegal por ter desrespeitado esse artigo 10.
Não é possível querer julgar outros por não cumprirem a lei agindo para tanto contra a mesma lei. Como dizia Paulo o das epistolas bíblicas: “Tú que ensinas Não roubes, furtas os templos?”
Há também outra questão: Fiquei espantado com o fato da ABIN disponibilizar 52 , na verdade 56 agentes e o delegado ainda contratar para “analisar documentos” um ex agente do SNI ganhando quase R$ 10.000 por mês. Vi a foto do sujeito nas revistas e nos jornais e logo me veio a mente aquela velha frase: “A mulher de César deve parecer honesta e não só ser honesta”. O tipo de documento envolvido exigiria sei lá, um sujeito especializado em mercado financeiro no mínimo. E a foto me deu a impressão de ser de alguém que trabalhou a vida toda na rua, entregando cartas, carregando poste nas costas sem um grau de estudo aprofundado.
Claro, posso estar errado, mas seria interessante conhecer o CV do sujeito e saber se ele possui realmente notório saber para tanto.
Por outro lado isso explicaria a interpretação pueril de diversos emails e conversas.
Quanto a chamada armação, acho que a VEJA, sendo uma revista séria deveria apresentar fitas ou apresentar quem falou e deu a entrevista. Mas sejamos honestos, uma chantagem só ocorre quando a informação a ser divulgada é verdadeira e a vítima da chantagem não quer essa revelação. Se é uma armação, bastaria o governo dizer: “Prove”, como ele fez diga-se, no caso do mensalão, no caso dos aloprados, no caso do dossiê FHC. Porque justamente nesse caso o governo “cairia” de joelhos?
4. De sua parte, jornais e jornalistas mais envolvidos com o jogo estão reforçando essa versão do “inquérito ilegal” e do messianismo do delegado Protógenes. A armação, agora, terá o reforço da concordância tácita do Palácio. O sujeito cai novamente na sinuca de bico. As inconsistências do relatório não podem ser analisadas e os jonais não podem dar pauta disso porque se derem estão alinhados com Dantas, se não derem restará duas alternativas: Falar de outros asuntos ou vender a outra versão correndo o risco de ver acredibilidade ser jogada no lixo. Até agora o governo ágil de forma célere para aprovar a fusão da Br e OI, fusão essa do interesse de Dantas e da qual o Luis Nassif escreveu a favor. Até agora o governo não abriu a boca para defender delegados ou atacar Dantas, mas Nassif acha que agora e somente agora o governo dará concordância tácita. Dá pra entender? O empréstimo do BNDES e do BB não foi apoio explicito? A inidicação de uma diretora da ANATEL a favor da fusão não foi um apoio explícito?
5. O pacto foi referendado pela Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. O Ministro Tarso Genro foi o que se mostrou mais constrangido com a operação, mas acabou se curvando à força dos fatos. Com essa operação, Lula e Dilma passam a ser aceitos no grande salão nobre, pavimentando a candidatura da Ministra para as próximas eleições. Que salão nobre? Lula possui mais de 60% de aceitação. Os bancos nunca obtiveram tanto lucro quanto no governo Lula. Que força dos fatos? Quais são? Desde quando uma candidatura do PT precisou de pavimentação da VEJA? Lula foi eleito e reeeito com forte oposição da Editora Abril? Sinceramente não dá pra entender.
6. O seu principal adversário, José Serra, já é outro aliado que entrou à reboque da Editora Abril. Está pagando um preço caro, com a descaracterização do seu discurso político. Qual discurso? Serra continua crítico do governo Lula, embora como governador converse com o executivo federal? O que queriam? Que ele brandisse a bandeira da separação de São Paulo?
7. A bola, agora, está com o Ministério Público e o Juiz De Sanctis, que terão que trabalhar com essa nova peça do jogo: a intenção de se anular o inquérito. Novamente a sinuca de bico. Se o juiz entender como entendeu, aliás, em diversas partes, especialmente a relacionada com a mídia, que o inquérito não anda; ele deve fazer o que em nome da justiça? Continuar o processo ou extingui-lo. Se opta pela continuação comete um crime e se opta pela extinção, então a culpa não é das deficiências ou falta de provas do inquérito mas porque houve a tal “orquestração dantesca”.
Não sei por que, mas o evento da Abril me lembrou aquela cena épica de Francis Ford Copolla, o fecho do filme. Enquanto todos estão na grande ópera, os inimigos são fuzilados na calada da noite.Ele deve estar se referindo ao fime Os intocáveis se não me engano. Tem uma cena assim.
Na grande festa foram selados os destinos do delegado Protógenes e Paulo Lacerda, dois funcionários públicos cumpridores da lei. Anotem os nomes deles e os repassem para seus filhos e netos: foram dois brasileiros dignos, sacrificados por um jogo sujo. Curiosamente, o delegado Protogenes se afasta do inquérito tão logo vem ele vem a público depois das prisões e o delegado Lacerda na semana retrasada ou passada. A festa da VEJA foi essa semana. As coisas não batem.
É o fim da grande batalha pela instituição da legalidade no país? Longe disso. É apenas um novo capítulo. Tanto assim, que integrantes próximos ao jogo estão completamente incomodados, assim como vários colegas jornalistas, que entenderam que esse jogo de cena foi longe demais e está comprometendo a imagem da categoria como um todo.
Com tanta testemunha, tanto conflito de consciência, julgam ser possível varrer o elefante para debaixo do tapete? É muita falta de fé no estágio atual de desenvolvimento do país.
De uma fonte palaciana
De uma conversa ocorrida há pouco (13:35):
“Do ponto de vista dos fatos, esse acordo não existe, Muito menos com a Veja. O presidente sequer se dispõe a dar entrevistas à Veja. No momento, admito que todo mundo possa ter dúvidas, inclusive internamente. Mas ao final do inquérito se mostrará se houve ou não houve acordo. E garanto que não houve. O tempo mostrará que, obedecendo às regras do Estado de Direito, se produzirá um inquérito consistente, porque virou uma questão de honra para a Polícia Federal. O governo não tem interesse em encobrir nada. Só quer que se aplique a lei. E, para isso, o inquérito tem que ser conduzido tecnicamente. Admito que há dúvidas que só podem ser desfeitas com fatos. E o fato será o final do inquérito. Não haverá como convencer ninguém antes disso". O que não existe baseado nos fatos, existe baseada na fantasia ou na imaginação. Essa teoria conspiratória até o momento é isso, um amontoado de coisas baseada na imaginação.
O que existe de concreto e baseado nos fatos, o blogueiro não analisa, sequer menciona:
1) Apoio implícito e explícito do governo para a fusão da Br e Oi;
2) Alterações a lei e na diretoria da ANATEL para legalizar uma fusão que já contava com empréstimo do BNDES aprovado;
3) Aprovação de empréstimo acima de margem de segurança do BB para um dos lados da fusão;
4) Fusão essa que tornará bilionários, os sócios de parentes do presidente e coincidentemente os maiores financiadores da campanha política, lembrando que se aproxima outra em 2010. É isso e não a VEJA que pavimenta a candidatura de Dilma como sucessora de Lula;
5) Dantas sai com mais de 2 bilhões no bolso;
Mas claro, tudo é culpa da VEJA.
2 comentários:
Meu caro Marco Aurélio
Há outros detalhes.
1) Veja que o LN postou sobre a outra fonte, que desmente a anterior, às 13:35h do mesmo dia. Meia hora ou uma hora antes o Paulo Henrique Amorim postou no seu blog a menção de impeachment do Lula em função das denúncias do LN. Será que aí não se acendeu o alerta vermelho "fiz besteira" no LN e ele então começou o processo de fuga?
2) Ao responder a um comentário num outro post o LN revela que tem os e-mails da fonte que revelou o complô. Mas, anteriormente, ao ser questionado sobre a veracidade do complô, ele apelou para a sua credibilidade. Por que não postou os e-mails (apagando o autor, obviamente, por causa do sigilo da fonte)? Não temos aí os fatos clássicos que ele utiliza para carcterizar certas reportagens da Veja como factóides?
O J. Carlos tem toda razão quando aponta dúvidas razoáveis sobre a postagem do Nassif. Os fatos apontados podem ser mera coincidência ou resultado de conversa entre o Nassif e PHA? Claro que sim; mas o que resolveria em definitivo seria apresentar os documentos, resguardando a fonte como ele sempre exige da VEJA e da FSP como no casos apontados no tal dossiê, na história do dossiê FHC e agora no caso dos grampos.
A pior coisado mundo é a própria pessoa asseverar sua idôneidade, honestidade ou profissionalismo e entender que o aplauso da claque militante é reconhecimento de tal.
A propósito, sera que o dono da FSP continua incomunicável para sanr a dúvida sobre quem tem razão; ele ou Mainardi? É curioso o silêncio sobre o assunto, não?
um abs ao J Carlos
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