A derrocada financeira global teve início nos EUA em março de 2007, com a crise do "subprime", como é chamada a modalidade de empréstimos de segunda linha no país. Com o aquecimento do mercado imobiliário, as financeiras americanas passaram a confiar de modo excessivo em pessoas que não tinham bom histórico de pagamento de dívidas.
O bom momento econômico de então, com taxas de juros baixas no país e boas condições de financiamento, fez os americanos se endividaram para comprar imóveis. Os bancos decidiram transformar os empréstimos hipotecários em papéis e venderam a outras instituições financeiras, culminando em uma perda generalizada. Alguns dos maiores bancos dos Estados Unidos anunciaram prejuízos bilionários e tiveram de ser socorridos.
Veja abaixo os principais episódios da crise financeira:
Junho/2007:
O banco norte-americano Bear Stearns anuncia redução de 30% no lucro do segundo trimestre por causa dos créditos imobiliários;
Julho/2007:
A Countrywide Financial, maior empresa do ramo de crédito hipotecário dos Estados Unidos, divulga queda no lucro e reduz projeções para os meses seguintes;
Agosto/2007:
O banco BNP Paribas anuncia o congelamento dos resgates em três fundos de investimento lastreados em hipotecas de alto risco;
Setembro/2007:
Ações do Northern Rock, quinto maior provedor de hipotecas do Reino Unido desabam mais de 30% na Bolsa. Clientes sacam US$ 4 bilhões;
Outubro/2007:
O lucro líquido do Citigroup cai 57% no terceiro trimestre de 2007, em relação a igual período de 2006, por conta dos ativos lastreados em hipotecas
Fevereiro/2008:
O banco Credit Suisse tem queda de 72% em seu lucro líquido do quatro trimestre de 2007;
Em crise, o banco britânico Northern Rock é nacionalizado;
Março/2008:
A maior seguradora do mundo, a AIG, anuncia perdas de US$ 5,3 bilhões no quarto trimestre de 2008;
O JP Morgan compra o Bear Stearns por US$ 236,2 milhões, ou US$ 2 por ação. Um ano antes, o papel era negociado a US$ 70;
Abril/2008:
O banco Wachovia, quarto maior dos Estados Unidos, registra prejuízo de US$ 393 milhões no primeiro trimestre e corta 41% do dividendo distribuído aos acionistas;
Maio/2008:
A agência de crédito hipotecário Fannie Mae, anuncia prejuízo de US$ 2,19 bilhões no primeiro trimestre e também reduz dividendos;
Julho/2008:
O banco norte-americano IndyMac anuncia a quebra;
Agosto/2008:
O Tesouro dos Estados Unidos avisa que fará o resgate das agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac e oferece garantias de até US$ 100 bilhões para as dívida de cada uma delas;
Setembro/2008:
O banco Lehman Brothers pede proteção à lei de falências e ocasiona a maior queda nas Bolsas dos Estados Unidos desde os atentados de 11 de setembro de 2001;
O terceiro maior banco britânico, o Barclays, anuncia que vai adquirir o conjunto das atividades norte-americanas e a sede do gigante dos investimentos Lehman Brothers, por US$ 1,75 bilhão
O banco central dos EUA, o Federal Reserve, nacionaliza a seguradora AIG, concedendo-lhe um crédito de US$ 85 bilhões em troca de 79,9% de seu capital;
O Tesouro dos EUA anuncia a criação de um planode cerca de US$ 700 bilhões para comprar os títulos hipotecários que perderam valor e ameaçavam os bancos em crise
O lucro do Goldman Sachs desaba70% no terceiro trimestre e passa para US$ 845 milhões, ou US$ 1,81 por ação;
Os seis principais bancos centrais do mundo anunciam uma "medida coordenada" com a injeção de bilhões de dólares no mercado financeiro para enfrentar a falta de liquidez
O Merrill Lynch é vendidoao Bank of América por US$ 50 bilhões;
O Fed aceita a proposta que transforma o Goldman Sachs e o Morgan Stanley em bancos comerciais;
O grupo empresarial Berkshire Hathaway, dirigido pelo multimilionário americano Warren Buffett, anuncia o investimento de US$ 5 bilhões no banco Goldman Sachs, para reforçar a capitalização e a liquidez da entidade;
Após a liberação do Fed para se transformar em um banco comercial, o banco Morgan Stanley congelou as negociações para uma fusão com o também americano Wachovia;
O banco britânico Lloyd TSB compra o concorrente HBOS, que estava à beira da falência
O Fed volta a intervir no mercado e injeta US$ 20 bilhões no sistema financeiro do país para aumentar a liquidez;
O plano de socorro proposto pelo governo norte-americano gera resistência entre os democratas que dizem que a atual versão do pacote não é aceitável;
Diante da dificuldade de aprovação do pacote, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, utiliza um discurso mais rígido e afirma que a economia norte-americana pode entrar em recessão;
A crise se agrava com a quebra do sexto maior banco americano, Washington Mutual (WaMu), e a venda de suas atiividades bancárias ao banco JPMorgan Chase por US$ 1,9 bilhão;
Congresso dos EUA fecha acordo sobre pacote econômico, liberando US$ 700 bilhões para socorrer o setor financeiro;
Dois bancos europeus, o britânico Bradford & Bingley e parte do belga Fortis, são nacionalizados devido à crise.
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