VERENA FORNETTI
Colaboração para Folha de S.Paulo
Atualizado às 10h21.
O reajuste da energia elétrica aprovado ontem pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) diminuirá a competitividade das empresas brasileiras em meio à crise e pode obrigar as organizações a demitir trabalhadores, de acordo com representantes de grandes consumidores, como indústrias e empresários do comércio.
Ricardo Lima, presidente-executivo da Abrace (associação de grandes consumidores de energia), afirma que onerar as empresas neste momento, quando há retração da atividade econômica, pode obrigar as organizações a demitir.
"Não dá para dizer que o aumento da energia elétrica foi abusivo porque seguiu a lei, mas certamente foi excessivo. Ele deve causar perda de mercado e aumento do desemprego", disse ele.
Lima destaca que, para os grandes consumidores, não há a alternativa de evitar o aumento dos custos migrando para o mercado livre, em que o consumidor não precisa comprar da distribuidora e pode contratar diretamente a geradora ou quem tiver energia sobrando.
Segundo Lima, a baixa oferta nesse mercado -causada pelo último leilão no segmento- encareceu os preços e tornou o mercado livre menos atrativo.
A associação que representa os shopping centers, a Abrasce, também afirma que o reajuste terá impacto expressivo. Segundo o diretor-executivo da associação, Luiz Fernando Veiga, o custo da energia elétrica representa de 15% a 20% dos gastos com condomínio. "Estamos vivendo um momento de aperto em todas as direções. É claro que um aumento de 20% em cima disso traz consequencias", disse Veiga.
Para o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), é preciso rever a metodologia para determinar os reajustes tarifários, opção que já foi mencionada pelo presidente da Aneel. A Pro-Teste, associação de defesa do consumidor, também defende a revisão.
Marcos Pó, assessor técnico do Idec, diz que a taxa pune excessivamente o consumidor. "Quando os reajustes ultrapassam o limite do razoável, a Aneel deve rever a metodologia que determina o aumento."
Maria Inês Dolci, coordenadora da ProTeste e colunista da Folha, destaca que o consumidor residencial é prejudicado duas vezes, com o reajuste direto na sua conta de luz e com o repasse do aumento dos custos para os produtos que a indústria e o varejo devem fazer.
2 comentários:
Interessante notar que sempre que o consumidor resolve reduzir seus gastos com energia, as empresas nunca criam "promoções" para atrair seus clientes como acontece na maioria dos comércios, ao contrário, eles elevam as taxas de energia ainda mais. Isso parece mais um "monopólio legalizado".
Exatamente. A distribuição de energia não deixa de ser um monopólio legalizado. Como as distribuidoras recebem concessões e essas concessões possuem limites geográficos uma com outras, nõs somos obroigados por lei a consuir energia da distribuidora local. Somente grandes consumidores podem opetar por fornecedor e nesse caso o custo da energia cai perto de 45%. Para nós, os outros ficamos a mercê dos aumentos tarifários sem poder dar um pio.
Nesse caso, o primordial é aplicar medidas de eficiência energética para gastar menos e o que gasta, gastar melhor.
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