quarta-feira, 22 de abril de 2009

A questão da usina nuclear

O que a midia divulgou nesta semana foi a retomada da licitação para construção da usina de energia atômica Anfra 3 . Depois de décadas, o governo retomou a licitação original com a empreiteira então agraciada atualiazando apenas, notem, o custo do projeto. Agora sairá por mais de 3 bilhões de reais.

Como não sou engenheiro eu posso estar enganado, mas decerto não ocorreram em mais de 20 anos inovaçõe tecnológicas que exigiriam novos projetos e por conta disso uma nova licitação?

Alguem constuiria um carro, uma geladeira, um computador, ou uma casa com a mesma tecnologia dos anos 80? dificilmente.

A questão da matriz nuclear para geração de energia:

É verdade que o impacto inicial de uma usina atômica em relação a uma hidroelétrica por exemplo é extremamente menor, para o meio-ambiente.

É verdade também que o impacto ambiental de produção de energia em relação a termoelétricas cujo funcionamento depende da queima de gás ou oléo combustivel é extremamente menor, para o meio- ambiente.

Mas também é igualmente verdadeiro que a ruptura de uma termo-elétrica ou de uma hidro-elétrica embora causem prezuijos, não chegam perto da devastação que uma usina nuclear pode causar.

Vou citar dois exemplos:

"...Em 28.03.1979, próximo a Harrisburg, na Pensilvânia, aconteceu o pior acidente nuclear dos Estados Unidos com o reator da unidade 2 de 900 MW PWR da Usina Nuclear de Three Mile Island, meses após o começo de sua operação comercial que se deu em 30.10.1978. O acidente foi causado por falha de equipamento e erro operacional em avaliar-se as condições do reator. A falha de equipamento causou uma perda gradual de água de resfriamento no núcleo do reator, o que resultou em fusão parcial das varetas de elemento-combustível e urânio e na liberação de material radioativo. Não houve vítimas, nem mortes...Para controlar a quantidade excessiva de água que vazou do sistema de resfriamento do reator, 1,5 milhão de litros de água foram lançados no rio Susquehanna. Além disto, gases radioativos liberados através da válvula de segurança atingiram a atmosfera e alguns elementos radioativos passaram através das paredes de mais de 1 m de espessura da usina...Uma grande bolha de hidrogênio se formou no núcleo do reator. Caso explodisse, toda a usina seria completamente destruída e grandes quantidades de materiais radioativos seriam liberados para o meio ambiente...Apesar disto, o presidente Carter visitou o reator e declarou que o acidente estava sob controle em 1° de abril. Em 3 de abril, conseguiu-se desfazer esta bolha de hidrogênio e o reator começou a resfriar...Para assegurar a segurança da população mais suscetível à radiação, o governador recomendou a evacuação de todas as mulheres grávidas e crianças com idade pré-escolar em 30 de março. Os demais deveriam permanecer no interior de suas casas...A limpeza da área do acidente durou até 1993. Em 28 de dezembro de 1993 foi colocada sob armazenagem monitorada. Enquanto isto, a unidade 1 permanece em operação e ambos os reatores serão descomissionados a partir de maio de 2008..."

O texto acima refere-se ao acidente com a usina de Three mile island nos EUA.

"...Três países permanecem com áreas contaminadas pelo acidente: Belarus, Ucrânia e Rússia. Nesses locais, segundo a OMS, cerca de 5 mil casos de câncer de tireóide foram diagnosticados em pessoas que eram crianças ou adolescentes na década de 1980. O estudo aponta também que um total de 9 mil indivíduos que trabalharam nas operações de rescaldo do vazamento morreram vítimas de câncer desde o acidente...
Uma revelação importante feita pela OMS está relacionada com outra conseqüência do vazamento. Como mais de 340 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e não puderam mais voltar para seus locais de origem, elas, até hoje, permanecem rotuladas como "expostas"...Uma das atividades importantes a serem feitas a partir de agora, recomenda o relatório, é fazer com que tais indivíduos se considerem sobreviventes e não mais vítimas. Segundo o estudo, essa recuperação representa um desafio ainda não vencido pelos governos...Mas o relatório aponta que o estigma de ter estado próximo de Chernobyl em 1986 atinge ainda mais pessoas, num total superior a 5 milhões. Essa população, que habita áreas ainda hoje contaminadas com material radioativo, demonstra alto grau de ansiedade, sintomas físicos de doenças normalmente sem explicação clínica adequada e, do ponto de vista psicológico, acredita ter uma saúde mais fraca em comparação com moradores de outras áreas...O acidente no norte da Ucrânia matou, em 1986, 28 pessoas que trabalhavam na usina nuclear e foram expostas diretamente à radiação. Ao todo, participaram das operações de limpeza da área, conduzidas entre 1986 e 1990, 600 mil trabalhadores, dos quais 61 mil continuam tendo sua saúde monitorada..."

O texto acima refere-se ao acidente de Chernobyl na Russia.

Os dois casos acima ocorreram por falha humana. Apenas dois casos em décadas no meio de centenas de usinas nucleares? A questão não é o número de acidentes. Se fossemos partir para esse tipo de avaliação o número de acidentes ocorridos em usinas hidroelétricas é 0. E no entanto isso não elimina o alto impacto ambiental que a criação de uma represa ou reservatório gera.

A questão é que levou-se décadas para o local ser limpo, no caso americano; a área é inabitável no caso russo e as vítimas presentes e futuros vítimas de câncer em diversos paises por conta do acidente russo são contados na casa dos milhares.

A pergunta que fica portanto é: Vale a pena o risco?

O Brasil possui uma geografia que lhe permitiria ser o maior produtor de energia do mundo e energia limpa, diga-se de passagem.

O Brasil é o maior produtor de alcool combustivel do mundo e detem a tecnologia para produzi-lo a partir da cana-de-açucar, sem precisar desperdiçar a produção de alimentos como fazem os EUA com o milho e a UE com a beterraba, por exemplo. A primeira crise do petróleo levou o país a pensar na questão e a montanha de dinheiro destinada a esse programa agora produz frutos.

O Nordeste brasileiro sofre com a falta de água. Situação crônica e insoluvel. É uma questão de clima. Os estados que compôem o Nordeste brasileiro estão entre os mais pobres da federação e a população am algumas regiões sobrevive de ajuda governamental com bolsas disso ou daquilo.

E no entanto, o Nordeste poderia abrigar varias Itaipus solares, criando emprego e renda para os estados nordestinos já que o sol é abundante ao extremo na região, aliás em todo o país.

O dinheiro alocado para construir Angra 3 poderia ser usado na implantação de tecnologia de geração de energia a partir do sol. Energia limpa e sem a menor agressão ao meio-ambiente.

Aonde faltam chuvas existe vento em demasia em especial perto do litoral. A geração de energia eólica aliada à solar, embora possua uma custo de geração mais alto por ser alternativa, só é alto por assim ser considerada.

Tornadas matrizes importantes junto às hidroelétricas, já que o Brasil possui recursos hídricos gigantescos, a conclusão é que a construção de usina nucleares poderia ser relegada ao passado pelo Brasil.







2 comentários:

Unknown disse...

Bem fraquinho esse seu texto.. Voce por acaso sabe como sao as tecnologias aplicadas aos novos tipos de reatores e outros equipamentos e sistemas de seguranca de uma usina nuclear?
Voce sabe que fatores levaram ao acidente da usina de Chernobyl?
Antes de emitir opinioes publicamente, procure se informar um pouco mais.

Marco Aurélio Fedeli disse...

Caro Gustavo:

Agradeço seu comentário, mas me pergunto se você realmente o leu.

O artigo traz a questão da retomada da construção de uma usina nuclear, a retomada da licitação como estava parada a mais de 20 anos. Como você deve ter pesquisado, obviamente, sabe que o equipamento da usina comprado da Alemanha está no Brasil, todo esse tempo, parado. Então não se pode falar em novas tecnologias. Mesmo assim, o artigo trata do perigo potencial de usina dessa como demonstrado nos trechos de documentos e reportagens em vermelho demonstrando que os acidentes ocorreram por falha humana. Os efeitos colaterais de um acidente numa usina dessa são tão sérios que é de se perguntar se vale a pena esse risco no "nosso país", que possui uma enorme variedade de matrizes energética limpas a disposição.

Os EUA estão gastando mais de 300 milhões de dolares para limpar áreas próximas a usinas e fábricas de material nuclear porque até hoje não se sabe ao certo o que fazer com os dejetos.

Em tempo: Se emito uma opinião obviamente ela é publicamente, já que emitir opinião para mim mesmo é reflexão ou no limite meditação.

Mas se você possui informações que contrariem o cerne do meu texto, como por exemplo:

1)A licitação parada e recomeçada exigirá novas tecnlogias;
2)Não temos matrizes a disposição que exijam o uso de matriz nuclear;
3)Os poucos acidentes ocorridos não foram tão sérios assim ao ponto de exigirem ponderações;

Em tempo, um dos piores acidentes nucleares registrados ocorreu no Brasil, em Goiana. O material radioativo tirado de uma máquina, salvo engano uma máquina de raio-x fora achada no lixo. Novamente erro humano.

Se possui informações "melhores" e mais "fidedignas" que as minhas publicadas, escreva um texto e publicarei aqui como contraponto.

Abraços