Segue um post do blog do Noblat, volto mais tarde em outro post sobre o assunto
Banco do Brasil também socorreu Petrobras
Além da Caixa Econômica Federal, a Petrobras também precisou tomar dinheiro emprestado no Banco do Brasil no fim de outubro. Num momento de crise no crédito e falta de dólares para exportação, a maior empresa brasileira fez uma operação de R$ 750,99 milhões com o banco estatal, além dos R$ 2,022 bilhões tomados junto à Caixa Econômica Federal.
Procurado, o BB não se manifestou sobre a operação.
Com isso, a empresa ficou com 21% de todos os recursos em moeda estrangeira que o BB, principal financiador do comércio exterior, ofereceu aos exportadores em outubro. No mês, para ter uma idéia da dificuldade de obter dólares, houve queda de quase 30% nas operações de financiamento externos em relação a setembro.
A Petrobras fez um ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) com o BB. Esse tipo de financiamento tem como contrapartida uma exportação.
No caso da empresa, o vencimento será em abril de 2009 e custo de 6,3% ao ano. No último leilão de dólares feito pelo BC (Banco Central), a taxa que os bancos cobraram para repassar moeda estrangeira aos exportadores ficou próxima de 4,5% ao ano. Já o empréstimo da Caixa à Petrobras no mês passado corresponde a 44% dos R$ 4,5 bilhões em créditos para empresas concedidos pelo banco estatal em outubro.
A Caixa disse, por meio de sua assessoria, que possui "várias operações desse porte em sua carteira de capital de giro para grandes empresas", mas que, por razões de sigilo, não poderia comentar os contratos.
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Além de recorrer a bancos privados para tentar cobrir seus problemas de caixa, a Petrobras já começou também a fazer pequenos cortes para compensar o brutal encolhimento na receita após o agravamento da crise, em setembro. Só investimentos estão sendo mantidos.
Entre as "gorduras" que estão sendo queimadas, a estatal decidiu, por exemplo, suspender a contratação de consultorias até fevereiro. A despesa da Petrobras com consultoria é calculada em cerca de R$ 1 bilhão por ano.
Outra decisão que deve gerar controvérsia diz respeito aos patrocínios. A Petrobras também decidiu cortar 20% de todos os patrocínios para 2009 nas diversas áreas em que atua, inclusive na cultura e nos esportes. A estatal é a empresa que dispõe da maior verba de patrocínio do país.
Além dessas medidas, a Petrobras também decidiu cortar as tradicionais festas de fim de ano e os brindes da diretoria no período natalino. As viagens foram reduzidas, principalmente para o exterior, e passou-se a estimular o uso de videoconferências. Assinante do jornal leia mais em:
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O empréstimo emergencial de R$ 2 bilhões da CEF (Caixa Econômica Federal) à Petrobras mostra que a crise financeira pegou a empresa desprevenida, atingiu o seu caixa e revelou a real -e pesada- estrutura de custos da companhia e seus problemas de gestão num cenário de queda do preço do petróleo e falta de crédito, dizem especialistas do setor.
"Esse empréstimo preocupa não pelo valor, mas por ser destinado a capital de giro. Agora que o petróleo foi para US$ 50, começa aparecer o real custo dela [Petrobras]. Ficam claras a má gestão e a ineficiência. A atual direção só pegou a fase de bonança da indústria do petróleo, que ficou sempre acima dos US$ 100, na média. Essa fase já passou", diz Adriano Pires, especialista do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura).
A crise bateu com força à porta da maior empresa brasileira, e a revelação dos problemas de caixa da Petrobras surge porque o empréstimo é destinado exclusivamente a capital de giro, dizem especialistas do setor.
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O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou ontem no plenário do Senado ter informações de que fornecedores da Petrobras "não estão sendo pagos". Ele também insistiu em um pedido de esclarecimentos à empresa.
O tucano fez aparte ao discurso do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que justificava a operação de empréstimo da Caixa à Petrobras.
"Dois fornecedores que estão com seus pagamentos atrasados confirmam que existem atrasos de pagamento, em geral, aos fornecedores da Petrobras. Garanto-lhe", disse Tasso a Suplicy. "Isso me foi dito por pessoas sérias, algumas das quais pode ser que Vossa Excelência conheça também."
Suplicy concordou que o presidente da Petrobras tem de prestar esclarecimentos. No entanto, negou que haja corte a fornecedores.
"O presidente José Sergio Gabrielli me assegurou que a Petrobras não está atrasando pagamentos de fornecedores. Se há um ou outro caso, então vou esclarecer, e inclusive esse nosso diálogo será objeto, obviamente, do conhecimento" do Gabrielli.
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O empréstimo da Caixa Econômica Federal para a Petrobras foi fechado dentro de taxas e prazos vigentes no mercado, mas a operação chama a atenção pelo fato de o banco estatal não costumar atender empresas do porte da Petrobras nem fazer empréstimos a um único cliente no valor de R$ 2 bilhões.
Focada em pequenas e microempresas, a vice-presidência de atendimento a pessoa jurídica da Caixa não tem estruturado um setor independente para atender grandes corporações (Corporate), carro-chefe do Citibank e UBS Pactual.
Na Caixa, o atendimento a grandes empresas fica a cargo da mesma superintendência que atende médias empresas.
Entre os bancos públicos, o que mais atenção dá a esse segmento é o Banco do Brasil. À época, os recursos do BB já estavam comprometidos com a compra de carteiras de crédito e financiamento da agricultura.
Para o consultor Roberto Troster, da Integral Trust, a operação ocorreu "dentro dos parâmetros" de mercado. "Só chama a atenção que esta fora da área de atuação da Caixa."
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A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem serem "ridículas" as declarações de senadores do PSDB que levantaram dúvidas sobre a saúde financeira da Petrobras. A própria ministra, no entanto, reconheceu que o empréstimo de R$ 2 bilhões- concedido pela Caixa Econômica Federal à estatal do petróleo- se deve a "um problema imediato de caixa".
As declarações foram concedidas após uma visita à quinta edição da Feira Nacional da Agricultura Familiar, que se realiza neste ano no Rio de Janeiro. Ao responder às perguntas sobre a Petrobras, a ministra perdeu o bom humor que ostentava durante a visita.
"Essa é uma acusação ridícula sobre a Petrobras. A Petrobras é a maior empresa, não só de petróleo, mas a maior empresa nacional. Ela não está descapitalizada. Ela tinha um problema imediato de caixa para pagar impostos. Só isso", afirmou Dilma.
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