segunda-feira, 19 de maio de 2008

O que nos resta além de orar? Oremos!!!

Saiu no blog do Luis Nassif o post abaixo. Depois dele, comento em vermelho.

Uma associação de juízes espíritas quer "espiritualizar" o Judiciário. Do ponto de vista humanístico, ótimo. Do ponto de vista de processos, discutível.

A Rússia tem experiências interessantes em parapsicologia. Há órgãos de investigação nos Estados Unidos que recorrem e médiuns. Como elemento adicional para investigações, considero válidos esses recursos. Como prova, como recorrer a cartas psicografadas? Quem irá garantir a seriedade do médium que psicografou.

De qualquer modo, tema interessantíssimo, um capítulo adicional na eterna querela ciência x espiritualidade.


Comento: O estado é laico, logo o judiciário deve se ater à provas concretas, e não mandingas, sensações e arrepios na nuca.

O estado deve sempre trabalhar com a verdade provada enquanto que para as religiões, basta-lhes a verdade revelada. Daí as aparentes contradições entre dogmas cientifícos e religiosos enquanto que a verdade provada é aquela regida pelos fatos apoiados em provas.

É aquela história de que todo mundo sabe quem matou mas ninguem consegue provar. Para o estado é necessário não apenas saber mas provar o que sabe.

Se não qualquer doido pode dizer que recebeu ordens divinas em sonhos para fazer isso ou aquilo. Quem irá dizer que não? Se até o texto sagrado é alvo de dúvida e interpretações díspares, o que dizer de cartas psicografadas? Só faltava essa agora.

Juizes, promotores, legisladores e outros es, que possuem mandato popular ou são servidores públicos devem se ater e se aferrar à letra da lei, porque a mesma é para todos. Quer dizer que se alguem que professa a fé no islâ atendesse uma ordem de jihad e matasse alguns por aqui, não seria julgado pelo código penal mas o religioso?

Pegue-se o caso da menina Isabella. Se os acusados questionam os laudos, obtidos após perícias técnicas e cientifícas tal como exames de dna, o que dirão de provas "extra-cientificas", como uma cartinha da menina do além? E se a mesma falasse que os dois não são culpados? invalidaria as provas cientifícas?

Se juizes seguirem a lei, e só a lei, já estarão fazendo muito.

Se o "assassinado" (para ficar em um exemplo do código penal), mandar escrever que fulano não foi quem o matou, porque não indica logo quem fez ao invéz de uma mera declaração de inocência como alguns comentam em defesa de usar esse tipo de "prova"?

Além do quê, fica a pergunta: se o "assassinado" foi quem "ditou" a carta, ele está vivo, vá lá, em outro plano, mas está não é mesmo? Então houve realmente um crime? Como se o "morto" aparece como "testemunha" de defesa ou acusação?

A cruz pendurada em paredes de foruns e até no supremo realmente é uma idiossincrasia, já que o estado é laico e deveria portanto ser retirada; porque senão, estatuetas de religiões animistas e afro-americanas, bem como a lua crescente do islã ou mesmo a cruz egipçia para agradar os esotéricos deveriam ser posicionadas também...sem esquecer de figas e carrancas do São Francisco.

Alguns argumentam que tudo bem, já a biblia, sempre é citada por juizes em suas sentenças. É verdade, juizes vivem citando a biblia, como também já citaram poetas portugueses, nacionais e até o bardo inglês mestre de todos eles, já foi citado no supremo, então porque não o maior dos autores?


Agora, ninguem usa as escrituras bíblicas para provar a aprovação superior de um ato tresloucado ou inocência diante de um ato considerado criminoso. Logo não há sentido algum em aceitar como provas, coisas que não podem ser explicadas como se originaram, como é o caso das cartas chamadas psicografadas.

Alíás, podem ser explicadas sim, mas dependendo do ponto de vista; já que espíritas dirão que tais cartas são dos espiritos desencarnados, os evangélicos dirão que são pura obra do diabo e o padre Quevedo dirá que é tudo coisa da mente.

Enfim; do jeito que a coisa vai, os réus passarão a contratar padres exorcistas no lugar de advogados.

O que nos resta além de orar? Oremos!!!

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