sexta-feira, 28 de março de 2008

Sobre os novos pecados capitais da Igreja Catôlica

Fazer modificação genética, poluir o meio ambiente, causar injustiça social, causar pobreza, tornar-se extremamente rico e usar drogas estão agora na mesma categoria dos pecados graves, como gula, luxúria, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça. O Vaticano atualizou a lista dos chamados pecados capitais para adaptá-la à "realidade da globalização". A Igreja está preocupada com a redução no número confissões e com a "queda do sentimento de pecado no mundo secularizado”, disse o monsenhor Gianfranco Girotti, responsável pelo tribunal da Cúria Romana que trata das questões internas do Vaticano. Girotti recordou em entrevista para um jornal italiano as recomendações para se receber o perdão: "confissão em 15 ou máximo 20 dias antes ou depois de cometer o pecado, comunhão, oração segundo as intenções do papa, pureza e caridade".

Pois é, hein!!! Crimes possuem um código chamado "penal", que classifica as "penas" a que devem ser submetidas as pessoas que praticam as ações consideradas ilegais. A ninguem ocorre dizer que um praticante de tais atos pode diante de um juiz, de ar contrito, humilhar-se pedindo perdão e o juiz então concede-lhe o perdão desde que o mesmo escreva 150 cartas com um mesmo texto padrão endereçadas ao Supremo Tribunal. Cometeu o mesmo crime de novo, tudo bem!, desde que faça uma nova confissão a cada 15 ou 20 dias na delegacia mais próxima.

Deu pra notar acima, que se fosse aplicada a idéia da penitência religiosa ao nosso dia a dia moderno, qual seria a incidência de crimes na sociedade? O que é um pecado e o que é capital?

Pecado é basicamente erro de alvo, do ponto de vista divino. Capital seria o qualitativo do mesmo, posto que alguns desses pecados seriam penalizados com a danação eterna; já que não ocorre a nnguem tirar a vida física de alguem porque o sujeito ficou rico demais, não é mesmo?Do ponto de vista puramente religioso, esses procedimentos catôlicos estão muito longe de atingirem o objetivo proposto. Pecado é pecado, e o que realmente importa é que se abandone a prática do mesmo e não que simplesmente se "confesse" o mesmo, recite-se um número determinado de vezes a mesma oração num ritual vazio, já que a "conversa" com Deus é trocada pelo equivalente a um gravador repetindo vezes e vezes as mesmas palavras.

Até agora, e a história demonstra, sequer os papas levaram muito a sério essa história de pecados capitais. Se assim fosse, seriam líderes espirituais e não políticos e militares mais preocupados em preservação de status quo, direitos e riquezas.Boa parte senão a grande maioria dos denominados catôlicos, (aproveito para fazer um parenteses para notar que a igreja catôlica é talvez uma das poucas senão a única que possui uma curiosa separação de membros, nos quais os próprios se distinguem como catôlicos praticantes e não praticantes), age em seu dia-a-dia, sem ligar para os ditames morais, religiosos, filosóficos determinados pela igreja.

Manter ,diminuir, aumentar e atualizar lista de "pecados" não altera em nada o mundo, até porque ninguem está dando a mínima para o que a igreja catôlica determina. Quem vai medir ou determinar o que é ser "rico demais"? O que significa "gerar probreza", Sujar o meio ambiente é para as grandes corporações ou vale para o sujeito que atira pela janela do carro o palito do sorvete?

Como disse o Mestre, "invalidaste a palavra de Deus, por ensinarem mediante doutrina o mandado de homens".

Tristes tempos esses.

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