Um passeio na blogosfera e a sensação é de ter feito um passeio por Verdun durante a primeira guerra mundial. Trincheiras pra todos os lados, pesado bombardeio e não se consegue avançar 100 metros sem pesadas baixas.
Parece, e isso é mero achismo meu, que existe na blogosfera duas grandes trincheiras, uma do Luis Nassif em sua recente guerra santa contra a revista VEJA e de outro lado Reinaldo Azevedo com seu blog dentro do portal da revista citada. Os demais blogs acabam apenas amplificando, através da simples notícia ou mesmo tomada de posição, um dos lados do conflito.
Havia Paulo Henrique Amorim e seu blog em permanente campanha contra o governo de São Paulo e uma cruzada contra um empresário. Agora, despedido de um grande portal, no qual centrou fogo contra os interesses comerciais dos donos do portal, abriu um domínio próprio e se pos a vociferar contra o portal ig e louvar sites fora de portais, já que esses sim, são importantes e independentes. É curioso isso, porque significa que até então ele não era dependente e sua louvação ao ig era o quê então? Em apoio, retirou-se da blogosfera, já que saiu do IG e não foi para outro domínio, Mino Carta; mas esse tinha apenas dois assuntos: um se colocando acima dos outros mortais e uma campanha contra a oposição ao governo Lula seja qual for ela. É verdade que não se registrou posts seus contra Reinaldo Azevedo mas convenha-se que um blogueiro que declara que escreve em uma máquina de escrever para que outros façam a postagem não pode dizer que controla o que se escreve em seu nome como ficou revelado nos comentários feitos sobre a doença do filho de outro blogeiro, Diogo Mainardi. A blogosfera não diminuiu de tamanho sem os dois e portanto não acho que façam falta nela.
Enquanto diversos blogs que não possuem a mesma visibilidade do blog de Luis Nassif, retransmitem seus posts sobre o intitulado "caso VEJA", Reinaldo Azevedo possui um gigantesca onda de leitores; e isso não é dito a se basear nos comentários (sobre isso discorro mais abaixo), mas pela capacidade de alavancar visitas em sites, videos no youtube quando apresenta algum catapultando as visitas em tais locais de dezenas para centenas ou mesmo milhares.
Não posso dizer qual a temperatura desse "conflito" nos sites de relacionamentos como o Orkut, porque não disponho de acesso ao mesmo e considero perigoso esse tipo de abertura a dados e relacionamentos virtuais.
Raras vezes o pensamento dos dois blogueiros coincidiu em concordâncias e nessas raras vezes decorreu por força da pressão dos fatos. Em geral se para um é dia para o outro é noite e vice-versa.
Nassif a parte sua guerra santa ou cruzada, sempre chamou o blog de Reinaldo Azevedo, embora sem cita-lo por nome como sendo um blog de esgoto. Para tanto vale-se do perfil agressivo que muitas vezes Reinaldo Azevedo demonstra em seus posts. Agressividade em boa parte demonstrada pelo escárnio com que destroi teses e notícias. Ademais Reinaldo Azevedo também possui sua particular guerra santa, porém contra o PT e tudo relacionado à chamada esquerda. Por conta disso, qualquer jornalista ou blogueiro que passe por sua alça de mira e de alguma forma defenda posição favoravel ao PT e as esquerdas torna-se alvo de seu teclado giratório.
Como a população brasileira é basicamente conservadora, é possivel reconhecer que o texto de Reinaldo Azevedo espelha esse conservadorismo que ele próprio carrega. O problema está na concepção errônea de associar conservadorismo com elite e elite com "direita", gerando então uma dicotimia já que os opositores de Reinaldo Azevedo o atacam porque o entendem ser contra o povo e se é contra o povo é fascita de direita. um exemplo disso foi seu post e artigo discorrendo favoravelmente sobre o filme "tropa de elite" e foi atacado de todos os lados acusado de fascista assim como o filme; e os "críticos" esqueceram apenas de um detalhe, o povo gostou do filme, quem não gostou foram os intelectuais de esquerda a ponto de não o escolherem para concorrer ao oscar mas um filme que se associa a mítica da esquerda na luta pela liberdade. O resultado foi não receber o oscar e o filme "tropa de elite" receber o premio em Berlim de melhor filme.
Sai um pouco do tema do post, voltemos.
Quem em discorda de Reinaldo Azevedo em geral, como dito, defensores da esquerda que criam militantes com fidelidade tão canina quanto criam o Corintihians e a Universal. Logo outros blogs passam a responder, muitas vezes usando da mesma ou até maior virulência, atacando Reinaldo Azevedo e suas teses, embora a primeira coisa que reclamem do mesmo seja justamente o vigor, digamos assim, de seu texto.
De qualquer forma, não se pode negar, mesmo que por pura boçalidade, que seu texto é inteligente, bem escrito e a defesa de seu pensamento está coroada de razão, embora possa se discordar de algumas conclusões sobre este ou aquele tema.
O fato de ser um articulista da revista VEJA (que é ainda a maior revista em termos de circulação, apesar das lendas constantes sobre a diminuição de sua vendagem), o leva a defender a revista que, isso é claro, é seu ganha-pão. Alguns anos atrás, o Jô Soares que também foi articulista da VEJA, entrevistou um sujeito em seu programa, ainda no SBT e o mesmo fez um ataque a revista VEJA e a direção da ABRIL. O Jô não deixou passar dizendo que não concordava com o ataque até porque publicando seus textos nela tinha que haver um grau de lealdade e encerrou a entrevista alí mesmo, mal a tendo começado. Portanto é perfeitamente natural que Reinaldo Azevedo defenda a revista e que se note, embora já tenha publicado artigos sobre Barack Obama, sobre o aborto, sobre cultura, etc, que mereceram tratamento diverso ou contrário nas páginas da revista ou em outros blogs no mesmo portal, ele não mudou seus posts ou disse que havia se enganado, o que demonstra integridade e lealdade a seu pensamento.
Ele pode defender quem lhe paga o salário, mas até hoje não consegui vislumbrar que ele tenha vendido sua alma, idéias ou sua "pena" a interesses que não sejam aqueles que defende.
Quanto a Luis Nassif, seu blog permite perceber que tenta um equilibrio evitando ser contra o governo ou oposição e percebi diversos posts nos quais elogia medidas do governo FHC ou Serra, como também de Lula.
Algumas de suas análises e conceitos me parecem corretos e explanados de forma bastante articulada.
Seu blog é quase um universo a parte porque um post é sobre uma questão ecônomica e logo depois aparece outro sobre repentistas, para ir para um assunto militar para depois trocar idéias sobre divas do cinema.
Nas ultimas semanas no entanto, seu blog se tornou um encouraçado disparando bombas sobre a revista que vinha se tornando seu alvo de críticas, a revista VEJA.
Acho até que o acirramento na luta entre os blogueiros tem levado Nassif, em minha opinião, a se distanciar do equilibrio e embora seu texto não possua um grau elevado de agressividade, ele tem se posicionado a favor do governo, embora esse a favor seja na verdade contra a VEJA e o jornal Folha de São Paulo. A bem da verdade ele tem se posicionado a favor do que Reinaldo Azevedo é contra: esquerdas, MST, PAC, governo federal, políticas e pesquisas da USP, Emir Sader, etc.
A questão dos cartões corporativos e o tal dossiê que vazou para a imprensa tem demonstrado isso. Nassif vem analisando a coisa conforme as notícias vão aparecendo e agora esclarece que seu argumento é baseado na intuição. Se a revista VEJA está envolvida então o assunto é falso e agora abraçou a tese de que a oposição e assessores de FHC estão por trás do tal dossiê.
Reinaldo Azevedo desde o inicio acha que a revista VEJA não mentiu ou falseou a verdade, logo conforme as notícias vão aparecendo ele vai mantendo suas afirmações e em meu modo de ver, vai ganhando credibilidade por conta do "fogo amigo", aberto pelos representantes do governo que vão mudando o discurso conforme o tempo passa em situação muito semelhante à crise do mensalão e da crise do dossiê contra Serra mais recente.
Temos agora que considerar a militância. Acusam o Reinaldo Azevedo de inventar comentários porque a maioria é anônimo. Ocorre que o "anônimo" é uma permissão do programa do blog e não do blogueiro. Nassif em seu site não possui meio de postar "anônimo" o que não impede o comentarista de inventar um nickname e mesmo email falso, já que a equipe do Nassif declarou que tudo bem, o blog aceita o comentário. Em ambos, os comentários são publicados após mediação. Conclusão: Se Reinaldo pode ser acusado de inventar 50, 100, 200 comentários anônimos, Nassif também pode ser acusado de inventar comentários a partir de sua própria equipe já que nomes e emails podem ser criados e apenas o "nickname" aparece publicado.
Assim a questão de honestidade depende ou se limita a que lado acusa.
Ainda sobre a militância, é interessante observar os comentaristas nos dois blogs, em geral, são mais agressivos que os próprios blogueiros. Como, pelo que parece a dissensão iniciou-se quando Reinaldo Azevedo criticou uma pesquisa sobre o uso de ecstasy e Nassif apoiou a pesquisa, de lá pra cá, Nassif é tratado como ratazana, mão peluda, masquate, etc. Reinaldo Azevedo também não é poupado já que recebeu a alcunha de blogueiro de esgoto, posts escarnecendo do uso de chapeu por conta de uma operação no crânio, que é rascista e preconceituoso, etc.
De resto, existe muito mais sentimento que fato expresso e nem poderia deixar de ser assim, já que blogs são diários que exprimem a opinião dos blogueiros e não verdades universais.
Explosões a parte, é interessante observar a troca de tiros e aguardar para saber quem será vitorioso, derrotado ou se através de armisticio (como ocorreu com Reinaldo Azevedo e Gerald Thomas), as trincheiras sejam abandonadas.
Uma coisa é certa, ao passo que se aproximam as eleições, as polarizações de pensamento tendem a manter o clima de combate.
Um comentário:
Olá interessante tópico , gostei bastante, talvez poderiamos tornar-nos blog palls :) lol!
Aparte de brincadeiras o meu nome é Richard, e assim como tu escrevo blogs embora o fofo domeu blogue é bastante diferente do teu....
Eu escrevo blogues de poker que falam de bónus sem depósito sem teres de por do teu bolso......
Adorei muito aquilo vi escrito!
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