A informação é de entrevista de Johanna Nublat publicada na edição desta segunda-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
Iriny tem histórico de militante dos direitos humanos e sua declaração toca num dos pontos mais explorados durante a disputa eleitoral. Para ela, o papel do governo federal na questão é cumprir a lei, e cabe ao Congresso definir políticas públicas.
O tema consta em programa do PT do início do ano. A futura presidente Dilma Rousseff, porém, se disse contrária a mudanças na legislação -que prevê o aborto apenas em caso de estupro ou risco à saúde materna.
Comento:
Pra variar começa-se bem como sempre. Não cabe a ministros e autoridades expressar opiniões pessoais que vão de encontro a lei ou ao que expressam as autoridades de maior poder. Explico: A política em questão está numa posição no executivo para colocar em funcionamento as leis e as diretrizes governamentais e nenhuma delas pode ditar algo que a Constituição ou os Códigos Legais proibem. Quando essa autoridade expressa sua opinião pessoal a favor do aborto embora a legislação o proiba com algumas excessões; cria-se um clima desnecessário de embate entre os que são contra e a favor do aborto e sem nenhum resultado prático, porque o executivo não pode legislar sobre o assunto e o congresso que deveria faze-lo não o fará tão cedo por uma questão de sobrevivência política porque a ampla maioria da população, veja você amigo leitor, é contra o aborto.
Quando alguem está em um cargo público ele abdica de sua "posição pessoal" para defender a "posição pública", no caso a do governo de plantão. E o teor final da reportagem deixou claro que a presidente eleita não pretende mexer nesse vespeiro.
O que vai acima, infelizmente não é um caso isolado. No presente governo, teve ministro fazendo apologia da liberação de drogas, o que a legislação define como apologia ao crime e ele se achou muito moderno e destemido embora sua posição pessoal tenha ido de encontro a posição do governo que ele representava.
Por fim a questão da falta de compromisso com a lógica. Notem a fala da ministra, que cedo ou tarde receberá o título de corajosa por expor sua opinião e abrir o "devido debate"; se a pessoa não está defendendo o aborto mas respeitar a decisão que a mulher tomar, porque notem, ninguem pode obrigar alguem a ter um filho; ela está a defender o quê? Se o contrário do aborto é o nascimento e ela quer respeitar a decisão de não ter o filho, ela está a defender o quê exatamente?
Acho curioso que as pessoas não tem a coragem, e aqui valeria o epiteto mesmo, de dizer que defende o aborto embora a grande maioria da população o rejeite e no que depender dela irá lutar pra mudar a lei. E que aguentasse o tranco com a reação.
O que não dá pra admitir é achar meios termos pra fugir da palavra "aborto" e seu significado por saber que o assunto é mau visto pela população em sua maioria e em especial por saber que o governo que representa não irá no curto e médio prazo comprar essa visão. Portanto além de desnecessário, a fala passa longe da lógica e do compromisso que o cargo exige.
E o que ela deveria dizer então? Que a posição do governo é essa ou aquela e sua posição pessoal não interessa ao debate.
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