segunda-feira, 3 de maio de 2010

Críticas ao Blog

Meu caros leitores. Deus em sua infinita sabedoria dotou o ser humano da capacidade de pensar, e ao fazê-lo resolver problemas complexos e mais do isso, processar uma moralidade para seus atos e de outros. Infelizmente alguns jogam essa amorosa capacidade na lata do lixo.

É bem verdade que alguns o fazem por motivos alheios a sua própria vontade e outros por escolha própria, colocam uma canga ideológica e aceitam ser guiados por outros.

Alguns reclamam que não publico comentários (quando são depreciativos e de pura desqualificação minha e de outrem, realmente não o faço); mas para aqueles que reclamam dessa “censura”, segue abaixo o comentário do dito “Luis brasileiro” que é exemplar para demonstrarmos o nível de inteligência existente na troca do argumento pelo insulto, que a blogosfera ostenta.

E por ser exemplar, merece comentários pertinentes.

Segue o comentário dele em trechos e apartes meus:

Fideli meu irmão tu é um sujeito pomposo, estúpido; de pessoas como você o mundo está cheio: escroto, perverso, metido a sabido, puxa-saco, escravo do dinheiro, injusto, incapaz de gesto de generosidade, nem com palavras.

Comento= Não é lindo o inicio do comentário? O post motivador de tão elegante fala foi feito sobre a questão da anistia, que pelos comentários a respeito do voto do relator, a maioria votaria com o relator e depois fiquei até surpreso com dois votos dissidentes. Mas porque os xingamentos? Porque disse que por mim, em uma opinião completamente pessoal, que desconsidera o que determina a lei quanto à prescrição de crimes, a leis da anistia deveria ser efetivamente anulada e toda e qualquer pessoa que tenha cometido atos criminosos que fossem processadas e condenadas, não importando o lado da luta.

O iluminado comentarista por não concordar, entendeu que deveria combater ou debater a opinião e no lugar da construção de um argumento lógico e razoável, optou pela desqualificação pessoal. Essa atitude é costumeira naqueles que não possuem argumentos, mas se baseiam nos chavões ou pior ainda, quando são usados como massa de manobra política. Mais a frente ele demonstra, talvez sem querer, a quem ele está a soldo, achando que eu esteja no campo oposto. Ledo engano do comentarista, fora a perda de tempo do mesmo.

Só desejo que pessoas como você colham o que semearam: os efeitos da concentração de renda deixada pelo capitalismo de Estado praticado pela ditadura, de quem você é um defensor enrustido.

Comento= Seria o caso do inteligente comentarista apontar aonde no post ou mesmo em qualquer dos anteriores existe algo remotamente parecido com a defesa de uma ditadura. Restaria também ao comentarista que explicasse porque a concentração de renda originada pelo capitalismo de estado da ditadura brasileira de então, é diferente para pior, em relação à concentração de renda que existe na China, Cuba e por ai vai. Até porque seria esse qualitativo "pior" que determinaria a razão de amaldiçoar-me com os efeitos nefandos do “capitalismo de estado”e que, diga-se de passagem, é do gosto do atual governo que aparentemente é incorre no gosto do comentarista.

Um dos efeitos da concentração de renda são os crimes contra o patrimônio, roubos (assaltos), extorsão mediante seqüestro, furtos, a distribuição de renda na ponta dos canos das armas, portanto, senhor defensor da ditadura se prepare que sua vez vai chegar.

Comento= O comentarista dá como relação de causa e efeito, os crimes com a concentração de renda do capitalismo de estado citado no trecho anterior.

A concentração de renda, ou seja, uma parcela da população com muito e outra parcela com pouco ou nada resulta em crimes e o sujeito ainda lista esses crimes, como o roubo, extorsão mediante seqüestro, furto e por ai vai. Como pode uma concepção tão desprendida da realidade?

Milhares de pessoas saíram da linha da pobreza e a capacidade de compra das classes mais populares elevou-se, num processo iniciado com o plano Real e multiplicado para milhões no atual governo. Em outras palavras, a continuidade ocorrida no comando da economia e o forte incremento dos planos sociais, sendo o Nordeste um exemplo disso, resultou em uma forte redistribuição de renda. Repetindo, o atual governo com o programa Bolsa-família elevou a renda de milhões de brasileiros e sua aplicação no Nordeste brasileiro é algo elogiado até pelos adversários e críticos.

O comentarista, neste caso poderia nos brindar com uma explicação do porque, embora o Nordeste tenha recebido a maior parte dos investimentos do Bolsa-família apresente aumento no número de crimes de morte nos estados da federação que formam o Nordeste.

Não irá conseguir porque não existe relação real de causa e efeito da pobreza (o nome prático da concentração de renda), com a prática de crimes.

É claro, percebe-se na fala do comentarista, que o mesmo acha que as pessoas aderem ao crime, especialmente os crimes que foram listados, porque sejam ou estão pobres, vítimas portanto, da concentração de renda. Nunca vi tamanha idiotice. Se assim fosse, as favelas seriam formadas apenas de marginais e na verdade a ampla maioria, quase a totalidade da população que mora nas favelas urbanas é formada por pessoas honestas, trabalhadoras, cumpridoras da lei e veja caro comentarista ...pobres, impactados pela concentração de renda.

O argumento do comentarista na mão inversa deveria ser igualmente verdadeiro, ou seja, não deveria haver crimes nem criminosos entre os ricos, os abastados, a classe média. Mas é isso que a realidade demonstra? Os recentes escândalos em Brasília foram cometidos por ricos ou pelos pobres?

Estúpido como só os de sua laia são, você não entende que são os bravos companheiros que fizeram a luta armada tal como Dilma Roussef é que estão criando um ambiente de prosperidade para bostas como você ganharem dinheiro.

Comento= Aqui aparece a motivação do comentarista. Notem que a sanha desqualificadora do sujeito é tão somente para falar da candidata petista. A capacidade de compreensão de texto é tão tosca que no post original trouxe atenção ao nome do Gabeira que participou da luta armada e ele mesmo já afirmou que os que aderiram a ela não estavam a defender a democracia. Queriam na verdade a derrubada da ditadura, um desejo que pode ser legítimo em si mesmo, mas que no lugar se fizesse um governo centralizado no partido. Em outras palavras uma ditadura de esquerda. E se não basta lembrar que não existe um único registro escrito dos mesmos defendendo a democracia, também existe o registro histórico de que os grupos que foram para a luta armada foram treinados por Cuba que não é uma democracia até hoje.

Quanto ao ambiente de prosperidade criado pelos bravos companheiros...basta uma comparação dos planos de governo defendidos pelos partidos de esquerda nas eleições anteriores às vencidas por Lula e como votou esse partido e os demais de esquerda nos governos anteriores e como agiram agora nos mesmos assuntos. Esse comparativo é suficiente para demonstrar uma dicotomia entre a pregação e prática.

Mas esse tipo de comparação que pode ser feita por quem é a favor ou contra o governo, não está ao alcance de quem está a soldo.

A mim, realmente tanto faz, se aquele é assim e este é assado; até porque, a escolha de partidos políticos e candidatos, a meu sentir, é fazer a escolha de um item entre dois ruins.

A explicação acima é apenas para demonstrar que uma pessoa mesmo que seja guiada, não pode prescindir da lógica ao argumentar, porque senão o discurso fica vazio e sem sentido como o texto criado pelo comentarista.


Sua escrotidão com pessoas valentes, livres e incapazes de se ajoelharem tais são os bravos companheiros que fizeram a luta armada me deixou indignado. Gostaria de dar uns tiros de 32 em você, revólver de se atirar em compadres aqui no Nordeste, mas mudei de idéia pois nem uma peixeirada você merece. Cara, tu me dá nojo.

Comento= Os tais bravos companheiros poderiam ter optado pela forma de luta que pessoas, sei lá eu, como Ulisses Guimarães e Tancredo Neves praticaram, sem terem dado um único tiro sequer, matando ou aleijando outros brasileiros, seus próprios irmãos.

Pelo menos é isso que se tira dos livros de história. Isso caro comentarista é questão de gosto e não de fato.

Ou poderiam como a grande maioria da população e alguns em particular fizeram, por terem tocado sua vida, porque como dizia o antigo mestre, “...homem domina homem para seu próprio prejuízo...”. Mas uma vez que o sujeito optou pelo uso das armas, seria o caso de perguntar porque os "bravos" nunca tentaram a invasão de um quartel, daqueles cheios de tanques, do palácio do planalto, ou o seqüestro de um general, ou sei lá, ações contra o regime de fato? Não, os bravos companheiros preferiram assaltar bancos, matar guardas, e pessoas que por azar passavam nas ruas, fora o justiçamento de companheiros que passaram a divergir.

Mas o comentarista ficou indignado porque eu disse que a anistia deveria se, fosse o caso, ser revogada para todos.

E que se note, os perseguidos e vítimas do regime militar foram todos agraciados com indenizações e pensões extremamente generosas. E com razão, diga-se de passagem, porque alguem preso pelo Estado, deveria ter sua segurança física garantida e não ser alvo de tortura física e mental,abusos e ser levado a óbito no caso de alguns.

Mas e os que foram mortos ou feridos por ações dos grupos armados, que também eram ou são brasileiros e na maioria nada tinham a ver o odioso regime militar? - nada receberam até hoje e sobre isso o comentarista não fica indignado.

Leia um pouco mais além dos jargões, meu caro.

O comentarista demonstra seu espírito altamente democrático afirmando que gostaria de me matar com tiros de 32. Embora depois afirme que não o faria, e isso por falta de merecimento de minha parte; a depender da vontade desse sujeito eu deveria estar morto.

Mas não se preocupe, seu IP foi capturado e meu advogado está verificando se vale à pena meter um processo nas fuças de alguém que ameaça de morte outro apenas por ter uma opinião diferente. Mas como já disse, não se preocupe, porque vou considerar a concentração de renda do seu argumento e imaginar que você só me ameaçou porque é pobre...de espírito.

Tu não é um homem, é um verme. Repete a linguagem mais abjeta contra quem não aceitou ser espezinhado pela ditadura sem reagir, tais são os bravos companheiros que fizeram a luta armada. Se você não é um homem, tudo bem aceito, mas seja capaz de um gesto decente: respeite quem é, respeite os bravos camaradas que não se vergaram e enfrentaram a ditadura em seu território, terçando armas.

Comento= Nem dá pra comentar, não é mesmo?

Quem praticou o comunismo (nome que os russos deram ao capitalismo de Estado) no Brasil foram os militares e os de tua laia, a esquerda estava na oposição seu infame analfabeto e escroto.

Comento= Nada explica a verdadeira bizarrice do trecho acima. A ditadura se instaurou pelo receio de uma tomada de poder pela esquerda que apoiava Jango. Nem sei se a limitada capacidade de raciocinar do comentarista permite faze-lo entender, mas o capitalista EUA apoiou a ditadura militar justamente por conta da guerra fria e a classe média apoiou também e o fizeram pelo mesmo motivo, que era o medo do comunismo. É verdade que esse receio era tão tacanho que o livro "O vermelho e o negro “de Stendhal era considerado subversivo porque o nome do livro “...vermelho”lembrava a bandeira da URSS. Ridículo não? Mas assim era aquela época do chamado efeito dominó no enfrentamento EUA/URSS na guerra fria.

É obvio que mentes inteligentes conseguem discernir que o fato de algo ter apoio nào torna esse algo certo, respeitoso e decoroso mas respeitemos as limitações do comentarista.


No fim da ditadura mais de 70% da economia brasileira estava estatizada seu verme, mais estatizada que na Polônia que vivia sob a égide do "socialismo real" seu analfabeto metido a sabido, verme similar de Boilessem.

Comento= Chega a ser curioso o como chamarei, raciocínio, porque se o levarmos a sério, a conclusão de sua lógica é que o regime militar sendo estatista, era comunista e a esquerda estando na oposição, era capitalista, logo ela era a favor da economia privada e de mercado. Só rindo mesmo!

A ditadura militar não era uma, simploriamente falando, ditadura de direita, mas era uma ditadura nacionalista, por isso esse pendor estatizante tão ao gosto do brasileiro médio; que alias persiste até hoje, porque vira e mexe existem movimentos desejando a restatização da VALE, o medo perene da Petrobrás ser privatizada e por aí vai. E isso vem de longe...

Basta lembrar a briga o comeco do século XX e as disputas do governo contra as empresas estrangerias, os tenentes das diversas revoluções dos anos 30, o governo do ditador Getúlio Vargas, com seu estatismo elevado ao nível da arte e o desagrado de Roberto Campos com o governo militar dos anos 70 pelo excessivo poder estatal a comandar o mercado e a economia.

E que se note, sempre houveram eleições, diversos partidos, mobilização popular para esse lado ou aquele, etc e tal...tudo o que um país comunista não possui.

É simples assim!

Viviámos sob um regime de partido único, tudo sendo decido por um colegiado informal de militares; não tínhamos jornal único pois não precisava, os jornais e canais de tv já colaboravam abertamente com a ditadura, inclusive caluniando os resistentes.

Comento= O comentarista deveria voltar aos bancos escolares. Recomendo re-iniciar do ensino fundamental, re-aprendendo a ler. Depois recorra aos livros de história. Não se assuste, mas durante o regime militar, havia o bipartidarismo, com a arena, o partido que ainda hoje existe com outro nome sob a batuta do Maluf que está na base de apoio do governo Lula e havia o MDB, depois PMDB que é da base de qualquer governo desde a redemocratização.

Não havia partido único, embora assim teria sido assim se eventualmente os partidos de esquerda estivessem no poder como é até hoje em Cuba e na China.

Que se note. Não estou eu aqui a fazer a defesa de uma ditadura. Apenas elancando alguns fatos históricos para quem sabe, o comentarista enxergue um pouco além dos chavões ideológicos

Quanto à imprensa, existiu uma coisa chamada censura que impedia a veiculação correta das notícias. Mas para um sujeito que não sabe definir comunismo, que erra feio na citação de fatos recentes da história, não se pode esperar realmente e necessariamente razoabilidade de pensamento.

Diante destes fatos incontestáveis ainda aparece um traste de tua laia para acusar os que combateram a ditadura de serem comunistas e defenderem uma ditadura pior. Aprenda seu burro: quem praticou a as merdas que tu diz que é contra foram os militares, eles foram os bolcheviques daqui seu bosta, analfabeto, cretino, filho de uma égua.

Comento= Restou ao comentarista dar os tais fatos incontestáveis, não é mesmo? Na falta dos mesmos, a repetição de xingamentos e desqualificação, na óbvia tentativa pueril de se achar qualificado ao me desqualificar.

Eu sou o burro? Ai ai...fico no aguardo do comentarista, se puder sair da verdadeira escuridão mental da qual está a soldo, enviar um texto explicativo e baseado em fatos comprovando que não são bobagens e idiotices que repete a exaustão.

Em tempo, eu pergunto ao comentarista: - Se eu sou isso tudo que você diz, qual a sua opinião do ministro Eros Grau, relator da ação que manteve a lei da anistia como está? E dos demais ministros que acompanharam o douto voto do relator?

Consegue responder de forma inteligente sem xingamentos, ou esse é o padrão de comunicação que voce costumeiramente usa na sua família? - É claro, se for pra repetir chavões, defesa de candidatos e xingamentos; não perca seu tempo e não me faça perder o meu.

6 comentários:

Luiz Brasileiro disse...

Peter Drucker escreveu certa feita que as pessoas não ouvem quando falamos educadamente. Acho que ele está certo, mas lendo com calma as partes do meu comentário editadas por você acho que peguei pesado contigo Fedeli, e tu reagiu até serenamente, portanto, ponto prá tu. Mas tu não deixou barato não, não deu a outra face, mas me deu elementos também para um processo contra ti; quero discutir idéias, mas se tu me processar, te processo também, aliás meto um processo em tuas fuças.

Fedeli, meu irmão, o capitalismo de Estado foi um recurso usado como atalho para a industrialização por elites políticas de alguns países que adentraram o século XX com uma economia agrária tais são o caso de Cuba, Brasil, China, Vietnam, Rússia. Por óbvio que esta intervenção maciça do Estado na economia só poderia vir mais facilmente com ditaduras. Deste monstrengo resultou alguma coisa positiva em infra-estrutura (energia, estradas, portos) mas uma brutal concentração de renda e inaceitável violação dos direitos humanos. Sobre o capitalismo de Estado na Rússia existe o excelente livro do professor Leôncio Martins Rodrigues, “Lenin: capitalismo de Estado e burocracia”; se quiser um exemplar eu te envio, como doação, trato dinheiro aos pontapés.

FHC, mesmo com toda a aleivosia que sempre lhe foi peculiar, atesta que a ditadura praticou o capitalismo de Estado em artigo, “Construir sem demagogia”, no Estadão do dia 2 deste mês de maio. Fedeli, acho que compactei demais meus argumentos pensando que tu tinha traquejo, mas me enganei, até as pedras das ruas sabem que a ditadura militar praticou o capitalismo de Estado, mas tu não. Erro meu, te superestimei neste aspecto, tu só prestou atenção em minha indignação.

A ditadura de Pinochet, sinistro homicida e ladrão (toneladas de ouro e milhões de dólares em bancos suíços) fugiu a este figurino no plano econômico à vista que privatizou até os cemitérios deixando o Chile com a economia melhor fundamentada da América Latina, depois das correções com medidas buscando mais igualdade social encartadas nos programas de combate aos bolsões de pobreza implementadas pelos governos de esquerda que sucederam à ditadura.

Em seu texto SOBRE A ANSITIA II você escreveu em equilibradíssima opinião que a OAB montou uma farsa pos já sabia de antemão do resultado do julgamento no STF ao pedir a declaração da não extensão da Lei de Anistia de 1979 aos crimes de tortura e demais crimes comuns cometidos pelos sicários da ditadura.

Fedeli, você está chamando todos os componentes do Conselho Federal da OAB de farsantes, e por extensão esta infâmia é igualmente assacada contra o advogado do Conselho, o profº FÁBIO KONDER COMPARATO.
É inacreditável que você tenha cometido uma torpeza destas contra o profº COMPARATO. Analisando com calma, deixando assentar a indignação, acredito que você não tenha noção do que escreveu e contra quem escreveu, e com todo respeito, só posso concluir que você é semi-imputável.

Luiz Brasileiro disse...

Fedeli, a ditadura militar ainda divide a sociedade brasileira, e você escreveu umas coisas agressivas, talvez nem se dê conta disso. Você tratou os que fizeram a luta armada como um bando de terroristas, homicidas e assaltantes, repetindo as piores infâmias da propaganda da ditadura contra os resistentes.

Portanto, sobre este ponto estamos em lados opostos, o que não me impede de tentar compreender o seu ponto de vista expondo o meu. Para mim tudo depende do respeito por si próprio e do valor que o cidadão dê à própria dignidade: homens livres e dignos não aceitam ser governados pela força, puxa-sacos aderem a ditaduras, covardes correm para debaixo da cama. Frise-se bem, sem uma rede de incontáveis puxa-sacos nenhuma ditadura se firma.

Esta é a razão da minha indignação, você tratou os mais corajosos brasileiros de uma época de maneira cínica, pois nenhum deles foi aos bancos para matar guardas de banco, transeuntes ou até mesmo companheiros, eram homens e mulheres em um luta titânica contra uma ditadura e em terrível desigualdade de armas. Poucos tombaram lutando, a maioria esmagadora foi assassinada depois de aprisionada, na tortura.

Para Jacob Gorender no livro “Combate nas Trevas” a luta armada foi uma reação tardia ao golpe de 1964, e eu concordo. Mas também foi uma reação natural de pessoas que tinham uma consciência cívica aprimorada: a consciência de que nenhum governo pode se impor pela força tripudiando e chamando os cidadãos para a briga.
Para uma minoria de brasileiros, os melhores de uma época, lutar contra a ditadura empunhando armas foi um imposição fatídica da história e uma decorrência de seus caracteres, não aceitavam ser postos de joelhos e espezinhados por um governo absolutamente ilegítimo - produto do golpe de Estado, portanto, do crime - um bando de golpistas financiados desde longa data por uma potência estrangeira, isto está largamente provado no livro de René Armand Dreifuss, “1964: A Conquista do Estado”.

Fedeli, em seu texto SOBRE A ANISTIA você afirma que os grupos armados que combatiam a ditadura, “os heróis da democracia”, queriam uma ditadura idêntica à de Cuba, China, URSS, Coréia do Norte, e para fundamentar seu escárnio traz como prova depoimento de Gabeira, soldado raso no sequestro do embaixador americano, mas poderia trazer coisa melhor, o testemunho de Daniel Aarão Reis Filho.

Para desqualificar os melhores brasileiros de uma época, os que se insurgiram empunhando armas contra os criminosos que estavam alojados no poder, muitos usam estes depoimentos e também passagens de documentos das organizações armadas que combatiam a ditadura. Você não é o primeiro a repetir irrefletidamente estes julgamentos injustos; alguns os usam de maneira impudica com o fito de justificar as atrocidades contra estes resistentes e defender a ditadura.

Como já notei que você gosta de invocar textos religiosos para fundamentar suas afirmativas sobre condutas, coisas humanas, vou sapecar alguma coisa deste tipo para você, a começar pelo critério mais apropriado para se julgar alguém, posto da seguinte maneira: o que vale a fé sem as obras? Para os teólogos católicos a resposta é categórica: a fé sem as obras nada significa. Como não entendo nada de sabedoria divina e a considero inalcançável por humanos, deixo este assunto para você, mas concordo que o critério que melhor serve para um julgamento justo, o que resulta da apreciação dos atos, das condutas, das obras, como dizem os teólogos.

Luiz Brasileiro disse...

Max Weber, um ateu liberal, escreveu um ensaio sobre a conduta de pessoas religiosas comparando seus efeitos com a fé professada. No livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” Weber demonstra como os protestantes com sua ética de dedicação ao trabalho, ascetismo e poupança, adoção de uma cultura racional vinculando fins e meios para comprovarem se suas condutas refletiam uma leitura livre, mas consentânea com os ensinamentos bíblicos reformistas, terminaram mudando a face da economia, criando o capitalismo industrial. Resumindo, o que Weber demonstra é que atos geram conseqüências imprevistas e até mesmo indesejadas pelos agentes, ou seja, como os protestantes adotando uma conduta apropriada aos seus próprios olhos para entrarem no reino do céu incrementavam a economia gerando riqueza, uma conseqüência mundana imprevista e não conscientemente desejada.

Fedeli, meu irmão, diante de teus julgamentos tão medíocres acho que tu nunca leu este livro, e se leu não entendeu, o que dar na mesma coisa, e com todo respeito, pois eu não quero te ofender - embora tu não tenha pruridos ao ofender pessoas que trazem no corpo e na alma as marcas da tortura e nem mesmo respeito tu tem pela memória dos mortos -, mas superestimei teus conhecimentos.

Se a esquerda brasileira for julgada por seus atos veremos que ela nunca patrocinou ditaduras - este passivo com a sociedade brasileira é da direita, mesmo daquela que se diz liberal -, ela combateu ditaduras, mais especificamente a de Vargas e a dos militares, e quando chegou ao poder o está exercendo democraticamente.

A esquerda armada foi a que mais se empenhou no combate à ditadura e ao capitalismo de Estado no Brasil praticado nos moldes cubanos, russo, chinês, coreano, enquanto empresários subvencionavam a tortura e o extermínio dos resistentes. Curioso, não é? Lembra-se do que disse o apóstolo Paulo? “O bem que quero praticar não consigo, o mal, que não quero, faço a todo momento.”

Diante destes fatos, Fedeli, atribuir à esquerda armada que combatia a ditadura querer implantar uma ditadura idêntica à da URSS ou Cuba é fazer um julgamento um tanto forçado, é julgar pela fé e não pelas obras. E até mesmo se o julgamento for feito pelos aspectos teóricos veremos que se incorre em um equívoco pois a esquerda armada urbana, com exceção da AP (Ação Popular) era toda ela dissidência do PCB, que era afinadíssimo com a URSS mas defendia o caminho pacífico e democrático para chegar ao poder e bem como para combater a ditadura.

O baiano Carlos Marighella, líder da mais numerosa destas dissidências do PCB, rompeu também com o leninismo - e por decorrência com o partido único -, não fundou outro partido comunista, a ALN (Ação Libertadora Nacional) não era um partido, menos ainda leninista. Daí pode-se dizer sem medo de errar que Marighella quando morreu já não era mais comunista.

Marighella morreu em 1969 antes de fazer a teoria de sua prática, mas se fizermos justiça aos sobreviventes constatamos que nenhum deles defende ditadura para viabilizarem seus programas de governo. A intolerância e a perseguição política dificilmente são perpetradas por ex-perseguidos.

Luiz Brasileiro disse...

Sobre a ditadura e a luta armada para derrotá-la quero apenas afirmar que quem pôs fim à ditadura no Brasil não foi a política tocada por Ulisses Guimarães ou por Tancredo Neves, como você ingenuamente pensa, mas foi a facção do Exército denominada de “Sorbone” ou “castelista” comandada por Geisel e Golbery, pois só a força vence a força - Gandhi jamais derrotaria Hitler – verificada que a tentativa civil de derrotar a ditadura pela luta armada tinha sida esmagada. Nesta operação de retirar o Exército da sinuca de bico em que tinha entrado e não sabia como sair - tomar o poder rompendo a ordem constitucional impondo uma ditadura - o dia 12 de outubro 1977 é um dia decisivo, pois foi o dia em que Geisel exonerou Sílvio Frota do cargo de Ministro do Exército, pondo um cadeado na facção chamada de “linha dura”, que queria a continuidade da ditadura.

Não vou me estender, e para que você não diga que meus argumentos são “jargões ideológicos” leia os livros escritos por Elio Gaspari sobre a ditadura, em particular, “A DITADURA DERROTADA”.

Fedeli, ao ler teu texto teve momentos que me comovi com tua ingenuidade, tu acredita em verdades oficiais, a exemplo de mais uma, a existência de bipartidarismo na época da ditadura, e ainda me chama de analfabeto.

Os teóricos dos partidos e dos sistemas partidários têm como incontestável que se os partidos não influenciam os governantes com a formulação, discussão e decisões sobre as políticas públicas, eles não existem enquanto partidos.

Para não me alongar vou transcrever passagens do livro “PODER &POLÍTICA – crônica do autoritarismo brasileiro” do profº WANDERLEY GUILHERME DOS SANTOS, o civil que teorizou a “abertura, segura, lenta e gradual” protagonizada por Geisel, vejamos: “É depois do AI-5 que a ruptura entre os processos de Governo e os processos parlamentares se realiza completamente, dispensando daí por diante o Governo qualquer participação do Congresso na formulação, discussão e decisão sobre políticas públicas.” E mais adiante na mesma página 81, “Ambos os Partidos viviam a ficção de que um governava e outro se opunha, quando em realidade as elaborações por trás do exercício do Poder Executivo escassamente incluíam o jogo parlamentar como etapa decisoriamente relevante.”

A situação da ARENA era mais humilhante que a do MDB - Ulisses Guimarães chegou até a cogitar a possibilidade da auto dissolução à vista de que o presidente do simulacro de oposição tinha plena consciência de que nada influenciava -, pois o partido que chancelava a ditadura, a ARENA, nada decidia, embora tivesse que se comportar como se dispusesse de alguma importância frente ao colegiado informal de militares que tudo impunha, o Partido único.


Com todo respeito, leia este livro, mais os quatro volumes de Elio Gaspari sobre a ditadura e verá que sobre este assunto, bipartidarismo durante a ditadura, o analfabeto é você. Em tempo: não me senti ofendido com sua irrogação sobre meu analfabetismo.

Luiz Brasileiro disse...

Está consignado no livro “ATLAS DA EXCLUSÃO SOCIAL – Os ricos no Brasil”, de Márcio Pochmann (Presidente do IPEA), que 5.000 famílias consideradas muito ricas ou 0,001% do total de famílias do país, reuniriam um patrimônio que representa 46% do PIB, o equivalente a R$ 691 bilhões em valores de 2003.

Fedeli, você não vislumbra nenhuma relação entre os índices crescentes de crimes contra o patrimônio, roubo, furto, extorsão mediante seqüestro - uma distribuição de renda nas pontas dos canos das armas -, e a concentração de renda a níveis africanos existentes no Brasil; não vê o empobrecimento e falta de oportunidades como um fator criminógeno só porque esta relação não é em termos absolutos, pobreza como sinônimo de delinquência.

Não tenho meios de lhe convencer da ilação que faço a partir dos fatos, pois o raciocínio é indutivo, a concentração de renda como um dos fatores na gênese da criminalidade contra o patrimônio especificada nos tipos penais da criminalidade comum contra o patrimônio, não da criminalidade de colarinho branco ou dos crimes de improbidade administrativa, que vejo tendo outros fatores criminógenos, como por exemplo, a cupidez, a avidez por bens materiais, na linguagem do povo, “uma fraqueza pelo dinheiro”.

Não quero distorcer seu raciocínio nem lhe atribuir idéias que não foram defendidas por você, mas talvez você seja daqueles que não vêem que o Brasil é um país semi-escravocrata por conta da concentração de renda, e isto se deve grandemente ao empresariado. Escola e serviço de saúde de qualidade, urbanização de favelas com construção de bairros de classe média só será em grande parte possível com dinheiro circulando em mãos privadas para a contratação destes serviços.

Daí segue minha óbvia conclusão, a distribuição de renda através dos programas dos governos depois do plano real são insignificantes e emergenciais frente ao que precisa ser feito para se criar um mercado interno que permita transformar o Brasil de um país semi-escravocrata em uma potência material de algum respeito.

Como você me pediu, vou lhe enviar minha opinião sobre o voto de Eros Grau, e sobre todos os votos vencedores.

Os homenzinhos do STF trataram a questão da punição dos torturadores e demais criminosos que assaltaram o poder em 1964, bem com de seus colaboradores, com a estatura moral dos homúnculos: faltaram com a verdade para justificarem seus votos.

A verdade que os homenzinhos negaram foi a de que a lei de anistia de 1979 foi produto de uma imposição dos militares e para eles mesmos, uma busca da impunidade pela ausência de julgamento de seus crimes, uma auto-anistia, esta é a verdade, até as pedras das ruas sabem disso.

A esquerda pouco proveito retirou desta lei, menos ainda a esquerda que fez a luta armada, a que mais sofreu nas garras dos torturadores, pois muitos foram assassinados na tortura, sem julgamento, não puderam ser anistiados, mas seus assassinos sim, e para os que foram presos e condenados a cumprirem penas desproporcionais com suporte em diplomas espúrios tais os decretos-leis e atos institucionais, confissões obtidas mediante torturas e julgamentos fantasiosos, tais eram os julgamentos na Justiça Militar - um braço dos órgãos da repressão - a malsinada anistia chegou muito tarde.

Luiz Brasileiro disse...

Qualquer outra interpretação da lei da anistia de 1979 que não a interprete como produto de uma imposição para a busca da impunidade dos que deixavam o poder é uma fraude dos fatos históricos. E foi esta fraude que foi perpetrada pelos homenzinhos do STF em seus sete votos capitaneados por Eros Grau.

Além da conseqüência, a impunidade de horrendos crimes cometidos como política terrorista de Estado (seqüestro, desaparecimento forçado, tortura, estupro, violação de cadáveres, entre outros) no passado, a falsificação dos fatos históricos perpetrada pelos homenzinhos ao homiziarem os criminosos da ditadura, abre o precedente para uma possível ditadura no futuro, constatado que é factível uma camarilha dar um golpe de Estado, impor uma ditadura e quando esta estiver naufragando os criminosos se auto-anistiarem para assegurarem a impunidade para seus crimes. Foi o que disseram por interpretação extensiva os homenzinhos do STF.
A decisão da maioria do STF é também uma infâmia lançada contra os que mais bravamente resistiram à ditadura, pois iguala todos, os torturadores aos torturados, os resistentes aos seus assassinos, omitindo a verdade sobre uma auto-anistia que é puro homizio.
Bertolt Brecht escreveu que a verdade é filha do tempo, não da autoridade, constatação que permite afirmar sem margens para dúvidas de que no futuro terminará prevalecendo o entendimento que separe torturadores de torturados, sicários de uma ditadura de resistentes, basta que o tempo se encarregue de varrer os homenzinhos de onde jamais deveriam estar, isto é, como autoridades sem moral.
Você também me perguntou se eu consigo responder de modo inteligente, sem xingamentos, ou é esse o padrão que eu uso costumeiramente com minha família.
Minha resposta: quanto aos xingamentos, não é este o padrão que uso com minha família nem em pensamento; só uso esta linguagem com pessoas que não respeitam os outros e não têm nenhuma compaixão, injuria chamando de terrorista quem foi capaz de grandes sacrifícios e coragem a toda prova na luta contra um governo de criminosos tendo que enfrentar o lúmpen que se constitui a polícia e era base dos órgãos de repressão do Estado terrorista de então.
Fedeli, meu irmão, uma das razões pela qual te xinguei foi porque te superestimei, hoje não te xingaria e até lhe peço desculpas, se for possível desculpar, pois constatei que você acredita em fábulas (bipartidarismo durante a ditadura; que a OAB montou uma farsa juntamente com o professor Comparato; que a ditadura praticou algo diferente do capitalismo de Estado praticado em Cuba, Corea ou URSS, só porque a ditadura durou menos), algo impensável em um homem que pretende acumular milhões. Com todo respeito, que eu não quero lhe ofender, mas você só falta acreditar em Papai Noel.