Elio Gaspari:: A visão Petista da Segunda Guerra
FOLHA DE S. PAULOHá uma semana, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ministro de Assuntos Estratégicos, defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU durante uma palestra no Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais do Itamaraty.
Defendeu a admissão, como membros permanentes, de Brasil, Índia, Alemanha e Japão.
Ia tudo muito bem até que ele explicou a exclusão, em 1946, da Alemanha e do Japão do centro de decisões da ONU. Numa versão-companheira da Segunda Guerra Mundial, os dois países penaram "tantos anos de purgatório, de punição, por terem desafiado a liderança anglo-saxônica do mundo". (A repórter Claudia Antunes ouviu, anotou e noticiou.)
A menos que Nosso Guia indique outro caminho, a Alemanha e o Japão não desafiaram "a liderança anglo-saxônica". Eles invadiram seus vizinhos, montaram economias baseadas no trabalho escravo e máquinas de extermínio nunca antes vistas na história.
Na conta da Alemanha havia cerca de 10 milhões de mortos em campos de extermínio.
Na do Japão, 6 milhões de coreanos, chineses e filipinos.
E em 1945, depois da abertura dos campos de concentração da Europa e da Ásia, nem mesmo os precursores da defesa do nazismo e da Grande Esfera de Co-Prosperidade do Império Japonês falavam mais em desafio à "liderança anglo-saxônica".
Na dúvida, basta reler "Mein Kampf", de Adolf Hitler.
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